Capítulo 56 - Para onde eu vou?

Já se passaram três dias desde que Peeta voltou a me odiar; três dias que eu tinha os piores pesadelos que alguém poderia ter; três dias que pareciam mais uma eternidade a cada vez que ele me tratava com indiferença e foi ontem que isso doeu mais:

- Agora vamos fazer uma cena apaixonante, Katniss – disse Plutarco animado. – As pessoas estão sentindo falta de ver tordos juntos...

Eu estava treinando tiros, mas parei quando vi Peeta chegando e eu não pude evitar sorrir.

- Peeta eu... – comecei a falar, querendo aproveitar a oportunidade, mas Plutarco me interrompeu.

- Katniss, você não pode parar de treinar. Estamos gravando os dois treinando juntos, é isso que queremos mostrar. Volte a atirar. Vamos de novo.

Eu voltei a treinar irritada com toda essa farsa, e isso pareceu ter afetado meus tiros, porque por mais incrível que isso parecesse eu estava errando todos.

Peeta apareceu do meu lado e deu um tiro, acertando bem em cheio.

- Nossa! – elogiei realmente surpresa com a habilidade que ele tinha com uma arma de fogo.

- Não parece estar sendo um bom dia para você, querida- ele observou quando eu errei mais dois tiros. Ele era um ótimo mentiroso, mas dessa vez eu sabia que a sua fala era quase ensaiada.

Eu parei para recarregar.

- Eu só estava ansiosa para falar com você! – disse entrando na encenação.

Eu dei mais um tiro e acertei em cheio.

- Eu estou aqui agora! – disse ele também acertando seus tiros. E de repente ele estava mais perto do que eu imaginava.

- Peeta – comecei a dizer, mas ele me surpreendeu com um beijo.

Eu estava tão surpresa e ansiosa, porque só eu sabia o quanto aquele beijo me fazia falta, e naquele momento a única coisa que eu conseguia pensar era em como fazer para aquilo durar para sempre.

Quando Peeta quebrou meu abraço eu ouço Plutarco:

- Muito bom! Bem emocionante. Podem ir, por hoje chega.

- Sem problema – Peeta diz e sai sem me dirigir um olhar sequer.

Senti algumas lágrimas escaparem pelos meus olhos enquanto eu relembrava isso.

Não queria ter que me levantar e enfrentar tudo isso de novo. Só que eu mal pensei em alguma chance de não ter que ir treinar, minha equipe já estava lá.

- Hoje temos treinamento pela manhã e reunião à tarde para resolvermos os últimos detalhes da viajem – disse Effie enquanto eu me vestia. – Passou muito rápido, eu nem acredito que já é amanhã que vamos para os distritos.

- Já sabem qual o distrito eu estarei indo?- perguntei, também me dando conta que era amanhã.

- É isso que irão informar hoje. Eu estou tão ansiosa. Vou fazer parte da equipe de Peeta – anunciou.

- Serio? – perguntei. – Você estará indo para o meio da revolta? – disse incrédula.

- Bem, sim – respondeu com receio. – Haymitch preferiu ficar na sua equipe e então eu ficarei na de Peeta, sendo o suporte dele.

- Desde quando Haymitch quer ficar na minha equipe?

- Não sei, mas ele insistiu muito, e eu não tive como recusar – disse Effie como se isso fosse apenas algo de boa educação.

A manhã passou tranquila. Só vi Peeta de longe, e não me mandaram fazer nade de emocionante, então só continuei a treinar o meus tiros isolada até que chegou a hora do almoço e eu me deparei com Finnick na fila de refeições.

- Você vai mesmo? – perguntei depois de nós cumprimentarmos.

- Eu vou! – confirmou ele, parecendo decidido. – Se você e Peeta estão sacrificando tudo para isso, seria muita covardia minha não ir também, e Annie concorda.

- Não é bem assim, e você sabe - disse meio tímida. – Eu e Peeta não é nada parecido com vocês, e ainda irão se casar...

- Quando eu voltar, a primeira coisa que eu farei é me casar com Annie – disse cheio de esperança. – Mas não venha me dizer que você e Peeta não tem nada, eu sei o que eu vi e vejo. O amor de você é o que motiva as pessoas, e duas pessoas que não estão apaixonadas não prefeririam morrer juntas a perder uma a outra. Mesmo que eu achasse mesmo que fosse uma farsa, só você mesmo para não enxergar a verdade nisso – respondeu Finnick quase me dando uma lição de moral.

- Ah, mesmo assim obrigada por estar indo, isso será realmente de grande ajuda – falei tentando mudar de assunto.

Estavamos todos na sala de Coin mais uma vez. E eu me sentei bem afastado de Gale ou Peeta.

- Plutarco por favor, nos mostre a situações dos distritos, para todos saberem o que está acontecendo- pediu Coin.

Plutarco começou a mostrar algumas recentes imagens que tinham conseguido enquanto explicava.

O distrito 1 e 2 em maioria, não faziam nem menção de se rebelarem, continuavam na maior paz de suas vidas ricas.

Os lideres dos 3 estavam organizando a revolta e tinha pedido reforços de armas, mas estavam com dificuldade de fazer com que o povo ajudasse.

O 4 era o único distrito rico que estava em guerra aberta contra a capital, e eu ligava isso ao fato de ter Finnick como uns dos chefes dos rebeldes.

O 5 e 6 tinha grande numero de pessoas adeptas a ideia, mas as investidas da capital era realmente pesadas contra eles.

O 7 estava planejando a expulsão dos pacificadores, mas precisavam de reforços.

O 8 tinha forças muito fracas para se rebelarem, depois de serem um dos primeiros distritos a apoiarem a rebelião, mas estavam conseguindo território.

O 9, 10 e 11 já estavam sendo ajudados por nós, sendo que o 11 era o primeiro distrito livre de pacificadores.

- Então essa é a nossa situação – resaltou Coin, com o termino da explicação de Plutarco.

- Pres. Coin – falou Finnick – eu gostaria muito de ir para o meu distrito, acho que eu seria de grande ajuda para eles...

- Com certeza isso seria um grande incentivo para eles, mas no momento seria suicido ir para lá. Como viu a ultima tentativa de mandarmos armas para eles não chegou. Snow está tentando isolar aquela área e não temos no momento quase nenhum acesso a eles.

- Eu acredito que o melhor lugar para você estar seria no 1, 2 ou até mesmo o 3, para tentar trazer mais lideres deles a ideia de ajudar a rebelião – disse Plutarco.

- E quanto aos tordos? – perguntou Haymitch parecendo apressado.

- Nós temos dois lugares onde os tordos devem estar, e com base no que eles sabem fazer, eu já sei para onde envia-los – anunciou Coin.

- Bem, mas pensando melhor, talvez... – interrompeu Plutarco.

- Não, é o mais sensato e obvio. Precisamos de alguém no 7 para apoia-los na sua primeira tentativa de guerra. Estaremos mandando toda a nossa equipe de inteligência de campo para lá e a nossa melhor comandante General Plarco que estava até agora no 11. E precisamos de alguém no 11 de novo para convencê-los a se voluntariarem para ajudar os outros distritos, já que isso para eles parece estar fora de questão...

Ela nem terminou de falar, mas meu subconsciente já sabia o que ela iria dizer.

- Peeta é o mais indicado para ir ao 11...

E eu iria para o 7.