Across The Ocean

Verdades.


Pov: Annabeth.

Em meio às discussões de Thalia e Zoe, as caçadoras e eu achamos melhor que devíamos continuar a "conversar" somente amanhã sobre a missão que teríamos de realizar juntas. Pensando por um lado, me tornar caçadora parecia até uma boa escolha. Estaria com pessoas com problemas parecidos, até certo ponto, com os meus e ficaria em uma espécie de família, dessa vez uma que eu não tivesse de me afastar. Seria quase como um sonho. Porém abdicar da companhia masculina parecia ser um preço alto a se pagar, mesmo sabendo que o único homem cuja a companhia que desejo ter não pode me oferecer mais do que algumas ilusões. Mas será que eu não tinha o direito de ser feliz com outra pessoa? Agora entendo o que Rachel está passando, achando que nunca mais se apaixonará por ninguém. Não é justo. Nunca é justo. Somos praticamente guiados pelo coração a gostar de pessoas incompatíveis, ou mesmo inacessíveis. Acho que já nascemos achando que um amor impossível é bem mais emocionante que uma história que sabemos desde do início que vai dar certo. Mil pensamentos rodavam minha cabeça, eu via as caçadoras felizes e sendo tão... companheiras. Acho que é isso que está faltando para mim, alguém em que eu pudesse confiar e me apoiar, saber que estará lá o tempo todo quando precisar. Não que Thalia não pudesse fazer esse papal, mas de alguma forma... sinto que ainda estamos... distantes? É talvez seja isso. Em um mundo onde meio-sangues são caçados e mortos, não é muito fácil se aproximar de alguém, ou mesmo confiar.

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Quando chegamos ao nosso quarto no alojamento das caçadoras, Thalia praticamente se jogou em sua cama, visivelmente quase explodindo de raiva e bufando sem parar. Desde que as caçadoras apareceram, ela parecia estar mais irritada que nunca. Não podia dizer que não estava morrendo de curiosidade para saber o que se passava na cabeça da filha de Zeus, mesmo sabendo que seria um tanto quanto arriscado perguntar a ela o que estava acontecendo, resolvi que deveria me arriscar, desde que o fizesse com certo cuidado.

-Thalia... -chamei em tom baixo para saber se ela estava dormindo.

-O que foi? -ela perguntou rapidamente.

-Podemos conversar um pouco? -perguntei tentando parecer desinteressada.

-Você quer saber o por quê de eu não me dar bem com as caçadoras, não é? -ela disse virando de frente para mim, seu olhar parecia longe e cansado.

- Como você sabia? -perguntei levantando uma sobrancelha.

-Você é previsível. -ela disse dando os ombros.

-Bom... você vai me contar ou não? -perguntei já cansada daquela enrolação toda.

-Olha... é complicado demais para explicar. -ela disse.

-Acho que você pode tentar me dizer o que aconteceu. -eu disse pressionando-a. -Preciso saber com quem estou lidando. Apenas conte-me.

-Tudo bem, então... -ela disse suspirando. -Você tem que saber que antes de Nico e eu andarmos por aí tentando permanecer vivos... tinha mais alguém com a gente. Éramos um trio. -Thalia parou por um segundo, ela parecia fazer uma pequena viagem no tempo. -O nome dela era Bianca, Bianca Di Ângelo. Era a irmã mais velha de Nico.

-Era? -perguntei em dúvida de tinha ouvido corretamente.

-Sim, era. -ela disse com certo pesar. -Em uma de nossas viagens... encontramos, acidentalmente, com as caçadoras. Nós não levávamos um vida considerada boa, mas não tínhamos motivos aparentes para querer deixá-la. Só que quando Bianca encontrou as caçadoras e a própria Ártemis, ela decidiu nos deixar. Largou Nico e a mim sem nem pensar duas vezes.

-Então você odeia as caçadoras pelo o que Bianca fez? -perguntei.

-Não só por isso. -ela disse. -As caçadoras não cansam de jogar na cara de quem não se junta a elas que são "superiores" e que ninguém pode se comparar a essa magnitude. Sem falar que... pouco tempo depois recebemos a notícia que Bianca havia morrido em um das missões, esmagada por um autônomo. -ela disse e eu juro que algumas lágrimas se formarem sem seus olhos azuis elétricos, mas ela não as deixou cair.

-Esta não é a primeira vez que é convidada a se juntar a elas, não é? -perguntei.

-Não. Quando as encontramos na primeira vez, ela me ofereceu a mesma coisa... mas eu não podia aceitar. -ela disse respirando fundo.

-Por que não? -perguntei curiosa.

-Eu não podia deixar Nico. -ela confessou virando de costas para mim.

-Você gosta dele. -eu disse. -Sempre gostou. Você disse isso a ele antes de partir? -perguntei.

-Não. -ela respondeu friamente.

-Por que não?

-Por sua causa.

-O quê? -perguntei assustada e dando um pulo da cama. -O que eu tenho haver com isso?

-Ele gosta de você. -ela disse como se fosse óbvio. -Eu vi vocês dois juntos depois que você e Percy brigaram.

-Isso não tem nada haver. -eu disse inconformada. -Ele só estava me ajudando a encarar as coisas. Não foi nada demais. -eu disse me levantando e caminhando até a frente da cama dela, onde ela estava simplesmente encarando a parede. -Você tem que entender que eu não... -ela continuava olhando para o nada. -Thalia, olha para mim!. -eu pedi levantando um pouco mais meu tom. -Eu e Nico não temos nada. Você precisa saber disso, você só quer uma desculpa para justificar o fato de você não ter dito isso para ele. -eu disse sentando na cama, na frente dele. -Eu sei como é mentir para si mesma para justificar um erro. -eu disse. -Passei minha vida culpando o mundo para justificar minha falta de felicidade. Não faça isso com você mesma...

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-Annabeth, será que dá para você ficar quieta um segundo. -Thalia disse batendo na cama. -Eu só quero dormir um pouco e não pensar mais nisso.

-Desculpe, eu só queria...

-Ajudar. -ela completou. -Eu sei disso, mas não quero que faça isso agora. Eu não sou do tipo que pede para alguém falar comigo quando estou mal, eu preciso apenas ficar sozinha com meus pensamentos. Será que posso fazer isso agora? -ela perguntou.

-Claro. -eu disse já indo na direção de minha cama. -Mas uma hora você vai querer falar e eu só quero que saiba que estarei aqui. -eu disse já deitando em minha cama.

-Obrigada. -ela disse com a voz baixa, mas o suficiente para que eu ouvisse. -Você é uma ótima amiga.

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Pov: Luke.

As coisas estavam fugindo do meu controle. Realmente imaginei que poderia estar no comando da situação o tempo todo, mas agora via que aquilo, desde o começo, fora impossível. Para piorar, Annabeth havia fugido e eu não tinha mais tripulação suficiente para ir atrás dela. O que chegava a ser até mesmo bom, ela não merecia que eu ficasse perdendo o tempo (que já não tenho) correndo atrás do navio pirata de seu "namoradinho" filho de Poseidon. A cada dia que se passava, meu corpo ficava mais fraco, mas ele ficava mais forte. Cronos estava quase pronto para retornar à terra e vingar-se dos filhos que o fizeram em pedaços e o jogara no fundo do Tártaro. Muitos não entenderiam meus motivos para trazer o maior titã da história de volta a vida, mas eu não me importo. Os deuses podem muito bem ser considerados poderosos, mas eu fiz questão de descobrir seus pontos fracos. Quem diria que nós meio-sangues, mortos quase todos os dias e julgados "impuros" pelos demais, seríamos exatamente os seres que poderiam decidir o futuro do mundo.

Imagine um mundo onde os deuses não possam mais mandar e desmandar em nossas vidas. Um mundio onde um monte de pais desleixados não possam mais largar seus filhos meio-sangues por aí e deixá-los à própria sorte. Sim, eu tenho raiva dos deuses. De meu pai principalmente. Hermes fez questão de vir ao mundo mortal fingindo ser uma pessoa comum. Fundou um reino usando seus poderes e influências. Tornou-se rei, sem que ninguém do novo reino se perguntasse como ele conseguiu fazer isso. Assim que estava no topo largou minha mãe e eu sozinhos no reino que ele acabara de construir... Minha mãe ficou louca e quase me matou. E ele? Nem se deu ao trabalho de ter pena de mim e vir me ajudar. Além disso, deuses não fazem nada pela vida de seus filhos. Matei vários meio-sangues e em nenhum momento algum de seus pais fez o favor de pensar neles ou coisa parecida. Não me importo com o fato de sermos "semelhantes", afinal, de uma forma ou de outra eles tiveram ao menos a chance de escolher. Eu ofereci minha ajuda a eles, tentei fazer com que eles se juntasse a mim, mas nenhum deles quis.

O que mais posso fazer? Se você vos oferece um chance e eles a deixam ir, o que mais pode-se fazer por eles?

Nada!

Hoje é um dia diferente, hoje Cronos está mais forte do que nunca. É meu dever encontrá-lo e terminar as últimas etapas para que ele ressurja com força total e vingue não só o que fizeram-lhe, mas também o que os deuses fizeram comigo e com outros semideuses, até mesmo aqueles que sacrifiquei. E então o mundo estará de frente para mais uma mudança. Onde os titãs retornarão e mudaram tudo o que conhecemos. Para melhor, é claro.

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Pov: Percy.

-O que estamos mesmo procurando aqui? -perguntou Nico, depois de olhar ao redor.

-Eu não. sei direito, mas estou com um bom presentimento. -respondi.

O lugar estava todo destruído. Várias casas estavam queimdas e seus pedaços estavam espalhados por todo o lado. As árvores estavam todas mortas e caídas, parecia ter uma espécie de rio antigamente passando por lá, mas agora ele estava seco e a água estava suja e enlameada. Seja lá o que acontecera lá... tinha acabado com toda e qualquer forma de vida que habitara aquele lugar. Era o antigo lar da mãe de Luke, May Castellan. Será que fora isso que transformara Luke em um monstro? Talvez não. Monstros não nascem... são criados. Isto criara Luke?

-O que fez isso? -Nico perguntou, enquanto observava as casas queimadas.

-Não sei se estamos fazendo a pergunta certa. Não foi o que fez, e sim "quem" fez. -eu disse.

-Acha que alguém fez isso tudo? -ele perguntou me encarando.

-Tenho quase certeza.