De repente ela percebeu que alguém havia segurado a sua mão, e quando se virou viu que era ele. E ele a puxou e os dois correram de volta para o quadro dele. Quando ela já havia entrado no quadro dele, notou que ele havia soltado a sua mão. Ela não entendeu aquilo. Ela caiu de joelhos no chão.

Ele, quando percebeu que a havia perdido, a procurou desesperadamente. Ele empurrava e era empurrado pela multidão. Quando conseguiu vê-la, ele saiu em disparada e segurou a sua mão e começou a puxa-la para longe de todo o alvoroço. Eles estavam se dirigindo para o quadro dele. Quando ele entrou no seu quadro junto com ela, de repente notou que não segurava mais a sua mão. Ele olhou para sua própria mão. Ele viu tinta escorrendo pela palma de sua mão. Ele escutou a menina, que ainda vinha atrás dele cair no chão, e se virou e viu o que nunca queria ver. A pequena menina já havia sido tomada pelas lagrimas, que escorriam pelo seu rosto sem parar. Ela olhava para a sua mão e, no lugar dela via tinta escorrendo.

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Ele agora estava de joelhos, paralisado. O medo estava destroçado seu coração. Ele tinha medo de perdê-la, não queria perdê-la. E quanto mais tinta ia escorrendo dela mais despedaçado seu coração ficava.

Ela olhou para ele com seus olhos cheios de lagrimas. Ela sabia que não ficaria com ele, que não poderia ficar com ele, mas, apesar de saber que aquilo não era culpa dela, seus olhos iam sendo inundados cada vez por mais lagrimas, que iam caindo e se misturando a sua tinta que continuava a escorrer e cada vez de forma mais rápida.

Ela falou com a voz tremula por causa do choro.

-Quero ficar aqui! Não quero ir!

-Não quero que você vá! Queria ficar com você para sempre!

-Eu não quero ir! Não quero ficar longe de você! Eu...

Ela se levantou e olhou para trás. Olhou para o seu quadro e viu que ele já estava quase que totalmente queimado. Ela sabia que não tinha tempo, que não poderia ficar com ele. Logo várias memorias percorreram sua mente, eram poucas memorias comparada àquelas que tinha do tempo que ficava sozinha. Ela se lembrou do sorriso doce e caloroso que sempre a abrigava de todo o medo e de toda a solidão que a acompanhou por tanto tempo. Ela continuava com medo e seus olhos ainda estavam cheios de lagrimas. Ela pulou para abraça-lo.

-Te amo!

Ele descobrira que ela o amava. Ele também a amava desde o primeiro dia em que a vira, ou até mesmo antes disso. Quando ela chegou a seus braços, ele foi abraça-la, ele também queria dizer o que sentia por ela, dizer que sentia amor também. Lágrimas inundaram seus olhos, ele não conseguia mais vê-la. Ela não estava mais lá. Só restara a tinta dela que cobria todo o seu corpo. Lagrimas e mais lagrimas escorreram de seus olhos e percorreram seu rosto. Essas lágrimas iam levando com elas o brilho dos seus olhos. Ele notou que a beleza de sua pintura havia sumido, só restara a grama que perdera sua cor. Todas as flores e arvores não estavam mais lá, e só o que restavam delas eram cinzas como se houvessem queimado.

Ele não viu nem escutou mais nada. A luz do fogo e o barulho que ele fazia ao queimar tudo que tocava desapareceram para ele. Ele só escutou uma de suas lagrimas pingar e cair no chão, se misturando a tinta que o cobria.

-Eu também. Eu também a amo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.