LXVI — Iludido

(...)


O primeiro sinal indicando o início das aulas já havia tocado há dez minutos. Ainda no estacionamento da Forks High School o jovem Mike Newton terminava de alinhar o seu cabelo com gel, batia as palmas contra as bochechas e sorria bobamente diante de um espelho que tinha à sua frente. Procurava por alguma anormalidade em sua face angelical e, ao não encontrar nada, pegou o buquê de rosas que descansava no banco ao seu lado, e escapuliu para fora do carro antes que fosse barrado de adentrar na escola. O estacionamento estava completamente vazio então apressou o passo. Quase sendo impedido pelo porteiro, o jovem afobado seguiu em direção ao seu armário para guardar as rosas. No corredor alguns alunos paravam para observar o loiro; ignorando-os ele enfiou as rosas dentro do armário.

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— Não chore — tocou as pétalas da rosa. — Venho buscá-las em breve. — Com uma dor em seu peito ele fechou o armário. Sabia que as chances das rosas murcharem por estarem em um ambiente fechado eram muitas, mas não podia circular com elas por toda a escola.

Seguiu para a sua turma de trigonometria e sentou-se ao lado de Tyler Crowley — o mais próximo que seria de um amigo.

— Preciso da sua ajuda — murmurou para o rapaz ao seu lado. Tyler franziu o cenho com o pedido de Newton, mas virou a cabeça minimamente em direção ao loiro.

— O que é? — ciciou, dividindo a sua atenção entre o amigo e a professora.

Operação Bella Swan — disse em resposta.

— Que diabo é isso? — objetou em um tom alto demais, atraindo a atenção da professora que lhe direcionou um olhar mortal.

— Explico quando a aula terminar — abaixou a cabeça fitando o caderno. Tyler observou incrédulo o loiro ao seu lado agir normalmente depois de lançar o enigma.

Na hora do almoço, Tyler e Mike seguiam em direção a radio escolar em que Angela Weber transmitia músicas e notícias por todo o colégio. Abriram a porta e enfiaram-se dentro. Angela encarou os visitantes com confusão.

— O que fazem aqui? — perguntou, selecionando uma música para tocar enquanto os alunos se alimentavam.

— Meu amigo precisa da sua ajuda, Weber — Tyler tomou a frente da situação.

Angela abafou uma risada. — E o seu amigo é mudo? — apontou para Mike.

O Newton corou.

— Eu quero... eu quero... — Tyler desferiu um tapa nas costas no rapaz, para ver se ele cuspia logo o que viera fazer. — eu quero me... euqueromedeclarar — embolou as palavras.

— Poderia repetir? Eu acho que não entendi — objetou a moça com confusão.

— Eu quero me declarar — repetiu mais coeso.

— Para mim? — Angela alargou os olhos.

— Não é para tanto, Weber — Crowley satirizou.

Angela encarou Tyler Crowley com um olhar que congelaria as labaredas do inferno. Mostrando-lhe o seu dedo médio, ela deu-lhe as costas — um pedido para que os rapazes fossem embora.

— É apenas um favor, Weber. — Tyler articulou após ferir os sentimentos da garota. Ajustando os óculos de grau com armação laranja, ela respirava várias vezes para conter os impropérios que gostaria de deslizar de sua língua. — Mike é apaixonado por uma garota há algum tempo, mas ela namorava. Porém, ao que tudo indica, eles romperam o relacionamento, então essa é a chance do meu amigo ser feliz.

— E quem seria essa garota? — Inquiriu Angela, cerrando os olhos.

— Bella... Swan — a voz de Newton não era mais que um murmúrio.

Angela não conteve a gargalhada que explodiu de sua garganta.

— Você é realmente louco.