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XIX- Aniversário


Ao acordar na manhã do domingo, a primeira coisa que Agatha lembrou-se foi da forma delicada com que Rafael a tratara no dia anterior. Será que aquilo significava que ele estava nutrindo algum sentimento por ela?

''Isso é ridículo, não posso me dar o luxo de pensar essas besteiras.'', pensou Agatha, mas foi inevitável continuar pensando nelas durante seu banho e depois também, enquanto vestia sua melhor calça jeans, um belo casaco azul marinho com fios pratas e calçava um bota de salto preta. (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=87768753&.locale=pt-br )

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Antes de sair a jovem pegou o presente de seu Ricardo e tirou o rádio da tomada, um costume que tinha há muitos anos. Então saiu do apartamento, sentindo-se feliz, pois logo estaria encontrando Rafael.

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Rafael calçou seu mais novo par de sapatos pretos, arrumou sua camisa preta por dentro das calças jeans e vestiu um blazer preto.

Desde o dia anterior estava com um ótimo humor, não podia negar para si mesmo que Agatha o conquistava de uma maneira que nenhuma outra mulher conseguia. No entanto, ainda tinha suas dúvidas se aquilo se devia apenas a aparência dela ou se era pelo que ela realmente era. Por várias vezes pegou-se pensando em como seria bom entrar em um relacionamento sério com a jovem, mas depois perguntava-se se não estaria se precipitando demais. No fim, decidia prorrogar aquilo, até ter certeza sobre seus sentimentos.

Após pegar o pacote contendo o presente de seu pai, Rafael saiu do apartamento.

O transito estava bem tranquilo, haviam pouquíssimos carros desfilando pela rua, sendo assim Rafael chegou rápido a residência de seus pais. Estacionou o carro na garagem e ao se encaminhar pela lateral da casa, para os fundo onde seria o almoço, deparou-se com Agatha que ia conversando com sua mãe, alguns passos na sua frente.

-Agatha! -Saudou ele.

A jovem virou-se ao ouvir a voz do seu amigo e sorriu.

-Olá Rafael! - Ele retribuiu seu sorriso.

-É incrível. Fica mais de uma semana sem ver sua mãe e quando ve a ignora completamente. - Disse Vera.

-Não seja tão dramática mãe! - Falou Rafael, rindo e dando um delicado beijo na testa de sua mãe.

-Não estou sendo dramática, estou apenas exigindo meus direitos de mãe. -Rafael e Agatha entreolharam-se sorrindo e Vera falou: - Vou lá dentro de casa arrumar meu cabelo,vocês dois podem ir para o jardim lá nos fundos que logo Ricardo irá para lá.

Dito isso a mulher entrou na casa e Rafael e Agatha continuaram a caminhar para os fundos da casa.

-Como você passou de ontem para hoje? - Perguntou Rafael.

-Muito bem. -Respondeu a jovem Jeicks. - Não está mais bravo comigo por eu ter ''roubado'' o presente que você iria dar à seu pai?

-Nunca ficaria bravo com você, é praticamente impossível.

A jovem não soube o que falar, por isso ficou em silêncio.

Rafael recriminou-se mentalmente por ter falado algo tão estúpido. Não podia mostrar seus sentimentos por ela, não podia. Era meio óbvio que ela não sentia nada por ele, e se ele demonstrasse algo...só acabaria se ferrando no final.

Por sorte, quando ambos chegaram no jardim dos fundos, Ricardo já estava lá e eles não precisaram arranjar uma forma de quebrar o silêncio constrangedor, pois Ricardo fez isso por eles.

-Bom dia Agatha, como vai? - Perguntou o homem, sorrindo largamente para a jovem.

-Bom dia, estou muito bem, e o senhor?

-Estou ótimo. Mas você nunca vai perder esse costume de me chamar de senhor? Assim me sinto velho. - Brincou ele.

-Desculpe-me Ricardo. - Pediu ela, sorrindo.

-Agora sim, está bem melhor.

-Olá pai. - Disse Rafael.

-Filho! Que bom ve-lo.

-Nós nos vemos todo dia. - Disse Rafael, revirando os olhos, mas abraçando seu pai.

-Mesmo assim é ótimo ve-lo.

-Fico feliz com isso. E quero lhe desejar um feliz aniversário. - Dito isso, Rafael entregou seu presente e Agatha abraçou Ricardo.

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-Também quero lhe desejar tudo de bom, e que essa data se repita por muitos anos.

-Oh, obrigado querida, espero que se repita o suficiente para que eu possa ver meus netos.

-Tenho certeza de que irá. - Disse Agatha, sem pensar muito bem em suas palavras.

-Então você e Rafael finalmente estão juntos? - Perguntou o velho Suvens sorrindo. - Nem acredito. Já estás grávida? Ou vão esperar mais alguns anos?

Agatha e Rafael ficaram paralisados por alguns segundos. Então a jovem começou a corar e Rafael ficou seriamente embaraçado.

-Não pai, nós não estamos juntos e não creio que Agatha esteja grávida.

-Oh! - Exclamou o homem, desapontado. - Sinto muito pelas minhas palavras, mas é que não pude evitar, vocês dois formam um casal tão belo junto...Mas enfim...vou parar de constrangê-los pois ouvi barulho de carro, mais alguém deve ter chegado.

As horas seguintes transcorreram calmamente. É claro que ouve um ligeiro mal estar da parte de Agatha ao ver que Kate chegara na festa, mas controlou-se e não demonstrou nada.

O Almoço estava excelente e o bolo, que foi servido logo após, era o melhor que Agatha já havia comido.

No momento a jovem estava sentada em um banco de madeira no canto mais afastado do enorme jardim, não havia ninguém por perto dela e ela sentia-se melhor ali, longe dos olhares curiosos que algumas pessoas lhe lançaram. Com certeza se perguntavam quem ela era.

-Por que está sozinha aqui? - Perguntou uma voz. Ao se virar Agatha deparou-se com Rafael parado atrás do banco.

-Por nada. Apenas estava querendo ficar só.

-Minha companhia não é desejada então? - Perguntou o jovem.

-Não, você pode ficar, não me importo.

Ao ouvir a resposta dela, Rafael sentou-se ao seu lado.

-Sempre gostei de sentar-me aqui, é um ótimo lugar para pensar ou para ler.

-Deve ser ótimo para ouvir músicas também. - sugeriu Agatha.

-Nunca tentei, mas deve ser sim.

-Quando eu fui embora, você sentiu minha falta? - Perguntou a jovem, em um momento de coragem.

Rafael virou-se e a encarou, olhando diretamente em seus belos olhos, ele respondeu:

-Sim. Nunca pensei que era possível sentir tanta falta de alguém como eu senti a sua. Embora eu pareça um idiota as vezes, ou sempre, eu tinha um plano para nós, já tinha planejado nosso futuro.

Agatha surpreendeu-se com as palavras ditas por ele. Continuou olhando-o nos olhos por mais alguns segundos, então desviou e perguntou:

-O que você tinha planejado?

Rafael hesitou um segundo, perguntando-se se deveria ou não responder. Mas ao ver o pequeno sorriso que dançava pelos lábios dela, não resistiu, decidiu contar-lhe tudo.

-Eu ia pedi-la em namoro aquela noite, depois nós seríamos um feliz casal de namorados...continuaríamos assim até você estar no primeiro ano da faculdade, seria quando você atingiria a maioridade e nós noivaríamos e iríamos morar juntos em algum apartamento que ficasse o mais próximo possível do seu campus. Seríamos felizes morando juntos e um mês após você terminar a faculdade, nos casaríamos. A festa seria a sua escolha, poderia ser grande ou apenas para nossos amigos mais íntimos, a escolha seria sua. Nossa lua de mel seria no Egito, obviamente, visto a sua paixão por aquele país. Depois disso aguardaríamos mais uns três anos, os quais nós curtiríamos cada momento juntos e então, finalmente, poderíamos ter nosso primeiro filho. E então nossa vida seria completa.

Quando Rafael terminou de falar, Agatha não conseguiu mais conter-se, uma solitária lágrima deslizou por sua face. Tudo o que ele acabara de falar, era tudo o que ela sempre sonhara, sem tirar nem colocar nada. Ele acabara de descrever o futuro perfeito para ela, e Agatha deu-se conta, que seu futuro só seria perfeito se Rafael estivesse nele.

Ao ver a delicada lágrima escorrer pelo rosto de Agatha, Rafael segurou seu queixo com a mão e virou o rosto dela em sua direção. Percebeu que ela estava constrangida, pois seus olhos fugiam dos dele. Mas ele entendia. Pela primeira vez conseguia entender o que se passava na mente dela, pois o mesmo se passava na dele. Eles haviam perdido esse futuro no passado, mas talvez houvesse uma chance de reconstruí-lo no presente.

Agatha cansou de desviar seus olhos dos dele. Precisava ver o que se passava em sua alma, no fundo do seu ser. Olhou-o diretamente nos olhos e surpreendeu-se ao ver um reflexo exato do que ela estava sentindo.

Rafael não aguentou-se mais, estava esperando por aquilo desde o dia anterior. Aproximou seus lábios dos de Agatha e deu-lhe um beijo, calmo e prazeroso. Ele queria demonstrar todas as suas emoções naquele instante.

-Rafael...Ops! - O casal separou-se rápido ao ver que alguém chamava por Rafael. Era Kate e ela parecia muito surpresa com aquela cena. - Desculpe interromper, mas seu pai está lhe chamando.

-Oh! Tudo bem, eu já volto. - Disse ele para Agatha, ela apenas assentiu.

Ao contrário do que Agatha esperava, Kate não foi embora quando Rafael saiu, pelo contrário, continuou parada onde estava olhando-a com raiva.

-Você deve ser achar a última bolachinha do pacote não é mesmo? - Perguntou Kate.

-Desculpe, mas eu não entendi. - Disse Agatha, sendo sincera.

-Você volta após tanto tempo e acha que pode roubá-lo de mim, mas você não pode.

-Eu não estou roubando ninguém de você Kate. Até onde sei, vocês não tem nada, apenas algumas noites juntos, só isso. Se você está interessada nele, o problema não é meu. E, além de tudo, se é para falar sobre roubo...você roubou ele de mim, eu só estou pegando de volta. - Dito isso Agatha levantou-se.

-Você é apenas uma vadia!

-Desculpe, mas se você contar a história toda e perguntar para qualquer pessoa quem é a vadia...adivinha? Todos vão dizer que é a Kate e não a Agatha. - Agatha tentou passar por onde Kate estava, mas a mesma barrou seu caminho.

-Eu vou conquistá-lo de volta.

-Boa sorte então. - Ao terminar a sua fala, Agatha empurrou Kate com um pouco de força, fazendo com que a mesma caísse no chão. - Ops! Foi mal.

Dito isso a jovem decidiu ir embora. Não queria correr o risco de se descontrolar ainda mais e brigar com Kate na frente de todos na festa.

Viu que Rafael estava conversando com alguns homens desconhecidos para ela e optou por não se despedir, não queria interromper nada importante.

Ao entrar no carro ela decidiu-se: Iria para a capital no dia seguinte, precisava muito desabafar com suas amigas e só valeria se fosse pessoalmente.