Eu fui para o lado do corpo quase sem vida e me ajoelhei. Não adiantava mais, era inútil tentar salva-lo. Seu corpo sangrento estava caído no chão, imóvel. Seus olhos reviraram para mim e eu os encarei. Verdes como sempre. Eu me perguntava como uma pessoa cheia de vida como ele poderia morrer assim, apenas ficando imortais no coração das pessoas que as amaram. Virando lembranças.

-Não chore, está bem? - sua voz falhava e suas pálpebras quase se cerravam.

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-Como você pode pedir isso para uma amiga? - falei com as lágrimas debulhando em minhas bochechas.

-Fique calma. - ele encostou a mão fraca em meu joelho que estava sobre a neve, sua pele estava quase chegando a cor de um papel.

-Você gostava dela? - perguntei.-

-Gosto dela, mas infelizmente ela nunca gostou de mim. Ela é bonita não é? - ele perguntou.-

Eu balancei a cabeça em afirmativo, sendo sincera, Renata apenas me dava medo.

O peito de Kahinan ainda se movia, muito devagar. Eu desejava não ter ficado encarando os lobos mortos e ter chegado mais cedo para salva-lo.

-Você vai ganhar, tudo bem?

-Tudo bem. – repeti. Eu não conseguia evitar o choro apesar de não querer que ele me visse fraca daquele modo.

Ele fixou o olhar no céu e falou:

-O céu também é bonito. – sorriu por um momento -

Seu peito parou e seus olhos morreram, se distanciaram dali e me deixaram só. Sozinha como eu sempre fui. Minhas lágrimas eram derramadas involuntariamente e levei meus dedos á seu ferimento na barriga, minhas mãos se coloriram de sangue do cadáver.

No final da vida todos acabamos virando cadáveres, não é?