Na manhã seguinte, tudo o que eu fiz foi ignorar Emily. Evitei seu olhar e qualquer tipo de interação. Afinal, qualquer interação que ela tivesse comigo me deixaria irritada. Eu não queria que ela se aproximasse de mim, mas não sabia a razão disso.
Eric me perguntara o motivo de meu comportamento estranho. Ele dissera que eu estava quieta, não tão extrovertida quanto antes.
Eu, extrovertida? Essa é uma pessoa que me conhece muito bem.
- Só estou com sono - eu dissera. Ele concordou com a cabeça, parecendo pensativo.
- Eu soube que você foi na casa da menina nova bonitinha ontem - ele disse, tentando disfarçar um sorriso.
- Fui. Fomos fazer o trabalho de biologia. Por que? Já está interessado nela? Você nem falou com a garota. E, acredite, se você falasse com ela ia desistir imediatamente.
Eric revirou os olhos.
- Fale de mim pra ela e eu prometo que não te peço mais nada. Por favor.
- Tudo bem, eu faço isso. - eu suspirei
Eric sorriu e nos separamos para ir para a aula.
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- Mel - Emily me chamou, me assustando. Ela escolheu me chamar de Mel em algum momento - Tudo bem com você? Por que você saiu correndo da minha casa ontem?
Hesitei. Emily sempre me fazia hesitar.
- Eu tinha um compromisso. Me lembrei de ultima hora. Desculpe. - Eu nunca me desculpava.
Emily me atingiu com seu sorriso, antes irritante, agora insuportável.
- Podemos ir novamente hoje. Ainda temos que acabar o trabalho, você sabe. Depois da escola?
- Tudo bem - Respondi, corando com a possibilidade de estar sozinha em um quarto com ela. De novo.
Emily me deixava nervosa demais.
Ela piscou para mim e começou a dar meia-volta em direção à sala de aula, me deixando parada no corredor.
As próximas horas passaram rápido demais, para minha infelicidade. Eu deveria ter recusado. Por que eu não propus que fôssemos à bilbioteca? Droga.
Assim que acabou a aula, Emily me deu carona até sua casa. Ficamos caladas o caminho inteiro, provavelmente porque ela percebera a minha pouca vontade de conversar. Quando chegamos em sua casa, ela não se manifestou para pegar o livro, muito menos conversar comigo sobre o trabalho.
- Emily - eu disse com um suspiro - estamos aqui para acabar a droga do trabalho. Vamos nos livrar disso para que eu possa ir embora.
Ela baixou a cabeça, com um olhar triste. Depois, levantou-a e me olhou nos olhos. Eu queria mandá-la parar, mas alguma coisa em seus olhos me atraía, eu não sabia ao certo o que. Fazia com que eu não quisesse desviar o olhar.
Quando me dei conta, sua boca já estava pressionada contra a minha. Fechei os olhos enquanto sentia o meu coração quase explodir em meu peito, com a velocidade que batia. Senti a mão de Emily deslizando sobre a minha coxa e, imediatamente, senti calafrios. Depois dos nove segundos mais longos da minha vida, nossos lábios se separaram.
Emily sorriu, e eu senti que estava corando exageradamente. Meu coração ainda estava disparado, minhas pernas e mãos ainda estavam trêmulas. Eu ainda me sentia totalmente perdida e indefesa.
Fugi. Dessa vez não precisei inventar uma desculpa ou algo do tipo, porque deixei a casa de Emily sem dizer uma palavra.

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