Que Chegue Até Você.

Parte XXXIV - Como Família.


Parte XXXIV – Como Família.

Naquele fim de tarde, Naruto voltou ao condomínio já preparado para a fúria da Rainha das Insinuações. Ele bateu na porta do apartamento vizinho com muita hesitação – e só bateu porque precisava das chaves que havia entregado a ela de manhã – e a porta foi aberta num súbito, com a já prevista furiosa Hinata encarando-o como uma tigresa a ponto de devorar sua presa. Excitante, ele não podia negar. – O QUE VOCÊ FEZ?! – Ela berrou. O loiro suspirou.

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– Não teve jeito... – Ele murmurou, mesmo que internamente fizesse para si aquela mesma pergunta.

– “Não teve jeito”? – Ela repetiu. – “Não teve jeito”... – Repetiu desacreditada. – Yume viu Naruto. – Ele enrijeceu. – Ela te viu no noticiário, essa manhã. Está trancada no quarto desde então. – Teve que se apoiar na parede para não cair.

–... O quê? – Os olhos de Hinata estavam cheios de dor.

– Eu não sei o que fazer... – Confessou. – Estou tentando convencê-la desde a manhã, mas... – Ele apertou os punhos.

– Não tem a chave do quarto? – Ela ficou em silêncio por alguns segundos.

–... Achei que seria melhor esperá-la abrir por conta própria.

– POR DEUS, HINATA! – Ele exclamou irritado. – ELA TEM OITO ANOS! VOCÊ É A MÃE, FAÇA ALGUMA COISA! – Em qualquer outro momento, ela entenderia o desespero do loiro, mas falar daquele jeito enquanto ela estava tão, se não mais preocupada que ele a irritou profundamente.

– E você é o pai! Não acha que deveria dizer para ela ao invés de contar para uma jornalista barata? – Os olhos dela se cerraram. – Ou será que também tiveram um caso, e por isso ela quis se vingar fazendo você explodir?

– Pare de insinuar coisas! – Ele exclamou, já estava farto de tudo aquilo. – Foi você quem não quis contar, para começo de história!

– “Não quis contar”?! Eu só queria dizer com calma! Definitivamente não queria que ela descobrisse por um noticiário!

– PAREM DE BRIGAR! – A voz da menininha soou das costas da mãe, que se virou para poder olhá-la. Hinata se agachou de imediato, e abraçou a filha, desesperada por tocá-la. A menininha se encolheu nos braços da mãe, mas não conseguiu olhar nos olhos do pai, e Naruto notou isso.

– Querida, você está bem? – Hina alisou a cabeleira azul curta. – Está com fome, não é? Nem mesmo quis almoçar... – Rikka assentiu timidamente. – Farei um prato delicioso nesse momento. – A mulher se levantou, mas sentiu a filha apertar seu pulso; ela fitou as safiras que a olhavam com timidez.

– Eu quero conversar com você, mamãe... Sozinhas. – Aquilo doeu, mas Naruto ficou em silêncio. Hinata assentiu e concordou, mesmo que triste pelo rapaz.

– Vá para o quarto, querida. Eu vou fazer algo para você comer, e te levo para conversarmos. – A menininha assentiu, e seguiu para entrar nos corredores. Só depois de ouvir a porta batendo, Hinata se voltou para Naruto. -... Você está bem? – Ela perguntou com hesitação; ele esboçou um sorriso tristonho.

– Quem ficaria bem numa situação dessas? – Murmurou sem humor, e sentiu o rosto formigar com o toque gentil da amada. Os olhos azuis seguiram até os perolados, mas ele não disse nada.

–... Eu vou conversar com ela. – Garantiu. – Não precisa ter medo. – E deu um sorriso bondoso e tranquilizador. – Nos espere aqui. – Ele concordou, e seguiu-a apartamento à dentro. Viu-a preparando dois pratos, e se surpreendeu quando ela lhe ofereceu um. Ele acabou aceitando, e com muita tensão, viu-a seguir para o quarto em que na noite anterior, havia deitado a menininha.

Hinata abriu a porta com dificuldade, e sua pequena Yume se apressou em ajudá-la. Ela pegou a bandeja com a tigela de rámen e um copo de suco, e desajeitadamente colocou-a sobre a cama. A mãe fechou a porta antes de se sentar ao lado da pequena. Rikka atacou a comida como se não se alimentasse há três dias; a mãe esperou pacientemente ela terminar, sempre alisando gentilmente os cabelos sedosos.

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Em questão de minutos, todo o macarrão havia sumido da tigela infantil. Hinata puxou a mesa de cama e deixou-a no chão, depois se ajeitou, encostando as costas na cabeceira da cama, e a filha se acomodou em seus braços. – Mamãe... O que é “suicídio”? – A menina começou perguntando timidamente.

–... Onde você ouviu isso, querida? – Hina sentia o estômago girar em trezentos e sessenta graus. Estava pronta para falar de Naruto, mas não de si mesma.

– O onii-chan disse que “não sabia até aquela louca tentar cometer suicídio”. – Os olhinhos safira fitaram os perolados com uma curiosidade contida. – O que é suicídio? – Hina suspirou. Segurou o rosto da filha entre as duas mãos e fitou seus olhos fixamente.

–... Querida, me prometa uma coisa... – Ela pediu com a voz muito séria. A filha concordou. – Prometa que vai se esquecer disso, e que esquecerá que a mamãe fez isso.

– Mas eu nem sei o que significa! – Exclamou, surpresa pela reação da mais velha. Os olhos de Hina ainda estavam sérios.

– Eu não vou te contar o que significa, mas um dia você vai saber. E quando esse dia chegar, me prometa que você não vai se lembrar disso. – Lentamente, a menor assentiu com a cabeça. Elas voltaram à posição de antes, e a filha prosseguiu.

– Então o onii-chan é mesmo o meu pai? – Hina respondeu um “sim” carinhoso.

– Eu pensei que ficaria feliz quando soubesse. – Refletiu, e a menor se encolheu em seus braços.

– Só estou confusa. – Rikka confessou. – Por que não me contaram antes? – Respirou fundo, tranquilizando-se ao sentir as carícias da mãe, que continuou a alisar a cabeleira azulada. Hinata sorriu ao senti-la relaxar.

– Eu não sabia que vocês se conheciam... Fiquei tão surpresa, que... – Ela suspirou. Apertou a filha e beijou sua cabeça. – Fiquei assustada...

–... O onii-chan disse que... Disse que tinha uma filhinha no céu...

–... Yume, isso é complicado... – Ela suspirou. – Complicado demais pra uma menininha, como você. – E então sorriu; puxou o rostinho redondo e alisou as bochechas levemente coradas. – O que você tem que saber é que... Nós dois te amamos.

–... Eu quero falar com o onii-chan. – Hina sorriu. Beijou a testa da menina e levantou-se. Ela pegou a bandeja do chão e se despediu da filha com uma piscadela confiante que ela nunca, jamais, pensou que seria capaz de dar. A última coisa que viu antes de sair do quarto foi a risada da filha por seu comportamento estranho.

Ela foi tornou para a cozinha e corou ao ver Naruto tão à vontade em uma das cadeiras; com o paletó sobre a mesa, sem a gravata e com a camisa aberta. Ela colocou a louça sobre a pia e teve que esperar um momento antes de olhá-lo, mas quando se virou para dar o aviso, ele já estava ali, à sua frente, com os olhos ansiosos. – Você falou com ela? – Hina assentiu.

– E- Ela quer conversar com você. – Gaguejou apressada. Naruto sequer esperou para ouvir o resto da explicação; afastou-se e se deu passos largos até o primeiro quarto do corredor.

Ele hesitou um pouco antes de abrir a porta, mas sorriu ao ver Rikka sentada, ereta. Como Hinata sempre se sentava; olhando pra ele como quando se conheceram: envergonhada e ansiosa.

O loiro se aproximou; sentou-se ao lado dela e a puxou para seu colo, sem cerimônias. Rikka enrubesceu, e continuou rígida. – Ei, ei... O que é isso?! – Ela mantinha a cabeça baixa. -... Sabe, não precisa se comportar assim. – O sorriso do pai ficou sem graça. – Nós sempre nos demos bem. – Ela teve que concordar.

–... Por que não me contou? – Ergueu os olhos safira até os do Uzumaki. – Por que me escondeu isso...?

–... Rikka. – Encostou a testa na dela. – O único motivo de eu não ter contado nada... É porque não queria magoar você, ou sua mãe. – Ela suspirou.

– Por que todos dizem isso? Eu não teria ficado chateada se tivessem me contado. – Ele não respondeu. Os olhinhos redondos azulados se cerraram com choro contido. – Como eu vou saber como devo me comportar?! Nem sei o porquê eu fui abandonada naquele orfanato! Eu pensei que, já que não tinha sido a mamãe, poderia ter sido meu pai... Então... Por que fingiu que eu estava morta?! Por que me escondeu isso por todos esses anos?! – Sentiu os braços envolverem-na e chorou no peito largo que ela sempre gostou de abraçar.

–... Rikka, nós não te abandonamos. Nem eu, nem a sua mãe... Nunca teríamos coragem de fazer algo assim. – Naruto afirmou com firmeza. – E eu não sabia que era seu pai... – Beijou a cabeleira azul. – Eu sempre te amei com todas as forças do meu coração... Sempre te amei como se fosse a minha filha, mas... Se eu soubesse que era você... – Ele apertou os punhos.

– Então quem foi?! – Ouviu-a murmurar agonizada. – Quem faria isso? Por que faria isso?! Não faz sentido... – Ele esperou até que o choro dela acalmasse.

– Seu avô... Digo, o pai da sua mãe... – Os lábios dele ficaram em linha reta, só de se lembrar. – O Sr. Hiashi Hyuuga... Pelo jeito, nós... Nem eu, nem você, éramos bons o suficiente para ficar com sua mãe. – O rancor era quase palpável. – Ele me afastou da sua mãe, e depois te afastou dela... – O choro parou, mas ela continuou fungando; Rikka ergueu seus os olhos azuis chorosos – que certamente ficariam inchados no dia seguinte – até os dele.

–... Ele não gostava de mim?! – Ela sussurrou surpresa. – Mas ele nem me conhece... Como alguém que não me conhece pode não gostar de mim? – Sentiu o pai alisar seu rosto e corou um pouco.

– Não, querida... O problema não era você. Você nunca foi um problema... Ele era o único problema, na verdade. – Suspirou. – Mas não precisa se preocupar, eu não vou deixá-lo chegar perto de você... Nunca. – Prometeu, e beijou a testa enrugada pela expressão de choro. Rikka tornou a esconder o rosto no peito do pai, que a embalou com os braços gentilmente. Ele cantarolou musicas que costumava a cantar quando ela era menor, e aquilo tranquilizou a ambos, e ao ponto da menina sentir-se sonolenta.

– Papai... – Claro que a naturalidade com que disse era causada pelo sono, mas o fato não fez com que Naruto se sentisse menos feliz. – Você ainda ama a mamãe...? – Ele riu da curiosidade.

– Eu te amo mais. – Prometeu, mas ela estreitou as sobrancelhas.

– Você me entendeu. – Murmurou contrariada; estava a ponto de cair no sono. Sentiu os lábios quentes tocarem sua testa.

– Sempre... – Ele falou, mas ela não pôde ouvir, já que havia adormecido.

~

O quarto era pequeno e simples, mas o condomínio onde se localizava era realmente caro. Ainda assim, a dona do modesto apartamento orgulhava-se por tê-lo conseguido por um preço considerável. – O que ele disse? – Neji praticamente cuspiu todo o vinho que bebera há segundos atrás. Seus cabelos estavam soltos; ele não vestia camisa, nem calça, apenas uma cueca boxer verde musgo.

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Estava em pé, em frente ao minibar de madeira que ficava no quarto simples, mas organizado. Sentiu os braços femininos enlaçarem sua cintura, e sua companheira sorria traquinamente. – Foi o que você ouviu: ele não vai desfazer a aliança. – A expressão de Tenten era tão travessa que ele tinha que se controlar muito para não jogá-la de volta para a cama. Podia apostar que ela só estava vestindo sua camisa social – que nela parecia mais uma camisola extremamente sexy – para provocá-lo.

– Mas isso não faz sentido. – Mesmo estando confuso, o Hyuuga não conseguia deixar de sorrir. – Naruto odeia o Hiashi. – As sobrancelhas da morena se estreitaram.

– Qualquer um odeia o Hiashi. – O lembrou, mas ao invés de responder com brigas, como estavam acostumados a fazer, beijou-a calorosamente.

– Isso é incrível! – Ele exclamou depois de se afastarem. – Quer dizer que os Hyuuga não vão falir. – Ela assentiu. Ergueu uma taça que antes pousava na mesa e brindou com o amado.

– E isso quer dizer que você e eu vamos finalmente ir para a América! Tenho certeza que longe do seu tio, vai ter coragem de ficar comigo em publico. – O moreno a censurou com um olhar.

– Você sabe que eu só tento ser discreto...

– “para manter a sua imagem”. – Ela fez uma careta ao pronunciar o bordão favorito do Hyuuga. Como se aquilo a convencesse.

– Você tenta me manter em segredo, querido... Porque morre de medo do seu tio fazer o mesmo que fez com Hinata e Naruto. Sabe que ele quer que você se autoproclame pedófilo e case com sua prima dez anos mais nova. – Arqueou as sobrancelhas ao imaginar. Neji riu.

– Seis anos. – Ele corrigiu.

– Claro, agora melhorou. – Tenten se afastou, e tornou a pousar a taça no minibar. – Não vai ser muito difícil, querido, já que ela parece muito disposta a concordar com o pai. – Irritada, se jogou sobre sua cama de casal e se escondeu embaixo dos edredons. O cabeludo a seguiu, e se sentou ao seu lado.

– Vamos, Tenten... Sabe que eu considero essa ideia muito mais louca do que você. – Ela não respondeu. Suspirando, ele puxou o cobertor e depois de um pouco de guerra para ver quem era mais forte – ela segurando, ou ele puxando – enfim pôde ver os magoados olhos castanhos fitando-o. – Tenten...

– Cinco anos, Neji. Estamos nessa situação há cinco anos. – Ele beijou seus lábios carinhosamente, e alisou o rosto macio.

– Não pense muito nisso. Eu vou contatar meu antigo professor, e tenho certeza de que ele vai poder me arranjar àquela vaga. – Sorrindo, encostou a testa na dela. – E prometo que, quando estiver tudo decidido... Vou te apresentar aos meus pais.

– Não ao seu tio. – Ele riu com o rancor na voz dela.

– Não ao meu tio. – Garantiu, e se pôs sobre o corpo escultural. – Então, futura senhora Hyuuga... – Ela riu com a expressão sedenta que ele tinha estampada no rosto. – O que acha de um segundo round?

~

Naruto fechou a porta com cuidado para não acordar a filha, e seguiu silenciosamente para a sala. Corou ao ver Hina deitada no sofá; ela usava a mesma camisola que de manhã. De uma hora para a outra, viu-se colocando-se ao lado dela.

Estava deitada, com as pernas desajeitadamente apoiadas no sofá e o antebraço escondendo os olhos de lua. A respiração subia e descia compassadamente... E confiante de que ela estava dormindo, ele tocou seu rosto. Claro que depois de dez anos ele não poderia se lembrar do quão leve era o sono de Hinata, então caiu sentado quando ela afastou o braço do rosto. – H- Hinata! – Ele exclamou sem jeito. Sonolenta, a Hyuuga se sentou.

–... Naruto...?! – Surpreendeu-se, inicialmente confusa. Mas corou ao lembrar-se dos últimos acontecimentos. – C- Como foi? – Se apressou em perguntar. O loiro suspirou. Levantou-se e sentou, mesmo sem convite, ao lado dela.

– Complicado. – Ele confessou. – Eu até contei sobre o seu pai. – Ele viu as sobrancelhas morenas se juntarem e sabia que não era um bom sinal. Entretanto, dois segundos depois, as rugas de fúria sumiram da testa branca, como se ela compreendesse o porquê da cruel revelação. Ela fez menção de baixar a fonte, mas ele a impediu, segurando seu queixo. O rosto dela formigou, mas não conseguiu quebrar o contato visual imposto com o ato. -... Ela vai ficar bem. – Ele garantiu, e ela assentiu lentamente. – Sinto muito por falar aquilo no jornal... E por falar do seu pai. – Ela assentiu novamente. – Você parece exausta. – Ele riu, nervoso, mas ela não respondeu. -... Que droga, Hinata. Eu vou acabar te beijando desse jeito. – O rosto dela se avermelhou imediatamente, e recuou o rosto instintivamente. Naruto expirou e coçou a nuca.

– Foi um longo dia... – Ela podia sentir o sangue pulsar na testa. – Você deve estar cansado, pode dormir.

– Posso ficar aqui? – A pergunta foi tão repentina que ela não conseguiu responder. – No sofá, eu juro. – Naruto riu da expressão dela, mas diante do silêncio, não resistiu, e acabou se aproximando um pouco mais, até os lábios ficarem a milímetros de distância. – A menos, é claro... Que você queira companhia. – Hina não conseguiu responder. Era como se todas as palavras tivessem sumido de seu cérebro; seus lábios tremiam e ela se sentia como a adolescente de dez anos atrás.

Naruto deslizou as mãos pelas maçãs rubras do rosto da amada, deliciado com aquela expressão tímida que ele sempre julgou tão sedutora. – Se você não me responder, eu não vou fazer nada... – Ele sussurrou. “Não!” ela pensou; “Por favor, não peça...”, foi o que seu cérebro clamou, mas ao invés disso, ela se ouviu dizer:

– Me beije. – E o pedido foi prontamente aceito. Sem dar chance para que ela pudesse recuar Naruto a puxou pela nuca, apressado e necessitado; praticamente engoliu os lábios doces. A sensação das mãos dela alisando seus cabelos era ainda mais deliciosa e reconfortante do que ele se lembrava, mas aquele beijo nostálgico não durou por muito tempo, já que um grito assustado foi ouvido do quarto em que a filha dormia.

Eles se afastaram imediatamente, e correram para o lugar; encontraram Rikka encolhida na cama, chorando incansavelmente, abraçando suas próprias pernas. – Filha! – Hinata correu até ela e a abraçou gentilmente.

– Rikka! O que houve?! – Preocupado, ele sentou-se ao lado da ex-; alisou o rostinho redondo e infantil carinhosamente.

– Eu sonhei que alguém estava me tirando da mamãe... – Ela se encolheu nos braços da mãe, que a encheu de beijos amorosos. – Ninguém vai te tirar de mim, querida... – Ela garantiu, e ambas se deitaram.

Depois de quinze minutos de conversa, Naruto se levantou para sair. – Onde é que você vai, papai?! – A menina perguntou manhosa. O loiro riu.

– Vou para minha casa, ora essa. – Rikka negou com a cabeça; fitou a mãe com os irresistíveis olhinhos pidões.

– Mamãe, por favor... Eu quero que o papai fique aqui, comigo... – Por um momento, Hinata sentiu-se rejeitada. Estava pronta para se levantar, mas a filha a agarrou com mais força. – Não! – Ela exclamou. – Quero que os dois fiquem comigo! A mamãe vai proteger a Rikka, e o papai vai proteger a mamãe. – Explicou timidamente, encolhendo-se nos braços da Hyuuga. O rosto de Hinata enrubesceu, principalmente por sentir o corpo de Naruto deitar-se atrás do seu.

A pequena Uzumaki teve que conter o sorriso de vitória; ela puxou o braço do pai sem hesitação, fazendo-o passar pela cintura da mulher. – Eu quero segurar a sua mão, papai. – Pela expressão divertida de Naruto, ela tinha certeza de que ele já havia entendido o porquê daquilo tudo. Hinata estava imóvel, e os dois maiores amores de sua vida divertiam-se com isso.

Aquele tinha sido um dia longo, então não demorou muito até que os pais adormecessem. Naruto até mesmo chegou a soltar sua mão – inconscientemente, é claro – para apertar o corpo de Hinata contra o seu. Os lábios dele pousavam na cabeleira longa da mãe, que a abraçava possessivamente, e por mais que ela estivesse feliz com aquele resultado, não conseguia pregar os olhos... Não sem lembrar-se do sonho que a fizera acordar; um sonho onde olhos de lua idênticos aos da adorada mãe a encaravam, cheios de ódio.

~

Sasuke acordou no meio da noite, irritado pela falta de peso em suas costas. Ele se virou parcialmente, e não encontrou a esposa na cama. – Sakura? – Sem resposta, teve que se levantar.

Mal saiu do quarto, e escutou murmúrios vindos da sala; ele se apressou e encontrou a esposa encolhida no sofá, abraçando as próprias pernas e praguejando baixo. – Sakura? – Ele se aproximou assustado, e ela ergueu os olhos verdes cheios de olheira em direção ao amado marido.

– Sasuke-kun...! – Exclamou baixinho, e fez uma careta de dor em seguida. – Me desculpe, eu não quis acordá-lo... – Ele negou com a cabeça, e murmurou um “tudo bem”. O senhor Uchiha se apressou em testar a temperatura da esposa, e se assustou.

– Você está pelando! – Praticamente gritou de tão aterrorizado. Sakura riu.

– Estou com trinta e seis e meio, seu exagerado. – Ele a repreendeu com um olhar. – Só estou passando um pouco mal... Como estava com calafrios, achei melhor sair da cama. Sei que amanhã tem uma reunião importante... – Mas o marido suspirou. Puxou-a nos braços, fazendo-a enrubescer e mesmo com os protestos, levou-a de volta para a cama. – S- Sasuke-kun! – Ela reclamou.

– Você já tomou remedio? – Perguntou, ignorando-a completamente. As sobrancelhas róseas se estreitaram, e ele concluiu que não. Foi até a suíte, pegou um par de comprimidos e voltou à cama. Entregou à esposa junto da garrafa de água que ele sempre deixava ao lado da cama.

– Francamente, com uma esposa médica, eu tenho que medicá-la... – Ele balançou a cabeça em reprovação, mas Sak notou o sorriso de canto. Tão encantador que ela teve que beijá-lo. Sasuke sequer teve como retribuí-la, de tão repentino.

– Vamos dormir. – Ele falou constrangido; deitou-se de bruços e sentiu o corpo da amada deitar-se sobre suas costas segundos depois.

– Eu não queria te atrapalhar a dormir. – Ela falou timidamente.

– Não consigo dormir sem você na cama. – O rosto dele estava um pouco corado com a confissão, e ela adorou aquilo. Beijou a cabeleira negra, sempre bagunçada, e apertou o corpo do marido contra o seu.

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– Obrigada por cuidar de mim, Sasuke-kun. – Ele suspirou.

– Boa noite, Sakura...

– Boa noite, Sasuke-kun.