Tinúviel

Capítulo 20 - Humanity vs Cruelty


Os guardiões - que aparentemente chamavam Greyon e Darrow - pareceram relutantes.

- Por que deveríamos? - Darrow perguntou.

- Porque, talvez tenham-se esquecido, mas lady Bellona colocou Reyna exclusivamente sobre meus cuidados. - O homem respondeu.

- E este camponês? - Greyon indagou rispidamente.

- Eu cuido dele. - O homem aproximou-se de Jason e desmontou-o do cavalo de Greyon, afrouxando discretamente o nó em suas mãos. - Agora, voltem para os postos de vocês e mantenham os olhos longe do que agora é problema meu.

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Greyon e Darrow obedeceram. O homem virou-se para Reyna.

- É melhor ir para o seu quarto. Octavian a está esperando, mas se ele te machucar, me chame. Aquele principezinho está me dando nos nervos.

Reyna assentiu, agradeceu e logo sumiu de vista.

O homem guiou Jason - agora com a boca libertada - até um lugar nas profundezas do castelo. Apenas uma tocha iluminava o local, que era extenso, então as chamas não eram de grande ajuda. Jason foi deixado em um canto próximo à tocha, com as mãos livres.

- Ficará aquecido aí. - O homem lhe disse. - Ou tão aquecido como pode ficar. Sinto por não poder levá-lo lá para cima, mas talvez lá fosse mais perigoso do que aqui para você. Não se preocupe. Irá ser bem alimentado e tentarei impedir qualquer outra pessoa sem ser eu ou Reyna de vê-lo. - Ele se virou para deixar o local.

- Obrigado, senhor. - Jason falou. - Se me permite perguntar... quem é você?

- Sou Heidor. - O homem respondeu. - E fico feliz em saber que cuidou bem da pequena rouxinol.

--x--

Reyna entrou no quarto, temendo o que Octavian diria. Sentia mais gratidão por Heidor do que nunca. Sabia que Jason ficaria seguro - aquilo era consolador.

Octavian a encarou, raivoso.

- Então era esse seu estúpido amante? - Ele explodiu.

- Olá também, Vossa Alteza. - Reyna inclinou-se em uma reverência zombeteira, sem expressão.

- Um mero camponês? - Octavian continuou, ignorando-a. - Quem poderia lhe prometer que ele não era um ladrão ou algo assim? Talvez eu pudesse compreender um nobre. Agora sim, quando esse imundo bastardo nascer, você não colocará as mãos nele.

O rosto de Reyna ganhou uma expressão. Raiva e tristeza transpassavam seus olhos.

- Você não precisará se dar ao trabalho de tirar meu filho de mim, Octavian. - Respondeu secamente. - O destino já o fez. Espero que esteja feliz agora.

Desta vez, foi o rosto de Octavian que mudou. Um relance de culpa foi visto em seus olhos. Sua postura sempre imponente pareceu perder-se. O primeiro traço humano que Reyna vira nele. Era como se, de repente, ele notasse o sofrimento que causava a ela. Porque seu pai o havia criado da melhor forma possível, sem deixá-lo na mão de seus vassalos, estando presente em todos os momentos - o que muitas vezes ocupava tempo que ele poderia estar gastando em compromissos importantes e em grandes conquistas - e repentinamente ele havia desejado a morte de uma criança inocente que nem havia nascido, porque significava que alguém tivera a coragem de desafiá-lo. E ele sentia amor por Reyna ou qualquer tipo de afeto ou ela apenas representava uma conquista para ele? O quão desumano estava sendo seu comportamento?

- Saia daqui. - Octavian ordenou. Se sentia imundo demais para ficar na presença de outra pessoa.

- O quê? - Reyna sussurrou, assustada pelo repentino comportamento de Octavian.

- SAIA! - Octavian gritou. Reyna não mais questionou; apenas se retirou.

Octavian se sentou sobre a cama, a cabeça entre as mãos. Já fazia um tempo que se perguntava se o que estava fazendo era certo ou errado, e sabia a resposta, mesmo não querendo admitir. A raiva transpassava qualquer dúvida que pudesse apresentar - tais dúvidas tão grandes que apresentavam um mortífero peso em sua consciência -, todavia não agora. Reyna também havia errado, mas isso não deveria consolá-lo. E pensar que em um momento desejara colocar Reyna na mão de Joffrey para se livrar da guerra e da morte... quanta humanidade restara em si mesmo?

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--x--

Três dias se passaram. O reino estava inquieto. O exército de Joffrey já os cercava a dias, sem dúvidas estudando a melhor maneira de ataque. Stannis esperava ansiosamente, segurando sua espada. Sabia o que esperar. Seu reino tinha suprimentos o suficiente para resistir a um cerco de longa duração, porém, quando mais longo fosse tal cerco, mais a vida de seu povo seria arriscada. Aquilo era algo que ele evitaria, mesmo que o preço a pagar pela segurança e mantimento de seu reino fosse sua própria vida. Há muito já não temia a morte, uma vez que tinha algo pelo que lutar.

Cornetas soaram. Cascos e metal foram ouvidos. A real guerra estava prestes a começar.