O Amor Em Preto E Branco

Ninguém me entende


Sai do bar e fui andando de volta para casa, não fazia ideia do horário. Abri a porta cuidadosamente, dessa vez eu estava menos bêbada, entrei de fininho em casa. Estava quase atingindo a escada, para subir para meu quarto, quando ouvi alguém pigarrear na sala, me virei e vi meus pais com olhares reprovadores.

-Ellie Brown Ross, onde você estava hoje e ontem anoite? -minha mãe só me chamava pelo nome completo quando a coisa estava séria.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

-Ah. Eu tava por aí -tentei falar da maneira mais natural possível, mas minha voz deu um "falsete", que me entregou.

-Ellie, nos diga aonde você foi? -meu pai mantinha uma expressão firme.

-Eu tava lá... -me interrompi, pois minha voz tinha saído muito estranha.

-Filha, você só tem 17 anos e está se tornando uma alcoolista. -os olhos da minha mãe se encheram de lágrimas. -Olha, vocês não entendem o motivo!

-E não vamos entender se você não nos contar. -meu pai tentou suavizar a voz.

-É por causa do daltonismo, tá! -meus olhos arderam e comecei a chorar também.

Subi correndo para meu quarto, os cacos de vidro da minha janela ainda estavam espalhados pelo chão. Tranquei a porta e sentei em um canto, chorando muito, muito mesmo. Estava me sentido um lixo, magoando os que mais amava por causa dos meus problemas e acabaria magoando ainda mais. Sem pensar peguei um caco do vidro da minha janela bem afiado e fiz um corte em meu pulso, o sangue escorreu, gotas vermelhas se misturando às que caiam dos meus olhos. Chorei até cair no sono, dormi ali mesmo, no chão, o sangue ainda tingindo meu pulso de vermelho.

Ninguém compreendia, e nem compreenderia, o porquê das minhas atitudes, só sentido na própria pele a dor. A dor de ser rejeitada, desprezada, ofendida, e por mais que eu soubesse que existiam pessoas maravilhosas para me ajudar, eu me sentia abandonada, largada em um canto para sofrer sozinha. E eu também sabia que nenhuma daquelas pessoas idiotas, que estavam tornando minha vida um inferno, merecia minhas lágrimas, muito menos meu sangue, mas eu simplesmente não conseguia evitar.