E Se...
Itch Lieb
Rudy sorriu ao ouvir seu nome ser pronunciado por ela.
Arrumou os cobertores ao seu redor antes de arrumar a franja dela e deitar um beijo suave sobre seus lábios. Um leve selinho.
Agora poderia dormir.
Acordou com uma mãozinha branca e magra passando a mão por seus cabelos e depois o cutucando.
—Saukerl...
Sussurrou e ele abriu os olhos no instante em que os dedos dela pousavam sob seus lábios.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Oh. Desculpe.
—Não se desculpe Liesel. Pesadelos?
Ela assentiu e uma lágrima caiu de seus olhos, molhando seu rosto. Liesel secou a lágrima e ele sorriu segurando seus dedos e os beijando.
—Deite comigo. Está frio e tenho medo. –Pediu e Rudy levantou do colchão acomodando-se com ela na cama de solteiro.
—Itch Lieb Saumensch.
—Itch Lieb Saukerl.
Abraçaram-se e acomodaram-se em baixo dos cobertores até dormirem novamente.
O sol batendo em seus rostos os acordou e Rudy depositou um beijo sob os lábios de Liesel antes de levantar-se e pegar suas roupas, saindo do quarto.
Quando voltou a menina estava de pé, com um vestido rosa claro e arrumava sua cama.
Prostrou-se a seu lado dobrando seu cobertor e erguendo o colchão, apoiando-o na parede. Sorriram um para o outro e saíram juntos do quarto.
—Bom dia! –Ilsa saudou-os beijando a fronte de Liesel e bagunçando o cabelo de Rudy.
—Bom dia. –Liesel respondeu, pela primeira vez em dias, causando surpresa na mulher.
• Um fato sobre Ilsa •
Ilsa já estava perdendo as esperanças de que a menina voltaria a ser... Ela.
De que a menina poderia ser sua sonhada filhinha.
E esse bom dia...
Fora uma luz no fim do túnel.
Sentaram-se juntos á mesa e comeram. O prefeito já havia saído e Liesel respirou aliviada.
Seu olhar nem sempre era acolhedor.
• Um pequeno fato sobre o Prefeito •
Heinz ainda não estava acostumado com a ideia de ter uma criança em casa.
Duas crianças indesejadas e pobres.
Mas como prefeito e como marido devia atender ao pedido de Ilsa. Aquilo garantiria votos.
O que ele não sabia que um dia gostaria daquelas crianças sujas.
Liesel ajudou Ilsa a tirar a mesa e a lavar os pratos.
Rudy saiu, queria procurar emprego já que para juventude Hitlerista não voltaria nunca mais.
Odeio o Füher.
Füher matou minha família.
Füher matou meus amigos.
Füher matou a família de Liesel.
Füher levou meu pai para longe.
Füher trouxe a guerra.
Füher destruiu a rua Himmel.
A rua que tinha o nome de céu.
Liesel saiu em seguida. Queria ver. Queria ver o Céu. Queria ver a Himmel.
Seus pensamentos não eram tão diferentes dos de Rudy.
Chegou àquela rua. Aquele monte de pedras e poeira.
Sim, ainda havia poeira. Andou por sobre os restos, afinal os homens da LSE não limparam tudo. Ordens superiores.
Aquilo era mostra da maldade dos Aliados.
E quanto mais o povo visse essa maldade mais apoiaria o Füher.
Engano deles.
Liesel pensou e um sorriso sarcástico brotou de seus lábios.
Tropeçou quando estava aproximadamente no local onde foi sua casa. Ou pensava que esse era o lugar.
Levantou-se procurando o que a fez tropeçar e então, entre duas pedras viu. Uma capa meio rasgada.
“O Carregador de Sonhos”
Sorriu apanhando o livro com cuidado e passou a buscar pelos outros.
Mais alguns passos.
Outra capa.
“Uma canção no escuro”
Mais passos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!“Dicionário e Tesauro Duden”
Sorriu novamente lembrando-se de Ilsa.
“O Assobiador” foi o próximo.
“A sacudidora de palavras” Lágrimas desceram por seus olhos ao lembrar-se de Max.
E então encontrou juntos.
“O manual do coveiro” e os outros livros.
Todos juntos.
Os livros roubados.
Os livros que ganhou de seus pais.
Lembrou-se de Trudy e de Hans Junior.
Onde estariam?
Porque não compareceram ao enterro?
Ou estavam lá e ela não percebeu?
Suspirou e observando os livros empoeirados e batidos,percebeu a falta de um.
Onde estava?
Onde estava o presente de Ilsa?
Onde estava aquela capa preta?
Onde estava “A Menina Que Roubava Livros”?
Procurou e procurou.
Estou aqui.
A menina que roubava livros sou eu.
Minha história não acabou.
Posso reescrever.
Essa história...
As palavras.
As que odiei e amei.
As palavras salvaram minha vida.
E a de Rudy.
Não encontraria o livro.
Estava comigo.
Não podia deixar que o pequeno caderno fosse levado com o caminhão de lixo. Não podia deixar que fosse pisoteado.
E ainda hoje está comigo. Desbotado. Mas comigo.
Por que...
Quando a morte conta uma história...
Você deve parar para ler.
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