Tinúviel

Capítulo 23 - Saviour


Com um último golpe mortal, Stannis derrotou seu oponente e se virou. Um corpo caía de seu alto e imponente cavalo logo à frente, e do outro lado, sobre a relva amacetada pela guerra, jazia a cabeça de seu irmão Joffrey, seu elmo partido e inutilizado.

Um cavaleiro em uma armadura com respingos de sangue segurava sua espada também ensanguentada. Apenas seus olhos azuis estavam visíveis através do elmo. Olhos que brilhavam com surpresa, fúria e cansaço. Todos os guerreiros - inimigos ou amigos - pararam. As forças de Joffrey recuaram, assustados e perdidos, até fugirem totalmente - não havia mais nada para conquistar lá, uma vez que o único motivo pelo qual lutavam era a ganancia de Joffrey, o rei morto que controlava seu reino por ganancia, inflingindo medo e ódio ao invés de respeito e adoração. Os que insistiram em ficar por motivos desconhecidos logo foram abatidos. Stannis parecia completamente surpreso. Logo entendeu o que acontecera.

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- Você salvou minha vida. - Disse para o cavaleiro, respirando ofegante. - E todo o meu reino. - Completou, a voz ainda rouca retumbando com alívio e agradecimento pelo ato do cavaleiro desconhecido que não se parecia com nenhum dos seus, nem dos de seu irmão falecido. - O agradeço, é algo corajoso de se fazer. Agora, tire o elmo. Quero reconhecê-lo.

O cavaleiro obedeceu, retirando seu elmo. Um rosto cansado, de olhos azuis e elétricos e cabelos loiros agora completamente desgrenhados surgiu. Surpresa, Reyna deixou sua adaga cair, a lâmina tilintando suavemente ao cair na relva.

- Jason! - Para ela foi como um sussurro, mas estava certa que tinha gritado. Logo conseguiu tomar consciência do mundo normalmente, voltando a escutar tudo com clareza.

- Você o conhece, Reyna? - Stannis perguntou, ainda mais surpresa estampando seu semblante. Reyna assentiu. Jason encontrou Heidor, o guardião agora cansado e ferido, sem o elmo, sorrindo para ele na multidão de guerreiros. - Como?

- Ele é um camponês. - Reyna respondeu. - E... bem... - Engoliu em seco, se calando. Não sabia o que dizer, nem se deveria dizer algo ou revelar a verdade.

- O amante dela. - Uma voz masculina falou. Octavian. Por uma estranha razão, não havia ódio em sua voz. Não havia real emoção identificável, se não um leve respeito, e talvez, no fundo, uma certa inveja. - Mas não puna nenhum dos dois, pai. Jason é um homem de verdade, e ele merece o amor de Reyna mais do que eu. Talvez qualquer pessoa nesse reino inteiro mereça o amor de Reyna mais do que eu.

Reyna ficou surpresa. Nunca esperara ouvir isso de Octavian - nunca esperara vê-lo engolindo o orgulho, muito menos diante de todo seu reino.

- Explicarei melhor mais tarde. - Octavian disse, notando vários rostos confusos o encarando, inclusive o de Jason. Seu próprio rosto não mostrava emoção, nem mesmo muito cansaço, uma vez que havia lutado apenas por auto-defesa na retaguarda.

Stannis concordou.

- Foi uma longa batalha hoje, e talvez a mais rápida que enfrentamos e enfrentaremos. - Falou, se voltando para todos, sua voz novamente transmitindo a sabedoria e comando acalmador e certo do rei que ele era. - Cuidemos dos feridos. Oremos e nos lamentemos pelos que caíram nas garras da morte. Reconstruamos o que os inimigos destruíram. Mas, por hoje, principalmente descansemos. E você, meu jovem - Ele colocou uma mão no ombro de Jason. - Venha comigo. E você também, Reyna. Há muito a decidir.

--x--

Jason não estava com medo, mesmo não sabendo o que esperar. Sabia que Stannis era justo e sábio, então, teria de confiar e ouvir o que ele tivesse a dizer.

Na sala de tribunal, muito foi discutido por longas horas sem que ele e Reyna dessem um pio, até Stannis se dirigir a ele.

- De que recompensa gostaria? - O rei indagou, surpreendendo e ultrapassando qualquer expectativa de Jason. - Hoje você foi um herói, e poucos se arriscariam a matar um rei, não importa o quão cruel ele seja e o perigo que ele representa. Confesso que peno por meu irmão, mas foi o melhor a se fazer. Gostaria de ouro? Um grande título?

Jason meneou a cabeça em um ato humilde e honesto. Não necessitava nenhuma daquelas riquezas, desde que tivesse um lar onde morar e, o desejo mais fundo de seu coração, Reyna ao seu lado.

- Agradeço as ofertas, mas apenas uma vida estável estaria ótima, senhor. - Ele olhou de soslaio para Reyna após uma meia-reverência ao rei. Obviamente queria uma vida estável com ela, mas não se arriscaria a dizer isso em voz alta.

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- Não se preocupe. - Stannis riu, reconhecendo o significado do olhar quase imperceptível do camponês. - Apesar do erro que cometi anteriormente aceitando seu matrimônio com meu filho, Reyna já é sua por direito... se ela aceitar, é claro.

- É claro! - Reyna corou. Falara aquilo mais alto e mais depressa do que gostaria, mas ninguém, com excessão de algumas pessoas que veementemente apoiavam a união entre ela e Octavian (sua mãe, por exemplo), pareceu se importar.

- De qualquer forma - Stannis continuou -, você merece um título. Terá seu próprio castelo para viver com Reyna. Será um nobre. Um cavaleiro. Um guardião, talvez? Não são títulos muitos altos, e você claramente não quer um, e lhe permitem honrar o reino e ao mesmo tempo não precisar passar todo o tempo ocupado e neste castelo.

- Ser um guardião estaria ótimo. - Jason falou modestamente, lançando um rápido olhar para Heidor, que também se sentava em uma das cadeiras na longa extensão da mesa. Stannis sorriu.

- Excelente. - Disse. - Amanhã resolveremos isso com mais detalhes e procederemos com o necessário. Agora, descansem, cuidem de seus ferimentos e fiquem juntos.

Jason e Reyna se levantaram, agradeceram e, fazendo uma reverência, se retiraram. Mas antes, Stannis o chamou.

- Namarie, Luthien e Beren. - Falou, rindo divertido. Jason não entendeu, mas Reyna sorriu.

- Namarie.

Jason logo descobriria o que aquilo significava. Estavam, de certa forma, refazendo uma das histórias contadas pelos bardos. Só que dessa vez, ela teria um final feliz.