Rock Of Ages

Capítulo 10


Realmente, Aaron não estava brincando quando falou que ia rápido. Não sei se ele fez aquilo de propósito só para eu ter uma razão para segurá-lo cada vez mais forte ou se aquela era sua velocidade usual. Ele pegou um caminho que eu não conhecia. Passamos por toda aquela outra área de Los Angeles, a parte perto da praia. Mas aparentemente chegamos mais rápido ao Poison do que se tivéssemos ido pelo caminho que eu conhecia.

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“Obrigada pela carona.”- eu disse enquanto tirava o capacete da cabeça rezando para que meu cabelo não estivesse desarrumado ou coisa pior. “Disponha. E mais uma vez, desculpe por ter te molhado.”- ele disse sorrindo apoiando uma perna no chão para parar a moto. Eu desci rapidamente da moto e lhe entreguei o capacete sorrindo timidamente. “Então, é isso. A gente se vê.”- eu disse já lhe dando as costas e andando em direção ao Poison. “Eve! Espera.”- ele pediu. Eu me virei lentamente e o vi caminhando em minha direção. “É, eu queria saber se eu posso te ver de novo alguma hora.”- ele disse timidamente. “Claro, eu trabalho aqui de segunda a sexta.”- eu disse ironicamente. Certamente, essa seria uma resposta que Chip daria a alguém. “Não, eu quero saber se eu posso te conhecer melhor.”- ele se aproximou mais um pouco de mim e eu, por reflexo, dei um passo pra trás. “Tipo um encontro?”- eu perguntei. Ele concordou e sorriu. Não podia negar que ele era bonito e parecia ser interessante, mas para todos os efeitos eu ainda estava apaixonada por Chip e não pretendia sair com mais ninguém. “Olha, acho melhor não.”- eu disse tentando ser direta, mas sem magoá-lo. “Não é que eu não tenha gostado de você, mas é que não é uma boa hora, entende?”- eu perguntei. Ele concordou novamente e se afastou de mim. Em seguida virou-se e voltou para a moto. Eu fiquei o observando. Ele havia desistido rápido demais. “Eve, só de curiosidade, quando será uma boa hora?”- ele gritou. Eu dei ombros e balancei a cabeça. “Não sei. Pode ser amanhã ou quem sabe daqui a um mês.”- eu disse vagamente. Ele sorriu e em seguida ligou a moto, voando com a mesma velocidade.

O dia no Poison passou rápido. Era quarta feira o que significava que não era um dia de muito movimento, só na hora do almoço. Ramona não ficou lá boa parte do dia. Ela havia ido se encontrar com Chip e com o advogado dele. Eu não soube o motivo da reunião e lutava para tentar fingir que eu não estava ligando. Mesmo depois de ter sido rejeitada por ele, eu ainda pensava em Chip. Não conseguia acreditar em suas palavras e que ele havia feito aquilo. Havia momentos que eu pensava que tudo aquilo não passava de um sonho, que logo eu iria acordar e que Chip estaria me esperando atrás do balcão, livre e pronto para me levar pra sair e me amar. Mas não, com o passar das horas eu fui vendo que aquilo era real. Que eu realmente havia sido rejeitada e que ele não me queria. Ou pelo menos, dizia que não me queria.

Quando cheguei, Bonnie não estava em casa. Ela provavelmente ainda estaria naquele teste para o filme ou deveria ter saído com seus amigos. Como estava sozinha, resolvi cozinhar algo simples para comer. Depois que eu havia me mudado pra lá, Bonnie passou a ir mais ao mercado e a realmente comprar comida. Cozinhei um pouco de macarrão e fiz um molho de tomate rápido. Até que ter sofrido com as aulas de economia doméstica finalmente serviu para alguma coisa. Em seguida, tomei um banho e me joguei no sofá. Fiquei pensando em tudo que havia acontecido, não só hoje, mas desde que havia chegado a Los Angeles. É claro que Chip tomou boa parte dos meus pensamentos até que um dado momento, Aaron ocupou seu lugar. Eu ainda amava Chip e tudo, mas por alguma razão estava pensando nele. Havia algo nele que me atraía como um imã. Ele era sedutor e charmoso demais, diferente de Chip que era irônico e desajeitado. Era como se ele fosse um anti-Chip ou coisa do tipo. E por alguma razão sua imagem na moto e aquele sorriso cheio de malícia não me saíam da cabeça, até eu adormecer.

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No dia seguinte, cheguei um pouco mais tarde ao Poison. Parecia que tudo estava normal de novo. Ramona já estava lá, cuidando do caixa e dando telefonemas relacionados ao restaurante. Assim que entrei, ela sorriu pra mim e pediu que eu me trocasse e começasse a arrumar o local. Fui até o vestiário, me troquei e subi pronta para começar mais uma quinta feira. Ela pediu que eu primeiro retirasse o lixo e em seguida ajudasse os outros garçons com as mesas. Fui até a cozinha, peguei o saco de lixo e saí pela porta dos fundos. Estava distraída abrindo o latão de lixo quando algum engraçadinho chegou por trás de mim e me assustou fazendo com que eu quase abrisse o saco de lixo. “Sua mãe não te ensinou a dizer oi não, Jerry?”- eu resmunguei jogando o saco no latão. “Desculpe, minha cara. Não era minha intenção assustá-la.”- ele disse rindo. “Ah, não? Então o que você quis dizer com “bu”?”- eu o imitei e em seguida me virei voltando para a porta. “Não tenho tempo para conversar, tenho que trabalhar.”- eu abri a porta e o ouvi suspirar. Em seguida, ouvi sua voz. “Eu estive com o Chip. Agora a pouco.”

Pedi a Ramona um tempo para conversar com Jerry. Como eu havia trabalhado duro essas últimas semanas, ela concordou. “Como você está?”- ele perguntou. “Como você acha que eu estou?”- eu retruquei. Estávamos os dois no vestiário do Poison, aquele mesmo onde Chip havia me levado na noite em que nos conhecemos. “Talvez triste, irritada e confusa.”- ele disse. “Esqueceu de dizer de coração partido.”- eu disse friamente me levantando do banco e andando em direção a meu armário. “Eve, se te consola, Chip também está se sentindo assim.”- ele começou. “Não foi fácil para ele tomar essa decisão.”- ele disse. Ao ouvir isso, me virei para ele, meus olhos ardendo de raiva. “Então por que ele a tomou?”- eu perguntei furiosa. “Porque ele te ama.”- minhas pernas tremeram e minha raiva sumiu. “Ele te ama, Eve. E às vezes quando se ama alguém, você deve deixá-lo ir.”- ele disse. “Mas por que ele quer me deixar?”- eu perguntei confusa. “Porque ele não quer que você fique com um cara como ele, que não tem muito a te oferecer. Ele quer o melhor pra você. E ele sabe que ele não tem isso nem é isso. Ele tem medo de não ser capaz de te fazer feliz.”- ele disse calmamente. “Já passou pela cabeça dele que sem ele é que eu não vou ser feliz?”- eu disse; a raiva tomando conta de mim de novo. “Não sei, Eve. Tudo que eu posso te dizer é que ele só está agindo assim porque te ama. E quer seu bem.”- ele disse me abraçando como um irmão. Eu olhei para ele e dei a entender que compreendia seu lado. “Acho também que você não deve desistir dele. Eu sei que lá no fundo, ele não desistiu totalmente de você.”

Ramona nos interrompeu e pediu a Jerry que gentilmente me deixasse ir trabalhar. Ele a obedeceu e se despediu de mim. Ele era tão legal, provavelmente, o cara mais legal que eu já havia conhecido. Com todos os acontecimentos, dava para perceber que ele havia deixado seu amor platônico por Bonnie de lado. Ele não falava dela há semanas e toda vez que ela estava por perto ele a ignorava. De certa forma, eu até aprovava sua atitude. Bonnie não merecia toda a afeição sincera que Jerry dava a ela. Ele se despediu de Ramona e em seguida foi embora. Ela ficou me olhando como se soubesse toda a conversa que havíamos tido. Ela sorriu pra mim e me abraçou. “Não se preocupe, querida. Dê um tempo a ele. Ele merece.”- ela disse sorrindo. “Eu acho que sim.”- concordei abaixando a cabeça. De repente, Aaron me veio à cabeça. Como ontem à noite, ele arrancou Chip dos meus pensamentos e ocupou minha mente com aquele cabelo bagunçado e seu sorriso malicioso.

Comecei a trabalhar e ora meus pensamentos eram fixos em Chip, ora em Aaron. Não havia um só segundo que minha mente ficava vazia sem ninguém, sempre um dos dois a ocupava de maneira cansativa. Estava no balcão, limpando um copo quando Grace, uma garçonete, chegou e me avisou que um cliente exigia ser atendido por mim. Eu quis saber o motivo, mas ela só disse que ele queria ser servido por mim, se não ia embora. Pedi-lhe que atendesse a mesa que eu estava atendendo antes e peguei um cardápio, indo até a mesa do cliente exigente. Quando me aproximei da mesa e vi quem era o misterioso cliente, estranhamente, meu coração se alegrou. “Você.”- eu disse. Aaron riu e olhou para mim através de óculos escuros. Ele sorriu e em seguida abaixou seu óculos. “Eu.”- ele disse usando aquele seu sorriso típico. “O que você quer?”- eu disse friamente escondendo meu entusiasmo idiota por vê-lo. “Já é uma boa hora?”- ele perguntou olhando para o relógio na parede. “O que?!”- eu segui seu olhar confusa. “Eu vim ver se já é uma boa hora pra você aceitar sair comigo.”- ele se voltou para mim e sorriu. “Olha, eu estou no meio do meu horário de trabalho, então pare de jogar seu joguinho e me diga o que você quer.”- eu disse me controlando e cruzando os braços. “Eu já disse. Um encontro.”- ele respondeu. “Eu quis dizer do cardápio!”- eu joguei o cardápio na mesa e puxei meu bloquinho para anotar seu pedido, mesmo sabendo que ele não iria fazer nenhum. “Eu sugiro nosso sanduíche de peru. É uma de nossas especialidades.” – ele olhou para o cardápio e o deixou de lado, voltando a me olhar. “Pode ser um desse acompanhado pela sua companhia?”- ele disse rindo. “Olha, eu já disse. Eu estou trabalhando e não é uma boa hora pra você vir me chamar pra sair, ok? E muito menos, uma boa hora pra eu sair com você. Eu já disse. Agora, ou você pede alguma coisa do cardápio ou dá o fora.”- ele suspirou e entendeu minhas palavras. Em seguida, recolocou os óculos e se levantou. “Ok, então. Até amanhã.”- ele disse passando por mim. Eu o observei indo embora e tentando entender suas palavras e por que eu estava com raiva de mim mesma por ter recusado seu convite de novo.