Tom - parte 10

As duas voltaram assim que o professor colocou as coisas em sua mesa. Sorri para Claire, e ela sorriu de volta sentando-se do meu lado. Imaginei se ela havia falado de mim com a amiga, e se sim, o que ela havia falado.

O professor começou a falar lá na frente e Claire foi repetindo baixinho para mim, em italiano.

-Então, algum de vocês pode me dizer alguns exemplos de objetos que flutuam na água, mesmo sendo mais densos que ela? – ela sussurrou. O italiano dela parecia ficar cada vez melhor, mesmo que com um pouco de sotaque inglês.

-Enxofre. -Falou um garoto que estava sentado nas primeira fileira. Imaginei se era um daqueles cdfs que tinham 10 em todas as matérias no boletim. Devia ser.

-Muito bom. Mais algum? -Perguntou novamente.

-Ahn, needles? – a menina lá da frente respondeu e eu não pude me segurar e comecei a rir. Olhei para o lado, Claire estava rindo também. Obviamente a piada só tinha graça pra nós. Nem consegui perguntar a ela o que needles significava.

-Pode me dizer qual é a piada, senhorita Damonn? -Perguntou o professor, seco. Ferrou.

-Nenhuma, senhor. -Ela se desculpou. -Sinto muito.

-Eu avisei a última vez na semana passada. Eu sinto muito, mas queira por favor se retirar da sala, senhorita Damonn. -Ele falou, com um sorrisinho desdenhoso no rosto. A garota se levantou bufando e saiu da sala sem falar nada.

-Ei, como isso faz sentido? –Perguntei, com um pouco de medo de estar falando errado.

-Como o que? -Perguntou o professor.

-Ela foi expulsa de sala por estar rindo? -Indaguei novamente, devagar. -Isso é ridicolo, -falei a última palavra em italiano, porque eu não sabia mesmo -e não faz sentido nenhum!

Ele falou alguma coisa que eu não entendi muito bem. Era rápido demais pra eu acompanhar. Qual o problema das pessoas em falar tão rápido assim? Não dá tempo de traduzir. Mas ele estava claramente irritado comigo, a julgar pelo tom de voz

-E você é novo, então não vou fazer nada. É só ficar quieto, senhor...

-Watterson. -Eu falei.

-Então, Senhor Watterson, volte para o seu lugar. – ele me olhou com desdém –Não quero ouvir nem mais um piu aqui. -Ele virou pro quadro e eu respirei fundo. Aquilo não fazia sentido nenhum. Não ia deixar isso por qualquer coisa. Olhei para o lado, e a amiga da Claire fazia que não com a cabeça. Dane-se. Odeio física mesmo.

-Piu. -Eu falei, e arranquei risadas de metade da sala. Ele virou pra mim.

-Senhor Watter, fora da minha sala, AGORA! -Ele exclamou, vermelho de raiva. Isso até eu entendi. Me levantei e sai da sala apressado. Claire estava na metade do corredor.

-Claire, espera! -Exclamei, e ela se virou, me olhando surpresa.

-Que você ta fazendo aqui? -Perguntou ela.

-Fui expulso da sala. -Falei, rindo.

-Mas... por que?

-Achei ridículo ele te tirar por que você tava rindo. -Eu disse. -Aí desafiei ele. Odeio física mesmo. -Dei de ombros. Ela deu um meio sorriso.

-Não devia ter feito isso.

-Tem certeza? -Perguntei, sorrindo torto pra garota. -Me prefere lá do que aqui?

-Não sei... -Ela falou, já sorrindo torto pra mim também. Cheguei perto dela, com os meus lábios quase tocando os dela.

-Me prefere lá, é? -Perguntei, sorrindo torto.

-... -Ela demorou um pouquinho. -Nem pensar. -Eu sorri também e...

-VOCÊS DOIS! -Gritou alguém do outro lado do corredor. Eu bufei e me separei dela. Mais uma vez por alguns segundos. Acho que alguém lá em cima não queria que nossas bocas se tocassem.