- E a mancha? - me aproximei de Seth, que jogava no celular. Já disse o quanto odeio isso?

Me encarou por alguns segundos e pôs o celular no bolso.

- Ela não viu. Ontem subiu direto e hoje de manhã o Trevor ficou no sofá até ela sair. Ganhou dois dias a mais por sair tarde de casa, mas isso deve ser menos pior do que ele ganharia caso ela tivesse visto.

Assenti. Não queria falar sobre o plano, mas era a única coisa que me vinha em mente.

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- E a Amy?

- Parece bem - olhei para onde seus olhos haviam se voltado a segundos atrás e encarei Amy, que conversava animadamente com mais duas garotas. Ela parece bem, é.

- Vai falar com ela - lhe dei um leve empurrão.

- Não! Ontem eu fui ridículo, não vou piorar a situação. Não acho que ela se importe, e é melhor eu me afastar.

Girei os olhos.

- Por que precisa ser tão burro?! - enfiei a mão em seu bolso e peguei o celular - Vai ter que se resolver com ela se quiser isso de volta.

- E quem disse que eu preciso do celular? - sorriu convencido, como se tivesse acabado de fazer algo incrível. Pobre e inocente criança.

Balancei o telefone nas mãos e desbloqueei - ou quase isso -, deixando a tela com "Código incorreto, tentar novamente".

- Não vai saber - deu d eombros.

- Cuidado, Seth, se pensar muito na senha eu posso descobrir.

- Sei que não posso ler pensamentos - estrago o sorriso idiota agora ou mais tarde?

- Seria uma ótima hora para aprender.

Me ignorou, mas continuou me encarando. Não deve ser tão difícil ler pensamentos. Né?

Foquei minha atenção em seus olhos - verdes ou azuis? - e tentei captar algo. Nada. Era óbvio que se divertia com a situação, e não era preciso ser um cupido para saber disso. O sorriso cínico em seus lábios deixava claro.

O telefone vibrou em minha mão ainda erguida com a tela para ele, quase fazendo com que eu soltasse. Encarei o visor e sorri.

- E aí, Miller, não vai querer atender a mamãe? - arregalou os olhos.

- Me dá isso, Jess, é sério.

- Eu até pensaria no seu caso, se você não tivesse me chamado de Jess. Caralho, quantas vezes vou ter que dizer que é Jéssica?! - olhei para Amy, do outro lado do gramado - Anda, vai falar com ela, eu me viro com sua mãe. Ela ainda pensa que estamos saindo, sabe como é - forçou a mandíbula.

- Tá, eu vou falar com ela! Mas me devolve o celular - esticou o braço com a mão aberta.

- Só depois de terem se acertado - sorri abertamente e idiquei Amy com a cabeça.

Bufou e seguiu até elas, me deixando com seu celular, que ainda tocava. Caramba, ela não desiste?

- Alô? - disse baixo.

- Seth? Quem está falando? Onde está meu filho? - segurei uma risada.

- Sra. Miller, sou eu, Jessica...

- Ah, oi, Jessica! - a mudança em sua voz era notável - Está com o Seth?

- É. Ele foi ao banheiro, quer que peça para ligar de volta?

- Por favor - silêncio - Ah, e diga à ele que é para ir direto para casa depois das aulas!

- Tudo bem, eu aviso. Era só isso?

- Sim, e não deixe que ele esqueça de me ligar. Obrigado, Jessica - de nada, sogrinha.

Encerrei a chamada e me sentei no banco mais próximo, tendo que virar de lado para observar Seth e Amy.

Ela assentia conforme ele movimentava a boca e não parecia irritada com ele, até por quê, se fosse o caso, não teria rido e dado um beijo na bochecha dele.

- Meu celular, por favor - Seth se sentou ao meu lado e estendeu a mão.

- Sua mãe disse que é pra ir direto pra casa - joguei o aparelho para ele.

- Só isso?

- Talvez, eu posso ter esquecido - sorri - Se acertaram?

- É. Agora me diz o resto.

- Liga pra ela, só isso - acentiu e se afastou.

Era estranho que tivessem se acertado do jeito que eu queria tão rapidamente. Na verdade, era impossível.

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