Apagueiro

Ela toca as esferas de luz com as pontas dos dedos. Aquilo era tão bonito! Olha para ele sem deixar de sorrir um momento sequer. Ruivo e sardento, ele a observa, ansioso, esperando para saber o que ela tinha achado. Por mais que ele fosse um insensível, por vezes sabia ser tão... adorável. Ela agita a cabeça. A verdade é que ele sempre foi assim: adorável e fofo.

- O que foi? - O rapaz pergunta, desconfiado do modo como ela agitava a cabeça, os cachos castanhos farfalhando para lá e para cá. A moça sorriu mais ainda e disse-lhe que estava feliz, somente feliz. E que a casa estava linda, toda iluminada por aquelas orbes cheias de luz dourada como se houvessem fadinhas esvoaçando por todos cantos.

Era tão aconchegante...!

Ela joga os braços em torno do pescoço do rapaz e ele a envolve pela cintura. Beijam-se. O moço ruivo faz tudo com maior cuidado para que sua garota soubesse: ela era especial. Única.

Ficam abraçados, juntos apenas. Ela contempla a aura dourada que os envolve.

- Essa luzes me lembram daquele apagueiro, sabe?

Como esqueceria? Luz entre as Trevas. Ele franze ligeiramente a testa, quando, de mãos dadas, se encaminham para aquele espaçoso sofá coberto com uma manta de tricô. Era tudo simples e bonito. A moça encosta a cabeça junto ao ombro dele e torna a fechar os olhos enquanto os dedos dele se enroscam nos cabelos dela.

- Espero que o apagueiro não funcione mais...

- Como?

- É muito ruim... Te perder. Ficar sem você no escuro.

Ela abre ligeiramente os lábios. Como era doce o modo que ele relacionara tudo: as luzes, o apagueiro, a presença dela mesma...! Desajeitado em dizer coisas bonitas, vez ou outra ele ainda se desculpava por ter demorado-se tanto. Era tudo questão de auto-confiança e ele agora a envolvia de carinhos tão sinceros...

- Amo você, Ron.

Ron infla-se de alegria. Ela ergue o rosto e olhos encontram olhos. Há luz fluindo das íris e preenchendo cada canto do peito.

- Amo você, Mione.

Felicidade absoluta, a chama do apagueiro faiscando sobre eles.