Entrelaçados A Uma Paixão

*X* Está sendo inevitável negar *X*


Certamente não deveria acreditar nas palavras daquela ruiva e, de certo, não era do seu feitio deixar-se levar por boatos, ainda mais se tratando de uma pessoa, que ela simplesmente deduziu, está possessa de ciúmes. Mas não podia negar que se sentiu extremamente decepcionada, talvez pela forma de ela mesma enxergar Sasuke como uma boa pessoa. E, ele era; pelo menos fizera várias demonstrações disso para ela. O que verdadeiramente começava a acontecer, e ficava cada vez mais nítido, eram seus sentimentos prematuros por ele.

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Como se permitira transformar poucas palavras, e contatos físicos, em sentimentos?


–Acho que você entendeu o recado.


Sakura ergueu a cabeça para olhá-la, voltando à realidade.


–Karin! – uma menina de cabelo curto encaracolado se aproximou de Karin, e tocou seu ombro com rapidez, dedicando sua atenção a Sakura que assistia a cena. –Quem é ela?


–Ninguém.


Respondeu cheia de desdém e quando passou por Sakura bateu seu ombro no dela, fazendo a rosada lhe dá passagem.


Sakura ficou observando as garotas se afastarem e, como se nada tivesse acontecido, pegou sua mochila e saiu à procura de um lugar menos agitado.
Sem dúvidas seria difícil vencer os olhares que a todo o momento lhe espetavam. Achar um lugar que não houvesse tantos alunos. E, definitivamente, precisava esquecer que, coincidentemente, ela poderia esbarrar em Sasuke.
Não queria vê-lo no momento, e nem razões tinha para isso, afinal, o que diabos a infidelidade do Uchiha tinha a ver com ela?Nada em questão, mas o fato de, possivelmente, está se enganando com o garoto que ela começava a nutrir afeições fortes, deixava-lhe completamente angustiada. E, embora não quisesse recordar o que sucedeu seu romance com Sasori... Não fora assim que tudo começou entre eles?



*



Saboreava o sorvete de morango com muito cuidado, atenta para não manchar os livros com a cauda de chocolate que começava a escorrer pela casquinha. De vez em quando sentia os olhos castanhos do seu namorado sobre ela, e ele mal percebia que a cauda de morango começava a escorrer por sua mão. Brincalhona ela sorriu para ele, obrigando-o a notar que a cauda de morango já descia até seu cotovelo.


–Você é um bobo!


Rapidamente ela providenciou um pano úmido, e gentilmente passou a limpar o braço dele.


–Será que conseguiremos terminar o trabalho em duas horas?


–Uma hora e meia. – corrigiu. –Não devemos ter pressa, ainda faltam três dias para acabar o prazo de entrega.


–E quem disse que eu tenho pressa? - sorrateiro, ele se aproximou dela, confiante de que iria beijá-la.


–Aqui não, Sasori! –exasperada, ela jogou o pano em cima dos livros, e afastou-se. –Meus pais podem chegar a qualquer momento.


–Só que eles não estão aqui agora, Sakura. – foi até ela e a agarrou pela cintura. –E, se de repente eles aparecerem, fingiremos que estamos estudando. Isso sempre dá certo.


–Dá certo com quem?Comigo? – indagou pensativa, pois não se lembrava de passar por uma situação dessas.


–Do que importa?


Ele voltou a apertar a cintura dela e guiou-a até o sofá mais próximo. Sakura chegou a colocar as mãos nos ombros dele, como se quisesse pará-lo, mas ao perceber a intenção da namorada, ele aumentou os passos e com muita facilidade a deitou.


–Espera. – pediu tentando se acomodar, e não disfarçava o nervosismo. –Não será nada legal se meus pais chegarem e nos encontrar assim.


–Se você está com medo de sermos pegos... Por que não vamos para o seu quarto?


–Meu quarto?


–É. Olha, estamos no último ano do Ensino Médio. Logo faremos faculdade e o que fizermos hoje será normal amanhã, por que seremos duas pessoas maduras. Você me entende?


Sim, ela entendia perfeitamente bem o que ele explicara, mas não deixara de achar tudo muito precipitado.
De fato, Sakura não tinha uma mente muito conservadora e eram raras às vezes que ela se via presa à ilusão de ter experiência sexual com seu primeiro namorado. Talvez fingisse não ouvir sua intuição, mas Sasori não lhe inspirava total confiança. No fundo, ela desejava saber se ele a amava mesmo ou se, apenas, tentava ser o primeiro a tocá-la com intimidade.


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–Não Sasori, vamos parar por aqui.


Soltando um suspiro alto, que mais parecia um urro, ele se levantou e afastou-se dela. A janela estava aberta e a correnteza de ar era saudável aquele horário da manhã. Segurando com força os cabelos, e às vezes acariciando-os com pressa, ele foi até a janela e alongou os braços nela.


–Eu não gosto que me pressionem. – levantando-se, ela foi até ele e acariciou seu ombro. –E... Somos tão jovens ainda, temos tanto para aprender. Por que tanta pressa?


–Não é pressa, por favor, não me entenda mal. Eu só achei que você estava pronta.


–Eu não estou. – ela o obrigou a virar-se e olhá-la de frente. –Eu gostaria que você me conhecesse melhor.


–Eu te conheço muito bem.


–Não, você ainda não me conhece muito bem. – se esquecendo do momento ruim que tiveram Sakura o abraçou.


Sakura pensava, desde o dia que começaram a namorar, como diria que ela tem uma doença rara, capaz de mudar seus planos e até mesmo sua vida.


–Podemos conversar amanhã, no intervalo? – ela esperou o sim dele, mas nem mesmo a cabeça Sasori balançou. –Eu...


–Vou indo. – rapidamente ele depositou um beijo na bochecha dela e, cheio de pressa, abriu sua mochila, depois recolheu seus pertences.



*



–Posso saber o que tem de especial naquela direção que você não consegue desviar o olhar?


Quando ela se deu conta de que alguém se aproximou, Sasuke já estava sentado ao seu lado.


–Estava me observando?


–Faz uns dez minutos. – imitando-a, ele passou a observar a mesma direção que ela olhava segundos atrás. –Pessoas pensativas demais vivem cheias de problemas.


–Tenho que concordar com você.


Receosa, ela olhou-o e agradeceu por seu foco ser outra coisa.


–O que você faria se pudesse voltar ao passado?


Sasuke sorriu ao ouvi-la e inclinou-se para trás, equilibrando-se nos cotovelos.


–Eu nunca me fiz essa pergunta.


–Mas deve existir alguma coisa que você gostaria de voltar ao passado e mudar.


Sakura esperou a resposta, confiante de que ele falaria sobre Karin e Ino, embora isso não fosse sua intenção.


–Eu não me arrependo das coisas que eu fiz.


Será que ele sabia que confessando isso acabaria de vez com a imagem que ela criara dele?


–É muito bom viver sem arrependimentos.


O comentário saíra num sopro fraco, e ela teve que fazer o possível para não demonstrar suas emoções.
Começava a se sentir fraca por dentro, seu coração batia em um ritmo acelerado, e os sintomas de desmaio começavam a perturbá-la.


–E se você pudesse voltar ao tempo, o que você mudaria?


Enquanto ele aguardava a resposta, Sakura se perdia na quantidade de coisas que ela mudaria se pudesse voltar ao passado. A primeira, de todas elas, seria apagar o dia que Sasori entrara em sua vida, mas não diria isso a ele.


–Se eu pudesse voltar ao passado, apagaria o dia que eu entrei em coma.


Foi inevitável ele não olhar para ela e perceber, para o seu grande azar, que palavras de conforto ou um toque singelo fariam toda a diferença. Mas, em vez disso, ele tocou o ombro dela, um pouco desajeitado, e deu leves tapas como se estivesse cumprimentando um velho amigo.


–Parece que suas emoções abalam seu estado emocional e é por isso que você sofre desmaios. O que aconteceu de tão severo para você entrar em coma por três anos?


Não havia possibilidade alguma de ela confessar o que aconteceu naquele dia. Ele não precisava saber, não era do seu interesse. Por que ele fingia?


–O sinal já vai tocar, é melhor eu ir pra sala.


–Vou com você.


–Não. Eu vou passar no banheiro antes.


Afastou-se dele cheia de pressa, controlando-se para não sair correndo.



*

Pela janela da cozinha era possível ver o por do sol, e isso a obrigou a apressar o jantar. Normalmente o jantar não era de sua inteira responsabilidade, mas ela fazia questão de adiantar as coisas, pois achava que a rotina da mãe, casa e trabalho, deixava-a sobrecarregada.


–Onde vamos parar com todo esse trânsito?


Sakura ouviu a voz estridente do pai, abafada pelo estresse que passara no trânsito, e ela jurava que sua mãe também tinha uma parcela de culpa.


–A culpa é sua, pois sempre inventa de pegar atalho!


–Ora!É você que atrasa nossa viajem!


Certa de que a discussão duraria algum tempo, e que sua mãe jamais admitiria que ela tinha culpa, procurou não se pronunciar.


–Olha você de novo enfiada nessa cozinha! – Emy beijou a filha, depois começou a abrir as panelas que ferviam. –O cheiro está muito bom. O que você usou aqui?


–Um tempero especial.


–Quero saber o que é.


–Não é preciso, tá tudo no seu caderninho de anotações. – Sakura riu da cara de boba que a mãe fez. –Presumir que a senhora fosse deixá-lo para mim.


–Já é seu. – piscou para a filha e logo providenciou uma colher. –Minha filha está pronta para se casar!


–Mas a minha filha não está! – Sakura riu alto recebendo um beijo do pai.


–E quem disse que eu penso em me casar? – fez a pergunta enquanto arrumava a mesa, com todo o cuidado para não esquecer os pequenos detalhes. –Depois da faculdade trabalharei sem parar, terei meu próprio dinheiro e serei uma mulher independente.


–Não nos dará netos? – perguntou Emy fazendo o esposo esperar a resposta da filha.


–Talvez um dia, eu ainda não pensei em ter filhos. – sentaram-se à mesa fazendo uma rápida oração, depois se serviram. –O trabalho não ia me permitir ser uma boa mãe, e... Bem, vocês sabem do que eu tenho medo.


–Você será uma boa mãe, eu tenho certeza! – o disparate de Emy contagiou a filha, que imediatamente voltou a se harmonizar com o momento familiar.
Discretamente marido e mulher se entreolharam, a princípio pensativos, mas bastaram meia dúzia de palavras saírem da boca de Sakura para eles relaxarem.



*



–Então você é de Osaka?



Sob o olhar persistente de Orochimaru, Sakura pedia a Deus para que as perguntas sobre sua vida terminasse. Ela realmente não gostava de falar de si mesma, pois às vezes se sentia acuada; ela não sabia onde as palavras a levariam, e era péssima para mentir.


–Tenho o costume de conversar com os pais dos meus alunos... Gosto de explicar meus métodos de disciplina e manter os pais muito bem informados.


Sasuke, escutando cada palavra que Orochimaru jogava em Sakura, assim como toda a sala, rolou os olhos ao ouvir o discurso do professor.


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–Avise-os que preciso vê-los.


–Eles morreram.


Um silêncio aterrador perturbou a todos, principalmente Sasuke que cerrou os punhos jurando que se ele fizesse perguntas constrangedoras ele mesmo iria interferir.


–Então quero ver seus responsáveis.


–Ela não é uma criança.


Todos os olhares se voltaram para o fundo, para o dono da voz que decidira mexer com a paciência do professor desdenhoso.


–Quem disse isso?


–Eu disse. – Sasuke se levantou, para o espanto de Ino e Karin.


–Com que direito você se mete nos meus assuntos?


–Você está constrangendo ela publicamente. – o fim da paciência de Orochimaru se resumiu no apontamento de dedo que Sasuke fizera ao falar dele.


–Você...


–Você sabe o nome dela. Ela já disse de onde veio. E foi obrigada a revelar que os pais morreram. Vai continuar interrogando-a?


Mesmo que tentasse disfarçar, ela não conseguia esconder o sorriso que tentava se insinuar para ele. Discretamente ela olhou para trás, sentindo que ninguém a observava, mas cruzara seu olhar com Sasuke que, de forma transparente, deixava-a mais tranquila.


–Ora!Ora! – riu alto e aproximou-se de Sasuke. –Parece que você a conhece muito bem.


–Mais do que você pensa.


Bastaram essas palavras para os cochichos dominar o ambiente e para Ochimaru encarar seu aluno como se fosse esmagá-lo a qualquer momento.
Sakura encarou a lousa à sua frente, e não pôde evitar a alegria que sentia. Ao voltar sua atenção para Sasuke, flagrou Ino a olhando, e não restavam dúvidas de que ela estava para explodir. Mais ao fundo estava Karin, também a olhando, batendo as unhas contra a madeira da mesa.



–Basta! – o grito saiu em bom tom e a ordem na sala fora instantânea. –Me acompanhe até a secretaria.


–Ok. – sem se importar com o tom autoritário, Sasuke o acompanhou.


–Professor! – Sakura chamou a atenção de Orochimaru, que esperou o que ela tinha para dizer. –Leve-me também.


Sasuke franziu o cenho, perguntando-se que tipo de besteira ela faria agora.


–Por que eu a levaria?


–Por que ele vai precisar de alguém que o defenda.


Mais cochichos ecoaram na sala e, perdendo toda a paciência, o professor pálido deu boas palmadas na mesa, chamando a atenção de todos.


–Mal chegou e já está na minha lista de alunos rebeldes, Haruno. – Sasuke enfiou as mãos nos bolsos ao ouvir a intimidação, e manteve seu olhar frio na figura doentia do homem. –Não será dessa vez. – disse ele saindo da sala, e Sasuke o acompanhou.