Ulquiorra Feels

Capítulo 8


Ela não sabia o que estava fazendo.

Só sabia que estava tentando.

Estava consciente de que seu pobre Santen Kesshun não seria páreo para um Cero. Ainda mais Cero vindo de um Sexto Espada. Mas tentou. Serviria para diminuir o impacto, e fazê-los serem empurrados, ao invés de ficarem parados e queimarem.

Bem, esse era o seu plano.

O Cero atingiu o escudo.

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Menos de uma fração de segundo depois, seu escudo quebrou. Fechou os olhos, preparada para sentir dor. Tapou os olhos com as mãos, sentindo algumas lagrimas se formarem. Tinha sido em vão. O estrondo ainda ecoava por seus ouvidos, porém não sentia seu corpo queimar. Seus cabelos voavam para trás numa velocidade terrível que cortava, mas não queimava.

Sentiu suas costas apoiadas em algo, e em seguida o braço de Ulquiorra passou por sua cintura, suportando seu peso para que não caísse. Tirou as mãos do rosto, temerosa, enxergando o braço do Espada esticado por sobre seu ombro, a palma erguida, desviando o Cero.

–Não se mova.

Orihime gelou; nem ao menos abaixou a mão. Deixou-as recostadas em seu peito. Estava estática, borbulhava medo em si.

A luz azul que envolvia os dois logo cessou. Orihime soltou o ar preso nos pulmões, tão aliviada quanto podia estar. Murchou os ombros, esvaindo toda a sua tensão momentânea. O braço de Ulquiorra ainda a mantinha junto a si, impedindo-a de cair.

–PENSEI QUE NÃO FOSSE LEVAR ISSO A SÉRIO!

Grimmjow berrou de longe.

Para ele tudo realmente não passava de uma diversão?

Ulquiorra segurou Orihime pelos antebraços, virando-a para si.

–Se você ficar, só vai atrapalhar.

–Mas você vai se machucar...

–Sem Tália, Chie e você presentes fica mais fácil.

Tália apareceu ao lado dos dois, ofegante, com Chie em seus ombros.

–Para onde eu vou levá-la? Eu não conheço esse lugar!

Tália parecia tão desesperada quanto Orihime.

–Leve-a para Las Noches.

Las Noches?

Orihime engoliu a seco ao mesmo tempo em que Tália assentia com a cabeça, abrindo uma Garganta no meio do céu. Tentou não parecer medrosa ou qualquer coisa que pudesse contrariá-lo, mesmo a idéia não a agradando.

–Eu vou voltar.

–Estarei lá antes que possa pensar em fazer isso.

Ulquiorra cortou Tália, colocando Orihime dentro da Garganta. A ruiva fitou-o com uma expressão que Ulquiorra não conseguiu decifrar, mas parecia que ela ainda não queria ir. Ignorou, apenas; sabia que ela não poderia ficar. Se Tália não agüentaria, imagine uma pobre humana. Permaneceu com os olhos nos dela até a Garganta se fechar.

Virou-se para o Sexto Espada.

–Agora que suas mocinhas não estão aqui, vai lutar sério?

–Agora, sim.

–Não pense que eu não vou atrás delas. Chie vai ser fácil, ela é bobinha. Tália... Bom, Tália seria até mais fácil que Chie, já que ela supre por mim emoções humanas que você não é capaz de entender...

–Não deveria tirar vantagem disso.

–...Mas nenhuma delas vai realmente tirá-lo do sério, não é?

Grimmjow desapareceu do ponto a frente de Ulquiorra onde estava. O Quarto Espada olhou a sua volta discretamente, procurando pelo homem.

–Mas e se eu matasse aquela que o chama tão carinhosamente de, como é mesmo? Ulqui-kun, não é assim que a humana o chama?

Ulquiorra virou-se para trás, acertando um soco na face do homem. Grimmjow cambaleou para trás, rindo.

–Não há necessidade de colocar as fraccións e a mulher numa luta banal, Grimmjow.

–Ahhhh, há sim! Tudo fica mais interessante quando se tem algo de valor em jogo!

Riu novamente, limpando a fina linha de sangue que escorrera de sua boca. Ulquiorra manteve-se sério; isso estava indo longe demais.

–‘Ulquiorra-sama, ajude-nos!’

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Grimmjow fez uma fajuta imitação da voz de Tália, ficando assustadoramente sério em seguida.

–Você não vai se importar muito se ela chamá-lo. Você não liga para elas. Chego a sentir pena de Tália, justo ela, quem segue você tão cegamente. Chie é uma desligada, não tem muitas emoções. Como você.

Declarou, desaparecendo novamente.

–Ou a humana está ensinando-o como sentir novamente?

Grimmjow acertou um chute bem nas costas do Espada. Ulquiorra se levantou rapidamente, tirando sua espada da bainha, avançando em direção de Grimmjow. Estava ameaçando suas fraccións e a mulher em vez de ameaçá-lo de morte. Que espécie de homem era Grimmjow?


...


Orihime limpou as lagrimas que escorriam sem parar de seus olhos. Soluçava enquanto era amparada por um tapinha nas costas dado por Chie. Usava o Souten Kisshun para curar Tália há alguns minutos.

Estavam em um quarto em Las Noches. Não aparecera ninguém, parecia até vazio. Sabia que não, mas pra qualquer canto que olhava, via a imagem de Aizen. Esse lugar ainda estava impregnado de péssimas memórias.

–Pare de chorar, Orihime-chan. Vai se afogar.

Chie limpou as lagrimas de sua bochecha.

–Talvez ficar aqui não esteja fazendo bem a ela.

Tália declarou, quase curada. Orihime a encarou sem entender o que ela dizia.

–Não foi aqui que você ficou quando Ulquiorra-sama a raptou do Mundo Real?

Ah, sim. Sim, fora aqui que permaneceu o tempo todo presa até seus amigos a resgatarem. Murchou os ombros, desviando os olhos do lugar para o chão.

–Chie, leve-a para o quarto do Ulquiorra. Deve ser maior que o nosso e mais confortável, embora não tenha uma cama.

–Não precisa.

–Vamos, sempre quis entrar no quarto dele.

Chie levantou, completamente alheia a todos os ferimentos causados por Grimmjow, puxando-a pela mão. Tália se levantou também, com uma expressão séria, respirando fundo.

Iria ignorar as ordens de Ulquiorra e iria voltar, tinha certeza.

Antes que Orihime pudesse pedir para ir também, Tália já estava longe. Deixou-se ser guiada por Chie pelos corredores do palácio, fitando o lugar onde Tália ainda deveria estar.

–Acho que deveríamos avisar a Halibel-sama que chegamos.

Então Halibel tinha mesmo se tornado a Rainha de Las Noches. Ulquiorra não tinha desmentido, mas sempre lhe dava meias respostas quando o assunto era Hueco Mundo. Orihime permaneceu quieta, não estava em posição de opinar.

Só queria ir embora.

Chie não se desviou do caminho para o quarto do Espada. Pararam em frente a uma enorme porta. Chie a abriu ao encostar a palma da mão na mesma, gesticulando para que Orihime entrasse.

O quarto não era muito diferente do qual estivera em cativeiro. Era consideravelmente maior, tinha uma janela sem grades e um pequeno sofá num canto. Apenas isso. Concluiu que ele realmente não deveria passar muito tempo ali, mas de alguma forma sentia-o presente em todos os mínimos detalhes do cômodo. Aquilo tudo era impregnado do Espada e Orihime não se sentia tão mal com isso.

–Vai usar a mágica em mim agora?

Chie perguntou, sentando-se no meio do chão, batendo palmas. Orihime sorriu, assentindo a cabeça, ajoelhando-se perto da curiosa garota.

Souten Kisshun, eu rejeito.

O escudo abriu-se em torno de Chie, que achou tudo tão maravilhoso que os olhinhos brilhavam.

Depois de um tempo admirando o escudo, começou a falar novamente.

–Eu vejo verdade no seu coração.

Ergueu o dedo indicador, apontando para seu peito.

–Eu vejo as pessoas. Vejo como outros não vêem. E eu vejo em você algo rosa.

Orihime deu uma risadinha com a conversa de maluco de Chie.

–Algo rosa?

–Não sei o nome que vocês humanos dão a isso. É cintilante. É tão bonito...

Chie encarava Orihime como se pudesse realmente enxergar seu coração.

–Fica mais vívido quando você está perto do Ulquiorra-sama.

Orihime sentiu um arrepio na espinha. Essa tal coisa rosa seria aquilo? O sentimento traidor, que preferia ignorar e fingir que não existia na maior parte do tempo? Engoliu a seco; Tália não tinha dito que Chie era meio doidinha?

–Ora, que papo é esse, Chie-san?

–É o mesmo tom no peito de Tália quando ela fala do Grimmy-sama.

Chie parecia atravessar o peito de Orihime com os olhos sem vida, enquanto expelia suas palavras desconexas.

–Um dia, ele também teve esse tom de rosa no peito. Ele não me deixa falar sobre isso.

–Ele quem? Ulquiorra? Não deixa você falar sobre o que?

Orihime perguntou, estranhamente interessada.

–Ele disse que Chie não podia falar sobre as cores. Disse para esquecer que podia ver, mas Chie não consegue parar de falar do seu rosa tão bonito.

Ulquiorra já tinha sentido ‘rosa’? Seria essa cor o que Orihime estava pensando que era? E se fosse? Ulquiorra já sentira am...

Balançou a cabeça, repelindo o pensamento para longe.

–Seu tom de rosa era como o dele. Mas o dele foi morrendo. Agora ele é vazio novamente. É tão triste... O seu rosa, não é pelo Ulquiorra-sama, ou é?

Orihime murchou os ombros, desviando o olhar. Nem ela mesma sabia. Nem ela mesma sabia se a cor que ela se refere era o sentimento traidor. Não tinha certeza de nada.

–Será que Tália-chan vai ficar lá?

...

Os passos rítmicos e leves soavam pelos corredores de Las Noches, seu único lar desde sempre.

Rumava seu quarto, alheio a qualquer dor de seus ferimentos.

Acreditava que, um dia,, seria o único a residir no palácio. Do jeito que Grimmjow era encrenqueiro, acabaria morto logo. Halibel não ligava tanto assim para seu titulo de ‘Rainha do Hueco Mundo’, iria embora com suas fraccions também, mais cedo ou mais tarde. Logo só restaria ele.

Continuou no silêncio do palácio, rumando seu quarto.

Acreditava que, em breve, estaria sozinho novamente. Não era um pensamento lá muito agradável, até para ele.

Nunca exigiu a cumplicidade que os outros exigem sobre suas fraccións. Sabia que Tália iria atrás de Grimmjow a onde quer que ele fosse. Tinha certeza de que ela era a mais próxima de um humano ali; sentia por Grimmjow o que sempre quis experimentar.

Um dia, ficaria sozinho no silêncio do palácio. Reinaria um império sem súditos. Não escutaria nenhuma outra voz a não ser a sua consciência.

–Ulqui-kun! Estava ficando doida, porquê demorou tanto?

Outra voz seria sempre bem vinda em seu palácio.