Regret

Capítulo 05


Regret

Kaline Bogard

Capítulo 05

A vibração do celular acordou Travis. Ele respirou fundo e esticou-se todo para alcançá-lo sem despertar Wes. O loiro dormia sobre seu tórax; a mão esquerda, inclusive, repousava próxima ao rosto, com os dedos pálidos entreabertos criando um contraste fascinante sobre a pele morena de Marks.

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– Pronto – atendeu num tom de voz baixo, ao reconhecer o numero da central – Entendi. Pode deixar que eu aviso o Wes.

E desligou o aparelho.

Tinham entrado em contato apenas para avisar que o homem assassinado pel’O Dentista fora encontrado no sistema. Graças a isso agora tinham a identificação de ambas as vítimas.

Impressionante. Ligar a essa hora da manhã apenas para avisar sobre isso. Em questão de poucas horas estariam na Central e saberiam. Na verdade Travis perdera a conta de quantas vezes uma ligação do trabalho atrapalhara momentos importantes.

Dra. Ryan tinha razão: era preciso separar algumas coisas.

Enquanto pensava isso mal percebeu que movera um braço com cuidado para poder acariciar as costas do amante. Podia senti-lo se arrepiando mesmo adormecido.

Quem diria...

Aquele cabeça-dura tinha muitos pontos sensíveis. E dormia feito uma pedra!

Às vezes queria rir dele por isso, mas sabia que se o fizesse, Wes passaria pra defensiva e daria um jeito de acordar antes, apenas para não dar o braço a torcer. Talvez a espontaneidade das manhãs se perdesse.

Não. Travis não arriscaria aqueles preciosos momentos apenas para fazer uma piada às custas do loiro. Jamais.

Daquela vez não planejava uma manhã de amor. Por isso se permitiu fechar os olhos por mais alguns minutos, até que o despertador os chamasse na hora certa para que fossem até a Central de Polícia.

T&W

Assim que Wes colocou os pés na Roubos e Homicídios as pessoas mais próximas abriram caminho, assustadas com a expressão mortalmente irritada do loiro. Travis vinha logo atrás, assobiando e com as mãos cruzadas atrás da cabeça.

Ninguém se atreveu a falar uma palavra sequer sobre o atraso de ambos. No entanto, tinham certeza que a culpa era do mais alto. Agora, o que ele tinha feito só Wes poderia dizer. Quem seria louco de perguntar? Ninguém. Nem o Capitão Mike, que os cumprimentou e passou direto rumo ao próprio gabinete.

Entrementes Wes tentava maquinar uma boa desculpa. Se alguém perguntasse por que do atraso, o que diria? “Estava aos amassos com Travis na cama”, definitivamente, parecia fora de questão.

Maldito Marks e seu jeito pervertido!

Como se adivinhasse o que ia a mente do amante, o mais alto deu uma risadinha que soou convencida e satisfeita, fato que aumentou a irritação de Wes.

Pisando duro o ex-advogado chegou a própria mesa onde o relatório do caso já esperava por ele. Ainda emburrado abriu a pasta e começou a ler.

– Identificaram o casal – informou a Travis que se sentava na mesa ao lado.

– Eu sei – o moreno deixou escapar e arrependeu-se no mesmo instante.

– Sabe como?

– Ah... a central me ligou avisando. Esqueci de te falar.

– Esqueceu... esqueceu de me falar?! Travis, você não pode guardar fatos do caso apenas pra você. Isso é importante!

– Não vai acontecer de novo. Prometo.

– Droga – o loiro resmungou e voltou a ler o relatório – Devia pedir desculpas.

– Pedir desculpas? – Marks também emburrou – Já disse que não vai acontecer de novo. Por que eu pediria desculpas?

– Por que você errou. Me ocultou informações importantes do...

– Não ocultei nada, Wes. Pare de histeria. Só esqueci. Você nunca esqueceu de nada?

– Que tivesse relação com um caso importante de assassinatos? Deixe-me pensar. Não! – puxou o caderninho de notas do bolso – Eu anoto tudo aqui. Devia fazer o mesmo.

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Travis rolou os olhos.

– Termina de ler isso logo ou me dá.

– Não. Eu leio – Wes voltou a se concentrar no relatório e absorveu-se tanto na leitura que perdeu a forma divertida com que era observado. Travis adorava provocá-lo e tirar as reações irritadas. Não escondera a informação de propósito, claro. Era meio distraído e, pra falar a verdade, aquela rapidinha que deram de manhã tinha tirado qualquer outra informação de sua mente. Quem o culparia? Apenas Wes, lógico.

– Se continuar assim vai babar! – Amy passou rindo da expressão avoada de Travis.

O moreno sorriu torto e rebateu com outra piadinha.

– Só se for de sono. Esse cara é muito lerdo na leitura!

A loira continuou seu caminho rindo. Ela se dava bem com a parceira, não compreendia por que Travis e Wes não conseguiam entrar num acordo. Se conseguissem trabalhar realmente juntos seriam os melhores detetives não apenas do estado. Quem sabe a terapia não os ajudasse pra valer?

– As vitimas dessa vez foram Walter e Elisa Monroe – Wes falou pensativo, tendo ignorado o que acontecera a sua volta – Tinham quarenta e três e quarenta e um anos. Ele estava no sistema por participar da revolta contra a prefeitura no ano passado. Foi condenado a seis meses de trabalho voluntário.

– Um ativista?

– A ficha diz repórter freelancer. Especialista em cobertura de matérias internacionais.

– Isso explica a falta de informações na Desaparecidos – Travis colocou a mão sobre o queixo de forma pensativa – Se eles viajam muito os vizinhos não dariam por falta tão cedo.

– Faz sentido. Elisa não tem passagem, só consta no sistema como a responsável que pagou a fiança para que Walter esperasse o processo em liberdade.

– Perfeito. O que eles têm em comum com os outros casais?

– São caucasianos, meia idade...

– Isso é o óbvio, Wes. Me referia ao que ainda não percebemos e os liga aos outros. Está passando algo importante. Mas o quê?

Mitchell passou a pasta para Travis, para que seu parceiro pudesse ver as fotos das vítimas.

– Ninguém descobriu até agora. Depende de nós resolvermos esse caso – o loiro afundou-se na cadeira. Não seria nada simples na verdade.

– Vamos a casa deles antes de qualquer coisa, investigar cada centímetro antes que a equipe de Will bagunce tudo.

– E depois recuperamos os arquivos das vitimas antigas. Eles devem estar no arquivo morto. Talvez repassar tudo seja bom. Podemos ter um olhar que os outros detetives não tiveram.

Marks balançou a cabeça concordando.

– Pelo menos o capitão está segurando as pontas com a imprensa pra gente. Esses abutres não dão um tempo!

– E agora tem dois a menos no mundo – Wes se referia ao casal assassinado.

Travis olhou para o loiro e depois para as fotos novamente. Por mais que detestasse repórteres, não desejava que fossem cruelmente assassinados por um serial killer.

Tinham que resolver aquele caso, e colocar o criminoso atrás das grades.

Continua