Slide Away

Capítulo XXIII


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Desaparatamos direto no quintal da Toca dos Weasley. Em nenhuma situação eu ficaria tão receosa de estar naquele lugar, afinal aquele sempre seria o lugar que eu mais amava no mundo, mas pela primeira vez eu queria estar longe dali.

- A mestiça deve entrar – resmungou Monstro – E o garoto Malfoy deve ficar aqui fora, esperando pelos pais

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- Scorpius vai comigo – protestei me virando para o miúdo elfo a minha frente.

- Melhor não priminha, acredite em mim – Albus andava em nossa direção com profundas olheiras em volta dos olhos – Eu fico com ele – Albus deu de ombros.

­- O que rolou? – perguntou Scorpius.

- Confessamos tudo, até que vocês iriam fugir – Albus deu de ombros como se estivesse cansado de mais para dar mais explicações.

- Apenas você sabia disso, cara – falou Scorpius.

- Verdade, me lembre de nunca mais tomar Veritaserum.

- Vai ficar tudo bem – prometeu Scorpius selando meus lábios com os seus.

Assenti e com passos incertos atravessei o gramado até a entrada da Toca.

Na sala de estar, vovó Weasley agarrava um de seus bordados com toda a força e fitava a lareira apagada a frente com os olhos marejados, concentrada em tentar ouvir o que diziam no cômodo ao lado. Seus cabelos pareciam mais grisalhos do que a última vez que a vi e os traços da idade pareciam estar mais acentuados do que nunca antes, como se ela houvesse envelhecido muito mais desde o natal.

- Vovó? – chamei.

- Rose! Graças a Deus! – exclamou ela se levantando e me apertando com toda sua força entre seus braços – Sua avó está quase tento uma aneurisma com isso tudo.

- Desculpe, vovó – pedi quando ela se afastou.

- Não acredito que você queria abandonar sua família, você é só uma criança Rose!

- Eu sei... Me desculpe por isso também – pedi.

- Tudo bem, tudo bem, o que importa é que você está aqui... Todos estão aqui – falou ela com pesar lançando um olhar na cozinha.

- Hora de encará-los – falei forçando um sorriso.

Vovó assentiu e antes que eu pudesse seguir rumo à cozinha ela me apertou entre seus braços novamente. Cambaleante conseguir me desvencilhar de vovó e chegar até a cozinha.

Não eram todos que estava lá como dizia vovó. Lucy estava sentada a mesa, encarando os pais do outro lado, tia Audrey e tio Percy. Lily e Hugo estavam sentados ao lado dela e tio Harry e tia Gina estavam em pé ao lado do fogão. James o irmão de Albus e Lily, Molly II a irmã de Lucy e Fred II o irmão de Roxy se apertavam em um velho sofá colocada de um lado da cozinha e eu me apertei entre eles. Os três sussurram um “oi” quase inteligível e voltaram á prestar atenção a conversa. Um lado egoísta que existia dentro de mim se sentiu inferior ao perceber que eles não ficaram tão surpresos a meu ver, não que eu esperasse que todos fossem ficar como vovó: preocupados comigo, felizes por me ver.

Gui, Fleur, Dominique, Vic, Teddy, Roxy, Angelina, George, Louis e vovô Weasley não estavam ali.

Meus outros tios e primos apenas lançaram um olhar de soslaio a mim, não pareciam muito felizes ou interessados em me ver. Meu lago egoísta que já se sentia inferior desapareceu dentro de mim.

- Onde estão os outros? – sussurrei

- Os seus pais eu não sei – respondeu Fred – Minha irmã e Domi no quarto e os outros... – ele balançou a cabeça.

- ...Vamos no St. Mungus, conversar com um especialista... – tio Percy balançou a cabeça – Essa influência trouxa no mundo mágico é que está causando isso – as palavras saiam com dificuldades da boca de Percy, como se fossem doídas de serem ditas – Luna sempre foi uma boa pessoa, mas nunca tive certeza de que era uma boa mãe, ela criou a filha dela de uma forma... Ela lhe influenciou – Percy suspirou – Vamos concertar isso, filha – prometeu Percy colocando uma das mãos no ombro de Lucy que se desvencilhou violentamente do pai.

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- Só se concerta o que está estrago, pai – rebateu ela, com os olhos marejados ela se virou para mim, e isso realmente me pegou de surpresa – Rose está certa em querer fugir, essa família tem dificuldades em aceitar os desejos e vontades de cada um. Essa família tem dificuldades em aceitar cada um.

- Lucy... – Audrey, mãe de Lucy a olhava com um misto de carisma e pena no olhar – Não se exalte agora, certo? É tudo parte de uma fase...

­ - Eu tenho uma namorada! – exclamou ela se levantando abruptamente da mesa – Sim, e todos os dias nós nos agarramos por Hogwarts, em todos os lugares e de todas as formas possíveis, e ela me excita e eu realmente a amo.

Lucy andou até mim e agarrou minhas mãos para que eu levantasse.

- Outra pessoa precisa de mais atenção do que eles – falou ela rispidamente.

Dei uma última olhada em volta, vendo os rostos chocados de cada membro de minha família e me levantei de mãos dadas com Lucy.

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- É por isso que nunca contei a ninguém – falou Lucy quando estávamos subindo as escadas.

- Você não me deve explicações Lucy... Nem a mim nem a ninguém.

- Mas você é a favor? – ela parou por um segundo um degrau a cima de mim, me olhando com intensidade, como se suplicasse para que eu dissesse que o que ela havia escolhido não era errado – Disso? De eu ser... assim?

- Lucy eu sou a favor de sua felicidade – respondi sinceramente – E se você é feliz com a Lysander ou com qualquer outra garota quem tem o direito de te julgar? Ninguém pode questionar, é sua escolha, sua vida, sua felicidade. E ser feliz nunca será errado independente da maneira que você escolher conseguir isso.

Ela assentiu e sorriu, e até chegarmos ao antigo quarto de tia Gina, não dissemos mais nada.

A porta estava entreaberta, e sem bater nós duas entramos.

Roxy e Dominique estavam jogadas na cama. Dominique deitada ao colo de Roxy que brincava com seus cachos loiros enquanto contava qualquer coisa que fazia Dominique rir.

- Oi – cumprimentou Lucy se jogando ao lado delas na cama, com dificuldades consegui um cantinho na cama para mim. O antigo quarto de tia Gina fora redecorado por mim e minhas primas quando ainda éramos muito novas, decoramos a nossa maneira, pois o quarto de tia Gina se transformava em nosso refúgio quando passávamos o verão na casa de vovó – Sobre o que estão falando?

- Para os possíveis lugares para o qual vamos mudar depois de nossa família nos excomungar – respondeu Roxy.

- Você é que menos precisa se preocupar com isso Roxanne – respondeu Lucy rindo – Quer dizer, uma de nós está grávida do noivo da irmã, outra estava prestes a fugir com o namorado que os pais não aceita depois de revelar os segredos da mãe para meia Hogwarts e a outra acabou de confessar para os pais que se excita ao ficar com Lysander.

- Sim, mas depois disso tudo minha reputação já era – suspirou Roxy – Minhas melhores amigas são umas depravadas, terei de ir para um lugar onde ninguém me conhece ou saiba do meu passado obscuro.

- Roxy você é um consolo para todas nós, muito obrigada – ironizou Dominique.

- Como você está, Domi? – perguntei.

- Não sei... Minha irmã veio falar comigo, ela disse que não me odeia, mas que não sabe como ira me perdoar – contou Dominique – Ela está falando com Teddy agora e com meus pais. Tentei avaliar a barra de Ted, contando que batizei sua bebida com Amortentia, mas depois de meu pai comparar meu bebe com o Lord das Trevas que foi fruto de um romance forçado por Amortentia, Teddy contou toda a verdade... Sobre nós em Hogwarts... Sobre ele não estar sobre efeito da poção quando o bebe foi concebido – Dominique suspirou – Eu irei para Academia de Magia Beauxbatons ano que vem. Irei morar na França com meus avôs maternos, poderei ficar em casa a maior parte da semana e apenas alguns dias terei de ir para Beauxbatons, poderei cuidar de meu bebe e não irei atrapalhar a vida de mais ninguém aqui... Nem de Teddy, nem de Vic, nem de ninguém.

- É isso o que você quer? – perguntou Roxy.

Ela negou com a cabeça.

- Mas é o melhor para todos, incluindo para mim e para o bebe.

- Talvez eu vá com você – sugeri – O que acha?

- E por que você iria? – perguntou Domi levantando a cabeça do colo de Roxy.

- Não queria ter de ficar aqui depois disso tudo.

- Eu também poderia ir – Lucy deu de ombros – Meus pais querem me internar em St. Mungus, com certeza a França não pode ser pior que o St. Mungus.

- Ninguém me conhece lá – refletiu Roxy – Seria um bom lugar para começar uma nova reputação. E os franceses são uma gracinha, cá entre nós.

Por um segundo todas nós caímos na gargalhada, fantasiando uma vida alternativa longe de tudo o que estava havendo.

- Eu queria que vocês pudessem ir – suspirou Dominique.

A porta do quarto voltou a se abrir, e Lily entrava com os cabelos ruivos presos em um coque e as vestes de Hogwarts, as quais trajavam na noite anterior.

- O que é incesto? – perguntou ela sem rodeios.

- Pegar algum parente – respondeu Roxy rapidamente.

- Tecnicamente não – corrigi – Pois se não o mundo bruxo seria um incesto incrivelmente grande, pois praticamente todos sangues puros são primos e tem algum parentesco muito próximos em suas antigas gerações.

- Então o que é incesto gênia? – perguntou Roxy.

­- Apenas relacionamento que ocorre entre pais e filhos e irmãos e irmãs.

- Então, se eu ficar com o Hugo... Não seria um incesto? – perguntou Lily refletindo.

- Não – respondi sentindo um sorriso se formar em meus lábios.

- Aí que alivio! – exclamou Lily pulando sobre nós na cama – Talvez também eu goste dele, não sei.

- Não sei se nossa repreensiva família aceitaria isso por serem primos de primeiro grau – confessou Lucy – Mas qualquer coisa você pode ir para França conosco.

- Sempre gostei da França – assentiu Lily e rimos juntas novamente.

- Reunião de garotas? – perguntou Hugo colocando a cabeça dentro da porta. Pude ver as pontas de suas orelhas adquirirem um tom rubro quando seus olhos encontraram os de Lily.

- Claro, por isso você é bem vindo – respondeu Dominique, Hugo apontou língua para ela – Rose, nossos pais te chamam, eles estão no escritório do vovô.

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- Sorte priminha – desejou Lucy.

- Hugo nós vamos conversar – intimou Lily saltando da cama junto comigo e indo em direção a porta.

Enquanto eu subia as escadarias em direção ao escritório de meu avô consegui apurar os ouvidos e ouvir vozes exaltadas vindo dos andares abaixo. Enquanto isso eu imaginava se depois de tudo que eu vira com meus primos a minha situação não poderia ser pior. Mas claro que não... Ou... Quem sabe?