Second Chance

Capítulo 55 - Encontros e Desencontros


Bonnie acordara mais tarde do que o normal naquela manhã de domingo. De seu quarto, já era capaz de sentir o aroma delicioso do almoço sendo preparado por seu pai no andar inferior, o que fez seu estômago roncar sonoramente, apenas para lhe dar certeza de que estava faminta.

Durante o banho quente e demorado, voltou a repassar os momentos que passara ao lado de Damon na noite anterior, da mesma maneira que fizera antes de dormir – motivo pelo qual a garota só pegou no sono às três da manhã. A maneira que o vampiro a conduzira durante a valsa, o modo protetor com que a tratara quando Elena a acusara, os sorrisos genuínos que o moreno lhe dera ao longo da noite...

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Cada pequena lembrança fazia com que a bruxinha se sentisse aquecida de um modo diferente, de uma maneira que ainda não tivera a oportunidade de experimentar, e que a deixava ansiosa e assustada na mesma medida.

Ao voltar ao quarto vários minutos depois, envolta em um felpudo roupão branco, no exato momento em que o relógio da torre anunciava que já eram doze horas, deparou-se com uma folha de papel – um tanto chamuscada – sobre a cama ainda desarrumada. Desconfiada, aproximou-se devagar e apanhou o papel, abrindo-o devagar.

Ali, numa fina e elaborada caligrafia, pode ler a seguinte mensagem: “Precisamos conversar, assunto sério e extremamente sigiloso. Sua mãe já está a caminho. Encontre-nos em uma hora na velha casa onde me libertaram. E.”

Espantada, Bonnie se deixou cair na cama, com o recado ainda seguro em suas mãos. O que aquilo poderia significar? O que uma bruxa milenar e poderosa poderia querer com ela? Ou melhor: o que poderia querer dela? E outra: por que Esther garantiria a presença de Abby?

Em meio à confusão que se instaurara em sua cabecinha, a morena apanhou o celular sobre o criado mudo, encarando a tela do aparelho em seguida. Para quem ligaria, afinal? Elena mudara tanto nos últimos tempos que Bonnie mal a reconhecia em certos momentos; Caroline sendo a melhor amiga de Sophie, não seria a melhor opção, já que o assunto girava em torno dos Mikaelson e Soph estava indiscutivelmente ligada a eles, assim como Stefan, que seria sua próxima opção; também não falaria com Jeremy sobre isso, então... Então só lhe restava uma opção.

Justamente a pessoa com a qual ela aprendera a não contar desde o momento em que o conhecera; a pessoa que já havia declarado mais de uma vez que, para ele, a vida de Bonnie não tinha relevância; o homem que estivera ao seu lado ao reencontrar Abby; aquele que a fizera flutuar enquanto dançavam juntos e fizera questão de levá-la até a porta de sua casa... Apenas Damon, tão fascinante em sua bipolaridade que deixava a garota tonta.

Após mais um minuto, a bruxinha por fim discou o número do moreno, mordendo o canto do lábio enquanto aguardava. Cinco toques depois, a chamada foi transferida para a caixa postal, o que fez com que Bonnie soltasse um profundo suspiro cansado e largasse o celular sobre os travesseiros, largando-se mais uma vez sobre o colchão em seguida.

Passou-se mais algum tempo até que a garota enfim se levantasse, seguindo até o guarda-roupa para procurar o que vestir, decisão que não lhe tomou muito tempo.

Antes de deixar o quarto, apanhou o celular mais uma vez, digitando uma mensagem rapidamente antes de enfiá-lo no bolso do jeans e fechar a porta atrás de si.

**********

No Mystic Grill o movimento era grande, afinal, muitas pessoas paravam ali para almoçar. Junte a isso os desocupados que só buscavam algum tipo de distração, e o ambiente estará lotado e barulhento, impedindo até mesmo um vampiro distraído de ouvir seu próprio celular tocar.

Fora isso que acontecera com Damon. Após deixar Sophie na calçada e entrar no restaurante, sua atenção foi atraída para o rapaz loiro sentado ao balcão, ladeado por uma garrafa de vinho e uma taça de cristal. Sem pestanejar, o moreno seguiu até lá e sentou-se ao lado de Alfredo, sobressaltando-o.

– Damon Salvatore – diz ele, com a voz levemente pastosa, erguendo um brinde ao recém-chegado. – Venha, brinde comigo a exterminação dos nossos problemas – completa, com um largo sorriso, ao mesmo tempo em que fazia sinal para que o garçom trouxesse outra taça.

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– Não acha que está um pouco cedo para comemorações? – indaga Damon, recusando sutilmente a taça que o garçom lhe trouxera. – Além do mais, prefiro algo mais forte... O de sempre, Charles! – diz ele, virando-se para o rapaz que o estava atendendo.

– É Andrew, na verdade... – o garoto murmura, parecendo contrariado.

– Andrew, Charles, Benedito... Não importa o nome, todos vocês morrem um dia – o moreno responde, com um dar de ombros despreocupado. - Agora traga o meu Bourbon!

– Não entendo você – Alfredo exclama, encarando o outro.

– Não entende o quê, ragazzo? – diz Damon, com um sotaque carregado.

– Sabe que sou muito mais velho que você, não é? Não faz sentido me chamar de “garoto” quando nem meu próprio pai me chamava assim – o loiro responde com frieza, voltando a encher sua taça com vinho.

– Não me admira seu velho ter te chutado de casa, você é insuportável! Não que o meu tenha feito diferente, mas isso não vem ao caso...

– Não fale da minha família assim – diz o Salvatore mais velho num rosnado, fazendo a taça que tinha na mão se partir em vários pedaços. – Não lhe dei esse direito, bambino – completa, deixando transparecer o desprezo em sua voz

– Ora, somos família Alfredo. Por que não me contar seu segredo tenebroso? – instiga Damon, com um sorriso irônico. – Você brincou de médico com a sua irmãzinha mais nova, ou espiou...

Mas o moreno nem sequer teve a chance de terminar seu raciocínio, pois Alfredo o fez se calar com um soco no maxilar, que abriu um feio corte no lábio inferior de Damon.

– Nunca mais fale de Sofia dessa maneira, entendeu? – o loiro urra, destacando cada palavra e pondo-se de pé. – Ou não pensarei duas vezes antes de cravar uma estaca no seu coração! – completa, agora num sussurro, dando as costas ao outro e se encaminhando para a saída.

– Mais essa agora – diz Damon após se recompor, girando os olhos e sorvendo um longo gole de seu whisky.

– Você não consegue ficar longe de confusão por um mísero dia? – questiona Matt, que acabara de se aproximar do balcão trazendo uma bandeja repleta de copos vazios.

– E perder toda a diversão? Não mesmo! – o moreno cochicha em resposta, com um sorriso. – Aliás, Ric está por aqui?

– Não que eu o tenha visto – diz o rapaz, enquanto apanhava uma bandeja com um novo pedido. – Já tentou ligar pra ele?

– Ora, veja só... Você sabe ser útil! Incrível! – o vampiro caçoa, aos risos. – Bem, farei isso, obrigado pela dica.

Enquanto Matt se afastava, Damon apanhou o celular no bolso interno de sua jaqueta. Ao desbloquear a tela, foi surpreendido pelo pequeno envelope que piscava freneticamente, indicando que recebera uma mensagem de texto.

Ao abri-la, deparou-se com o seguinte: “Esther me convocou para uma reunião, junto com Abby, na velha casa das bruxas. Não confio em nenhuma delas, Damon. Me sentiria mais confiante, e segura, se você pudesse estar por perto... Bonnie”.

Sem se importar com o whisky que esquentava no copo, o moreno voltou a guardar o aparelho no bolso e disparou porta afora, seguindo imediatamente para o carro. “Talvez eu chegue a tempo de apanhá-la ainda em casa” pensou ele, enquanto dava partida e fazia o Camaro cantar pneus ao se distanciar do Mystic Grill.

*********

Bonnie estava a menos de quinhentos metros de sua casa, quando percebeu uma leve mudança no som do farfalhar das folhas das árvores que ladeavam a rua. Voltou-se para o pequeno caminho que percorrera, sentindo a ansiedade crescer em seu peito, mas nada notou de diferente. Estava pronta para continuar a avançar quando um grito agudo escapou de seus lábios.

Klaus havia se materializado à sua frente, e o sorriso que trazia nos lábios podia significar muitas coisas, menos simpatia.

– Olá bruxinha – diz ele calmamente -, estava mesmo procurando por você. Precisamos conversar.

– Desculpe, mas já tenho um compromisso e não posso me atrasar – a garota responde, sem conseguir esconder o nervosismo.

– Acho que esse seu “compromisso” – começa o híbrido, fazendo aspas com os dedos – pode ser adiado, a menos que queira receber o garoto Gilbert em uma caixa de fósforos.

– Jeremy? O que você fez com ele? – Bonnie indaga, os grandes olhos castanhos se arregalando pelo pânico.

– Eu não fiz nada – o Original exclama, erguendo as mãos num gesto que dizia que se encontrava isento de culpa. – Mas Elijah esconde um mestre de torturas por baixo de toda aquela eloqüência e ternos caros, sabia?

– O que quer de mim, Klaus?

– Apenas um pequeno favor. Um feitiço, para ser mais específico. Mas prometo que, assim que conseguir o que quero, você terá seu precioso namoradinho de volta, são e salvo. Temos um acordo?

– Diga o que preciso fazer – a bruxinha responde, com um suspiro derrotado.

****************

O plano de Elijah era ir até a residência dos Gilbert, mas o destino parecia lhe sorrir naquele instante, talvez para compensar a grande encrenca em que ele e os irmãos estavam metidos.

Jeremy Gilbert caminhava sozinho pela rua deserta, totalmente distraído com a música que ecoava através dos fones de ouvido que usava. Parecia caminhar em direção ao Mystic Grill, mas, infelizmente para ele, seus planos estavam prestes a ser frustrados.

Estacionando o carro há alguns metros de distância do rapaz, exatamente às suas costas, o Original saltou do veículo. Num piscar de olhos, estava atrás de Jeremy, sobressaltando-o com um toque em seu ombro.

– Elijah – diz ele, levemente engasgado por conta do susto -, quase me matou do coração.

– Não pretendia matá-lo definitivamente – o vampiro responde, sombriamente. – A menos que eu seja obrigado a isso – completa, alisando o terno despreocupadamente.

– O que você quer di...

Mas Jeremy não conseguiu completar a frase, pois Elijah adiantou-se e torceu o pescoço do garoto, mergulhando-o na escuridão e fazendo-o cair aos seus pés.

Após erguê-lo e colocá-lo sobre um dos ombros, o Original voltou para o carro, largando o garoto no banco de trás e arrancando com o carro para longe dali em seguida.

************

Sob as ordens de Klaus e os protestos de uma certa loirinha de sangue italiano, Rebekah dirigiu-se com Sophie e Stefan para a casa de Caroline. Afinal, ela parecia ser a pessoa mais capaz de auxiliar a garota Mikaelson na árdua tarefa de manter os primos Salvatore longe de confusão.

– Soph... Stefan! E... Rebekah? – exclama Caroline, ao abrir a porta e deparar-se com os três em sua pequena varanda. – O que fazem aqui? Aconteceu alguma coisa? – indaga, analisando os rostos à sua frente em busca de alguma resposta.

– Na verdade – começa a Original, com um sorriso vacilante -, você é a minha melhor esperança. Podemos entrar? Não é um assunto para se tratar à porta!

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– Ah claro, entrem - a anfitriã responde, dando passagem para que eles entrassem. – Sam, temos visitas! – grita em direção às escadas, fechando a porta atrás de si em seguida.

– Sabia que tinha sentido um cheirinho de chocolate com morango no ar – diz o rapaz, no segundo seguinte, parando ao pé da escada. – Hey Soph, ainda usando o mesmo shampoo? – completa com um largo sorriso, abraçando a amiga de infância em seguida.

– Não sabia que prestava atenção a esse tipo de detalhe - a loira responde, beijando-o no rosto.

– Sou seu melhor amigo há séculos, garota! Além do mais, ficou difícil de esquecer depois que você me proibiu de comprar um perfume com esse mesmo cheiro pra Ashley...

– Ela era uma metida, não valia o presente – Sophie alega, com uma carinha inocente.

– Ash era minha namorada, e você uma ciumenta!

– Espero que não faça o mesmo comigo – exclama Rebekah, fingindo indignação. – Sou sua cunhada também, lembre-se disso – continua seriamente, fazendo a garota corar. – E não faça essa cara, está ouvindo? Seja lá o que houve entre você e Elijah, sei que vão se acertar mais cedo ou mais tarde. Agora... Caroline, vamos ao assunto que nos trouxe até aqui. E acho que nosso pequeno namorador aqui presente pode ajudar também – completa,encarando Sam com um sorriso misterioso.

************

Foram necessários poucos minutos para que Damon chegasse até a residência dos Bennett, estacionando o carro com uma freada brusca que deixou marcas no asfalto. Num piscar de olhos, saiu do automóvel e correu até a varanda, apertando a campainha algumas vezes, até que ouviu passos pesados se aproximando da porta.

Cinco segundos – que o vampiro fez quentão de contar! – depois, a porta da frente se abriu, revelando um senhor que Damon havia visto apenas uma ou duas vezes antes.

– O que deseja? – o homem questiona educadamente, embora analisasse o rapaz à porta com cuidado.

– O senhor é o pai da Bonnie, Wilson... não é? Ela ainda está em casa? – o moreno questiona, ansioso.

– E você seria...

– Damon. Damon Salvatore. Sua filha e meu irmão estudam juntos.

– Bem... Bonnie saiu há alguns minutos, disse que tinha uma reunião importante de um grupo escolar. Quer deixar algum recado?

O vampiro nem sequer prestou atenção à proposta do homem, correndo de volta ao Camaro no segundo seguinte. Mal tinha se largado no assento quando um cheiro trazido pelo vento chamou sua atenção. Tentando agir o mais normalmente possível, deu partida no carro, percorrendo apenas a distância necessária para que a fachada da casa de Bonnie não fosse mais visível.

Em seguida, voltou a pé pelo pequeno trecho, tentando captar o cheiro novamente. Poucos passos bastaram para que Damon encontrasse o que chamara a sua atenção. Estava ali, pairando no ar e envolvendo-o, mesmo que não pudesse ver, apenas sentir.

O perfume de Bonnie o havia trazido até ali, marcando o lugar como um grande “x” preto que demarca onde um tesouro foi enterrado. Passara tempo bastante ao lado da bruxinha na última noite para que o perfume fosse memorizado.

Mas havia algo mais ali, algo levemente familiar e que o moreno estava tendo dificuldades em situar... Já estava se sentindo frustrado e arrepiava os cabelos sem nem mesmo se dar conta disso quando a compreensão o atingiu, fazendo uma única palavra escapar de seus lábios...

– Klaus!