Você Se Lembra?

Missão cumprida, capitão!


– O que foi, Leo? – ela soava desesperada – Me diz, o que ta acontecendo? Tem alguma coisa no meu rosto?

– Você já olhou pra si mesma?

Ela baixou os olhos e finalmente notou o que todos estavam comentando. Piper estava envolta em uma aura cor de rosa muito brilhante, que chamava bastante atenção.

– Que vestido lindo! – comentou um

– Esse coque está perfeito! – disse outro

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– Essas sandálias e essa bolsa são tudo!

Leo pode, após algum tempo, entender o que estava acontecendo também. Aquela era a benção de Afrodite. Justamente na hora dos fogos em sua homenagem, a deusa resolveu reclamar sua filha. Novamente, no caso. Ele também constatou que dessa vez a benção era bem mais forte e poderosa apenas por um fato: cada um a enxergava de um jeito diferente. Pelo que ouviu, alguns a enxergavam com vestidos longos, jóias caras e sandálias de marca. Cada um de um jeito diferente e único, que ele acreditava que ela com certeza estaria bonita de qualquer maneira.

Mas ele a via de outro jeito. Em seus olhos, ela estava com roupas simples. Uma camiseta vermelha de alcinhas, um short jeans claro rasgado e sandálias rasteiras. Seus cabelos estavam soltos, irregulares e cheios de trancinhas: da maneira como ele gostava. Leo admirava em Piper isso: ela não procurava ser bonita se entupindo de maquiagem e sendo artificial. Ela era completamente real e autêntica, fazia as coisas à sua maneira. Claro, usando o vestido que ela usou antes dos fogos Piper estava bonita. Mas agora ela estava completamente linda!

Mas a filha de Afrodite não pensava isso. Não gostava nem um pouco de atenção e por isso tentava se esconder a todo custo atrás de Leo.

– Calma, Piper. Tá tudo bem. – ele tentava acalmá-la e ao mesmo tempo tirá-la detrás dele – Você está linda! Não precisa ficar se escondendo.

– Me tira daqui, Leo. Por favor. Eu só quero sair daqui!

– Vem, eu te levo pro seu chalé e...

– NÃO! – ela começou a balançar as mãos desesperadamente na cara dele – Todo mundo vai pra lá e eu não quero ficar perto de ninguém agora!

– Tá, mas primeiro para de balançar as mãos desse jeito. É estranho.

Piper baixou as mãos e olhou para baixo.

– Vamos, Pipes. Vou te levar pra dar uma caminhada. – Leo pegou sua mão e a levou para bem longe da praia.

Por algum tempo eles não falaram nada, nenhum soltou a mão do outro. Apesar de não ser o mais indicado, foram para a floresta. O som do vento nas árvores era muito alto, a lua fazia algumas sombras esquisitas aparecerem. Não disseram em voz alta, mas os dois desejavam avidamente a cada segundo que não houvesse um monstro ali.

Leo a levou para uma parte aberta da floresta, sem árvores. Um pequeno morro perto dali era um local ótimo para se sentarem e conversarem. Ele a acomodou de depois se sentou. Um minuto. Dois. Três minutos e nada de Piper falar. Para quebrar o gelo, o filho de Hefesto resolveu falar algo.

– Nossa, aquela aura que estava em volta de você era tão rosa que você tava parecendo a própria Barbie. Acho que muitos garotos lá queriam ser o seu Ken.

– Ha ha ha, Leo. Estou morrendo de rir aqui. Espera que eu vou bem ali tentar controlar essa crise de riso que eu estou tendo, volto já. – a ironia em sua voz era tão grande que era quase palpável.

– Ai, essa doeu viu? – ele disse, entre risos.

– Você é muito idiota, sabia? – Piper disse tentando segurar o riso, sem sucesso.

– Só um pouquinho. Eu só fiz essa piada pra ver se quebrava a tensão, entendeu? Você tava muito calada. Não é legal te ver assim.

– Por que Afrodite tinha que fazer aquilo? – ela colocou a cabeça entre as mãos – Eu só queria assistir os fogos como um campista normal, só isso.

– Por que é tão difícil pra você chamar atenção, hein? Você já é linda, não devia ter vergonha!

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– Porque eu não me sinto assim! Não gosto que as pessoas me olhem. Alem do mais, elas só estavam achando aquilo porque Afrodite me entupiu de maquiagem e um monte de malditas jóias. – ela disse, arrancando um bracelete delicado que estava em seu braço.

– Eu não te vi assim. – Leo murmurou.

– O que? – Piper se virou e o encarou diretamente.

– Eu disse que eu não te vi assim. – ele sustentou o olhar.

– E como você me viu, então?

– Eu te vi do mesmo jeito de todos os dias. Camiseta simples, cabelo bagunçado e shorts rasgados. Eu te acho linda e me irrito com o quanto você é chata e não aceita o fato de que você sempre vai chamar a atenção. – agora Leo praticamente gritava. Ele estava extremamente frustrado – Não importa o quanto você tente, você nunca vai parar de ser linda só pelo fato de você ser como é. Simples e humilde. Sempre com um sorriso no rosto! Eu só queria que você tivesse um pouco mais de fé em si mesma!

A floresta silenciou. Piper não disse nada. Leo não disse nada. A única coisa que eles podiam ouvir ao longe eram alguns fogos que restavam, música e campistas rindo, provavelmente dançando.

– Eu não queria te deixar irritado. – ela disse baixinho.

– Eu me exaltei. Me desculpa.

– Não tem que se desculpar. É verdade. É uma coisa que eu preciso trabalhar pra mudar. Você só teve a coragem de esfregar isso na minha cara.

– Tudo bem.

– É verdade? Digo, você me viu da maneira como descreveu? É isso mesmo que você acha de mim?

Ele estava de cabeça baixa o tempo todo, mas dessa vez virou-se e a encarou. Segurou seu rosto para não ter o perigo de ela desviar o olhar enquanto ele falava.

– Cada palavra que eu disse era verdade. Juro pelo Rio Estige.

Um raio atravessou o céu, selando a promessa.

– Leo, essa é uma promessa muito importante. Você sabe disso.

– Se eu não tivesse certeza absoluta, não teria jurado, Pipes. – ele beijou o topo de sua cabeça.



Leo a levou de volta para seu chalé. Ele já havia tido muitos momentos com Piper, mas aquele era o que estava se sentindo mais próximo dela. Eles caminhavam trocando algumas palavras, de mãos dadas. Ele tinha certeza de que a melhor escolha que havia feito naquele dia foi ter deixado Nyssa fazendo seu trabalho na preparação para o show de fogos.

– Então, está entregue! Te protegi para que nenhum monstro te pegasse.

– Nossa, me senti tãããão protegida! – ela riu.

– Ainda bem. Essa era a minha missão. – ele fez uma continência.

– Missão cumprida, capitão. – ela repetiu o gesto.

Piper caminhou até a porta e a abriu. Antes de fechá-la, se virou mais uma vez e olhou para Leo.

– Obrigada. Amo as suas piadas sem graça.

– De nada. Boa noite, Pipes.

– Boa noite, Valdez.