Crossfire

Capítulo X


– Eu disse sete, Astoria. – Harry franziu o cenho, enquanto engolia o pior café que já tinha tomado na vida. – Você está uma hora e vinte e cinco minutos atrasada.

– E você estava falando sério? – Ela riu, prendendo os cabelos negros no alto da cabeça. – Por favor, eu te liguei ás quatro da manhã com a maior revelação do universo depois de “I am your father”. Eu sei que você acha que eu sou uma super-heroína, o que é verdade, mas até Batman precisa dormir ás vezes, amigão.

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– Enfim. – Harry girou os olhos. – Eu preciso que você me diga que suas provas a respeito dos ossos são concretas.

– E desde quando eu não te dou provas concretas? Eu acho que você está me confundindo com alguém. – Ela ergueu a sobrancelha. – Mas se você quiser conversar sobre tamanho dos ossos, todas as diferenças anatômicas entre um homem e uma mulher, eu ficarei feliz em te indicar um dos assistentes para uma aula particular.

– Você está afiada hoje. – O detetive bufou. – Agora temos que descobrir de quem são os ossos, se tem relação com o caso e qual é o motivo de Peter Pettigrew ainda estar vivo, se é que ele está.

– Acho que você está me confundindo com outra pessoa novamente, detetive Potter. – Astoria sorriu presunçosamente. – Você é o detetive, sua namorada é metida a detetive e o irmão dela também é detetive. Vocês são uma família de detetives e eu sou apenas uma médica legista gostosa.

– E Malfoy certamente concorda com isso. – Harry alfinetou de volta. – Fiquei sabendo que a noite de sábado foi boa.

– Quando é comigo, geralmente é. – Ela disse, tentando evitar o embaraço.
– Agora que você já deixou claro quais são os nossos papéis no sistema, eu preciso da sua ajuda. – Harry se sentou em uma das macas.

– Desce daí. – Ela girou os olhos e tirou um pedaço de papel do bolso. – Você vai ter que entrar na fila de qualquer maneira... Eu tenho quatro corpos, duas exumações solicitadas por uns advogados chatos além da burocracia e daquela pilha de papéis na minha mesa. Eu trabalho para o governo, não para Harry Potter.

– Ácida. – Harry fez careta. – Se você me ajudar talvez eu te consiga outro encontro com Malfoy. - Implicou.

– Acho que esse não é o melhor jeito de me pedir ajuda. – Ela cruzou os braços.

– Eu só preciso que você descubra de quem são aqueles ossos... Só isso. – Harry se esforçou no semblante de súplica.

– Você faz ideia do quanto de trabalho isso dá? Você acha que eu vou montar o esqueleto e dizer: ah, acho que é Mary Loo da vendinha da esquina? – Astoria girou os olhos e depois os apertou, encarando-o. – E não me venha com essa cara de pidão.

– Mas é importante... E você é a melhor. – Harry sorriu. – Por favor.

– Eu vou ver o que posso fazer por você. – Ela disse baixo, já se arrependendo de ter dito.

– Dessa vez foi fácil. – Harry sorriu presunçoso e tirou uma caixa de bombons das costas. – E nem precisei mostrar a caixa de chocolates.

– Eu quero. Eu preciso. – Ela tomou a caixa da mão dele. – Agora sai daqui.

O detetive então desceu da maca e sorriu para Astoria, enquanto sua mente tentava examinar todos os novos ângulos de sua investigação. Se Peter Pettigrew não estava morto, onde ele estava? E de quem é aquele corpo? Quem “matou” Peter Pettigrew? Como conectar tudo isso com a morte de Tom Riddle? Por onde começar a responder isso tudo?

“Eu tenho uma ideia melhor... Por que você não fica longe de mim, do Tom, do meu marido e do meu cassino?”

E então Harry se lembrou de que tinha a resposta para alguma de suas perguntas, só não sabia exatamente o que procurar e como invadir a fortaleza dos Lestrange sem ser percebido.

– Disfarce. – Gina sorriu, no banco carona do carro dele. – Óbvio. Não que uma beleza ruiva e alta como eu consiga passar despercebida, mas de repente com uma peruca e umas roupas mais largas eu fique menos...

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– Você está realmente pensando que você vai. – Harry deu partida no carro. – Não é seguro, Gina.

– Você está realmente pensando que esse papo de “não é seguro” vai me deixar de fora. – Ela apertou os lábios e colocou o cabelo atrás da orelha. – Eu já devo ter dito mil e uma vezes, incluindo essa, que eu não sou de sentar no banco e esperar as coisas acontecerem, Harry. Nós somos parceiros.

– Meu parceiro se chama Ronald na verdade e vocês não são a mesma pessoa, apesar de eu notar certa semelhança entre vocês. – Harry tentou mudar de assunto.

– Sim, somos os dois ruivos e bonitos. – Gina girou os olhos.

– Na verdade, ambos são irritantes e incrivelmente tagarelas. – Ele sorriu divertido.

– Bem, sua parceira aqui faz coisas que Ronald não faz, detetive. – Sorriu maliciosa. – Ginástica é uma delas.

– Posso enumerar mais umas tantas.

– Claro que sim. – Gina sustentou o sorriso. – Uma delas é não desistir e você sabe que se você não me levar, eu vou sozinha e você não imagina o perigo que pode ser, sozinha no cassino dos vilões... Uh.

– Blefe.

– Acho que você já me conhece há tempo suficiente e já deveria saber, Harry. A escolha é sua, de se arriscar ou não. – Gina piscou.

– Tudo o que eu sei é que você joga abaixo do baixo, Ginevra Molly. – O detetive franziu o cenho, mantendo a estrada em foco.

– É um dos meus dotes, Harry James. – Gina riu. – Além de outras coisas, claro.

– Ginástica? – Harry fez careta.

– Na verdade, mais para o que a ginástica possibilita. – Ela piscou novamente, se aproximando para beijá-lo no rosto.

– Ah, mas você certamente tem o seu jeito de conseguir as coisas, não é? – Harry suspirou.

– Me avisa quando estiver funcionando. – Ela beijou o pescoço dele e ele riu. – Como a companhia de uma mulher linda muda as pessoas, veja você: antes era todo carrancudo, agora ri o tempo inteiro. Confesse detetive, eu sou o passarinho verde do seu dia, a melhor coisa que já te aconteceu.

– Quem te deu um espelho se esqueceu de te avisar o que acontece quando se olha demais para ele. – Gina girou os olhos, fazendo Harry rir. – O que foi?

– Demonstre seu afeto, detetive. – Ela falou, encolhendo os ombros.

– Te demonstrei duas vezes ontem. – Ele sorriu malicioso e ela revidou com um soco. – Ai.

– Pensando bem, acho que vou ao cassino sozinha. – Ela cruzou os braços. – Muito mais fácil eu conseguir algo que você.

– Não vai sozinha de jeito nenhum. – Harry falou, fechando o rosto em uma carranca.

– Aí está a demonstração de afeto. – Gina ergueu a sobrancelha.

– Não entendo ainda porque eu fui arranjar uma namorada agora. – Murmurou.

– Lisonjeiro. – Gina replicou. – E céus! Quem falou em namorada?

– Você, quando sugeriu que eu não dormisse com outras mulheres. – Encolheu os ombros. – Não sei como chamam isso no chalé Weasley, mas eu chamo de monogamia. E olha, vou te dizer que tem umas pessoas me olhando torto desde que eu comecei a ignorar certas ligações.

– Se você está tentando fazer propaganda, saiba que eu já conheço o produto. – Ela franziu o cenho se sentindo estranhamente enciumada. – E então é por isso que aquela tal de Chang te liga o tempo inteiro.

– E eu achando que eu era o detetive. – Harry divertiu-se com a careta de Gina.

– Sabe o que eu acho? Que o Neville deveria fazer uma pesquisa mais profunda no cassino da Lestrange, descobrir se tem cofres, como abrir e essas coisas. – Gina olhou para a paisagem, pensativa.

– Você deve achar que o cara é algum tipo de feiticeiro.

– Se eu sei o número do seu CPF, quantas vezes você saiu do país e quantas compras no ebay você fez ano passado, é tudo graças ao Longbottom. – Gina o encarou, semicerrando os olhos.

– Me lembre de mandar um cartão de agradecimento. – Harry fez uma careta.

– Chang também é o sobrenome da sua namorada da faculdade, não é? – Gina continuou encarando-o. – É a mesma Chang?

– Neville encontrou isso também, não foi? Durou pouco tempo na verdade. – Ele apertou o volante. – O que aconteceu foi que eu queria algo sério e ela queria outro cara, daí o cara foi transferido e nós começamos a namorar, mas eu já não gostava mais dela.

– Mas vocês se falam até hoje?

– Na verdade, e essa parte é muito engraçada, – Harry riu nervosamente. – Nós meio que nos encontrávamos ocasionamente para fins... Recreativos.

– Bem, não se encontram mais. – Gina cruzou os braços.

– Outra parte divertida. – Ele a encarou com expectativa, enquanto a mesma permaneceu impassível. – Ela é da Corregedoria, então a gente meio que se vê ás vezes.

– Ah. – Gina respondeu. Lidar com sentimentos realmente não era o forte dela, muito menos com os ciúmes de um relacionamento tão recente.

– Tarde demais para aquela demonstração de afeto? – Harry fez careta. – Você é muito mais bonita que ela.

– Estou pensando que talvez eu deva me disfarçar de jogadora e você de segurança ou algo assim. – Ela mirou a janela, novamente. – Com uma boa maquiagem eu consigo tapar minhas sardas... Estou pensando em uma tatuagem ou algo que possa caracterizar minha personagem e a distanciar de mim.

– Eu já disse que você não vai.

– Talvez eu deva pedir autorização a Cho Chang. – Ela empinou o nariz, empertigando-se no banco do carro.

– Ah, vamos parar com isso, ok? – Ele bufou, afrontando-a com o olhar. – Se você ainda não notou que eu tenho... – Engoliu seco e hesitou três vezes. – Sentimentos por você, você é ainda mais teimosa e idiota do que eu pensei.

– Eu vou fingir que você não me chamou de idiota. – Ela apertou os olhos e sorriu. – Olhe para nós, parecendo dois adolescentes.

– Você. – Ele fez uma careta, enquanto evitava o olhar dela.

– E de qualquer maneira, eu vou. – Ela resolveu voltar para o assunto original antes que se derretesse em qualquer declaração indesejada. – Vou ligar para Neville, porque se Draco Malfoy me ver lá de novo é capaz de chamar os seguranças... Você acredita que o cara mandou me investigar? Vocês homens tem essa mania de superproteção até entre vocês, o que é bonitinho.

– E você acha que Neville sabe o que tem dentro daquele cassino? – Harry resolveu ignorar o resto da frase.

– Qualquer coisa, a planta, a existência de um cofre ou passagens secretas podem ajudar. – Gina disse. – Eu aposto em um cofre, de qualquer maneira temos que inventar um plano e tapar essa sua cicatriz.

– Você está perigosamente empolgada com isso.

– E você está empolgado de menos. – Sorriu, dando um beijo estalado em seu rosto.

Harry pensou em todos os riscos que uma operação policial poderiam lhe trazer àquela altura, mas forçou-se a sorrir de volta.

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– Conversamos sobre isso no jantar. – Ou não, acrescentou mentalmente enquanto puxava o freio de mão em frente ao edifício em que ela trabalhava. – Agora caia fora. E boa sorte com seu trabalho irritante. – Desejou, quando ela desceu do carro.

– Obrigada. Quanto a você, divirta-se salvando a cidade. – Ela piscou. – E mande um beijo meu para Padfoot.

– Vou pensar.

Mas ele acabou mandando no fim das contas.

E também aproveitou para checar se estava tudo em ordem, como de rotina. Sirius parecia particularmente são naquele dia e por mais que o detetive não dispusesse de tempo para jogar conversa fora, se obrigou a ficar e a escutar uma das inúmeras histórias de Sirius sobre seus tempos de escola.

– Nós éramos quatro, como eu já lhe disse. Peter... – Seu rosto se fechou de imediato – Bom, não há nada de importante para se contar sobre aquele rato. Nunca fomos muito próximos e eu só o aturava por Remo e James. Remo era um tremendo nerd sem salvação. E geralmente valia por nós três juntos. Seu pai e eu éramos tremendos babacas em boa parte do tempo – Sorriu, bebericando o café. – Mas Lily nos fez tomar jeito. Ah, se fez. Era uma boa garota, aquela Evans... Se Deus existir e for esperto, deve estar mantendo-a por perto.

A verdade é que Potter gostava de ouvi-lo. Descobrira uma porção de coisas sobre seus pais com o padrinho e ainda estava aprendendo a lidar com as informações que os tornavam tão mais... Reais. Ele considerava o misto de sensações como dolorosas e importantes, mas não teria se importado se viessem em outro momento. Sua vida pessoal dera uma guinada surpreendente, justo no momento em que mais precisava se focar no trabalho e ele ainda não tinha certeza se conseguiria conciliar tudo aquilo do jeito que precisava para fechar o caso.

Era justamente no que estava ponderando quando foi surpreendido pelo sujeito de khakis e blazer camurça surrado, enquanto se encaminhava de volta ao carro.

– Potter. – O detetive se virou de imediato, o rosto sério e desconfiado. Nada disso importou ao homem. – Será que nós podemos conversar? – Harry duvidava que existisse uma possibilidade real de negar aquela pergunta. O homem olhou nervoso para ambos os lados – No seu carro, talvez?

Harry assentiu com a cabeça.

– Por aqui. – E o guiou embora tivesse a sensação de que ele já sabia de que carro se tratava. Os dois entraram e bateram as portas ao mesmo tempo.

– Tudo bem. Eu sei o que está pensando. Vá em frente, puxe sua arma e deixe-a em um bom ângulo para atirar em mim caso necessário. – O estranho disse e Harry fez exatamente isso. – Remo. – Ele se apresentou. – Remo Lupin.

Os marotos definitivamente tinham uma maneira peculiar de apresentação.

– Harry. – Murmurou de volta. – Potter, como você sabe.

Ele assentiu com a cabeça.

– Você precisa me desculpar por não encontrar nenhum outro modo de te abordar. – Harry continuou impassível. – Deus, da ultima vez você era um bebê.

– Sr. Lupin, o senhor tem consciência de como essa conversa é estranha?

– Absolutamente. Mas tenho certeza que você pode entender o meu desespero. – Ele respirou fundo e foi direto a pergunta que queria - Você está com ele, não está?

– Merda. – Ronald murmurou em frente a gigante fonte de água.

– Algum problema? – Granger perguntou, ainda fascinada pela fachada da mansão vitoriana.

– Alem de você? Meu celular. Bateria fraca.

Hermione deu de ombros e começou a subir a deslumbrante escadaria de mármore. Ele a seguiu, pulando degraus para chegar à frente. Quase se arrependeu do ato quando deu de cara com a governanta do falecido Tom Riddle. Apesar de estar em melhor forma do que a ultima vez que a vira, ainda tinha um rosto desagradável de se olhar.

– Policial. – Ela o cumprimentou, crispando os lábios como se essa fosse a palavra mais suja do universo.

– Sra O’Hare. – Respondeu, esforçando-se para não imitar o gesto dela. – Essa é a Dra. Hermione Granger, minha acompanhante. – A mulher arqueou a sobrancelha.

– Tem uma aparência melhor do que aquele outro.

– Certamente. – Ele já estava perdendo a paciência. – Será que nós podemos entrar por um instante?

– É claro.

Eles passaram pelo hall e o impressionante candelabro de teto até alcançar uma sala com um sofá de proporção exorbitante.

– Chá?

– Não, obrigada. – Granger murmurou.

– Sim, por favor. – Ron rebateu.

– Achei que estávamos com pressa – Hermione sussurrou assim que a mulher se retirou.

– E estamos, mas eu não perderia a oportunidade de dar um pouco de trabalho àquela ali.

– É uma atitude muito madura da sua parte, detetive.

– Obrigado.

Ela meneou a cabeça enquanto tirava a fotografia da pasta preta que vivia carregando.

– Você sabe que poderia evitar isso sendo uma pessoa sensata e parando de me encher o saco, não sabe? – Ele perguntou a ela pela centésima vez.

– Minha pesquisa. Meus resultados. – Respondeu.

Foi a vez dele de rolar os olhos.

– Aqui está. – A Sra. O’Hare retornou com uma xícara que parecia valer mais do que todas as peças de roupas que ele estava vestindo.

– Sra O’Hare – Hermione aproveitou a deixa quando Ron bebericou a bebida. – Nós temos motivos para acreditar que a senhora pode reconhecer esse artefato.

Weasley fez uma careta.

– Em nome de Deus, quem fala artefato? – Perguntou, mas foi ignorado por ambas. A Sra O’Hare parecia extremamente concentrada na gravura do anel. Seus olhos marearam e ela pôs uma mão delicadamente sobre a boca.

– Eu reconheço. – Disse apenas.

– Ele pertencia a Tom Riddle? – Hermione continuou.

– Sim. – Ela mal podia tirar a os olhos da foto. – Isso é importante? – Ela quase soou gentil ao se dirigir à Hermione.

– É possível. – A advogada respondeu no mesmo tom. – A senhora poderia nos dizer a quanto tempo Riddle possuía esse anel?

– Não de forma precisa. – Murmurou. – Mas estava frequentemente nas mãos de... – Ela parou de falar por conta de um soluço.

– Dele. – Ron completou por ela. – Certo. A senhora anteriormente afirmou trabalhar nessa casa há dezessete anos. Tom Riddle o usava como acessório desde que começou a administrar essa casa?

– Sim. Era... Era uma espécie de amuleto, creio. Uma coisa antiga e sem valor, ele me disse certa vez. Mas mantinha porque ficava bem em seu dedo. Oh Deus. – Ela suspirou profundamente. – Eu posso ouvi-lo perfeitamente em minha cabeça.

– Isso deve ser horrível. – Ronald fez uma careta. – Obrigado pela informação Sra. O’Hale. Mantenha-se disponível para contato.

– Vocês já estão perto de resolver o caso? – Ela perguntou, realmente preocupada.

– Estamos coletando pistas. – O detetive respondeu. – É tudo que posso dizer.

– Ranzinza, mas também digna de pena. – Hermione murmurou quando estavam de saída.

– Você tá de brincadeira, né? – Ele arregalou os olhos.

– Não, porque eu estaria? – Perguntou e ele ligou o carro.

– Deixe para lá. Como sempre, a Sra O’Hare se provou inútil.

Hermione olhou uma ultima vez para a mansão antes de ligar o tablet. Depois de infinitos minutos de silencio, ele finalmente disse:

– O que você está fazendo?

– Remontando árvores geneológicas. – Ela respondeu de modo automático.

– Uau, parece realmente pertinente. – Ironizou.

– E definitivamente seria... – Respondeu irritada – Se eu descobrisse, por exemplo, que Tom Riddle é, de algum modo, herdeiro de Salazar Slytherin.

Ronald freou com força.

– Você descobriu isso?

– Não. – Ela admitiu. – Mas eu poderia encontrar algo a partir disso.

Ronald bufou e praguejou, voltando a acelerar.

– Quão precisa poderia ser sua pesquisa? E como isso poderia nos ajudar?

– Eu não sei ao certo. Mas saber a história por trás das coisas sempre ajuda. E seria melhor se você não ficasse me enchendo de perguntas.

– Não dá para cavar muito fundo apenas com uma ferramenta de pesquisa qualquer da internet.

– A menos que você saiba manusear muito bem ferramentas de pesquisa. – Rebateu. – Porque você simplesmente não dirige?

Ele continuou a resmungar, mas parou quando ela soltou um suspiro de frustração.

– O que?

– Ainda é cedo para dizer, mas... Não acho que exista qualquer tipo de relação sanguínea entre a família Riddle e Slytherin.

Ron já estava de boca aberta para implicar quando algo lhe surgiu à mente.

– Espere. Espere aí. Troque por Mérope Gaunt.

– Mérope Gaunt? – Perguntou, curiosa.

– Apenas pesquise. – Ele disse, empolgado pela hipótese. – Eu explico depois, se fizer sentido.

Ela digitou o nome e esperou que o sistema operacional do aplicativo licenciado fizesse uma busca completa.

– Detetive Weasley?

– Sim?

– Você me deve uma explicação.

Ele era professor de literatura em meio período. No resto do tempo estava ocupado demais pensando em uma maneira de provar que Sirius Black era inocente. Mesmo se tivesse conseguido, nunca teria dinheiro o suficiente para contratar um bom advogado. A ideia o consumira de tal modo que o deixara com um rosto muito mais velho do que o esperado para sua idade. Era um homem solitário, embora estimado pelos alunos.

E, mais do que isso, era o homem que tinha algumas respostas para perguntas de Harry.

– Eram tempos difíceis aqueles. – A voz ainda ecoava na cabeça do detetive. – Lilian e James eram portadores de informações realmente preciosas sobre Você-Sabe-Quem. Informações que haviam sido coletadas de modo árduo, informações que acreditávamos serem suficientes para colocá-lo finalmente atrás das grades. Então eles ficaram sob a proteção da policia. Ficariam até o julgamente e resolução do caso, por serem testemunhas valiosas. Peter era o único que sabia, ou, ao menos, é o que tudo indica. Seus pais tinham a mim e a Sirius, mas precisavam de uma pessoa que, embora de confiança, não fossem tentar interferir na decisão deles.

...Então Peter os traira.

E depois fora coagido a armar para que Sirius ficasse fora do caminho.
Por fim, forjara a própria morte e agora devia estar bem longe da Inglaterra recebendo um gordo salário pelo trabalho bem executado.

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Era a milésima vez que repassava a história na mente e a cada vez que o fazia parecia ainda mais difícil de suportar. Harry não tinha ideia de como voltara ao trabalho, nem como trabalharia dali em diante. Ronald não atendia o maldito telefone e ele precisava urgentemente vomitar.

– Hey. Hey! Você da cara verde. – A moça estalou os dedos em sua frente, debruçada sobre a divisória da cabine. – Tudo bem por aqui?

– Desculpe, eu estou ocupado. – Harry cortou qualquer tipo de iniciação de conversa.

– Olha, foi mal cara, tem alguma coisa que eu possa fazer por você?

– Não.

– O capitão me mandou, entende? Eu não te importunaria se não fosse por isso.

– Dumbledore?

– Quem mais? – Ela tirou um chiclete do bolso e ofereceu a ele. – Ele acha que você precisa de ajuda. Eu também acho, agora. Com todo respeito. – Harry finalmente a encarou. Ela tinha um cabelo curto pintado na cor tão-rosa-que-poderia-cegar-um. Havia sete argolas de brinco em cada orelha e um piercing no tragus. Poderia ser facilmente confundida com qualquer pessoa entre 17 e 20 anos de idade.

– De onde você é? - A pergunta certa era de que planeta ela viera, mas ele não queria soar muito indelicado.

– Divisão de Detecção Eletrônica. E sou, com modéstia, a melhor no que eu faço, então me considere um presente. Precisa de alguém para resolver trabalhos burocráticos? Posso resolver isso. Precisa de alguém que saiba mexer em computadores e qualquer tipo de equipamento eletrônico? Aqui. Precisa de alguém para montar estratégias? Aqui de novo. Precisa de chicletes e barras de chocolate? Bem, eu também sirvo para isso. – Ela estendeu a mão. – Você pode me chamar de Tonks.