Trevor abriu a porta e sorriu de lado.

– Oi, baixinha.

Com seu metro e oitenta, a cabeleira loura rebelde e os olhos verdes brilhantes, ele é o que a maioria das garotas chama de lindo, gato, gostoso e blablablá. Mas isso não lhe dava o direito de me chamar de baixinha só por causa dos meus 1, 59m. Não mesmo.

– O Seth já chegou? - bufei.

– Entra aí - disse me dando espaço para passar.

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Passei por ele ajeitando a mochila no ombro e subi as escadas quando a indicou com a cabeça. Observei-o ir para a cozinha e desligar o fogão rapidamente, soltando um palavrão em seguida. Pelo jeito não sabia cozinhar.

– Caralho, Trev... Jess? - Seth se abaixou para pegar os livros que caíram quando se esbarrou em mim.

– Jessica - corrigi. - Mas sou eu, sim sorri amigavelmente, o que era meio passo para a desconfiança de alguém. Eu? Sorrir amigavelmente? Não...

– Por que está aqui? - ajeitou os livros no braço e os colocou no corrimão de madeira ao nosso lado. - Pensei que o próximo passo fosse a festa.

– É - dei de ombros e dei dois passos na direção de seu quarto. - Mas, pelo que sei de você, nunca foi à uma festa assim.

– É - repetiu. - Mas sempre fico em casa quando meu irmão dá as festas dele. Sei mais ou menos como é.

– Ninguém aprende nada trancado em um quarto - abri a porta e o puxei. - se não tiver uma ajuda.

Certo, aquilo parecia demais até pra mim. Jogar o garoto no quarto falando desse jeito faria outra pessoa ter uma impressão completamente diferente da que eu queria. O que Trevor pensava de nós realmente não me importava. Um irmão mais velho pensaria, sim, que tem algo entre nós, andando pra lá e pra cá juntos, sendo que o mais novo nunca fala com ninguém. Mas Trevor sabe como Seth é. Ou eu espero que sim.

– Duvido que possa me ajudar - Seth se jogou de barriga para cima na cama. - Você também não é o que podemos chamar de Rainha da Popularidade e não parece ir em muitas festas.

– É, mas eu sou um cupido, tenho pontos à meu favor. Agora cala a boca e vê se me escuta, por favor?

Girou os olhos e fez um movimento com a mão para que eu continuasse. O problema é que eu não sabia como continuar. No máximo teria que ensiná-lo a dançar, mas era uma festa, não um baile. 90% das pessoas não sabem dançar e só ficam pulando, esse não seria o maior problema dele. Mas eu não sabia como ajudá-lo a falar com Amy. Eu nem sequer tinha chegado nesse ponto em outras missões.

– Não vai falar nada? - perguntou e riu fraco.

Shiii, me deixa pensar! - me sentei na ponta da cama. - Sabe usar uma escuta?

– O quê?

– Uma escuta, idiota. Aquela coisa que se coloca no ouvido pra escutar o que a outra pessoa diz de outro lugar.

– Eu sei o que é uma escuta - girou os olhos. - só quero saber o que vai fazer com isso.

– Simples. Você vai usar e eu vou falar tudo o que é preciso para conquistar uma garota - sorri abertamente. - Ou o que os filmes que eu vi ontem dizem, que seja.

– E como vai conseguir uma? Ah, deixa. Vai falar e eu vou repetir?

– Basicamente.

Materializei uma escuta e a girei no dedos. Era pequena, discreta e não parecia muito difícil de usar.

– Sua vez de ajudar, nerd. Como ligamos? - joguei-lhe as peças e em menos de um minuto ela já as testava. É, era simples. Ele usaria aquela coisa parecida com uma bola no ouvido e eu o microfone que prenderia na roupa. Ele escutaria tudo o que eu dissesse se aquela outra coisa na bola estivesse pra baixo. - Hm, bom. Te vejo na festa amanhã.