Ela queria perguntar o porquê, mas não teve coragem. Ela sabia que ficaria sozinha durante um dia inteiro e mesmo assim não conseguiu perguntar para ele o por que. Só conseguiu olha-lo indo embora. E apesar de saber que ele iria voltar depois de um longo dia, ela sentiu uma agonia em seu coração, que havia deixado de lado a solidão e não queria mais senti-la. Sentiu como se aquilo fosse um adeus, apesar de não ser. O outro dia já havia chegado. Um dia solitário para ela. Ela estava no lugar de sempre, como sempre fazia. Estava esperando ele, apesar de saber que ele não apareceria. E passadas algum tempo da hora que ele costumava chegar, tentando fugir da solidão que iria sentir sem ele, decidiu ir ver se o encontrava. E dirigiu-se para frente do seu próprio quadro. Naturalmente, todos achariam aquilo estranho. A menina que sempre se isolava no fundo do seu quadro, atrás de uma arvore, estava preste a sair, mas ninguém olhava para ela ou para seu quadro, somente a ignoravam como de costume, nem chegavam a notar sua presença. E ela logo viu toda aquela multidão de cores andando de um lado para o outro. E avistou um lindo quadro cheio de vida que, graças ao fato do local da exposição não ser grande, viu o menino que sempre vinha lhe ver dentro do quadro, e concluiu que aquele lindo quadro pertencia aquele lindo menino. Ela queria ir visitar o quadro dele, falar com ele como ele sempre fazia com ela, mas tinha medo de sair do seu quadro e andar por aquele caminho onde todos ziguezagueavam. Ela tomou coragem e tentou sair, e aos poucos percebeu que conseguia, mas, mesmo assim, ainda tinha medo. Percebeu que ninguém olhava para ela e pensou que se fosse até lá ninguém iria nota-la, assim conseguiu diminuir um pouco do seu medo, já que não queria que todos olhassem para ela. E mesmo admitindo para si mesma que não deveria ter medo de algo assim, não conseguia deixar de ter medo.

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