O pequeno Matt Stick olhava preocupado para seus pais.

– Estou com medo.

– Acalme-se, filho – disse John Stick, tranquilizador. – Vai dar tudo certo.

– E se ninguém gostar de mim? – indagou o menino. – Eu sou escocês. Sempre serei escocês.

– Você vai se sair bem, filho – encorajou Silvie. – Ninguém vai te tratar mal só porque você é escocês.

John deu uma palmadinha no ombro do filho. Matt seguiu para o trem, e seu pai começou a olhar para os lados, atento. A área parecia limpa. Seu filho estava seguro. Pelo menos por enquanto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Matt Stick conseguiu encontrar uma cabine quase imediatamente após embarcar, mas ninguém veio se juntar a ele. Perguntou-se se sua camiseta com estampa da bandeira da Escócia era o que estava afastando as pessoas. O garoto, solitário, olhava tristemente pela janela, para a estação que se afastava. Os pais dele não estavam mais à vista. Então, alguém falou:

– Posso me sentar aqui?

Ele se virou. Um garoto ruivo, de olhos claros e rosto sardento, estava parado à porta da cabine, que Matt havia deixado aberta na esperança de que alguém pedisse para sentar ali.

– Claro – respondeu Matt, sorrindo timidamente. O garoto ficou contente e sentou-se defronte a ele.

– Obrigado. O resto do trem está cheio, e eu estava com medo de que ninguém me deixasse sentar.

– Hã... Por que alguém faria isso? – perguntou Matt, hesitante.

– Eu me acho diferente – respondeu o garoto. – Meu cabelo, minhas sardas e tudo o mais. Meus pais não têm dinheiro para comprar roupas de escola decentes nem livros novos, então tenho de usar tudo de segunda mão. Só a minha varinha é nova.

Matt de repente olhou para o chão, parecendo desconfortável. Seus pais eram de famílias bruxas burguesas, que haviam feito fortuna no mundo dos trouxas. Por isso, ele sempre havia tido do bom e do melhor. Por outro lado, Matt também estava com medo de não ser bem recebido em Hogwarts. Era difícil para o jovem escocês não sentir compaixão pelo ruivinho.

– A propósito, meu nome é William Weasley, mas pode me chamar de Bill.

Matt ergueu os olhos e deu um sorriso cansado.

– E eu sou Matthew Stick, mas pode me chamar de Matt. Também estava com medo de não ser bem aceito em Hogwarts. Acho que sou diferente.

– Por quê? – perguntou Bill.

– Eu sou escocês. Meus pais queriam que eu estudasse em St. Phillips, que é uma escola de magia escocesa. Mas meu pai tem sofrido muito, fugindo de Você-Sabe-Quem e seus seguidores. Está na lista negra deles. Então decidiu me colocar em Hogwarts. Não sei se vou me sair bem lá.

– Podíamos ser amigos – sugeriu Bill. – Podemos ajudar um ao outro a superar as diferenças.

– É, boa idéia! Vamos ser amigos.

E os dois apertaram-se as mãos.

Eles passaram o restante do trajeto conversando, descobrindo os gostos um do outro, que tipo de matérias gostariam mais de estudar e contando um pouco de suas ideias para o outro, embora, como garotos de 11 anos, não tivessem ainda muita visão de mundo.

Acabaram se identificando mais e mais um com o outro à medida que a conversa progredia. Lancharam, colocaram as vestes da escola e desceram do trem quando a viagem se encerrou e a locomotiva parou na estação de Hogsmeade. Em seguida os novos alunos acompanharam o guarda-caça Rúbeo Hagrid até os barquinhos para atravessar o Lago Negro rumo à Escola de Hogwarts.