Supernatural

The last piece of the puzzle.


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(...) — Que tal Jenna Cook? Ela sempre nos odiou.

— Não... Acho que não. Ela está instável e se quisesse fazer algo, ela não faria as escondidas. — comenta Helena.

(...) — Que tal Ashley?

(...) — Ok, dois danificados nas pedreiras. Será que irá prestar?

— E eu sei lá? — pergunta Helena rindo.

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(...) Um pensamento passou pela cabeça de Emily. Será que é isso que K quer? Será que é isso que Drake quer? Quer desarmar as garotas, deixá-las desprovidas de qualquer resquício de força para lutar. Ela pensou em seu relacionamento com Drake. Parecia ser um cara amigável. Nunca dera bola pra ela.

Será que nesse exato momento Drake estava pensando num plano para atingir ela assim como fez com suas amigas? Esse pensamento aterrorizou-a profundamente. Só então percebeu o quanto tinha medo de K.

(...) — É melhor chamar por Deus mesmo. Por que ao contrário do que ele fez com que vocês acreditarem, eu não sou K. Eu protejo vocês de K. Podem acreditar.

Emily encara Megan atônita.

(...) — Esses monstros já estavam em minha cola. Eram fáceis de driblar. Mas eu trouxe esse mal. Esse monstro é de um poder inacreditável. Vocês precisam se unir para destruí-lo. Esse momento está próximo. — conta Megan.

— Não é um espírito? — pergunta Helena.

Megan ri.

— Vocês teriam sorte se fosse um espírito, minha querida.

(...) — Você? ­— sussurra Bonnie perplexa encarando aquela forma buscando ver os contornos do rosto do assassino. — Você está morto!

(...) De repente Emily arremessa o corpo contra a varanda. O corpo caí em direção ao chão da casa violentamente. Emily para de gritar e caí no chão. As garotas correm até ela e tentar acordá-la balançando o corpo.

(...) — Não consigo ouvir o pulso dela. — diz Helena com a voz desconsolada.

(...)Sem pensar duas vezes Nate saí do carro com a arma que trouxe em mãos. Ele puxa o gatilho e aponta para K.

O som do disparo ecoa pela Apple Street como se fosse um trovão. A luz do poste ao lado de Nate explode com um ruído vítreo jogando fagulhas ao chão. Nate se encolhe e recua trôpego. Um relâmpago corta o céu iluminando de modo sinistro a silhueta a frente de Nate. Tudo aconteceu rapidamente, mas parecia passar em câmera de lenta.

De repente Nate viu a bala que saiu de sua arma flutuando frente ao sujeito como se K pudesse manter a bala ali, estacionada e imune a gravidade. Ele arregala os olhos. A figura misteriosa se põe de pé. Nate estreita os olhos para poder ver melhor naquela penumbra. A única luz proporcionada era a dos postes que estavam a alguns metros de distância. O inimigo poderia se aproximar e Nate nem veria. Ele se prepara içando os braços e apontando a arma para algum lugar.

Estar cego mesmo por alguns minutos estavam incomodando-o. O único som era os das faíscas que eram lançadas ao chão. As luzes dos postes por toda Apple Street começam a piscar freneticamente. Nate olha em volta assustado e puxa o gatilho novamente. O som do gatilho sendo puxado foi o único som que foi produzido.

Outro tiro foi disparado. Aparentemente não atingiu K. Mas disparou o alarme do carro de algum vizinho. Provavelmente a bala teria acertado o vidro. O som do alarme encheu os ouvidos de Nate e tirou sua concentração. Nate sente algo se aproximando por trás. Ele prende a respiração e aperta a arma junto a si fazendo seus dedos doerem no contado contra o ferro.

— Sabe, Nate... — a voz falara tão próximo ao ouvido de Nate que ele sentiu o hálito frio da criatura no lóbulo de sua orelha — Tu és um bom garoto. Seria um desperdício matar-te aqui e agora. Tu servirás de aliado para mim. Um dia. Quando souber o que houve com Lola.

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Nate franziu a testa e se virou.

Estava preparado para encontrar o rosto do assassino. Mas só viu a penumbra dentro do capuz. O ser se aproxima ainda mais dele deixando somente um centímetro entre suas bocas. Outro relâmpago corta o céu iluminando temporariamente o rosto do assassino. Nate consegue ver alguns contornos e só. Mas algo lhe chamou atenção. Os olhos totalmente negros e demoníacos com respingos avermelhados como um céu negro com estrelas cor de carmim.

O alarme ainda ressoa pela rua.

Nate reúne coragem e fala com a voz trêmula. A arma parece ter um enorme peso em suas mãos.

— Eu não irei me juntar a você. Desde a morte de Megan você vem me ameaçando. Marcando encontros. Contando mentiras. Pedindo favores. Como posso saber que meu segredo está seguro com você? Eu não sou um assassino e se você sabe do meu segredo irá concordar.

— Ela morreu por sua causa. Por causa de sua irresponsabilidade. Lola pode ter lhe consolado. Lhe colocado no colo. Mas eu não irei fazer isso. Irei te lembrar para sempre o motivo da morte de Lucy Harris.

— Cale-se! — grita Nate apontando a arma para a figura.

Antes que ele pudesse disparar tem sua arma lançada de sua mão com um tapa. A arma voa para longe.

— Eu falei e vou repetir. Eu só não lhe mato por que você será meu aliado.

— Me mate. Isso vai ser um favor, seu grande filho da puta! Meu pai vai acabar com você! Seu demônio.

— Demônio? — debocha K rindo deliciosamente jogando a cabeça para trás — Isso não é exatamente um adjetivo ofensivo. “Filho da puta...” — relata com a voz pensativa — Eu já fui chamado de coisas piores. Eu tenho que ir mea ultor... Coisas para fazer. Lugares para destruir. Pessoas para matar. Injustiças para vingar! — e então K desaparece no exato momento em que outro relâmpago corta o céu.

A chuva caí das nuvens como pequenas gotículas de cristal reluzente. A chuva não era densa. Eram apenas chuviscos quase imperceptíveis. Nate vê a porta à casa dos Ross se abrindo e John Ross andando pelo jardim com uma camisa regata e short de nylon. Aproveitando a escuridão proporcionada pela falta de luz do poste Nate se esconde atrás do seu carro e espera John olhar os estragos feitos no carro, desligar o alarme e entrar.

Nate respira fundo e se levanta. O garoto procura por sua arma e a encontra jogada na calçada. Agilmente ele coloca a arma no cós da calça sentindo o contado do ferro frígido. Ele encara a enorme mansão dos VanCamp cercada pelos ciprestes e adentra pulando o enorme muro. Nate se agacha e anda curvado pelo gramado até chegar ao galpão. Ou melhor, o que restou dele. Ele vê uma silhueta se movendo entre os escombros e coloca a mão no cós de sua calça sentindo o toque frio da pistola.

K havia fugido há poucos minutos. Poderia ter retornado?

— Quem está aí? — pergunta Nate se pronunciado.

A silhueta fica paralisada e põe as mãos para o alto saindo para a luz. Era um vizinho dos VanCamp. George Kitsis, um veterinário respeitado na cidade. O homem estava com uma bermuda cargo e uma camisa regatada exibindo os ombros.

— Ah, olá Mr. Kitsis.

— Ora bolas garoto, pensei que era um criminoso. — reclama deixando os óculos rente ao nariz.

— Digo o mesmo. O que está fazendo aqui?

— Não está ouvindo?

— Definitivamente não... — responde Nate.

Ele apura os ouvidos e escuta ganidos vindos dos escombros. Nate corre até o enorme galpão e tira uma tábua de cima do cão. Ed estava estirado sobre o chão com alguns ferimentos ao longo do corpo. O sangue jorrava de sua coxa esquerda onde uma enorme estaca perfurara.

— Kitsis! — grita Nate.

O homem chega até ele e respira fundo.

— Não se engane, Cullen. É um ferimento superficial. Veja... — pede George apontando para a estaca — O ferimento foi causado numa parte sem muitas veias ou músculos da perna de um animal, a jarrete. E o osso aparentemente não foi distendido ou quebrado. Perceba que a ponta está sendo projetada paralelamente ao ferimento, ou seja... Não perfurou o osso da jarrete.

Nate solta à respiração aliviado.

— Ótimo, pode levar o cão para a clínica? Faça o que for preciso, irei pagar qualquer quantia.

— Não se preocupe.

Nate se ajoelha e acaricia o animal que já estava molhando por causa dos chuviscos.

— Você irá ficar bem, amigão.

O animal olha para ele com aqueles olhos castanhos.

Um grito corta o silêncio da noite. George olha para a sacada de Emily assustado. Ao perceber de onde viera o grito Nate parte correndo loucamente pelo jardim até chegar à porta que já estava entreaberta. O garoto corre, mas para ao chegar ao sopé da escada. Numa pequena plataforma entre a cozinha e sala ele conseguiu ver algo reluzente. Relutante mais decidido Nate dá meia volta e vai até a cozinha. À medida que se aproxima ele percebe a forma alongada do objeto. Nate se ajoelha e vê a faca de carne ensangüentada cravada no piso de madeira. Espalhado pelo chão ele foi capaz de ver pequenos grãos de sal grosso. O mármore da mesa estava partido ao meio e com pedaços espalhados pela cozinha. Parecia que tinha havido uma luta ali. Ele identifica marcas no chão de unhas. Como se alguém tivesse sido arrastado por ali.

Sem pensar nem por mais um segundo ele vai até a escada e sobe aos pulos. Ao chegar até o primeiro andar entra no quarto que encontra a porta aberta. O lugar estava uma bagunça. As paredes sujas de sangue. Nacos de cera espalhados pelo chão de madeira polida. E aquilo que ele viera buscar. O machado com a lâmina reluzente.

A mensagem que recebera há aproximadamente uma hora arrepiou-lhe a espinha. Ele se lembra de cada frase.


Vá até casa dos VanCamp. Depois de terminar meu serviço irei deixar um presente para você no galpão. Abra o pacote, segure-o e se esconda nos ciprestes até a polícia chegar. Cuide bem do meu machado. Se me questionar ou me desobedecer, irei ressuscitar Lucy. Lembra dela? XOXO mea ultor.

— K

Uma seqüência de imagens lhe veio à cabeça daquela noite trágica. Quando seu pai Liam Cullen lhe chamou em seu escritório e contou o que aconteceria a seguir. As lágrimas de desprezo por si mesmo queimavam sua pele e faziam seus olhos arderem. Dias depois, a morte de uma garota qualquer da Elite Way repercutiu temporariamente pela cidade — nada que se comparasse a balbúrdia causada pela morte de Lola.

E então, ele soube que Lola perdeu a memória. Chegou ao hospital e encontrou a garota inerte sobre a maca de hospital sem reconhecer nenhum de seus amigos. Logo depois Lola mudou. Agrupou-se com um trio de garotas estranhas e isoladas. Não faziam o tipo de Lola. Nate jurou que era só para se aproveitar das garotas, até que conheceu Emily VanCamp. O amor de sua vida. A garota que iria querer passar a eternidade ao lado. Observando seus bisnetos brincando no quintal da enorme mansão.

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— Nate? É você? — chama uma voz feminina na penumbra.

Nate estreita os olhos e reconhece três silhuetas. Uma inclusive deitada no chão da sacada. Ele corre até lá.

— Oi, Bonnie. Sou eu, o que foi? Ouvi um grito... — informa ele.

Bonnie estava impedindo sua passagem para a varanda. Então ele vê sobre o ombro da garota. O corpo de Emily estirado pelo chão. Os braços esticados e colocados horizontalmente sobre o chão ao lado do corpo. As pernas abertas. A camisola manchada de sangue. A cabeça com um ferimento fundo de onde jorrava sangue. Lágrimas desciam pelo rosto de Emily.

Ele passa por Bonnie e se joga em cima do corpo. Ele tenta acordar Emily batendo em seu rosto com excesso de força. Nate abre as pálpebras dela e encontra suas íris violetas reviradas e a esclera a mostra.

Com um lamento ele deita ao lado do corpo.

— Emily, amor. Acorde. Sei que está viva. — implora ele acariciando o rosto de Emily — Não me deixe nesse inferno, anjo. Eu lhe peço. Eu sinto muito esconder esse segredo de você. Eu não sabia que K também estava lhe perturbando. — sussurra ele ao ouvido dela para ninguém ouvir.

As garotas observam aquela cena. Nate chorava amargamente. Ele joga a cabeça para trás e grita. Bonnie vai até a varanda e olha para baixo procurando por sinais do corpo de K. Só encontra o gramado verdejante, um galpão destruído e marcas de sangue — provavelmente de K e seu ferimento feito por Emily.

Bonnie limpa as lágrimas e esfrega seus olhos. Um relâmpago ilumina o céu. A chuva estava ficando cada vez mais forte até que chegou ao ponto que pareciam agulhas frias contra sua pele. Nate arrasta o corpo de Emily até o quarto e Helena fecha as portas. As garotas se sentam nos colchões e limpam as lágrimas. Nate fica ao lado de Emily com uma toalha umedecida limpando os ferimentos e estancando o sangue. Uma linha de sangue escorria pela boca de Emily. O corpo dela estava frio. Nate a cobriu com um cobertor e rasgou um pedaço de lençol amarrando em volta de seus ferimentos.

O trio chora silenciosamente. De vez em quando um deles soluça encarando o corpo que estava estirado sobre o colchão. O som da chuva contra as paredes era incômodo. As portas de vidro da varanda que foram quebradas deixavam uma ventania entrar no quarto. As garotas pegam um dos roupões que trouxeram na mala e vestem.

Helena amarra seu roupão rosa bebê e se levanta.

— Pessoal, temos que ligar para a polícia. Não podemos ficar aqui parados. Emily ainda pode estar viva.

— Eu estou cuidando dela. Ela vai ficar bem. Eu sei que vai. O que está esperando? Ligue! — grita Nate.

— Ligar para a polícia foi à última coisa que me passou pela cabeça numa situação como essa... — conta Bonnie.

Nesse exato momento o celular de Nate toca. As garotas olham para ele. Lentamente ele pega o celular que está no bolso de sua calça de abre a mensagem anônima.

Se ela ligar para a polícia. Ela morre.

— K

— Vai se foder. — sussurra Nate,

— O que disse? — questiona Helena.

— Nada, H. Ligue. — ordena.

Ela obedece e disca o 911. Helena abre a porta do quarto e desce até a sala de estar. Ela observa os estragos feitos por elas na sua luta contra K enquanto esperava que completasse a ligação. Até que finalmente ela foi atendida.

— Alô. Qual sua emergência?

— Minha amiga está desacordada e não consigo sentir seu pulso! Por favor, já se passou tempo demais. Esquecemos de ligar! Precisamos da polícia também... Um sádico invadiu a mansão dos VanCamp e nos atacou. Minha amiga foi ferida e eu também. Avise para Cece e Ronald VanCamp, por favor! — pede Helena. Sua voz tinha um tom perceptível que indica urgência. As palavras saiam de sua boca numa velocidade quase que inacreditável.

— Se acalme. Não podemos fazer nada por você se continuar assim. K disse que temos que socorrê-las para que vocês possam estar vivas no próximo ataque. — conta a atendente.

Helena arregala os olhos.

— K? — sussurra ela.

— Sim, ele falou comigo ontem. Avisou-me de sua ligação. Obrigada, Helena. Nós iremos providenciar tudo. K disse que tudo vocês não irão morrer a não ser que seja pelas mãos dele, não iremos fazer nada contra vocês. Owen Smith irá manter-lhes trancadas na delegacia até que K vá até lá lhes matar.

Helena desliga o telefone e olha em volta. Estava perplexa. Como K poderia estar no controle de toda Landevil? Seguindo-as por cada quanto da cidade? Podia ser qualquer um! Qualquer um... Ela se lembra de algo. Nate.

Será que ele não era K? Como ele sabia que havia algo errado com elas se não foi avisado? Helena pensa por alguns segundos. Ele é próximo a Emily o suficiente para que pudesse saber de todos os segredos dela. E Helena questiona o fato da intimidade entre os dois. Emily seria capaz de contar o segredo delas? Que motivo Nate teria para se vingar delas? Não sabia. Mas deveria haver algum. Talvez o fato de elas terem desmemoriado Lola e a tornado uma pessoa diferente. Jenna Cook e Nate poderiam muito bem concordar em algo: elas acabaram com Lola.


— Δ —

Nate está ao lado de Bonnie cuidando dos ferimentos de Emily.

— Como isso aconteceu? — questiona ele.

A garota encara Nate perplexa e abre os lábios. Ela arfa e espera uma idéia vir a sua cabeça. Era uma ótima mentirosa. Mas como poderia inventar algo tão rapidamente?

— Bonnie. Você me ouviu?

— Sim... — gagueja ela.

— E então, me responda.

— O cara simplesmente entrou com um machado e tentou nos matar.

— Sério? Só isso. Entrar. Matar. Sair. Ele tinha que ter um objetivo! Vocês têm algum inimigo? Alguém que as queira mortas?

Bonnie estreita os olhos e se afasta.

— Por que tantas perguntas, Nate?

Helena adentra no cômodo com algo em mãos. Uma pistola. Bonnie arregala os olhos e se levanta.

— H! O que é isso garota?!

— Afaste-se dele Bonn.

— Por quê?

— Somente faça o que eu falo.

Nate se levanta e encosta na parede pondo as mãos para trás segurando a sua arma.

— Onde achou essa arma garota?

— No cofre da Cece.

— Como abriu o cofre?

Helena encara Bonnie por alguns segundos e responde com um meio sorriso.

— Num passe de mágica.

Bonnie assentiu e se distanciou ainda mais de Nate. Ela se coloca ao lado de Helena.

— Por que está fazendo isso, H? — questiona Nate.

— Como sabia que estaríamos aqui? — interroga Helena.

— Emily me contou e eu recebi uma mensagem anônima...

— Espere, de K? — indaga Bonnie surpreendida dando um passo a frente.

Helena puxa o braço da garota e a coloca ao seu lado.

— Não se aproxime. Pode ser um blefe.

— Eu posso provar. K tem me ameaçado desde a morte de Megan.

— Como assim? Há dois anos? — esquadrinha Bonnie.

Helena relaxa e o encara. Antes que ela pudesse fazer alguma besteira Nate dá um chute na mão. A arma voa de sua mão e caí no chão. Helena olha assustada para ele e corre até a arma. Nate corre até ela e a segura pelo ombro. Bonnie se joga contra Nate e puxa seus cabelos puxando sua cabeça para trás. Nate solta Helena e pega Bonnie por trás jogando-a no chão. Helena pega a arma e aponta para Nate.

Num movimento reflexivo ele pega sua arma e aponta para a cabeça de Bonnie.

— Nate, não faça nenhuma besteira.

— Eu que estou fazendo uma besteira? Tem certeza?

— Sim. Eu estava disposta a lhe ouvir.

— Pode-se dizer que eu não fico confortável quando a amiga de minha namorada está apontando uma arma para minha cabeça. Sei que isso é tão normal hoje em dia... Mas sabe, do mesmo jeito eu não gosto!

Helena mantém sua postura por alguns segundos até que coloca as mãos para o alto e larga a arma. Ao cair no chão, à arma dispara. Bonnie grita e se solta de Nate correndo até Helena. Nate respira fundo se recuperando do susto e olha com raiva evidente no olhar para Helena que solta um sorrisinho sem graça.

— Olhem... Estou guardando minha arma! — conta lentamente como se elas fossem crianças.

Nate coloca a arma no cós da calça e se senta na cama.

— Vamos, fale. — ordena Helena.

— Olhem, isso é um segredo. Nem sei se devia estar contando para vocês.

— Haha, já ouvimos muitos segredos hoje. — afirma Bonnie. — Bom... Pelou ou menos elas, né?

— Fale. — pede Helena ignorando Bonnie.

Nate olha diretamente para Helena encarando aquele olhar determinado.

— Ok. Sabem quem é Lucy Harris?

— Sim. Sabemos... Ela estudava no Elite Way.

— Está certa.

— E?

— Bom. Estávamos-nos namorando há dois anos. Eu era um verdadeiro filho da puta desocupado. Uma noite eu estava na estrada dirigindo bêbado e acabou que eu bati contra um caminhão. O carro capotou na estrada e foi comprimido contra uma árvore. Ela acabou ficando paraplégica e com várias lesões e traumas. Inclusive hemorragia interna. Ela faleceu e meu pai pagou uma enorme quantia para calar a família. O funeral foi em outra cidade e grandioso, com direito a cinzas jogadas ao mar com Jack Johnson ao vivo de fundo.

— Você matou Lucy Harris! — acusa Bonnie perplexa.

Helena dá um empurrão em Bonnie.

— Ok, Bonnie, você é definitivamente uma pessoa muito sensível. Nate, todos nós já erramos.

Bonnie estala a língua e massageia o ombro.

Nate respira fundo e coloca suas mãos no seu rosto. As lágrimas umedecem sua pele e irritam seus olhos. O corpo do garoto começa a tremer. Ele revivia a cena em retalhos desorganizados. Todo o sangue. Lucy... Gélida na maca do hospital. O air-bag sufocando-a. “Irá ficar tudo bem Nate, eu não lhe culpo.” As palavras dela ecoavam em sua cabeça. Helena ajeita os óculos no rosto e passa seu braço pelo ombro de Nate dando-lhe um beijo na bochecha.

— Todos erram. Pelo ou menos uma vez na vida, Nate.

— Helena, você já matou alguém? Já se sentiu responsável pela morte de alguém? Você não sabe qual é a sensação de saber que um dia aquela pessoa poderia estar viva. Mas não está por sua culpa.

Helena e Bonnie se entreolham. Algo no olhar de Helena dizia que aquele era o momento de contar tudo. Bonnie arregala os olhos e soletra silenciosamente “não.” Helena revira os olhos. Enquanto isso, Nate continua chorando.

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— Nate, tenho que te contar algo... — começa Helena.

Bonnie mostra o dedo médio para Helena que lhe dá língua.

Que maturidade! A que ponto eu cheguei? Pensa Helena suspirando.

— Não, tem mais que quero lhe contar. — afirma Nate ainda com o rosto entra as mãos.

Bonnie comemora jogando as mãos para o alto e colocando o dedo indicador sobre os lábios sedutoramente.

— Eu... K vem me ameaçando desde então. Nunca me deixava esquecer sobre o quão horrível foi à morte de Lucy. Mandando fotos dela, vídeos. Mandou até um site criado por ela chamado “My Web Diary.” — ele tira as mãos do rosto e respira fundo enchendo os pulmões de ar por alguns segundos — Nesse site ela... Postava textos sobre mim. Sobre nossas loucuras. K tornou-se meu carcereiro pessoal. Era como se ele estivesse vingando Lucy. E ele me pediu que viesse até aqui...

— Por quê? — interrompe Bonnie.

Nate coloca a mão no bolso e imediatamente Helena se levanta da cama correndo até a parede. Ela pega a arma e aponta para Nate. Bonnie olha para ela atônita.

— Sinceramente, vocês são Sam* e Alex*? — pergunta Nate rindo.

Ele tira do seu bolso seu celular. Helena relaxa e o encara perplexa.

— Acha que ser atacada por um sádico é brincadeira? — zomba Bonnie.

Nate meche no celular e mostra pra Bonnie a mensagem. Ela lê em voz alta.

Vá até casa dos VanCamp. Depois de terminar meu serviço irei deixar um presente para você no galpão. Abra o pacote, segure-o e se esconda nos ciprestes até a polícia chegar. Cuide bem do meu machado. Se me questionar ou me desobedecer, irei ressuscitar Lucy. Lembra dela?XOXO mea ultor! — Helena e Bonnie se entreolham boquiaberta. E então Bonnie lê a última frase, que continha somente uma letra solitária que se tornara um presságio de morte para elas — K.

— Espere... Um pacote? Nate! Ele queria lhe incriminar. Mas por quê? Por que ele iria querer que eu fosse preso? “Mea ultor...” Isso é latim. Quer dizer... “Meu vingador.” Como assim? — questiona Helena.

Nate pensa por alguns segundos e liga os pontinhos.

— Ele me falou que eu seria seu aliado assim que eu descobrisse o que houve com Lola... Eu não entendo. O que ele quis dizer?

Helena e Bonnie se entreolham. Bonnie não ousa respirar.

Mea ultor quer dizer meu vingador. — conta Helena — Ele te quer como aliado. Você deve ter alguma importância para ele que não conhecemos.

Bonnie fala.

— Talvez alguém próximo a você. Que deseja algo contigo. Um amigo... Uma amiga... Um colega... Qualquer um. Até mesmo seu pai.

— Meu pai nunca iria reviver o assunto de Lucy. — fala Nate sem um pingo de certeza.

Seu pai, Liam, tem uns modos de punição que costumam lhe arrepiar. Por que não condenar seu filho a uma vida de punição tendo como cárcere si mesmo? Nate passa sua mão por seu cabelo.

— Temos que analisar os culpados, Helena. Bonnie. Temos que deter esse monstro.

— Nate, temos que te contar algo. — afirma Helena escolhendo cuidadosamente as palavras que iriam se seguir. Um sentimento ancestral semelhante a auto-preservação abrolha na consciência de Helena. Fazia todo sentido K querer que Nate lhe ajudasse em sua vingança. Ou talvez aquilo fosse só um teatrinho para enganá-las! Quem poderia ser K? Até sua avó poderia ser K. Mas pensando por outro lado, se K via em Nate um verdadeiro vingador em relação ao que houve com Lola, ele realmente deve ter um bom motivo. Jenna e Nate poderiam ser um dupla implacável. — Você acredita em demônios?

Nate ri e a encara descrente.

— Sério que está me perguntando isso?

O silêncio lhe perfura a consciência.

— Sério mesmo gente. Não estou acreditando nisso. Vocês vão me dar um sermão religioso agora, é isso?

Helena e Bonnie se entreolham rapidamente.

— Olha, Nate... Eu tenho a mesma opinião que você. Sobre Deus, demônios, fantasmas, bruxas e afins. Mas dois anos atrás, eu tive que repassar em minha mente tudo o que esses conceitos significam.

— Garotas, por favor. Vamos ser racionais. Emily está aqui... — ele aponta para a garota que estava deitada no colchão, com ataduras improvisadas e cada vez mais pálida. — Desse jeito, a beira da morte. Eu estou quase pirando aqui, merda. E vocês questionam minha crença sobre demônios? Poupe-me!

— Mas, Nate... — começa Bonnie.

— Querem saber? Fodam-se. Eu vou embora.

— Não! Nate me ouça. Agora!

Ele relaxa o corpo e se rende fazendo cara feia. Helena o encara por alguns segundos e fala.

— Nós somos bruxas.

— E eu sou a Barbie, pronto?

— É sério, Nate. K é um demônio que está em busca de vingança por algo... — conta Bonnie.

— Cala a boca. Por favor, para. — suplica ele.

— Mas Nate, temos que ter alertar. K tem poderes sobrenaturais. Ligue os pontos. A voz dele é alterada. Os olhos, totalmente negros. Força além das capacidades humanas. Ele simplesmente desaparece. K está em todo lugar e tem todos sobre controle. — relata Helena falando cada palavra demoradamente criando um enorme intervalo entre as palavras como se estivesse contando uma história para uma criança.

— Parem com isso! — grita ele se levantando — Eu não sou o tipo de pessoa que busca refúgio numa loucura! O que eu sei é que minha namorada pode estar morrendo e eu estou aqui esperando a porra de uma ambulância. Se eu quisesse uma historinha desprezível sobre o bem e o mal, demônios e bruxas, eu iria ler um livro... Ou sei lá! Ir até a igreja. Aqui existem quatro enormes igrejas garotas. Q-u-a-t-r-o! E como se não bastasse, ainda existe aquela cruz de mármore gigante!

Nate se levanta da cama e anda em direção a porta.

— Aonde você vai? Nate! Precisamos conversar!

— Vou ligar para Cece. Pra mim já chega.

Antes que ele chegasse à porta, Bonnie estende sua mão no ar e fecha em punho. Nate sente cordas invisíveis atrelando seu corpo. Ele fica paralisado. O garoto tenta levar sua mão até o cós de sua calça. Mas sente como se seus músculos ignorassem seus comandos. Ele olha para baixo e percebe que seus pés estão flutuando a pequenos centímetros do chão. Ele grita e tenta olhar para trás, mas não consegue. Seu corpo é lançado até a parede e uma cortina que antes volitava ao sabor do vento se contorce e envolve seu corpo.

— Que porra é essa! Isso é loucura!

Nate tenta se mexer, mas o tecido estava cada vez mais apertado. Como uma camisa de força. Os chuviscos molham a nuca de Nate que é a única parte do seu corpo que não foi coberta. O garoto tenta mexer seus pés, mas não sente seus músculos abaixo dos ombros.

— Bonn... Você exagerou.

— Ele não iria nos ouvir, tive que fazer alguma coisa.

— Ok, solte-o.

— Não, só assim ele irá nos ouvir.

Bonnie parece determinada. Helena se rende e se aproxima de Nate.

— Isso se chama magia. — informa ela.

— Isso é insano. Vai me dizer que pegam o expresso de Hogwarts todo ano? Por favor, garotas. Isso só pode ser um sonho. Dá um “alô” por Fred por mim, por favor.

— Ele morreu no último livro... — informa Helena com a voz melosa.

— Ah, ok então...

— Nate, precisa me ouvir e confessar que faz sentido. Posso te provar que K é realmente uma criatura sobrenatural.

— E vocês são bruxas? — pergunta ele.

Há uma expressão em seu rosto que mescla pânico, incredulidade e medo.

— E Emily também.

O rosto de Nate assume um tom sério e sombrio.

— Se eu lhes desse uma chance para provar... Somente uma! O que fariam para provar?

Helena e Bonnie se entreolham.

Bonnie se levanta da cama e anda até o meio do quarto. O olhar de Nate segue a garota com curiosidade. Bonnie iça os braços e sussurra algo. Imediatamente as gotículas de chuvas que respingam nos cacos de vidro da enorme porta da varanda e no chão começam a flutuar no ar. As pequenas gotículas frias que estavam no cabelo de Nate escorrem pelos fios até flutuar até o teto. Bonnie movimenta as mãos e agrupa as gotículas de água. A luz da lua reflete no enorme globo de água que se formava e faz aquela imagem parecer um enorme diamante líquido flutuante. Bonnie deixa o líquido cair com um splash criando uma poça de água no chão. Nate as encara por alguns segundos. O brilho de seus olhos é evidente.

— Como... Como isso é possível?

— Eu me fiz a mesma pergunta, queridinho. — afirma Helena. — Mas, com o tempo. Eu acabei aceitando o fato que nem tudo tem uma explicação. Magia é como o amor. É único. É inebriante. É irracional. Você não precisa estudar, conhecer, saber. Só precisa sentir, aproveitar e aplicar.

Aos poucos o tecido afrouxa e Nate caí no chão com uma pancada forte.

— Ai... — reclama se ponde de pé.

Helena anda até a porta.

— Onde você vai? — questiona Bonnie.

— Irei mostrar para Nate como K se comportou mal hoje pelos olhos de Cece.

— Δ —

Helena se senta na poltrona e entra no computador usando o usuário de Emily. Ela digita a senha de quatro dígitos.

— Ela nunca me contou a senha. — rezinga Nate com um indício de indignação na voz.

— Você deveria saber de cara... — fala Bonnie — N-a-t-e. Haha!

Nate imediatamente fica com as bochechas rosadas. Helena vai até o operador de sistema e abre a pasta de arquivos gravados pelas câmeras espalhadas pela mansão. Helena clica na posta do mês e seleciona alguns vídeos clicando em play.

O vídeo abre em quatro quadros. A cozinha, a sala, o jardim e o corredor do segundo andar. Nate vê as garotas no jardim olhando para um ser encapuzado enquanto Ed latia. De repente, o cão é atirado contra o galpão. As garotas entram e a figura encapuzada anda lentamente até a casa. Já na cozinha, as garotas se escondem. Nate percebe que as garotas estão falando com alguém e fitando o vazio.

— Vocês estavam falando sozinhas? — questiona ele.

— Não, como o fantasma da Megan.

— O que? Oh Meu Deus, a história só fica melhor... — reclama.

— Você não viu nada... — zomba Bonnie.

K entra na casa e anda silenciosamente até a cozinha. Como uma cobra dando o bote ele estende seu braço e agarra Emily puxando-a pela bancada de mármore. Ela esfaqueia-o com força e recebe um jorro de sangue no rosto. Nate arregala os olhos.

— Essa é minha garota. — sussurra.

De repente Nate sente seu estômago sendo embrulhando quando Helena é erguida no ar e arrastada até o assassino.

— Oh Meu Deus... Isso é...

— Sim, pura bruxaria. Megan nos avisou que ele era muito poderoso. Nate... Emily morreu tentando matar K.

Nate arregala os olhos. Um sentindo abrolha dentro dele. Ódio. Sede por vingança. Se algo de ruim acontecesse com Emily à única coisa que lhe iria servir como combustível é sua sede por vingança. Nate não irá desistir até ver a última gota de sangue de K escorrer. Lágrimas de puro ódio ardente escorrem por seu rosto.

— Eu vou matar K.

— A questão é: quem é K?

Nate passa a mão pelo cabelo, preocupado.

— Alguém próximo a mim... Eu só consigo pensar em James. Ele... Está muito abalado e busca alguém para culpar pelo assassinato de Lola. Vocês seriam as culpadas perfeitas. As garotas que arrastaram Lola para a lama. Não que eu pense desse jeito... Mas, isso seria perfeito. Quer dizer... Ele tem o motivo. — conta Nate. — Me dói pensar nisso, mas... Estamos falando da vida de vocês. Se alguém está ameaçando Emily, eu quero saber quem é.

Não quero que meu filho cresça num campo de batalha. Pensa Helena.

Quero ser feliz com meu Drake. Pondera Bonnie.

Eu e Emily. Juntos. Para sempre. Ninguém pode nos separar. Afirma Nate mentalmente.

— Faz sentido... — afirma Helena sentindo um aperto no coração — Também pode ser Ashley.

— Quando eu falei que podia ser ela você me ignorou. — lembra Bonnie.

— Sim, ignorei. Mas temos que analisar de todas as perspectivas. — na verdade ela só queria livrar James. Não era possível que uma pessoa como aquela pudesse ser K.

— Ok, então. Vou falar. Nate, eu estou apaixonada por um garoto e ele pode ser um suspeito.

Helena arregala os olhos e a encara. Helena balança a cabeça negativamente numa suplica silenciosamente. Mas, Bonnie não lhe dá atenção e conta.

— Drake Murphy. O barmen do Sonoftides...

— Sim, eu sei quem é.

— Ele pode ser um suspeito em potencial.

— Por que seria? — pergunta Helena com mal humor.

— Ele nunca havia falado comigo e de repente se aproxima de mim. Conta-me sobre uma namorada secreta. Sobre uma garota com olhos claros, pele cor de marfim e cabelos cor de fogo. Helena, Drake é próximo a você?

Helena fica boquiaberta e silenciosa. Nate e Bonnie olham para ela.

— É... Não. Não somos próximos. Além disso, Bonnie. Ele nem nos conhece direito. Muito menos conhecia Megan ou Lola.

— O que Megan tem haver com isso? — interrompe Nate.

— Ela... Era nossa amiga. Talvez ela esteja fazendo isso.

— “Amiga”. É engraçado pensar nos seus amigos como seus inimigos. Eu sinto como se estivesse traindo-os.

Sei bem como é trair uma amiga. Pensa Helena olha complacente para Bonnie.

No silêncio da madrugada um som corta a noite. Um grito longo e dolente impregnado de pânico. O trio se assusta e ficam parados por alguns segundos. Os olhos arregalados. Os ouvidos atentos.

— Eu conheço essa voz... — começa Helena.

— É a...

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— Emily! — grita Nate disparando em direção a porta.