Trintero

Capítulo 8


Acordei dolorida por estar exprimida na cama e quando olhei vi a multidão de gente que tinha. Gemi e me levantei. Olhei para o Caetano e sorri. Ele abriu os olhos e sorriu.

—Como está os namorados maninha?

—Nada. E você? Você namorada?

—Eu tenho uma pretendente. – ele disse dando os ombros – Obrigações com o reino.

—Você pelo menos a conhece? – perguntei surpresa.

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—Não! – ele falou e riu – Só vamos nos conhecer quando nos casarmos! Que coisa mais doida de se falar.

—E não tem como você a conhecer?

—Tem, mas eu não quero agora e muito menos ela. Acho que ela tem um namorado, ou algo do gênero. – ele deu os ombros e então se levantou – Vocês vão pra escola?

—Hoje é sábado... Caetano... Mas e sua companheira de verdade? E seus filhos?

—O casamento será uma base de aliança... Companheiras de verdade não são fáceis de achar... Fiquei séculos procurando. E como eu disse nós teremos o resto de nossas vidas para tentar ter filhos através da troca de sangue. – ele me olhou nos olhos triste – Eu tenho trezentos e vinte e seis anos... Você tem cento e dezenove, mas... Quando nossa mãe fugiu, limpou sua mente, como se queimasse suas memórias.

—Desculpe?! – perguntei confusa.

—Nossa mãe deixou você com lembranças até seu décimo aniversário, apagando toda memória dela da sua mente e dos dragões. Ela conseguiu achar um feitiço que possibilitasse para você uma aparência de dez anos, mas que ia acabando lentamente até você ter sua forma física natural. Mas mesmo em todo esse tempo eu nunca tinha te visto... Não me mandavam nem fotografias com medo de que a carta fosse interceptada e alguém descobrisse. Ela moldou sua memória de tal forma que só mostrasse seus primeiros anos de vida.

—Mas nós não podemos alterar nossa forma física...

—Nós começamos a envelhecer ridiculamente devagar quando nosso corpo está no ápice da saúde. Com você ocorreu aos seus vinte e cinco anos, já comigo foi aos vinte e seis anos.

—Quer dizer que minha aparência não é essa? – perguntei surpresa.

—Essa é sua aparência de quando possuía dezenove anos... Sua mentalidade é de uma menina de dezenove anos, considerando que ela não apenas bloqueou, mas ela eliminou tudo da sua mente antes disso. Ela queimou, apagou sua memória. Isso é muito difícil, quase impossível de se fazer, mas como ela era anjo, fada, dragão puro e conseguiu ajuda especializada, ela fez o que quase ninguém consegue. Literamente apagar tudo da sua memória, sem deixar rastro de nada. Ela queimou todo o espaço onde sua antiga memória existia. Só não conseguiu eliminar todos os seus sentimentos... Apenas alguns, pois ela sentia que seria demais até mesmo para ela.

—Porque ela fez isso?! – perguntei indignada, nervosa, suspeita – Não tem sentido algum! Como você espere que eu acredite em você...

—Alguns anos atrás você foi ao nosso reino... A guarda real foi informada, mas conseguimos segurar a informação por um tempo... Mas o rei sabe de tudo. Tem olhos e ouvidos em todos os lugares. Não demorou uma semana e ele descobriu, mas deixou você se divertir até suas férias estarem chegando ao fim... Quando você ia voltar para o pai, ele correu atrás de você. Então você foi embora, fugiu. Ele te deu um tempo para sua fuga e mandou os guardas dele atrás de você... Mas quando chegou seu pai já estava morto, junto com seus antigos guardas, seus amigos que o ajudavam na luta. Seus supostos avós.

—Como?! – perguntei alterada – Vai me dizer que não foi ele que matou meus pais?!

—Nossa mãe está viva e escondida...

—Minha madrasta.

—Ela foi enviada pelo nosso avô para te proteger... Mas ela foi envenenada, igual aos antigos guardas, conhecidos como seus avós, o que os impossibilitavam usar poder e praticamente imobilizava seus corpos. Com nosso pai ocorreu à mesma coisa, só que colocaram em maior escala, o que fez acontecer o acidente de carro e então os assassinos foram até eles e deram o golpe fatal.

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—Foi o rei que fez isso. Ele que tentou me matar lá...

—Ele tentou te capturar. Quando o rei descobriu sobre seu pai e achou que você tinha morrido teve um surto psicótico. Quase destruiu o salão inteiro e por pouco não mata todos os guardas. Ele só ouviu nossa avó quando gritou com ele, falando que você estava viva. E então mandou imediatamente eles acharem vocês e quem tinham feito isso com você. Eram mercenários contratados por alguém. Os mercenários não sabiam quem era a pessoa, mas foram mortos mesmo assim. Outros apareceram e mataram sua guarda, mas dessa vez ele teve controle e perguntou antes de mandarem ir atrás dos mercenários e de você... Só que você sumiu do mapa. Ele pirou... Está instável e poderia matar qualquer um que o questionasse agora.

Olhei nos seus olhos e tentei ver alguma mentira. Neguei com a cabeça e sentei na cama para acariciar o Zeus. Caetano foi sincero comigo, portanto, seria honesta com ele.

—Eu planejava... – olhei para meus guardiões e me sentia mais segura que nunca – Eu planejava fugir Caetano. Iria recuperar forças e então fugir. Iria me matar e...

—Não! – ele rosnou e levantou da cama – Você não vai...

—Calma! – gritei para poder cortar ele – Eu iria me matar de mentira e então iria viver a vida como uma humana. Parte de mim ainda quer isso, mas antes... Antes eu quero saber o que houve com meus pais. Vou voltar para o reinado. Irei descobrir de uma forma ou de outra... E se o rei tentar me matar... Eu irei mata-lo ou fugirei. Fui clara?

—Como cristal. – ele engoliu em seco e olhou em volta – Você não precisa de nada daqui. Tudo o que você precisa saber você já sabe.

—Minha mãe não apagou minha memória?

—Não o conhecimento. – ele me olhou e suspirou – O que eles podem te ensinar não chega aos pés do que você sabe. A única coisa que você precisa é uma maneira de libertar o conhecimento. Só isso.

—Como posso ter o conhecimento se não me lembro...

—Ela apagou as imagens, as vozes, mas o conhecimento está ai. Ela deixou as emoções também. Os sentimentos...

—Não... Entendo.

—Você quase foi morta. Morta por algo que ela fez. Ela tentou apagar esconder essas emoções... O medo, o desespero, tudo... Mas se voltasse para nosso reino... Seria a chave para tudo. Suas emoções voltaram e qualquer coisa que te acontece faz você ser mais cuidadosa.

—Não. – dei um sorriso amargo – Independente do que ela fez, essas emoções estão em todos os corações... Quando eu voltei para aquela cidade, meu medo se acendeu e eu sei por quê. Não foi por um simples feitiço. Foi porque eu descobri tudo. Ou uma grande parte. Eu descobri o que sou e graças ao seu rei... Nós nos encontramos antes. Não sei como, mas sei. E ele matou coisas dentro de mim que nunca mais voltarão. Eu sei que foi ele. Ninguém é capaz de entrar na minha mente tão facilmente. Ninguém é capaz de me matar por dentro... Sem me fazer morrer.

—Amor... – ele me puxou e me abraçou.

—Eu consigo... Consigo segurar a tristeza agora. – apertei-me nos seus braços e afundei meu rosto no seu pescoço – Tenho meus guardiões agora... Mas é tudo culpa dele. Tudo.

Pensei no rei e na sua ameaça. Se o rei não tivesse ameaçado meus pais eles não teriam fugido, não teriam que fazer acordo com pessoas não confiáveis... Ele é culpado de tudo isso! TUDO! Mas... Meu coração apertou e eu segurei a lágrimas... Sentimento estranho, mas ele é o culpado. Só ele. Apenas ele.

—O que meu amor? – ele me afastou e tocou meu rosto – Culpa do que? De quem?

—Toda minha infelicidade, a morte de todos que eu gosto... É culpa do maldito REI!

Vejo Caetano arregalar os olhos, surpreso e então ele se levanta e passa as mãos pelo rosto e então para o cabelo, parecendo extremamente desesperado.

—Isso complica tudo... – ele me olhou nervoso e engoliu em seco – Mamãe apagou todas as coisas... Coisas que não deviam... E agora... Você cresceu errada.

—Desculpe?! – perguntei incrédula e me levantei brava.

—Já faz muito tempo, mas durante uns anos, você fugiu da mamãe e do papai... Usou um glamour para esconder sua forma física verdadeira... Mas... Não acredito. – ele me olhou, parecendo ficar louco – Não. Você não pode sentir isso por ele... É totalmente errado, irracional.

—E eu posso saber por quê? – gritei alterada – Se não fosse por ele...

—Ele te protegeu! – Caetano berrou, seu rosto todo vermelho, seus olhos transformados e com um risco no meio, sua altura cresceu e seu cabelo tinha cor areia, comprido – Ele é... É nosso rei! Deixou nossos pais seguros durante anos daqueles que o seguiam! E então nossos pais um dia viram os guardas e fugiram e deu encontro com os monstros que fizeram o pacto há anos atrás! Foi quando nossa mãe fez o que fez com você e fugiu para atrair atenção deles. Durante semanas vocês correram perigo e a única forma de te salvar foi apagando sua memória e fazendo o que ela fez. E então te achou e mandou a sua “madrasta”. Ficou anos protegida, até que sumiu em umas férias e trouxe atenção dos outros para cima de você.

—Mentira! – gritei.

Pude reconhecer meu medo... Meu medo de que o culpado para minha infelicidade foi o causador de anos da minha felicidade que tive com meu pai... Que eu me lembro.

—Quando você e sua madrasta fugiram, ela achou que ele poderia estar por trás do ataque, considerando que viu a guarda real, na hora do enterro. Eles tentaram te matar. Ela não entendeu, mas fugiu. Aquele não era um guarda do castelo. Era um traidor.

—Não. – afastei-me e fui de encontro com a parede, recusando a encontrar seu olhar e fiquei encarando as pedras pretas – Não pode ser... Tudo... Minha culpa.

Senti um desespero atravessar meu coração e senti a necessidade dele.

“Estamos aqui por você.” – a voz do Zeus abalou meu físico.

Ajoelhei-me no chão e me apoiei no seu corpo, deixando meu rosto escondido no seu corpo. Sinto o Tales cutucar meu rosto com o nariz gelado e isso aliviou minha dor, mas as palavras deles... Não era o suficiente. Nunca seria. Eu o quero tanto que dói.

—Quem é ele? – perguntei com a voz trêmula – Quem é o que eu quero?!

—Seu companheiro. – meu irmão disse e o ouvi respirar ofegante – Estou indo para o palácio. Arrume suas coisas. Vamos agora... As Pragas vivem aqui no Trintero. Aqui só encontrará a morte.

—Como sabe? – perguntei com medo e olhei em seus olhos – Como...

—A energia que eles emanam quando querem matar. Quando eles estão para matar exala por todo o instituto. Está invadindo aqui...

—Como você...

—Sou sensitivo. – ele disse e me olhou com um olhar vazio – Eu sinto as emoções... Os desejos e... E o desejo de morte está avançando pela pessoa escolhida.

—Pessoa escolhida?

—As Pragas... Foi com quem seus pais fizeram um acordo. – ele disse com a mandíbula trincada – As Pragas estão em todo o lugar e invadem um corpo e os controla. Se alguém estiver disposto, as pragas serão mais fortes. Ao anoitecer, partiremos. Estou enviando um guarda para avisar a todos no castelo. Estou avisando que as Pragas tomaram o controle aqui.

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—Mas...

—Depois conversamos. Tenho que ir. – ele estava totalmente fora de controle.

Olhei seus músculos tencionarem e soube que a transformação chamava por ele. O desejo de vingança contra as Pragas... O que quer que isso seja.

Levantei e corri para fora, querendo falar com ele, mas quando saí vi apenas um dragão salmão voando alto no céu, fugindo como se os demônios estivessem atrás dele.

—CAETANO! - gritei indo atrás dele.