Falcem Thanatos
Por favor, não pule
E ele estava sozinho novamente.
Parecia que, quanto menos ele queria ficar sozinho, mais sozinho ele estava. Mas ali de cima a situação parecia muito, mas muito pior.
“Aqui seria um bom lugar para se gravar um clipe”, pensou Dylan, olhando para as luzes da rua abaixo de si. Sentiu-se muito tentado naquele momento, mas ainda travava um conflito interno se devia pular ou não.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!O problema era que não seria lá muito discreto.
Dylan estava no telhado daquele alto edifício, próximo à beirada. O vento frio que batia ali em cima, que bagunçava seus cabelos e que fazia sua camisa “inflar” parecia o Sopro de Deus, o empurrando para longe; impedindo-o de cair. Dylan suspirou.
Para sua religião, o suicídio era algo errado. Ele iria parar no inferno, onde seria transformado em árvore e mutilado por terríveis harpias. Mas para ele, aquela conversa era uma grande bobagem; o inferno, para Dylan, era apenas um estado de espírito, quando alguém se encontra longe de Deus. O lugar onde os demônios te machucam, te perfuram; aquilo era apenas um invenção de sua religião, que usou esse folclore para assustar e controlar as pobres mentes fracas da Idade Média...
Mas a questão era: isso era errado para ele? Dylan suspirou novamente e surpreendeu a si mesmo quando se notou recuando daquela beirada. Com certeza, o dia de as morte chegaria, mas o destino não queria que fosse hoje.
“Destino?”, Dylan pensou “Foda-se o Destino!”. O Destino não fora justo com os outros ao redor dele. Por que, logo agora, que Dylan ia fazer o que ele queria, ele ia deixar o Destino mandar nele? Ele pegou distância, e, quando já estava longe o suficiente, ele correu em direção à beirada no prédio novamente.
Então ele pulou.
Era uma sensação de liberdade... Tanta liberdade! Seu coração batia depressa; a adrenalina se espalhava por suas veias. A gravidade o atraía para baixo, cada vez mais rápido. Ele se surpreendeu quando se viu pensando em física. Queda, com a resistência do ar, força peso, cinética... Dylan começou a calcular, mas o venta fazendo o seu cabelo chicotear contra seu rosto o distraiu.
Ele viu o chão ficar cada vez mais e mais próximo, mas não ficou assustado. Ele só queria aproveitar cada segundo daquela sensação... Daquela liberdade... Sorriu enquanto a gravidade o puxava cada vez mais para baixo.
— Victoria... — ele disse.
Fale com o autor