Batter Up

Encontros


Naquela semana os Devils fariam todos os jogos em casa, deixando todos os jogadores mais a vontade em controlar suas vidas pessoais. DB então resolveu convidar Gil e Sara para um brunch com ele e Julia Finn, sua namorada. Eles eram os únicos comprometidos daquele grupo, então DB insistiu com Gil que seria bom eles se juntarem. Gil, que não entendia bem o motivo, resolveu se deixar levar. Afinal, seria bom ter alguém naquele grupo que pudesse chamar de amigo.

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Quando o casal chegou foram levados diretamente até a mesa, onde D.B. e Júlia já se encontravam. Júlia era uma jovem loira muito bonita, seus cabelos presos em uma trança de lado, com um sorriso fácil no rosto. DB apresentou as mulheres e logo em seguida o garçom chegou com o cardápio para eles fazerem o pedido. Por sugestão de Júlia eles escolheram o café real, que trazia pães, bolos, frutas, waffles , suco, chá e café.

–Então, DB me disse que você é modelo?- Júlia perguntou a Sara quando o garçom saiu.

–Por enquanto, sim.

–Nossa, se eu fosse modelo não largaria a profissão nunca...bom pelo menos até os 30...

–E esse é o problema... Como posso aceitar ficar em uma profissão com prazo de validade?!

Durante todo o brunch Sara e Júlia conversaram animadamente, assim como seus namorados. Gil ficou extremamente feliz com isso, Sara parecia se dar muito bem com Júlia. Segundo Warrick, a jovem não tinha muitos amigos e passava a maior parte do tempo com o primo, que não gostava de Gil.

Gil nunca fora ciumento um único dia em sua vida, mas aquela relação quase simbiótica de Sara com Greg o deixava incomodado. Toda vez que Gil viajava com os Devils e ligava para Sara para perguntar a ela o que ela fazia a jovem invariavelmente respondia que estava com o “primo”. Logo, ao ver Sara se dando tão bem com Júlia o jovem só pensou em como esse encontro seria providencial para ele. Sara ganharia uma nova amiga e Gil não preocuparia com o tempo que ela passava com outro homem que, claramente, estava a fim dela. Foi quando uma ideia surgiu em sua mente brilhante.

–Garotas, por que vocês não marcam de assistirem aos nossos jogos juntas?- ele perguntou quando já estavam indo embora do restaurante.

As mulheres se olharam e trocaram um sorriso

–Ótima ideia, Gil!- Júlia disse enquanto passava seu braço direito no esquerdo de Sara- O que você acha, Sara?

–Adorei a ideia!

Enquanto as meninas trocavam telefones os jovens jogadores andavam mais atrás, conversando sobre a próxima viagem, que seria no dia seguinte. Eles passariam uma semana inteira longe de Vegas, com uma sequência intensa de jogos. Gil estava animado, pois enfrentaria o time de Chicago, a equipe para a qual ,quando pequeno, Gil torcia. Era também a equipe de coração de seu pai, e o sonho da vida dele era jogar lá um dia.

–Bom, então a gente se vê amanhã no aeroporto?-DB perguntou quando o quarteto chegou ao estacionamento da rua.

–Sim. Estarei lá- Virando-se para Júlia Gil disse- Foi um prazer, Jules.

A jovem deu um sorriso e o abraçou, surpreendendo Gil. Logo se despediu de Sara, combinando de se falarem amanhã para combinar algo para o jogo de quinta. DB e Júlia então colocaram seus capacetes e subiram na Kawasaki de DB, partindo logo em seguida.

–Esse cara tem estilo- comentou Gil, puxando Sara pela cintura e a levando em direção a seu carro.

–Você gostaria de ter uma moto, Gil?- Sara perguntou, surpresa- Esse não parece muito com o seu estilo!

–E não é- ele disse com um sorriso- Mas eu admito que seja um estilo de vida interessante. Se você gosta de chamar atenção e de velocidade, é claro!

Sara apertou seu corpo ao de Gil e respondeu

–Eu sou muito mais o seu estilo.

Gil sorriu e deu um beijo no rosto dela.

–E qual é o meu estilo, honey?- ele disse enquanto a guiava para o lado do carona de sue carro.

–Quieto para todos... mas quando estamos sozinhos...- Gil colou seu corpo no de Sara, prendendo a jovem na porta de seu carro. Não havia um milímetro de espaço entre eles, e Gil pode olhar no fundo dos olhos de Sara.

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–Quando estamos sozinhos. -ele sussurrou na boca dela, passando a língua nos lábios inferiores.

Qualquer coisa que Sara fosse dizer foi esquecida, já que a jovem se rendeu ao beijo de Gil. Aquele homem era um sedutor, não era só a sua boca, seu corpo todo participava do beijo. As mãos que não paravam de se mover, as pernas fortes que se insinuavam entre as dela... a situação estava ficando quente demais para acontecer em plena luz do dia, então Sara teve que separar seus corpos a força. Arfando ela disse

–Gil, pelo amor de Deus!- quando ela parou o beijo Gil desceu seus lábios até o pescoço dela- Estamos em um estacionamento. Controle-se, homem!

Ele riu ainda no pescoço dela, e o ar expelido por ele fez com que Sara se arrepiasse ainda mais.

–Tem certeza? Acho que você não quer parar mesmo... seu corpo me diz isso...

–E a minha cabeça diz pra você parar!

–Tá legal, tá legal!- ele finalmente pôs um espaço entre eles, ainda que pequeno- É só que... só de pensar no tempo que vamos ficar sem nos ver...

–Vocês homens são incorrigíveis! É só terem uma ou duas oportunidades para transar e já querem o tempo todo!

–Sou incorrigível por você, querida!- ele disse dando um último beijo e depois abrindo a porta para ela- Um cavalheiro incorrigível!

–Vou fingir que acredito!

~*~*~*~*~*~*~*BATTERUP~*~*~*~*~*~*~*

O fato é que, com a cabeça nos jogos Gil não teve muito tempo de pensar e nem sentir falta de Sara naquela semana. Os Devils conseguiram um desempenho incrível nas últimas cinco partidas e o ânimo de todos do time estava nas alturas. Bem, quase todos. Vinny, infelizmente, não conseguia se entender com a gerência do time. Seus problemas haviam começado no ano passado, no meio do campeonato mais exatamente. Doug Donald achava que Vinny não estava levando o time a utilizar todo o seu potencial. O treinador respondera dizendo que ele nunca se metia nos assuntos da gerencia, então esperava a mesma cortesia deles. Apesar de Vinny ter sido deixado em paz e, eventualmente ganhado o campeonato, a relação dele com os Devils ficou muito instável. Por tudo isso e a julgar pela falta de paciência do treinador, novamente Doug deveria estar aprontando das suas.

–Mas o que será que foi dessa vez?- Gil indagou ao ver a carranca do treinador passar por eles no banco do vestiário.

–Ouvi dizer que a gerência quer trazer mais um nome para o campo externo, mas Vinny arredou o pé e disse que não- confidenciou DB.

Gil concordava com a opinião de Vinny. O time finalmente se encaixou, não havia mais necessidade de colocar alguém novo. Seria dinheiro mal investido.

O problema todo era que o outro jogador era primo de um dos únicos investidores do time, que assim como Gil acabara de sair da liga universitária, mas não fizera uma campanha tão brilhante quanto ele. Vinny sentia que estava por um fio de explodir com o gerente executivo, e só precisava de mais um motivo para fazê-lo.

~*~*~*~*~*~*~*BATTERUP~*~*~*~*~*~*~*

Doug Donalds era um homem corpulento e bem arrumado. Dono de uma voz grossa e cabelos perfeitamente tingidos de loiro dava a impressão de ser uma pessoa que você não queira irritar. Ótimo para a posição dele em qualquer empresa que ele fosse trabalhar. E os Las Vegas Devils era uma empresa relativamente nova naquele mudo que era a Major League. Ele vivia em um mundo com um bando de gente querendo o colocar para baixo ou tirar vantagens dele. Então, era óbvio que ele não poderia deixar alguém que estava abaixo dele querer lhe dar ordens. Se Vinny Astaire não estivesse em um momento bom ou se houvesse alguém de seu calibre para assumir a equipe, ah, Doug já teria dado um pé na bunda daquele miserável há muito tempo!

Doug sentou-se em uma mesa do Simbah’s, um restaurante muito conceituado em Los Angeles. Porque Doug não seria visto sentado comendo em qualquer pé sujo, não, ele tinha um nome a zelar. Foi quando ele passou os olhos pelo salão à procura de uma garçonete para atendê-lo que Doug viu a resposta para seus problemas...

~*~*~*~*~*~*~*BATTERUP~*~*~*~*~*~*~*

William Grissom folheava o jornal sem muita vontade. Em sua boca um cigarro já pela metade, na mesa os restos de seu jantar. O copo de cerveja transpirava, mostrando quão gelado aquele líquido amarelo estava. Will exalou a fumaça e colocou o cigarro no cinzeiro. Estava apreciando a calma que aquele canto do restaurante o propiciava, juntamente com um bom copo de cerveja quando sentiu alguém chamar seu nome. Largando a cerveja Will procurou a voz que o chamava e quando viu a quem pertencia abriu um sorriso.

–Doug, há quanto tempo!- William se levantou e estendeu a mão para o amigo.

–Muito tempo mesmo. Como está, meu velho?- Doug apertou a mão de Will com força e o ex-jogador o puxou para um abraço apertado.

–Está sozinho aí? Sente-se comigo então, vamos por a conversa em dia!

–Como posso recusar um convite seu, meu amigo?

Os homens se sentaram e Will chamou a garçonete para pedir mais duas geladas. Doug aproveitou para fazer seu pedido.

–Não poderei beber muito. Daqui a pouco meu time joga e eu preciso estar atento.

–Verdade. Acho que ainda não o parabenizei por ter posto seu time na ML, não é?

–Bobagens, bobagens. Guarde suas palavras para o discurso quando recebermos o troféu da World Series.

–Humildes estamos, não é?

–Isso é para os fracos!- os homens riram- Mas me diga, como teu filho não me falou que você estaria aqui?

O sorriso, tão fácil de brotar no rosto do velho Grissom, saiu com a mesma facilidade.

–O garoto nem faz ideia que estou aqui. Coisa de última hora, estou em um Workshop de técnicas para treinadores...tentando melhorar meu jogo.

–Então ingressou de vez na carreira de técnico, não é?

–Baseball é a única coisa que eu sei na vida. O que mais poderia fazer?

–Verdade...mas até onde eu saiba, essa carreira está indo bem...você é vitorioso, meu chapa!

O velho Grissom sorriu, pensando não ser tão vitorioso assim.

–É... Só faço o meu melhor.

–E estaria interessado em fazer o seu melhor em Vegas? Soube que está sem time e poderia concertar isso para você.

O velho Grissom não conseguiu esconder a surpresa com a fala de seu companheiro. Queria dizer que não na lata, mas sabia que ser rude com esse homem não cairia bem para seu futuro profissional. Querendo ganhar um tempo, então, para não dizer asneiras o homem retirou do bolso da blusa um maço de cigarros e, oferecendo um a seu companheiro de mesa, colocou um na boca e acendeu.

–Você não se importa, não é?- ele disse apontando para o cigarro.

–Não, mas me importo de ser feito de idiota. Ande homem, te fiz uma proposta irrecusável.

–Achei que Astaire estivesse fazendo um bom trabalho- Will desconversou.

–Sim, pode se dizer que ele faça um bom trabalho...eu acho. Mas o fato é que o contrato dele acaba no fim dessa temporada, e estou pensando em renovação. O que você me diz?

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Will exalou a fumaça tóxica de seu Marlboro e, olhando para todos os lados menos para Doug, o respondeu.

–Seria uma boa... entrar na Major League novamente... Estou trabalhando muito para isso, sabe?- Will deu mais uma tragada em seu cigarro e depois o apagou no cinzeiro- Você sabe da minha relação com meu filho, não é?

–Sei o que vocês querem que todos saibam. Que significa nada.

Grissom tomou em uma golada só sua cerveja, esperando que o líquido limpasse sua garganta do bolo que havia se formado lá a menção de sua relação com Gil.

–Nós estamos...afastados...desde que eu me separei da mãe dele...Gil não me perdoou.

O que não era bem a verdade, o velho Grissom sabia. Mas a verdade era muito dolorosa e íntima para passar pelos ouvidos de qualquer um.

–Eu não posso trabalhar com ele. Preciso de respeito para treinar um time...não teria isso dele.

Doug teve que rir com isso.

–Desde quando você ficou sentimental assim, meu amigo? Escuta, o time não vem só com um jogador, e até onde eu saiba, e você vai me desculpar por isso, mas Gilbert é só mais um em muitos. Ele não tem pedigree pra mexer comigo. Se eu quiser você lá dentro, e eu quero, e ele se encrespar com isso...ah meu amigo... É beijinho no ombro e by!

William não gostou nada da atitude desse homem, mas não podia negar que estava doido por uma oportunidade daquelas. Jogar na Major League era difícil, ainda mais para um treinador que estava só começando! O único problema era Gil... ele não queria ver o pai nem pintado de ouro...mas se o que Doug estivesse falando fosse sério...bem, Gil não teria como evita-lo, e quem sabe eles poderiam finalmente se entender.

Apesar de Will estar quieto Doug pode ver que ele tinha prendido a atenção de Will. O gerente faria de tudo para se livrar de Vinny, e ter um ex-astro da ML em sua folha de pagamento! Ah, ainda mais com o filho desse astro! Com certeza isso seria um chamariz para publicidade, e com publicidade vinham patrocínios! Doug faria de sua missão trazer Will para Vegas.

–Olha Doug, está na minha hora...tenho que ir- Will sabia que estava na mão de um tubarão e com muita cerveja no sangue...não seria sábio tomar qualquer decisão naquelas circunstâncias.

–Espero que pense realmente bem na minha proposta, Will. Gostaria muito de ter você conosco.

Will se levantou e Doug fez o mesmo, retirando do bolso interno de seu paletó um bolo de ingressos. Colocando uma mão no ombro de Will e a outra lhe oferecendo o ingresso.

–Aqui, um presente de um velho amigo.

Will olhou o papel e viu que era um ingresso V.I.P. Com direito a entrar nos vestiários e com os melhores acentos atrás do ponto do rebatedor.

–Não preciso disso, Doug. Nem terei tempo de- ele tentou devolver, mas Doug empurrou o ingresso de volta para ele.

–Não se recusa um presente, Will. Espero que você use a oportunidade para pensar melhor na minha proposta, e quem sabe fazer uma visita a seu filho... você que sabe. Mas espero uma resposta definitiva até o fim do campeonato.

–Ok, Doug...te vejo por aí.

Will Grissom saiu do restaurante mais pesado do que entrou, e não foi por conta da comida. Aquele ingresso que ele tinha no bolso era mais do que uma entrada para uma partida de baseball. Era uma entrada para um novo recomeço com seu filho.