Matt desceu até a beira da praia; estava seca, com a areia dominando o espaço, devido ao horário matinal. A praia estava deserta; o Fênix tentou sentir algum cosmo por perto, até que se lembrou que os Cavaleiros de Aço não tinham cosmo. Então...

— Veio me enfrentar, Cavaleiro de Fênix? – disse uma voz carinhosa.

Matt olhou para trás. De trás das rochas, surgiu Fernanda de Fogo, com um olhar e um sorriso não intimidadores, mas afetuosos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Fernanda – disse o Fênix. – Há quanto tempo. Não esperava reencontrá-la desse jeito.

— Tenho que dizer o mesmo – disse ela. – Você, um Cavaleiro de Bronze; eu, uma Amazona de Aço. Como pode nos trair...?

— Trair? – indagou Matt, surpreso. - Eu nunca traí ninguém. Vocês é que estão traindo o Santuário...

— Você não nos seguiu quando fomos para a Academia de Aço! – disse Fernanda. – Você, a Rina, o Gustavo. Resolveram se tornar Cavaleiros de Bronze...

— Abraçamos uma causa justa! – resmungou Matt. – Entramos para a ordem dos Cavaleiros de Atena!

— Preferem defender uma deusa que sequer viram na vida do que uma sólida amizade de anos? Como esta, que carregamos desde os tempos de Academia, eu e os demais líderes de Aço? – disse Fernanda.

— Temos bons amigos, agora – disse Matt. – Gustavo, Betinho, Thiago, Lauro, John, Jonathan, Elias, Cícero, bondosos e poderosos amigos que querem proteger Atena!

— Atena, Atena, é só Atena! – resmungou Fernanda. – Só falam nisso? Que dependência!

— É o nosso destino – justificou Matt.

— Destino? – disse Fernanda. – Querem ficar presos a isso pelo resto da vida?

— Sim – disse Matt. – Só assim encontraríamos um motivo para viver.

Fernanda fitou-o com um olhar profundo, e então seu olhar e seu sorriso ficaram tristonhos.

— Bem, se pensa assim – disse Fernanda. – Terei que te matar. – Olhou novamente nos olhos dele, como se buscasse alguma coisa. – Você está com uma namoradinha, é?

— Não é da sua conta – respondeu Matt. – Não para você, que brincou com os meus sentimentos quando éramos mais novos...

— Você era muito otário – disse ela. – Mas vejo que você mudou. Se não fosse por isso, por estarmos em guerra declarada, eu até tentaria fazer você se aliar a nós com mais afinco. Quem sabe, Mattzinho... Você poderia ser um bom brinquedinho para minhas horas de prazer.

— Poupe seu fôlego - disse Matt, esforçando-se para se lembrar de Isabella, de seu rosto, de seu aroma e dos momentos que haviam tido juntos, para não ceder à tentação de cair na lábia de Fernanda. - Seu joguinho não funciona comigo.

— Que seja. Está pronto para morrer?

— Lute, e veremos quem vai morrer! – desafiou Matt.

— METEORO DE FOGO! – disse Fernanda.

Matt recebeu o golpe com força; porém, lembrando-se de ter enfrentado alguém com semelhante golpe, bloqueou os meteoros de fogo de Fernanda com as mãos.

— Onde aprendeu este golpe? – indagou Matt. O sorriso e o olhar de Fernanda haviam se tornado ambiciosos.

— Eu tive como mestres Daichi da Armadura da Terra – informou Fernanda -, e aquele que me ensinou meus golpes, o Cavaleiro Gigars, de Fogo. Que foi derrotado pelo seu Mestre, Ikki! E quando descubro que meu mestre voltou à vida, soube que ele foi novamente derrotado... por um Cavaleiro de Fênix! – concluiu ela, apontando para Matt.

— Seu mestre era um Cavaleiro Negro! – ralhou Matt. – Um dos que roubou as Armaduras de Ouro! E vocês roubaram uma delas! E além disso, pelo que soube, ele não foi exatamente um cavaleiro exemplar quando estava vivo da primeira vez.

— Pelo meu mestre, vou derrotá-lo, Cavaleiro de Fênix! – disse Fernanda em tom ameaçador. Seus olhos pareciam queimar de raiva. – METEORO DE FOGO!

Novamente Matt bloqueou o golpe; porém, ao pensar que tinha desviado de todos os meteoros de fogo, um deles o atingiu na perna.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Mas como? – disse Matt surpreso. – Vocês Cavaleiros de Aço só deviam atingir a velocidade em Mach 1, como os Cavaleiros de Bronze! Mas este golpe atingiu Mach 2, que só os Cavaleiros de Prata e de Ouro atingem!

— O que achou disso, Fênix? – exclamou Fernanda, convencida. – Não somos apenas simples Cavaleiros de Aço!

— Mesmo assim, não conseguirá me vencer só com isso – disse Matt. – SENTIRÁ O PODER DE FÊNIX! PUNHO DE FÊNIX!

O golpe acertou Fernanda em cheio; ela voou longe, mas logo estava de pé novamente, encarando Matt.

— Muito bem, Fênix – disse ela. – Você conseguiu me irritar, portanto, sinta toda a minha força! PUNHO DE FOGO!

Desta vez foi Matt quem foi lançado longe; seu elmo foi arrancado da Armadura e ele foi jogado contra as rochas, e Fernanda se aproximou dele, levantando-o pela garganta e segurando com força.

— Vou te matar e vingar meu mestre, Fênix. – Dizendo isto, suas unhas ficaram grandes como garras de aço. – MORRA...

Mas, antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, Matt chutou-a para longe e ela largou-o. Ele estava de pé novamente, pronto para a luta.

— Certo, acho que a subestimei – disse Matt. – Pelo visto, estamos em pé de igualdade. Você e eu controlamos o fogo, o que sugere um impasse neste duelo e...

— Não tenha tanta certeza, Fênix – disse Fernanda, levantando-se. – GARRAS DE TIGRE!

O golpe atingiu Matt na velocidade de Mach 3; ele sentiu como se inúmeras garras o fatiassem rapidamente.

— Mas... e este golpe? – disse Matt.

— Este é dos tempos da Academia de Aço – disse Fernanda. – Júlia e eu aprendemos golpes com garras, após treinarmos intensamente nesse estilo de luta. Agora, você não escapará desta vez! GARRAS DE TIGRE!

Matt, porém, visualizou os golpes de Fernanda e passou por entre todos os golpes das garras dela, como se estivesse se movendo na velocidade da luz; até ficar cara a cara com ela e dizer:

— GOLPE FANTASMA DE FÊNIX!

O golpe afetou a mente de Fernanda, que se via estraçalhada por uma Fênix gigantesca feita de chamas. Enquanto ela gemia de dor, Matt desapareceu de sua vista.

— Fênix! Onde você está? Apareça! – ralhou Fernanda. Então, de repente, ela se viu envolta por chamas, e Matt apareceu atrás dela, agarrando-a.

— O QUE VAI FAZER FÊNIX?! – gritou ela. – DESSE JEITO, NÓS DOIS MORREREMOS!

— EU NÃO ME IMPORTO EM MORRER! – respondeu ele. – MAS SE EU MORRER, VOCÊ VEM COMIGO! ASAS DE FÊNIX!

Então, os dois subiram ao céu num turbilhão de chamas; Matt soltou Fernanda temporariamente e ergueu-a usando os pés, prendendo-os na dobra das axilas dela, para depois lançá-la em direção ao oceano embaixo deles; e depois caíram ambos dentro d’água, Matt caindo nas ondas um pouco mais longe da orla. Fernanda saiu primeiro, cambaleando e dizendo:

— Ele é realmente um Cavaleiro forte... por isso, me venceu... – dizendo isso, desmaiou. Em seguida, Matt surgiu da água. Ao ver que a amazona não estava morta, ele se surpreendeu, mas em seguida sentiu uma fraca cosmo-energia vindo... de Fernanda.

— Mas... como? – indagou Matt. – Será que os Cavaleiros de Aço desenvolveram cosmo energias? Está muito fraca... mas com certeza, foi isso o que salvou Fernanda da morte.

Ele olhou para os lados – não havia ninguém por perto. Fernanda flutuava sobre a água do oceano Pacífico, desacordada. Embora seus sentimentos por Isabella estivessem mais vivos do que nunca, Matt não esquecia que Fernanda havia sido sua primeira paixão, ainda na infância, quando a conhecera na Academia dos Cavaleiros – ela acabou indo para a Academia de Aço depois, ele agora sabia, enquanto ele, seu primo Gustavo, e Rina, que treinavam a maior parte do tempo com os jovens que agora eram Cavaleiros de Aço, tinham sido designados para a Academia de Bronze, possivelmente por terem apresentado um potencial melhor à época. Não parecia justo, para Matt, deixar a antiga amada ali, desguarnecida e exaurida.

Ele a ergueu cuidadosamente com seus braços e a tirou das águas. Ela ainda conservava as belas feições da infância; sua pele era morena de um tom sensual e provocante, seu torso era graciosamente curvilíneo, e seus seios eram levemente volumosos. Sua bunda também havia crescido e atingido formas sinuosas e sensuais. Ele não conseguia deixar de contemplá-la, observando cuidadosamente como o tempo a havia transformado numa bela moça.

Matt depositou Fernanda sobre algumas pedras, longe da água, e colocou uma das pedras para apoiar a cabeça dela. Endireitou a posição de seus braços e pernas, que haviam ficado um pouco tortos devido à queda que o golpe dele provocara.

Ele observou que a mente dela ainda estava frágil devido ao Golpe Fantasma, e se recuperava muito devagar. Pensou se não seria uma boa ideia fazer os efeitos de seu golpe sumirem com seu cosmo, e tentar convencer Fernanda a lutar ao lado dele, fazer com que não tivessem mais que ser adversários. Contudo, ele percebeu que a situação em que se encontravam era bem mais complicada. E ele tinha acabado de descobrir sentimentos fortes por Isabella. Além disso, ele não sabia se os sentimentos dele por Fernanda seriam correspondidos por parte dela. E ela havia deixado bem claro que preferia estar ao lado dos próprios amigos, os demais Líderes de Aço, e que sua lealdade era para com eles. O clima de tensão recém-formado entre a geração de Bronze e a geração de Aço não a faria ouvir a razão que ele pudesse tentar colocar em seus argumentos.

Tocou de leve na testa dela, não para remover os efeitos do Golpe Fantasma, mas para fazê-los demorarem mais a deixar a mente da garota. Com um pouco de sorte, Fernanda ainda ficaria desmaiada por algumas horas. Depois, antes que perdesse a coragem, Matt deu um beijo de leve no rosto da garota, e outro na testa dela, como uma forma de homenagear a paixão que sentira por ela quando eram mais novos, enquanto acariciava seu cabelo curto e castanho, que estava preso a um diadema que integrava sua armadura.

— Não quero ser seu inimigo – disse Matt, quase sussurrando, mesmo sabendo que ela não o ouviria, ao se afastar lentamente dela. – Espero que um dia, estejamos do mesmo lado.

Quando estava quase a largando por completo, ergueu de leve a cabeça dela e deu-lhe um suave beijo nos lábios. Pensou em demorar-se mais no beijo, já que ela estava desacordada, mas se deteve. Logo, estava arrependido daquele ato. Era um desserviço ao que estava tentando construir com Isabella. Havia deixado o impulso falar mais alto por aquele breve instante. Decidiu que não contaria aquilo a ninguém. Talvez ele precisasse daquele desfecho, depois de derrotar Fernanda numa luta intensa e de, enfim, fazer as pazes com seu passado no qual ela havia sido sua grande paixão. Talvez agora ele pudesse seguir em frente, sem mais nenhuma amarra, e se jogar na chance de viver um amor com uma nova pessoa. Depositou levemente a cabeça da garota de Aço novamente sobre a rocha e a soltou por completo, parando um último instante para admirá-la novamente, e torcendo, em seu íntimo, para não ter que passar por um momento como aquele mais uma vez.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

E saiu correndo da praia.