There is Beauty in the Dark

21. Viva, Bells.


Abri meus olhos, logo os fechando de novo por causa da claridade. Não sabia que horas eram e nem onde eu estava, e muito menos o que tinha acontecido.



Virei para o lado e abri os olhos novamente, só que dessa vez mais lentamente. Depois de um tempo, pude identificar o local em que eu me encontrava. Meu quarto.



Rapidamente, lembranças horríveis vieram: um barulho de coruja, uma carta, St. Mungus, James chorando, Mamãe, sorrisos, sono, sonho, gelada, desespero.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Arregalei meus olhos e me sentei rapidamente. Foi tudo um sonho.



– Remo? - murmurei com a voz rouca. Ele olhou para mim, sorrindo fraco.



– Boa tarde.



– F-foi tudo um sonho! - falei passando as mãos pelos meus cabelos tentando ajeitá-los. Afinal, Remo estava ali.



– Bells... - ele falou aproximando-se de mim. Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, acariciando minha bochecha. Sua voz era calma, eu quase suspirei, estava de olhos fechados. Eu sentia falta dele. Muita - não... N-não foi um sonho.



Abri meus olhos bruscamente, encarei seus olhos amendoados tão sinceros. Estavam tristes, mas não aquela tristeza rotineira e sim um olhar que demonstrava sofrimento, pena e medo.



Pena?



– Pare de brincar com isso! Minha mãe está ótima, Remo. Você viu quando voltamos da ceia de Natal. Ela estava feliz e sorrindo. V-você viu! - falei com a voz falha, sentindo meus olhos começarem a marejar.



Ele suspirou e baixou suas mãos para meus ombros e dirigiu-me um olhar completamente intenso.



– Bells, você não sonhou. Sua mãe faleceu.



Continuei olhando para ele, sem piscar. Lembrando que logo depois que eu acordei, eu encontrei minha mãe, dormindo, pálida e gelada. Ela não acordaria, estava dormindo para sempre.



– Bells?



Continuei olhando para ele, mas depois desviei o olhar, tirando suas mãos do meu ombro. Afastei o lençol do meu corpo e me vi com as mesmas roupas do meu "sonho". Levantei-me da cama e segui até a porta.



– Bells, para onde você está indo? - Remo perguntou preocupado ao me ver abrir a porta. Ouvi passos atrás de mim e ele puxou-me pela cintura - espera! Eu estou aqui para te fazer companhia, te ajudar.



– Eu não preciso de ajuda - falei sentindo uma raiva descomunal inflar no meu peito. - Eu estava só sonhando, entenda Remo.



– Bells, eu sei que é difícil, sua mãe era uma mulher maravilhosa...



– ELA NÃO ESTÁ MORTA! - gritei empurrando-o. Que droga! Porque ele insiste em me dizer isso? - PARE DE MENTIR! ELA ESTÁ VIVA!



Virei de costas para ele, sentindo meu rosto quente. Eu estava queimando de ódio. Esse... Garoto estúpido, pensa que vai me enganar? Afinal, porque ele estava fazendo isso?



Sai correndo para a última porta e a abri com violência. Cheguei até a cama da direita e balancei seu corpo.



– James! James! JAMES!



Ele pulou com o susto, fitando-me com os olhos confusos. O rosto dele estava inchado, como se tivesse chorado antes de dormir.



– Esse idiota está dizendo que a mamãe morreu! - eu falei apontando para Remo com ódio.



– Bells, pare! - Remo pediu com sua voz calma. - Você está parecendo uma...



– Louca? - completei olhando-o - é isso que você quer não é? Levar-me à loucura.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Chega, Isabelle! - James falou, não tinha percebido, mas ele estava em pé - Ontem, quando dormimos ao lado da mamãe...



– Não se preocupe, foi tudo um sonho, James.



– NÃO SUA IDIOTA! - James gritou enfurecido - ELA MORREU, ouviu? Ela morreu, e nunca mais vai voltar! Você não sonhou! Aceite a realidade, Bells.



Encarei-o e ele estava chorando. Sim, chorando. E na frente de um amigo ainda mais. Senti todas as lágrimas que estavam presas, saltarem dos meus olhos.



Como eu fui tão burra? Tão idiota? Estava tentando livrar-me da realidade, botei a culpa nos outros como sempre fazia e estava me comportando como uma louca.



– D-desculpa, Pontas - solucei o abraçando.



Agora que estávamos mais velhos era raro nos comunicar por nossos apelidos. Chamá-lo pelo apelido me fez sentir melhor, me lembrando de quando tudo estava bem e não tínhamos nenhuma preocupação além da próxima idiotice que íamos fazer.



Eu estava desamparada. Minha mãe, minha âncora, eu nunca mais ia poder ouvir sua voz ou ver seu sorriso... Eu não tenho maturidade suficiente para perdê-la. Meu psicológico não está preparado. Eu só tenho 17 anos! O mundo bruxo diz que eu sou maior de idade, mas perdê-la me fez perceber o quanto esse termo é inadequado para mim. Eu não sei viver sem ela, eu não consigo... Não...



– Eu quero morrer - falei rouca, entre os soluços.



– Não. - Remo falou, soando um pouco irritado. - Quer dizer, ela não ia querer que fizesse isso, ia?



– Hum, Aluado - Sirius falou colocando a mão no ombro ele. - Acho melhor deixa-los sozinhos por um tempo.



Sirius também estava muito triste, porque mamãe era como uma mãe para ele também. Ela o acolheu como filho pelos dois anos que ele fugiu de casa.



– Talvez - Remo falou um pouco relutante.



Ele puxou-o para fora do quarto e eu e James continuamos abraçados, chorando por um tempo indefinido.



Quando parei de chorar, olhei para James. Ele também tinha parado. Parecia completamente abalado, mais que qualquer vez que eu me lembre. Acho que eu estava assim também.



De repente, ele soltou uma risada fraca.



– O que foi? - perguntei confusa.



Ele passou um tempo sorrindo para o chão, e então disse:



– Você lembra quando você namorou aquele cara no quarto ano? Se lembra da reação dela?



– Ela surtou - falei sorrindo - Ah, nunca passei tanta vergonha na vida. "Ah, minha filhinha está namorando! Está tão crescida! Quero conhecê-lo, ele é um bom rapaz? Certamente que sim!" - imitei a voz dela.



Ele riu, me contagiando.



– E lembra quando você e o Sirius destruíram o meu quarto pela primeira vez? - perguntei.



– Como eu esqueceria? - ele perguntou retoricamente, rindo. - Ela ainda não estava acostumada, quase fui morto naquele dia.



– "Seus irresponsáveis!" - imitei a voz dela de novo - "Sabem o que poderia ter acontecido a ela? Francamente, uma bomba..."



Rimos mais uma vez. A situação tinha sido realmente hilária, e depois da terceira vez, ela passou a simplesmente revirar os olhos quando eles destruíam meu quarto ou explodiam o meu banheiro.



– Vai ser difícil, Bells, eu sei - James falou depois que paramos de rir. - Mas precisamos tentar, por ela.



Assenti e fiquei encarando o nada, com mais vontade de chorar, mas me segurando. Suspirei e disse, simplesmente:



– Eu vou sentir falta dela.



– Eu também.



(•••)



– Ei James, espera!



Eu estava correndo atrás deles na estação King's Cross, o trem já estava pra partir.



Durante a semana antes do ano novo eu e James estávamos passando mais tempo juntos do que o normal. Remo diz que isso é normal, estamos tentando ajudar um ao outro a suportar a... Perda.



– Corre mais rápido, Bells! - ele gritou de volta.



– Eu já tô indo!



Atravessamos a barreira para a plataforma e encontramos uma massa imensa de alunos entrando na locomotiva vermelha, que já apitava sinalizando que ia sair.



– Vai Aluado, para de ficar parado admirando o além! - Sirius empurrou Remo.



Entramos no Expresso de Hogwarts com um pouco de dificuldade e esbarrando em algumas pessoas, logo encontrando a cabine onde Lily lia sozinha.



Era tão estranho ver as pessoas sorrindo. Eu me sentia insultada quando via alguém sorrindo, é algo como "Como você ousa esfregar sua falta de problemas na minha cara?".



Parei para refletir que alguém já pode ter passado por um problema parecido, e eu estava lá sorrindo.



Sempre sorrindo.



Acho que o que era realmente estranho era não sorrir, como se um pedaço de mim tivesse se soltado do meu corpo e se dissipado no ar. Mas eu não conseguia, e isso me frustrava muito, porque eu gosto de sorrir.



– Bells, eu recebi a sua carta... Eu... Sinto muito. Por vocês dois. - ela indicou James com a cabeça.



– Tudo bem, Lily. - murmurei.



Eu me sentia noutra dimensão alternativa ou algo do tipo, e isso só me deixava mais deprimida, porque eu gostava muito da minha dimensão normal. Onde a nossa cabine era barulhenta, cheia de risos, cantadas e insultos. Onde a minha mãe estava viva.



Pensar nisso me causou um ardor na garganta, muito característico dos últimos dias. "Pare", ordenei para mim mesma. Meu autocontrole tem melhorado a cada dia, mas ele ainda não é completo. Basta uma simples menção para que eu desmorone.



A porta da cabine se abriu bruscamente.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Gente! - a voz de Jason Mcfeat ecoou pelo silêncio da cabine, se perdendo pela tensão, mas ele pareceu não perceber - James! Sirius!



Ele entrou sorrindo para James e Sirius e sentou-se ao meu lado. Lily se levantou bruscamente gritando "SALAMANDRA" e saiu da cabine correndo, o que foi muito estranho, mas nada que fuja do nosso padrão de anormalidade diário. Jason olhou para mim e seu sorriso diminuiu.



– Ah, oi Isabelle. Eu soube da sua mãe, meu tio é curandeiro, sabe? É realmente uma pena, ela parecia ser uma mulher muito especial.



– É, ela era. - falei olhando discretamente para a mão dele que estava no meu ombro. Ele a movimentou para as minhas costas e ficou afagando enquanto dizia palavras de consolo como todas as pessoas dizem.



Eu olhei em volta e vi que ninguém tinha percebido, nem mesmo Sirius que sempre percebe tudo. Ele estava muito ocupado olhando para as mãos. Jason parou de movimentar as mãos e repousou-as no final das minhas costas. Eu o olhei e ele me olhou sorrindo. Eu correspondi com um sorriso fraco e falso e me afastei dele fazendo ele me soltar.



Olhei para os três idiotas na minha frente e - graças à Merlin - nenhum deles tinha visto essa cena. Logo eles mudaram de assunto e eu fiquei de fora, como a maioria das vezes, pensando. Se um dia eu voltasse à Hogwarts, seria muito estranho. Uma hogwarts sem Lily, James, Sirius, Remo e Peter? Não, sem condições. Isso está fora de cogitação. Possivelmente voltaríamos apenas por um motivo: nossos filhos.



Certo, não sei nada sobre o meu futuro, muito menos o futuro dos meus amigos. Mas quando penso no futuro só me vem na cabeça uma coisa. Remo recebendo uma carta de Hogwarts e me mostrando enquanto balançava a cabeça negativamente para o papel, murmurando "de novo não!". Então iríamos até Hogwarts e conversaríamos com Dumbledore. No lado de fora encontraríamos Lily e James conversando com os filhos, Lily os repreendendo enquanto James fingia estar sério, mas quando Lily não estava olhando, ele sorria e fazia um sinal positivo com o dedão.



– Ei Bells - senti me cutucarem. Olhei para o lado e vi Peter apontando com a cabeça para os meninos.



– Oi Peter.



– Eles estão falando com você.



– Hã? - olhei confusa para todos.



– Estávamos comentando que o próximo jogo vai ser demais - começou Sirius parecendo animado - Vamos esmagar aqueles sonserinos nojentos! - Ele deu um soco na sua própria mão, como se tivesse socado um pão bem duro.



– Cara seu irmão é do time também.



– Melhor ainda! - ele olhou para a janela e depois olhou para nós novamente - Só balaço nos desavisados!



Eu imaginei Sirius lançando um balaço na cabeça do Régulo e consegui rir um pouco. O que era um bom sinal, pois Remo me olhou e sorriu. James começou a rir, provavelmente pelo mesmo motivo que eu. Logo estávamos todos rindo. Esquecendo totalmente o que ocorrera uma semana atrás.



– Você tem que tomar cuidado com aqueles sonserinos - falou Jason me olhando - eles são traiçoeiros e podem mandar a goles com muita mais força que o normal.



– Relaxa cara. Ela treinou muito, ela aprendeu com o melhor! - disse Sirius bagunçando o cabelo. Eu revirei os olhos.



– Não aprendi nada com ninguém, é talento natural.



– Garota humilde. - James Veado falou.



– Olha quem fala em humildade! - Lily disse abrindo a porta da cabine e espremendo-se entre James e Sirius.



– Mas ela jogou muito bem, tão bem que o Pontas a aceitou no time.



– É estranho, mas Bells é realmente muito boa. Só perde para mim.



– E eu, claro. - disse Sirius levantando o dedo como se lembrasse de algo.



– É, ela é realmente boa! - Jason falou. Todo mundo o encarou em silencio. Não sei se todos entenderam do jeito que eu entendi, mas a frase dele saiu meio ambígua. Ele me olhava com um sorriso torto.



Tá, o que eu perdi?



Eu não gosto desse tipo de atenção. É tão... Tão... Dorcas. Eu ainda não vou com a cara daquela garota. Ela se passa de menina fofa, meiga e simpática, mas eu sei que no fundo ela é vulgar, maldosa e nojenta. Certo, pode ser que ela não seja assim tão ruim... Não, ela é uma vadia e sempre vai ser.



– Hm, certo. - Lily disse olhando discretamente para Remo que encarava Jason com as sobrancelhas arqueadas. - Não vão acreditar o que eu encontrei no meio do corredor...



Enquanto contava uma historia sobre uma aluna do terceiro ano sonâmbula sendo atacada por feijões de todos os sabores, Lily me olhou e seu olhar e o modo como ela balançava a cabeça na direção dos dois disse "ele está com ciúmes", mas era difícil de acreditar. Remo é uma Lady, quero dizer, ele é muito educado, uma Lady não soa másculo. Não era da natureza dele explodir sem antes ter uma conversa sensata, e muito menos por esse motivo.



– Lírio - chamou James quando ela terminou de contar a historia - parece que o próximo passeio de Hogsmeade é no terceiro sábado do mês, o que você acha de, bem, eu e... Ér, e eu. Quer dizer, você e eu... - ele coçou a nuca olhando para o chão.



– N- não sei, James. Tenho que estudar para os N.I.E.Ms. - falou enrubescida. Sorri vendo aquela cena: os dois olhando para o chão e totalmente envergonhados. James olhou para ela de canto depois para baixo brincando com os dedos das mãos e suspirou e murmurou um "tudo bem" tão baixo que eu não escutei, mas consegui ler em seus lábios.



– Ah, isso me lembrou uma coisa! - Jason falou se virando para mim. - o jogo contra a Sonserina é no dia seguinte do passeio a Hogsmeade. E nós jogadores precisamos relaxar antes não é? - franzi o cenho me perguntando por que ele estava falando isso para mim. Mesmo confusa eu assenti. - Então, estava pensando, não seria assim tão ruim se fossemos passar um tempinho no Três Vassouras...



O olhei espantada. Tudo bem, Jason é bonito e tudo mais, é um cara legal, joga Quadribol, porém ele é do 6º ano e eu estou comprometida, não oficialmente, mas me sinto comprometida. E... bem, ninguém se compara à Remo.



– Ah! Hã... Jason... Não dá...



– Por quê?



– Porque ela vai comigo. - a voz de Remo ecoou na cabine.



Ah, abençoado seja.



– Hum, que pena - Jason não escondeu o quanto estava contrariado - Então, tenho que ir. Falar com o Mike. Até mais.



E saiu, fechando a porta com um pouco mais de força do que de costume.



– Hum, eu acho... Acho que vou procurar os outros membros do time. Você vem, Pontas? - Sirius chamou.



James pareceu atordoado por um segundo, e então sacudiu a cabeça positivamente e o seguiu para fora da cabine, sendo seguidos por Peter, deixando-me sozinha com Lily e Remo.



– Não devia deixa-lo falar com você dessa maneira - Remo falou sério, me lançando um olhar repreensor.



Ham?



– O quê?



– Você me entendeu - ele falou com impaciência.



– Hum, Remo - Lily interrompeu - Pode falar comigo lá fora um instante?



Ele ergueu uma sobrancelha, mas saiu com ela.



Fiquei confusa, porque Remo não costuma ter crises de ciúme como eu tenho, e embora o Jason tenha sido um tanto inconveniente, nunca o vi tratando ninguém com desprezo.



Comecei a escutar a conversa deles do lado de fora.



– Remo, eu sei que você ficou chateado e também sei por que... - era a voz de Lily.



– Eu sabia que você sabia disso. Já era se se esperar, porque vocês duas são muito amigas. Mas não precisa me dar conselhos nem nada do tipo, Lily, obrigada...



– Não é disso que eu estou falando, bem, talvez sim, mas vai um pouco mais além. Eu sei que o Jason foi um pouco inconveniente...



– Um pouco?



– Talvez mais que um pouco - ela se corrigiu - Mas não coloque a culpa na Bells, por favor. Você e eu sabemos que ela não teve culpa. Só porque não gosta do Jason não precisa jogar isso pra cima dela.



– Mas você não viu a imoralidade dele? Francamente, ela devia se dar um pouco mais de respeito!



– Remo, eu estou falando com você - ela falou um pouco mais rígida - E essa não é a questão. Tente levar em conta também a situação pela que a Bells está passando, sim?



Silêncio.



Eu queria não ter entendido o que ela falou, porque não queria ouvir aquilo saindo da boca de ninguém. Já me soava estranho as pessoas me dizendo "Sinto muito pela sua mãe" a cada segundo, será que elas não entendem que isso me faz pior?



Aproveitei o meu momento sozinha e me permiti chorar, porque acumular isso só me deixa pior ainda. Se ela ainda estivesse aqui, teria me deixado na plataforma, teria me dito como agir numa situação como essa, as pessoas não estariam me dando pêsames.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ah, como eu odeio os meus pensamentos.



Eu deveria estar chorando alto, porque Lily entrou na cabine, seguida de Remo. Ela mandou que ele chamasse James, e alguns segundos depois ele veio acompanhado de Sirius e Peter.



Eu ainda estava chorando, e ninguém ao redor dizia nada. Normal. Geralmente quando interrompem o meu choro eu grito e faço uma quantidade significativa de coisas descontroladas. Não que eu tenha muito controle sobre outras coisas da minha vida.



– Bells, ei, Bells. - a voz calma de Lily me chamou, e só então eu percebi que estávamos sozinhas na cabine, exceto por James, que fazia carinho no meu braço tentando me acalmar. Os outros saíram, provavelmente para nos deixar com privacidade.



Não olhei para ela, continuei chorando.



– Isabelle, me escute. Olhe para mim. - ela segurou meus ombros - As pessoas morrem todos os dias. E a morte, para quem fica, parece um castigo, mas ela existe para te mostrar que você tem que viver cada dia intensamente, dar valor a quem ama e aproveitar cada minuto. Aproveitar cada minuto é bem à sua cara, não? A sua mãe era uma pessoa maravilhosa, mas ela não ia querer que você deixasse de ser o que é por causa disso. Você é feliz. E não só é feliz como leva felicidade aos outros. - ela deu uma pausa, sorrindo - Viva, Bells.



Enxuguei o que havia restado das minhas lágrimas e abracei-a.



– Eu amo você, Lily.



– Eu também te amo, Bells.



Olhei para James por cima do ombro de Lily e vi que ele sorria, com lágrimas nos olhos, tentando escondê-las. Sorri para ele, e quando me soltei do abraço ele disse, olhando para o chão.



– F-foi muito bonito isso que você disse, Lily.



Ela ruborizou, mas não escondeu isso, e sorriu.



– Obrigada, James.



Lily estava certa. Um dia eu ia perdê-la de qualquer forma, porque a única certeza da vida é a morte, e se não fosse nesse Natal, poderia ser no próximo. E ela não ia querer me ver sofrendo por uma coisa inevitável.



Eu precisava viver.