Capítulo 29 - Epílogo e Desculpas

A vida passa e sem pedir licença, muda tudo em que nós acreditamos. Você só percebe quando chega ao fim. Contudo, não significa que você precisa aceitar.

Não podia ser verdade, não podia.

Mas as lágrimas dos meus filhos gritavam a verdade. A expressão de pena no rosto de todos a minha volta espancavam o meu rosto insensível. Cada olhar, cada sentimento alheio, por mais que sincero, era como uma facada dentro de mim.

Eu negaria até minhas últimas forças que Peeta morrera.

Dizem que minha mãe foi uma heroína. Se não fosse por ela, Panem não existiria como existe hoje. Dizem que foi ela quem liderou a guerra, aquela que passei anos e anos aprendendo na escola. Contudo, nunca ouvi uma palavra sobre em casa.

Uma vez, alguns anos atrás, a televisão estava celebrando o fim dos Jogos Vorazes. Não entendi direito o que era, e a única coisa que meu pai disse foi: "Todo absolutismo chega ao fim." Tive que crescer, adquirir minha independência e aprender a história da minha própria família fora de casa. Não os culpo, mas não os agradeço.

Se existe uma coisa que herdei com orgulho da minha mãe, foi a sua dureza. A sua insensibilidade. A sua força. E é por isso que cabe a mim contar a Panem que Katniss Everdeen morreu noite passada.

Três meses atrás minha mãe não deixou uma lágrima cair quando meu pai morreu. Não seria eu a chorar por ela agora.