Corações Monocromáticos

Promessa Branca


Eles se levantaram, ou quase. Na verdade ambos ficaram sentados no chão e em nenhum momento a menina parou de abraça-lo. Ele colou sua mão na cabeça dela na esperança de acalma-la.

-Por que você está chorando?

-Medo...

-Está com medo? Medo de quê?

Ela não queria responder, pois pesava que ele fosse rir como normalmente se faz. Mas logo depois que pensou nessas palavras ela sabia que estava errada. Sabia que ele não riria como qualquer outro faria porque ele nunca fez o que normalmente se faz, porque ele a escolheu ao invés de todos os outros naquela exposição. Ela queria responder, talvez por pensar que era errado ignora-lo como sempre fazia no começo, por não querer sua companhia e agora por medo de machuca-lo e perde-lo para sempre.

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-Você.

-Medo de mim?

Ela balançou a cabeça respondendo que não era o que ele acabara de perguntar.

-Então você estava com medo de que?

-Perder.

-Perder, você... Eh, me perder?

Ela balançou novamente a cabeça, mas dessa vez afirmava que era isso a causa do seu medo.

Ele ficou muito feliz em ouvir isso. Enquanto acariciava a cabeça dela ele sorria, muito feliz por aquelas poucas e confusas palavras.

-Não precisa ter medo por isso. Você não vai me perder porque sempre estarei com você.

Ao dizer essas palavras ele deu um beijo na testa daquela pequena menina que chorava em seu colo por medo de perdê-lo.

Os dois voltaram para o quadro da menina. Todo o caminho a menina ficava atrás do menino, enquanto todos olhavam para ela. E vários dias chegavam e acabavam e eles iam sempre de um quadro para o outro. Ele queria que ela conhecesse todas as figuras daquela exposição, mas ela não conseguia conversar com ninguém, ela sempre corria para detrás dele como se buscasse proteção. Sua tentativa de fazê-la torna-se amiga de todos acabou não dando certo, mas ele não se importou com isso, pois ela continuava com ele, ela falava e andava pela exposição com ele. Ele estava certo, realmente gostou dela quando a conheceu e a cada dia que passava ia gostando mais dela a ponto de não conseguir para de pensar nela e passar longas noites com tédio esperando pelo dia seguinte, quando iria poder visita-la.

Ela havia passado um longo tempo ignorando-o e ele nunca desistiu dela. Por ele, ela fez tudo que nunca teve vontade de fazer por ninguém. Gostava muito dele, e a cada dia que passava gostava mais e mais. Ficava com o rosto todo vermelho quando penava nele todas as noites esperando o dia seguinte quando iria poder vê-lo novamente.