Epilogo

Aquele aeroporto estava mais uma vez lotado. As câmeras do lado de fora nem se quer pareciam incomodas mais. Pouco mais de uma no havia se passado desde que eles haviam estado ali uma ultima vez. O tempo apertado na Alemanha tinha sido apertado impossibilitando qualquer hipótese de visita ou volta para casa. Daiane e Dayse tinham o coração na mão. Rever sua família era algo que elas queriam há tempos.

Os fotógrafos brasileiros pareciam loucos por uma nova foto dos casais. Eles estavam aqui não só para rever a família das meninas, mas também para divulgar o filme. A estréia foi um sucesso, e os críticos adoraram o trabalho da estreante Dayse por trás das câmeras, assim como Wendler havia se superado. Alguns chegavam a dizer que aquela teria sido a melhor interpretação de Wilhelm de toda a sua carreira. Digamos que Daiane tinha algo ligado a isso. Inspiração é sempre bom.

– Preparada para encarar todo mundo amor? – Wilhelm perguntou e Daiane segurou sua mão assentindo.

– Como será que mamãe e papai vão reagir? – Dayse questionou baixinho para a irmã antes de descerem do avião.

– Sobre agente continuar vivendo longe, ou sobre você estar grávida? – Daiane respondeu e a outra revirou os olhos.

– Quantas vezes mais vou ter que repetir que não estou grávida? – Ela perguntou um pouco mais alto chamando a atenção de Wendler.

– Daiane está grávida? – Wendler perguntou alto e fez Wilhelm tropeçar e a frase no ar fez até mesmo a imprensa fazer silêncio.

– É claro que... – Antes que a moça pudesse terminar a frase o burburinho começou. Naquele momento ela teve a certeza de que seria capa dos jornais e revistas não só do Brasil mais do mundo por um bom tempo. Revirou os olhos, fez um sinal negativo para Wilhelm, que respirou aliviado, e continuou andando, mas voltou a arregalar os olhos quando um pensamento lhe veio a cabeça. Se o senhor Martinez os fez “namorar” por conta de uns amassos imaginários, o que ele fará quando pensar que uma das meninas estava grávida? O pensamento fez o rapaz quase voltar correndo para Alemanha.

– Senhorita Daiane, Daiane, pra quando é a previsão do lançamento do seu livro? – Em meio a varias vozes dos repórteres foi essa pergunta que chamou a atenção da moça.

– Desculpe, mas do que é que você está falando? – Daiane devolveu uma pergunta e a mulher a encarou sem entender.

– Sabe meu amor, isso é uma coisinha que eu esqueci de te contar. – Wilhelm começou a frase temendo a reação da namorada. – No dia em que agente brigou e eu li aquela carta que você escreveu, eu percebi que você tinha um certo dom com as palavras.

– Ai eu ajudei o Wilhy, pegando o seu notebook e dando a senha para ele poder acessar seus arquivos. – Dayse completou e Daiane a encarou descrente.

– Ele achou algumas das suas histórias e eu enviei certas partes para uma editora avaliar. – Wendler terminou e era impossível distinguir a expressão de Daiane.

– Agora eles querem publicar. – Wilhelm voltou a se pronunciar dando fim a pequena explanação.

– E qual história eles querem realmente publicar? – Ela perguntou sentindo o sangue lhe abandonar as faces.

– Monsoon. – Foi a resposta de todos os presentes ali.

As chuvas cessam e os ventos tempestuosos param de soprar. Nenhuma tempestade é para sempre. E no fim, são as nuvens escuras que se dissipam para dar ao sol o seu lugar de direito. Por que tudo muda depois da monção.