Wissen

wissen


Grindelwald se lembrava de Tom Riddle. Claro que, quando o conhecera, o bruxo não sabia quem ele era ou o que ele representaria para a comunidade bruxa. Quando o conhecera, Tom Riddle era apenas um adolescente de belos olhos azuis e com um sorriso traiçoeiro em seu rosto.

Gellert, que na época estava em Londres para analisar o local e planejar um possível ataque, encontrou o garoto por sorte, guiado pela magia deste. A magia de Riddle era uma das coisas que mais o atraíam: ela era forte e excepcional, diferente da magia de muitos outros bruxos e bruxas, sempre parecendo puxar os outros para perto dela, envolvendo-os e tomando-os por completo. Na realidade, todo o rapaz era assim. Parecia que algo nele – talvez fosse a magia, talvez fossem os olhos ou até mesmo o sorriso – atraía tudo e todos para aquele buraco negro e desconhecido que ele era, afinal, nunca se sabia o que esperar de Tom Riddle. Em um momento ele poderia ser a pessoa mais educada do mundo, tratando-o com respeito e carinho, e, depois de um segundo, poderia se tornar em uma criatura cruel e sem nenhum respeito por ninguém, visando apenas o seu próprio prazer e necessidade.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ainda em 1945 – era Janeiro, ele ainda se lembrava disso -, Grindelwald se interessara pelo jovem bruxo cuja magia parecia envolvê-lo de tal maneira que o fazia querer segui-lo por toda a capital inglesa. E foi isso que ele fez. Silenciosamente, por entre as ruas de Londres, seguiu os passos de Riddle até descobrir que aquela criatura tão fascinante e poderosa era, na verdade, um sangue-ruim. Era um enorme desperdício, ele pensara na época, que magia tão forte estivesse presa em um corpo alimentado por sangue impuro... O mais certo seria libertá-la, é claro. Uma maldição da morte e ele teria um sangue-ruim morto e toda aquela magia liberada, mas Gellert não conseguiu se obrigar a fazer aquilo. Culpou essa incapacidade aos olhos e ao sorriso de Tom Riddle.

Anos mais tarde – ele nem sabia quantos anos exatamente haviam se passado -, quando ele já não era o bruxo altivo e poderoso de antes, mas sim uma casca vazia e velha presa em sua própria prisão, Grindelwald o encontrou de novo. A princípio não reconhecera a magia que se aproximava – era algo forte, violento e doentio -, assim como não reconheceu o monstro que apareceu em sua cela. Mesmo sendo quem era e tendo visto tudo o que já vira em sua longa vida, Gellert não conseguiu conter o calafrio que percorreu o seu corpo ao ver aquela figura alta e monstruosa que se aproximou dele, mas tal sensação perdurou por apenas alguns segundos, até perceber que o rosto desfigurado e os olhos escarlate daquele bruxo não conseguiam causar nem o menor estrago quando comparados com o rosto bonito e os olhos frios que, uma vez, ele tivera.

“Mate-me então, Voldemort!” Ele rira e ficara orgulhoso disso. Estava rindo na cara do maior bruxo das trevas do mundo. “Eu aceito a morte! Mas a minha morte não lhe trará o que você procura... Há tanto que você ainda não entende...”

Tom Riddle entenderia. Tom Riddle era um bruxo racional e inteligente que entendia a magia que tinha e a usava em seu favor... E não apenas a sua magia, mas todo o resto do seu ser. Sua aparência, sua personalidade e suas palavras eram sempre bem usadas. Voldemort era um bruxo movido à instinto e emoções descontroladas. Sua sede por vingança o fazia cometer atrocidades irracionais, sua raiva levava à erros estúpidos e seu desespero originava mortes e tortura, mas tudo sem nenhuma racionalidade por trás.

Havia muito o que ambos, Lord Voldemort e Tom Riddle, ainda tinham que aprender, mas apenas o rapaz teria a capacidade de ir atrás de tal conhecimento... Ou, pelo menos, se não estivesse aprisionado tão fundo dentro do monstro.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.