Capítulo 29 – Liar.

POV Cato.

Está bem, está bem. Parece que tudo em minha volta está cooperando para eu me manter desconcentrado.

Abro o zíper da barraca e saio, fechando o mesmo. Olho ao redor, Marvel está fazendo guarda há poucos metros, rodando o local da floresta.

Aperto meu casaco contra o corpo e ando pelo nosso acampamento.

Pego uma espada e a guardo num cinto improvisado de minha calça e sento-me numa rocha de grande porte, apoiando minha cabeça entre as mãos. Daqui a pouco tempo será minha vez de supervisar nosso acampamento e logo sairemos para a caça de tributos.

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Aproveito o tempo que tenho esperando para pensar.

Se eu ganhasse os Jogos, como seria minha vida? Como seria quando eu regressasse, trazendo honra ao meu Distrito? Não seria o mesmo do que antes. Eu não teria ela. Eu passaria o dia sendo paparicado pelas pessoas que não conheço, ou as que conheço porém não ligo sua existência. Mas nunca mais a veria lançando suas facas no treino, ou com aquele seu sorriso sarcástico.

Se ela voltasse, seria bom. Ela estaria com sua família, ganharia mais amigos. Ela tem mais vida pela frente do que eu, tem que ter.

Sabe, eu quero neste instante que ela morra, mas que sobreviva.

Ela está guardando segredos de mim! Desde quando Clove faz isso? Desde quando aquela garota escondeu algo de mim?

E então é aí que percebo.

Sempre.

Sempre, sempre! Isso estava tão na cara! Sempre ela escondeu algo! Sempre ficou de segredos! Como aquela vez que Clove não quis me contar o que acontecia com ela e os alunos do treinamento e da escola, ou por que ela estava sempre com olheiras, ou cansada, e também quando aqueles ferimentos surg... Argh!

Quer saber? Que ela se dane! Estou pouco ligando para o que ela faz ou deixa de fazer. Se é assim, que seja.

Ouço um choro baixo de meu refúgio, mas ignoro. Chore, vai.

─Cato, sua vez de patrulhar. Vou dormir, depois chame o Alan para ajudar.

Marvel entra em sua barraca e se joga na mesma, já roncando.

Levanto-me da rocha e começo a caminhar entre as árvores, apenas a luz da Lua iluminando. Será que também está de noite em meu Distrito?

Isso não importa. Na verdade, nada importa. É sempre assim, não? Sempre foi assim? Desde quando eu sou tão idiota?

Desde sempre.

COMO EU ODEIO ESSA PALAVRA!

E EU NÃO SOU IDIOTA!

Jesus, preciso tomar remédios. Olhe só para mim, brigando comigo mesmo, sendo um completo retardado. Cara, relacionamentos são tolos, e é por isso que nunca quis nada a sério. Não vou iniciar com o papo de novo de “ai, acho que não amo a Clove”, isso é mentira, e me sinto afeminado falando assim.

Isso esta começando a se tornar repetitivo. Meus pensamentos iniciam-se assim: oh, eu a amo, linda, sexy, habilidosa; eu a odeio, espero que ela morra; aaaiii, mas eu a amo tantoo!

Isso foi um cosplay zoado, por favor.

Esgueiro-me numa árvore, esperando algo bom acontecer. Sinto pontadas em minha cabeça, geladas e dolorosas, como se meu corpo pegasse fogo e flocos de neves caíssem por cima.

Olho repentinamente para minha mão.

Uma lagarta pelfuda, grande e vermelha, se arrastava por minha pele.

E é então que meus olhos reviram-se enquanto minhas pernas bambeiam, fazendo com que eu desabe no chão.

Eu jurava que havia soado um canhão.