Conectados

XXVI- Negativo


Assim que chegou ao hospital, Agatha e Ricardo foram de encontro à Rafael, que se encontrava sentado na recepção do mesmo, com a cabeça apoiada nas mãos. Parecia triste e, por mais que tentasse pensar que aquilo era compreensível, Agatha sentiu-se incomodada, trocada, pois ali estava a prova de que ele importava-se com Kate, ao menos um pouquinho, e mesmo que ela tentasse pensar que ele estava preocupado com o feto, não podia, e não queria, iludir a si mesma.

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-Rafael, o que houve filho? - Perguntou Ricardo, parando ao lado do jovem. O mesmo ergueu a cabeça e olhou confuso para seu pai e pareceu ainda mais confuso ao ver Agatha ali.

-Agatha? O que está fazendo aqui? - Perguntou ele, sem esconder sua surpresa.

-Seu pai me contou do acidente, decidi vir junto. - Respondeu ela, simplificando a resposta.

Rafael estava seriamente tentado a perguntar o porque seu pai havia contado aquilo a garota, mas decidiu deixar aquelas perguntas para uma hora mais tranquila.

-Kate estava atravessando uma rua, quando um motorista louco à atropelou. - respondeu Rafael, olhando para seu pai. - Infelizmente ele fugiu e ela acabou quebrando a perna. Até agora tudo que sei é isso, mas ela estava muito mal e bastante machucada, espero que não tenha acontecido nada ao bebe.

Agatha podia ver a aflição nos olhos do jovem Suvens ao pensar na possibilidade de algo ter acontecido ao seu filho. E, por mais que ela odiasse Kate, não conseguia desejar nada de mal para o inocente bebe que estava por nascer. Só de pensar na possibilidade de uma vida tão frágil e inocente se perder...ela já sentia-se triste.

-Nenhum médico veio trazer-lhe nenhuma notícia? - Perguntou Ricardo.

-Não, apenas disseram que havia sedado ela, ou algo assim. Basicamente ela está desacordada.

-Sabe o nome do médico que está tratando dela?

-Marcos, se não me engano. - Respondeu o mais novo.

-Vou ver se consigo mais informações, espere-me aqui, junto a Agatha. - Falou o senhor Suvens. Os jovens assentiram.

Assim que o homem sumiu por um dos corredores do hospital, Agatha sentou-se na cadeira estofada ao lado de Rafael, mas permaneceu em silêncio.

-Sinto muito. - Falou ela, sentindo que precisava dizer aquilo, nem que fosse para ficar mais em paz consigo mesma.

-Eu também sinto. - Respondeu ele, e ambos voltaram a ficar em silêncio. - Não entendi porque meu pai lhe ligou para contar sobre Kate. - Disse Rafael, sem conseguir conter sua curiosidade por mais tempo. Agatha virou-se para olha-lo. Ele também a olhava.

-Ele não me ligou. Eu estava na pracinha que há perto do meu apartamento e ele estava passando por lá, na verdade havia ido me procurar para falar comigo...ele me viu na pracinha e parou para conversar. Estávamos nos despedindo quando você ligou. Ele contou-me o que havia acontecido e eu decidi vir junto. Imaginei que você quisesse a companhia de uma velha amiga.

Rafael não pode evitar de sorrir ao ouvir aquilo. Apesar de tudo o que ele fizera ela passar, Agatha ainda se preocupava com ele. Era aquela bondade infinita que havia nela que a tornava ainda mais bonita, que realçava seus olhos castanhos, dava a eles um brilho diferente, que pareciam iluminar a vida daqueles que a cercavam.

-Obrigado, por pensar em mim neste momento. - Agradeceu ele, ganhando apenas um sorriso em resposta.

Neste momento Ricardo voltou à sala de espera, parecendo agitado.

-Falei com o médico, ele disse que já está vindo até aqui trazer notícias.

-Ele não lhe disse nada? - Perguntou Rafael, levantando-se. Agatha imitou-o.

-Não, disse apenas que já estava vindo, mas, pela sua expressão, parece que tem boas notícias.

Rafael permitiu-se relaxar um pouco os ombros. Talvez seu filho estivesse bem.

Passaram-se mais alguns minutos até que um senhor de quarenta e poucos anos entrou na sala, ele trajava calças brancas e um jaleco branco, acompanhado por uma camisa azul clara.

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-Vocês são os familiares de Kate Duarte? - Perguntou o médico, usando um tom profissional.

-Sim. - Respondeu Rafael.

-Sou o doutor Marcos e venho trazer-lhes notícias. - Como nenhum deles se pronunciou, o médico continuou: - A paciente está bem, poupar-lhes-ei da linguagem técnica. Resumindo ela apenas fraturou um osso da perna esquerda e machucou um pouco os cotovelos. Fora isso está muito bem.

Todos os três suspiraram aliviados. Fora um susto, mas passara. Mas, após o alívio, todos deram-se conta de que ele não mencionara o bebe.

-E o feto? - Perguntou Rafael, sendo o primeiro a tocar no assunto.

O médico olhou para o jovem, estranhando a pergunta.

-O senhor é o que dela, meu jovem?

-Sou...noivo. - Respondeu ele, sem saber exatamente o que dizer.

-E o senhor supôs que sua noiva estivesse grávida? - perguntou o médico, fazendo algumas anotações numa prancheta.

-Não, eu não supus. Ela está grávida! - Afirmou Rafael. Ele vira o exame laboratorial que dera resultado positivo.

-Creio que o senhor esteja enganado, bem como sua noiva. Ela não está grávida. Não mesmo, posso lhe afirmar com toda a certeza do mundo isso.

Rafael sentiu o chão sobre seus pés cederem. Apoiado por Agatha ele sentou-se na cadeira onde estivera até minutos atrás. Não podia acreditar naquilo. Kate estivera lhe mentindo o tempo todo, provavelmente interessada apenas em seu dinheiro ou apenas por ciumes de Agatha. E ele caíra direitinho. Por pouco não se casara com ela. Ricardo também estava espantado, nunca pensara que aquela jovem mulher chegaria àquele ponto. Enquanto a Agatha...ela sentia um misto de coisas que não sabia identificar. Ia desde surpresa a felicidade. Não sentia-se mais culpada por amar Rafael.

-Bem, se quiserem falar com a paciente...o quarto é o 106. - Falou o médico, afastando-se da sala, para dar mais privacidade à família.

Rafael continuava sem saber o que fazer, não podia acreditar que Kate chegara tão longe. Nunca imaginara que o que ela sentia por ele era tão doentio a ponto de levar ela a fingir uma gravidez.

-Quero falar com ela. - Falou Rafael, de forma controlada, levantando-se da cadeira.

-Ótimo, também preciso falar com ela. - Disse Ricardo. - Você vem, Agatha?

-Não, obrigada, mas irei embora. - A jovem sentia que aquele momento deveria ser apenas deles, provavelmente seria confuso e ela não queria se meter.

-Tudo bem, nos vemos outra hora. - Falou Ricardo, ela assentiu e encaminhou-se para a saída.

-Agatha? - Chamou Rafael.

-Sim?- Perguntou ela, virando-se.

-Obrigado. - Agradeceu ele.

-Não tem de que. - Falou ela, saindo do hospital, sua mente estava prestes a explodir.

----xx----

Quando a noite chegou, encontrou Rafael sentado no sofá de sua sala de estar, pensando em como a vida podia ser injusta as vezes. Quando ele estivera prestes a se declarar para Agatha, Kate lhe dera a notícia da gravidez, e agora ele descobrira que ela nunca estivera grávida. Tudo fora uma mentira para ela tirar proveito do dinheiro dele, além de uma paixão doentia que ela sentia por ele e que nunca seria retribuída. Sua vida não podia ficar pior.

Deixara Kate chorando de raiva no hospital, ao dizer que nunca mais queria vê-la na sua frente. Pegara nojo daquela mulher. E, naquele instante, a única coisa que ele conseguia se perguntar era: será que Agatha o aceitaria de volta? Mesmo depois de todos aqueles problemas?

Mal sabia Rafael, que Agatha se fazia a mesma pergunta, deitada em sua cama, no seu pequeno apartamento.