Amor De Infância

Capítulo Três - Plano Parte II


Como não tinha associado uma coisa a outra antes? É claro… Seu irmão era o Rony e a Hermione era ela! Estava tudo tão claro em sua mente agora. Lembrava-se de quando os observava, de longe, brincando e às vezes querendo se juntar à eles, mas não ia por receio de não deixarem. Não teve muitos amigos quando criança, tudo por receio de não a aceitarem como era, com seu temperamento alegre, extrovertido demasiadamente que chegava a irritar em determinadas situações.

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Precisava contatar Rony imediatamente. Mas… O que diria? “Oi, Rony, irmão querido. Sabe quem eu encontrei? Lembra quando nós morávamos em Londres, por volta dos cinco, sete anos, e você tinha uma namoradinha? Então, ela é minha melhor amiga e companheira de apartamento. Legal, né? Quer falar com ela?” Isso soaria meio ridículo. Tinha que pensar em algo… E foi ai que a festa da Luna lhe serviu como uma luva. A ideia veio um tempo depois de Hermione lhe contar o sonho, por isso a história de se fantasiar de Bela.

Agora e Rony? Precisava de uma desculpa para convidá-lo para a festa.

Toda a família morava na Inglaterra, após muitos anos fora. Gina foi a primeira a voltar e morar com a tia Muriel durante muito tempo, mesmo a detestando. O maior desafio de sua vida.

Rony morava do outro lado da cidade, o que era considerado longe, já que os dois, alias, toda a família, tinha preguiça correndo pelas veias. Ela faria este pequeno sacrifício pela melhor amiga e pelo irmão. Valeira a pena, ela esperava que valesse. Perdeu a conta de quantas vezes Rony se queixava da “menina de Londres”. Claro, tiveram uma mudança brusca de vida, fuso horário, escola e tudo o mais. Os ajudaria por um bem maior…

Era um sábado e Hermione tinha ido visitar os pais. Gina achou uma oportunidade bastante apropriada para se comunicar com o irmão. Na bagunça que estava seu quarto, achou seu celular - somente o arrumava aos Domingos, e antes de ir para a faculdade, escolhendo roupas e sapatos, jogava tudo no chão, era mais fácil achar assim, mas roupa limpa se misturava com a suja - quase debaixo da cama.

Não gostava de gastar créditos - seu discurso era o mesmo: “Eu posso comprar dois pares de sapatos com o dinheiro dos créditos e ainda me sobrará um bocado!” — então, com a cara de pau que tinha ligou a cobrar para Rony.

Depois de sucessivas chamadas, ele atendeu, fazendo tocar uma música e, logo em seguida, a voz eletrônica falou:

“Após o sinal diga seu nome e a cidade de onde está falando.”

— Ginevra? - perguntou surpreso.

— Não me chame assim sua cenoura!

— Nossa, quanto tempo! - ele parecia muito entusiasmado. - Irmãzinha, estou com saudades. Como você está?

— Eu estou bem, também com saudade. Como vai sua vida?

— Está indo bem, eu consegui um trabalho temporário na empresa dos Malfoy, e ganho um bom salário.

— A é? E o que você faz lá? - ela queria estabelecer uma boa conversa para depois desfilar o veneno bom.

— Eu leio projetos, é legal, eles passam por mim, e depois por uma equipe analisadora. E eu tenho minha própria sala. Maneiro, né?

— Super, demais. Sei que você sempre quis ser arquiteto. Mas me diga, está na sua casa?

— Sim, por quê?

— Eu posso ir ai? Queria rever meu irmão, e nós poderíamos assistir a um filme, seria legal. Lembra, como nos velhos tempos.

— Claro, que horas você vem? Preciso dar uma arrumada na minha bagunça, sabe.

— Você consegue se desfazer de tudo em uma hora?

— Acho que sim.

— Perfeito então. Te vejo já, vou passar na locadora e alugar algum filme. A pipoca é por sua conta.

— Tá bem, mas vê se não aluga aqueles filmes melosos.

— E eu sou mulher de ficar assistindo filmes melosos… Bom, só às vezes, e era interessante, ok? Vai me dizer que você não gostou nem um pouquinho?

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— Tá, mas romance não faz meu estilo.

— Certo, vou desligar se não nem sairei de casa. Até mais.

— Até.

Eles desligaram os telefones no mesmo instante.

O tempo estava instável. Gina tomou um demorado banho. Naquele momento fazia um sol de 20º C, mas provavelmente mudaria, então vestiu uma blusa listrada com amarelo e branco e um short que cortava a coxa, decente. Em sua bolsa guardou um casaco, caso o tempo esfriasse.

Não se esquecendo do celular e das chaves, Gina partiu.

Odiava não ter um carro. Seus pais ainda lhe deviam um pelo aniversário de 21 anos.

Por sorte a locadora ficava ao atravessar a rua do prédio, então não precisaria fazer duas paradas e pagar o ônibus a mais.

Levou quase mais de uma hora para chegar a casa do irmão, e não suportava chegar atrasada. O porteiro liberou sua entrada e subiu para o terceiro andar, apartamento 377.

Tocou a campainha, e quando a porta foi abeta apenas sentiu braços lhe envolvendo em um saudoso aperto.

— Rony, também senti sua falta!

— Não fique mais tanto tempo sem dar notícias, você é minha irmã.

Rony estava muito diferente desde a última vez que Gina lembrava tê-lo visto. Cabelo ruivo, olhos azuis penetrantes, ombros largos e enormes.

— Por que você é tão grande? Nem papai é do seu tamanho.

— Eu sou único e especial! – falou se gabando.

— Vamos entrar, eu quero assistir ao filme.

— Certo, só não repare muito na bagunça. Eu distrai-me com algumas coisas que achei por ai.

Gina entrou achando que era modéstia de Rony, mas ela não devia mesmo ter reparado na bagunça.

— Como você pede que eu não repare na bagunça? Nem meu quarto está assim! – havia roupas, caixas vazias de pizza, garrafas de refrigerante, entre outras coisas espalhadas pela sala. – Isso parece o lixão daquela novela brasileira que todos os intercambistas brasileiros falam lá na faculdade. Você está maluco? Andou fumando? Eu me recuso a assistir filme assim!

— Para de histeria. Se você quiser, quando terminarmos de assisti-lo você arruma, mas agora não. Aproposito, qual o nome do filme?

O Líder da Classe! — respondeu tentando evitar por muito tempo aquela confusão de comida e roupa. – Não esquenta, você vai gostar. Agora, cadê a pipoca?

— A é… - saiu em direção a cozinha.

Gina riu consigo mesma. Ele era seu irmão favorito, que os outros nunca a escutassem dizendo tal coisa, e não sabia como tinha conseguido ficar tanto tempo longe dele. Rony a fazia rir, não que os gêmeos também não, mas de uma forma especial, a fazia chorar, lhe defendia com unhas e garras, e ela gostava disso. Eles foram bem próximos durante a infância, o que os fez construir um elo grande.

Um pouco mais de cinco minutos depois, Rony voltou com uma enorme vasilha de pipoca.

— Com manteiga? - perguntou Gina pondo os pés no sofá.

— Se não tiver manteiga você não como, eu sei! - respondeu sentando no espeço mínimo que sobrou.

— Coloca o filme pateta!

— Vai você!

— Eu não sei mexer nesse treco que você chama de DVD!

Rony bufou e rolou os olhos. Pegou o filme da mão da irmã e foi até a estante em que ficava a TV, DVD, home theater e vídeo game.

O filme começou. É sobre a história de um homem com síndrome de tourette que luta para ser professor mesmo com seu problema. Ele tem como objetivo ensinar a sua classe que todos são iguais, e que são capazes de fazer qualquer coisa, mesmo que tenha alguma incapacidade.

Em alguns pontos do filme Gina ameaçou chorar, mas se conteve. Odiava chorar com filmes!

— É baseado em uma história real. - disse Rony surpreso. - Que estranho… Já imaginou conviver com uma pessoa que tem um tique e fica meio que latindo quase toda hora?

— Não, mas eu sei como é conviver com você, que deve ser a mesma coisa.

— Haha, muito engraçado! - pegou uma almofada e jogou nela. - Se a faculdade de moda não der certo, que tal virar comediante? Dá uma fama bem grande!

— Tenho quase certeza de que alguém te deixou cair quando era bebê. Bom, não foi para ficar discutindo seus distúrbios que eu vim.

— Sabia que tinha algo por trás disso…

— Me deixa falar. Você tem compromisso daqui a duas semanas?

— Eu não sei, acho que não, por quê?

— Sábado nós, meus amigos e eu, faremos uma festa para minha amiga Luna. É festa a fantasia. Eu estava querendo saber se você não quer ir.

— E por que eu iria a uma festa dos seus amigos?

— Ora, para se divertir, dançar, mexer o esqueleto, conhecer gente nova. Não são apenas meus amigos. Vão outras pessoas!

— Isso está me cheirando a armação!

— Ah, claro, agora eu não posso chamar meu irmão para uma festa porque é armação! Estou tentando te agradar uma vez na vida, e você me ofende! Parece que só te faço mal!

— Gina…

— Não, nada de Gina. Obrigada pela pipoca. Até algum dia… - ela se levantou e quando estava chegando perto da porta, Rony a chamou.

— Espera, que horas será? - ainda de costas, Gina deu um sorriso vitorioso.

— Vai começar lá pelas dez, sem hora para terminar.

— Está bem, eu vou! Mas você vai ter que me ajudar com a fantasia, não sei o que escolher.

— Eu tenho uma perfeita para você! - comentou entusiasmada voltando a sentar no sofá. - Sabe o desenho A Bela e a Fera? - ele assentiu. - Então, você ficaria ótimo de Fera.

— Mas qual a graça de eu ser a Fera se não tiver a Bela?

— Ué, vai que você encontra sua Bela lá. - deu de ombros. - Nunca se sabe o que acontece nessas festas. Bom, eu prometi que iria te ajudar a limpar. Se eu vier aqui outro dia e tudo não estiver um brilho, você estará ferrado!