Pouco Além (A Harry Potter Story)

O mistério de Sabah


— Não me mate!

O berro agudo de Borgin foi ouvido até mesmo fora da loja Borgin & Burkes. Porém, ninguém na Travessa do Tranco deu ouvidos. Era comum naquela área de Londres alguém ser ameaçado de morte todos os dias.

Borgin estava encolhido contra seu balcão. Vários de seus itens tinham sido jogados no chão, e o chão estava cheio de estilhaços.

A mulher que brandia a varinha para ele ocultava seu rosto com um véu negro, mas que não escondia seu belos olhos, duas pérolas castanho-esverdeadas.

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— Não vou te matar, seu verme – disse ela suavemente. – Mas seu tempo está se esgotando, Borgin. Sua Excelência quer que você coopere. Sabe de quem estou falando?

Borgin engoliu em seco e se encolheu ainda mais.

— É melhor entregar o que ele quer – continuou a mulher -, ou eu voltarei para te matar. Sou Dora Sabah, a Dourada! Dos Enviados do Juízo, sabe? O que você prefere, se esconder feito um verme ou cooperar com Sua Excelência?

A mulher tirou o véu. Seu rosto bronzeado contrastava com as cores da loja. Seu cabelo castanho estava preso, formando um grande rabo-de-cavalo. Se Borgin não estivesse tão amedrontado, poderia tê-la achado uma gracinha.

— C-como queira – gaguejou o vendedor. – Diga ao seu mestre que darei o que ele quer.

— Assim está melhor – disse Dora Sabah, e guardou a varinha. – Mas fique esperto, Borgin. Se tentar enganar Sua Excelência...

Ela deixou a frase no ar, mas Borgin havia entendido a deixa. Ele ficou ali, encolhido, enquanto a moça deixava a loja.

...

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Naquele instante, Thaila e Matt caminhavam pelo Beco Diagonal, fugindo da rotina na Toca. A varinha do pai de Matt estava mais gasta, e ele resolveu comprar uma nova varinha para a futura esposa.

— Pela milésima vez, Matt – ia dizendo Thaila. – Não precisava.

— Você mal ganhou a varinha e já está reclamando? Relaxe, querida. Como eu disse, é minha obrigação de noivo.

Os dois continuaram andando, de mãos dadas. Uma mulher saiu de um canto escondido, como se não quisesse ser vista, arrumando o cabelo. Mas Thaila a reconheceu.

— Olha, Matt. Eu não acredito!

Matt olhou na direção que a noiva indicava. A mulher notou os dois e deu um sorriso.

— Thaila!

— Dora! – exclamou Thaila, e largou a mão de Matt para abraçar a velha amiga. – Há quanto tempo! Lembra dela, Matt?

Matt também a reconheceu e sorriu.

— Ah, claro. Dorea Sabah, ou simplesmente Dora. Seu braço-direito em Hogwarts.

— Como você e o Bill Weasley – disse Dora. – Você não mudou nada, Matt. Nem você, Thaila.

— Mas você está mais bonita, Dora – disse Thaila. – O que tem feito?

— Ah! Eu viajo pelo mundo. Conhecendo outras culturas. Minha família tem muitas posses no Egito. O que eu encontro lá fora, vendo por aqui. Ganho bastante com isso. E gosto de viajar.

— Interessante – disse Matt. – Aliás, se estiver interessada, nós vamos nos casar. Eu e Thaila. Daqui a alguns dias.

— Casar? Vocês? Que esplêndido! – exclamou Dora. – Depois de todos aqueles anos em que vocês dois agiam como crianças... Finalmente resolveram se assumir?

— Na verdade, esse safado aqui vem me enrolando desde que entramos para o Ministério – informou Thaila. – Assim que terminamos Hogwarts. Um namoro e noivado de 11 anos.

— Mas Matt! Eu nunca pensaria que você seria capaz de enrolar Thaila por tanto tempo! – disse Dora, rindo.

— Não é bem assim... – disse Matt, tentando argumentar. – Houve tanta coisa nesses 11 anos... Uma grande guerra, por exemplo.

— Não é desculpa, Matt Stick – disse Thaila, acompanhando o riso de Dora. – Podíamos ter tido um filho. E esse filho já estaria entrando em Hogwarts!

— Enfim, se você for ficar no Caldeirão Furado, Dora... – disse Matt. – Podemos lhe enviar o convite.

— Eu adoraria. Vou ficar esperando. A gente se vê, Thaila, Matt...

Ela se afastou em direção a estalagem. Quando ela já estava longe, Matt puxou o braço de Thaila.

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— Ei, Thaila – disse ele. – Não é por nada, mas reparou na corrente de prata que a Dora está usando?

Thaila estreitou os olhos para ver, e voltou-se para Matt.

— Espere. Você não está sugerindo...

— Não, não é isso – disse Matt. – É uma letra na corrente, não é?

— É.

— Qual letra?

— Hmm... Um L, eu acho.

— L? Mas por que essa letra? O nome dela não começa com L. Nem o sobrenome.

Thaila virou-se para olhar Dora, mas a amiga já tinha entrado no bar.

— É estranho. Sem dúvida, é estranho. Mas, a gente não devia estar indo comprar a minha varinha?

— Tem razão. – Matt, contudo, ainda parecia estranhar a tal corrente de Dora. – Vamos logo.

E eles se afastaram em direção à loja de varinhas.

...

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O Mestre estava cabisbaixo, diante do trono de Excelência. Este estava sentado, contemplando o Mestre.

— Meu senhor. – O nervosismo destoava da voz do Mestre. – Fiquei sinceramente aflito. Por um momento, achei que Vossa Excelência tivesse mandado os três, hã, especiais, para vigiar Potter.

— Eu não sou louco, Mestre – disse Excelência, e o Mestre ergueu a cabeça. – Bom, talvez eu seja louco pelo poder, mas não louco a ponto de cometer loucuras absurdas. Quando eu anunciei que os “especiais” iriam vigiar Potter, estava lhe dando uma pista. Seu Trio Elementar é de fato especial.

— É uma honra ouvir isso, senhor. Tenho orgulho em ter subordinados tão prestativos.

— É, mas eles falharam diante de Stick, Fadden, Hagrid e os Weasley.

O Mestre fez menção de abaixar a cabeça de novo, mas se deteve como se quisesse mostrar atitude.

— O senhor, contudo, não deve se preocupar, Mestre – disse Excelência. – Seus jovens servos terão seu momento de glória. Tenho grandes planos para eles. Até porque, eu jamais mandaria aqueles três a quem o senhor estava se referindo como “especiais”. Eles são mais do que especiais. São meus melhores Guerreiros.

— São, senhor?

— Não, tem razão. Mas serão, futuramente. É por meio deles que nossa irmandade irá crescer e derrotar o Ministério.

— O senhor confia muito neles.

— Eu confio em todos os Guerreiros do Apocalipse, Mestre.

— Até na Dora Sabah?

Excelência riu. Então era isso que o Mestre queria discutir desde o começo.

— Não sei o que você tem contra Dora Sabah, Mestre. Ela será muito útil para nossa ordem.

— Não é o que eu, Pegasus, Seto, Marik e os outros líderes pensamos.

— Um dia, você verá que eu sempre estive certo a respeito da Dora, Mestre. Acredite. Apenas aguarde.

— O senhor disse que confia em todos os membros. Isso inclui Seto, Marik e os Guardiões de Tumbas?

— Claro. Isto é, depois que me tornei capaz de derrotá-los em seu jogo, eu passei a confiar neles.

O Mestre engoliu em seco. Seto e Marik eram dois dos melhores Duelistas dentre os Guardiões de Tumbas. Apenas Pegasus e o próprio Mestre conseguiam fazer frente a eles. Quando Excelência visitou o Egito, pediu inocentemente a Seto que o ensinasse a jogar. Então, o grande líder dos Guerreiros montou seu próprio baralho e derrotou tanto o atormentador Obelisco, de Seto, quanto o Dragão Alado de Rá, de Marik, duas das cartas mais fortes do jogo. O Mestre não havia visto esses duelos, portanto não podia imaginar quais poderes fantásticos o baralho de Excelência possuía.

— Quanto a Dora Sabah, Mestre, acho que tenho de ser honesto com você. Ela me atraiu desde que a conheci. Mas sempre a respeitei. Enxerguei desde o começo a utilidade que ela teria para nós. Ela possui ótimos contatos, e por isso a maioria dos Guerreiros do Apocalipse não confia muito nela.

— Ela é amiga dos aurores Fadden e Stick. Como pode saber que ela não é uma espiã?

— O fato de ela ser uma amiga dos aurores pode fazer com que ela se aproxime de Harry Potter facilmente. Mandei-a em uma missão recente. Precisei que ela persuadisse o Borgin para que ele me desse algo que quero. Ela não faria isso se fosse uma espiã.

— Sei... E o que era esse objeto que o Borgin tinha? – perguntou o Mestre.

— Não é exatamente um objeto. É uma informação codificada. Uma chave que levará nossa irmandade a alcançar o poder infinito.

— Mas senhor...!

— Eu sei, Mestre. É muito poder. O Burke escondia isso em sua loja desde o tempo do meu pai. Deve ter passado as informações ao Borgin e confiado o segredo a ele. E depois que Dora retornou da missão, tive certeza. O Ministério vai cair feito um patinho.

Excelência tirou da capa uma caixa pequena e retangular. Abriu-a e tirou dela um objeto. Ao ver o que era, o queixo do Mestre caiu.

Na mão de Excelência estava uma pequena pirâmide. E em um dos lados havia uma inscrição.

O Mestre se aproximou para averiguar o objeto. Excelência sorriu, sentindo que todas as dúvidas do homem sobre Dora Sabah haviam acabado de se esvair.

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A rotina na Toca estava a mil. Todos se esforçavam para deixar a casa e a tenda onde ocorreria a celebração de maneira impecável. O Sr. e a Sra. Fadden já eram idosos, mas estavam radiantes em ver a filha casada aos 29 anos, e ainda mais com o noivo. O Sr. Fadden contou que sempre admirou o trabalho do Sr. Stick na defesa dos direitos dos bruxos escoceses, que resultaram na construção da filial escocesa do Ministério da Magia britânico, e que lamentou muito sua morte.

Harry, Rony e Hermione tinham vazado a lembrança de Bill e Matt na Penseira a quem se interessasse em saber a história da dupla (e não era pouca gente). Os noivos, porém, levaram na esportiva toda a gozação.

O Buffet estava preparado, os convites foram enviados, os presentes foram entregues. Os padrinhos, Bill e Fleur, estavam radiantes. Matt Stick entrou com a Sra. Weasley, que havia se afeiçoado ao rapaz como a um filho. A celebração seria presidida pelo mesmo bruxo que havia celebrado o casamento de Bill e Fleur e os funerais de Dumbledore.

De terno preto e estiloso, Matt postou-se em frente à mesa do celebrante, perto de Bill. Então, a noiva entrou com o Sr. Fadden. Thaila usava um deslumbrante vestido branco-perolado com uma cauda cinza, e Gina e Gabrielle Delacour foram as damas de honra.

O Sr. Fadden entregou a filha ao futuro marido, e foi juntar-se à esposa, ao lado de Arthur e Molly Weasley, de pé do outro lado da mesa. O celebrante pigarreou e deu início ao casamento.

— Senhoras e senhores! Estamos aqui reunidos para celebrar a união de dois filhos fiéis...

A Sra. Fadden começou a chorar, soluçando. Logo a Sra. Weasley a acompanhava na emoção. Nem mesmo Hagrid agüentou: seus olhos de besouro estavam marejados de lágrimas. Grope, agachado do lado de fora, deu palmadinhas no ombro do irmão.

— Matthew Scott, você aceita Thaila Lopez...?

Hermione desabou a cabeça no ombro de Rony, também chorando. O garoto acariciou, meio sem jeito, a cabeleira castanha da namorada. Harry olhou para Gina, que piscou e deu um rápido aceno.

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—... Então eu os declaro unidos para toda a vida.

O bruxo ergueu a varinha sobre o casal e uma chuva de estrelas os envolveu enquanto eles davam seu primeiro beijo de casados. O presidente da celebração ordenou que todos se levantassem; o casal passou e a pista de dança surgiu no meio da tenda, bem como os garçons e as mesas de coquetéis.

Matt e Thaila valsaram no centro da pista. O trio “Parada Dura” nunca havia visto os dois aurores tão felizes. Logo, o casal Weasley e o casal Fadden lhes fizeram companhia na pista. Em seguida, Bill e Fleur, Jorge e Angelina, Percy com uma garota ruiva que Harry jamais tinha visto, puseram-se na dança.

Rony e Hermione também estavam entrelaçados na pista. Harry deixou-os para trás, e saiu no meio da multidão. Acabara de lhe ocorrer um pensamento.

Havia alguns aurores de prontidão do lado de fora, ao lado de Grope, mas a noite estava tranqüila. Harry passou por Luna, que dançava com as mãos para o alto com o pai; por Neville que valsava com Ana Abbott; por Hagrid, que soluçava de tanto beber vinho. Havia algum tempo, Matt Stick lhe fizera um pedido, e só agora Harry tinha a chance de responder.

Finalmente encontrou a pessoa que procurava, conversando com o Sr. Weasley.

— Gina. Posso falar com você? É rápido.

Gina se despediu do pai e acompanhou Harry até a mesa de coquetéis.

— Sabe, Gina, tenho pensado bastante em nós ultimamente.

— É, eu também.

— Estou falando do nosso, hã, casamento.

Gina riu.

— Ah, Harry! Fala sério. Nós temos 18 anos e você já está pensando em casamento?

— Não é bem isso. Tudo bem, eu me preocupo com você, nesse tempo em que os Guerreiros do Apocalipse estão à solta por aí, mas é outra coisa. – Harry tomou fôlego. – O Matt pediu para celebrar o nosso casamento.

Gina arregalou os olhos.

— Sério?? Eu não consigo imaginar o Matt vestindo a mesma roupa que aquele velho usou no casamento.

— Não, ele frisou que nos casaria de terno mesmo. Mas você topa?

— Claro, mas por que ele quer celebrar o nosso casamento?

Agora foi a vez de Harry rir.

— Ele fez uma aposta com Hagrid. Disse que ia fazer nós dois ficarmos juntos antes de Hagrid fazer seu irmão e Hermione ficarem juntos. Quando eu te dei aquele beijo, depois da partida de quadribol, Matt foi reclamar o prêmio com Hagrid. Mas ele não aceitou. Disse que não foi Matt quem nos juntou. Agora ele está desesperado para ganhar, e planeja cobrar do Hagrid nos casando. Mas ele também disse que se afeiçoou à gente.

— Hm...

— Ah, Gina, vamos. Dá uma chance a ele.

— Por mim, tudo bem. Mas sem pressa. Ainda quero jogar pelas Harpias.

A festa continuou. Matt e Thaila estavam aproveitando o jantar após a valsa, quando Harry, Rony e Hermione vieram falar com eles.

— Ei, Matt – disse Harry. – Sobre a aposta. A Gina concordou.

— Santo Deus, Matt Stick – disse Thaila. – Aquela aposta de novo? Você não se esquece dela nem no nosso casamento?

— É uma questão de honra, querida. Tenho que vencer Hagrid.

— Homens – resmungou Thaila, e voltou a comer.

— Ei, gente – disse Rony. – Quem é aquela garota com o Percy?

— Ah – disse Matt. – Lembram quando o Percy ficava trancado no quarto por mais tempo do que o necessário? Pois é. Ele tem uma namorada... Nova.

Rony abriu um sorriso enorme, como se tivesse recebido um presente de aniversário com seis meses de adiantamento.

— Uau. Preciso contar isso ao Jorge.

— Ela trabalha no Ministério – informou Matt. – No Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. O nome dela é Audrey... Mas não sei o sobrenome dela.

E nesse momento, Percy puxou Audrey para o meio da pista e a envolveu num beijo ardente.

Harry se afastou para pegar uma bebida, quando deu de cara com uma mulher.

Era um pouco bronzeada, e tinha olhos castanho-esverdeados. Harry achou-a familiar.

— Ah! Você deve ser Harry Potter – disse ela. – Sou Dora Sabah. Amiga da Thaila e do Matt também, para todos os efeitos. Sou uma grande fã sua.

— Oi. – Harry soube exatamente de onde a tinha reconhecido: era uma das amigas de Thaila que ele vira na Penseira.

— Se me dá licença, querido, tenho que ir. – Ela pegou a bebida e se afastou. Harry tentou acompanhá-la com o olhar, mas ela se misturou aos convidados. Quando a multidão passou, ela havia sumido.