POV – Logan

Não gosto de ser controlado. Sempre faço tudo certo para que nunca alguém tenha uma desculpa para me dar ordens. Nunca entendi por que as pessoas fazem tudo errado. A boa convivência das Almas se deve ao equilíbrio e à obediência irrestrita às regras.

Humanos podem ser violentos, descontrolados, brutais. Suas emoções caóticas os tornam impulsivos e controlam suas ações. Humanos não obedecem a regras.

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E algumas Almas também não.

Eu era um Buscador ordeiro, uma Alma dedicada cujo único propósito era servir e proteger, zelar pelo bem comum de minha espécie.

Parte de mim ainda é assim, mesmo que, em meu coração, a definição de “minha espécie” tenha mudado. Esse é um lado meu que nunca vai entender por que as pessoas fazem tudo errado, por que agem de maneiras tão opostas ao que se espera delas.

Mas então existe também o outro lado, aquele que toma conta de quase todo o meu ser agora. O lado que ama, que questiona, que se arrisca, que se fere... O lado humano.

E essa parte de mim não se preocupa em entender por que as pessoas agem errado. Isso não importa mais.

Se Peg não tivesse fugido de sua Buscadora... Se Jeb a tivesse matado antes mesmo de trazê-la para casa, garantindo o que pensava ser a segurança de todos... Se Jared tivesse cedido à razão que o compelia a proteger os outros contra aquela “parasita”... Se Jamie não tivesse acreditado nela... Se outros tivessem sido bem-sucedidos em suas tentativas de matá-la... Se Ian não tivesse se apaixonado por alguém de outra espécie... Se ele não tivesse feito Peg encontrar seu lugar nesse mundo... Se Mel não tivesse conseguido outra hospedeira... Se Estrela não se apaixonasse pela humanidade das lembranças em sua mente... Se eu não tivesse me apaixonado por ela... Se a tivesse capturado e trazido de volta depois de sua fuga... Se...

Como eu disse, agora nada disso importa. Nenhuma dessas infinitas possibilidades. Agora entendo que existem infindáveis nuances de cinza entre o branco mais puro e o preto mais escuro. Há inúmeras possibilidades entre a obviedade do certo e o absolutamente errado.

Tudo o que me importa agora é que cada uma das decisões “erradas” que tomamos nos trouxeram até aqui. E graças a isso eu agora seguro Lindsay em meus braços. Minha filha. A parte de mim que irrevogavelmente se fundiu a Estrela. Nosso doce bebê humano. Nosso lugar definitivo neste mundo.

A sequência de eventos que Peg desencadeou não terá fim. Nossa história está para sempre alterada. E de agora em diante, a minha e a de Estrela estará enlaçada à história que leio nesses pequeninos olhos humanos que me fitam como nunca fui olhado antes. Pequenos olhos de floresta fechada, o fundo do rio visto através da água transparente. A vida nova que povoará para sempre meu coração outrora deserto.

Laís Dias (sua coisa talentosa!) também desenha. Adivinhem quem são esses lindos?



Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.