Skinny Love

Capítulo 4 - Você me desculpa?


Bati na porta dele, e esperei. Nada. Bati de novo, e de novo, e ele continuava a não me atender. 'Foda-se' pensei. Abri a porta e entrei no quarto. Estava escuro e ele estava deitado na cama provavelmente dormindo. Ok, definitivamente ele não se dava bem com camisas.

– Eu vou dar algumas camisas de presente pra esse garoto. Parece que ele não tem. - eu reclamei baixinho comigo mesma.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Eu uso ou deixo de usar o que eu quero, já que eu estou no MEU quarto. - ele disse e eu dei um pulo pra trás.

– Se quiser me matar, pega uma arma e atira na minha cabeça, é mais prático. - eu disse com ironia.

– Não quero ser preso por sua culpa. Respirar o mesmo ar que você já é castigo suficiente. - uma pausa - Sai do meu quarto Taylor. - ele falou com a voz abafada pelo travesseiro.

– Hm... er... - ok, por onde eu começava? Eu nunca tinha feito aquilo antes - eu queria te dizer uma coisa...

– Eu aposto que não é nada tão urgente que não possa esperar até amanhã.

– Na verdade, tem que ser agora, se não eu não consigo dormir. - eu parei e pensei - Qual é o nome daquela coisa que você sente quando você faz uma coisa que você sabe que é errada e não se desculpa com a pessoa?

– Peso na consciência?

– É, acho que estou com isso. - eu disse meio em dúvida.

– Eu tenho a receita. Toma um chá de vergonha na cara e vai pedir desculpas pra pessoa. E ME DEIXA DORMIR.

– Eu to tentando. Mas você não colabora. - senti meu rosto ficar quente. Mas que merda, eu não conseguia ficar mais que quinze minutos com esse garoto sem corar?

– Ah... - ele sentou na cama e esfregou os olhos de forma fofa. Fui até o interruptor para acender a luz. - Nem pense em acender essa merda.

– Mas eu não quero ficar no escuro. - eu disse fazendo bico.

– Então sai do meu quarto!

– Argh! Ta, eu fico no escuro. Eu odeio esse negócio de peso na consciência. - sentei do lado dele na cama, mas não estava olhando para ele. Depois de séculos em um silêncio mais que constrangedor, finalmente decidi fazer o que fui fazer ali.

– Me desculpa. - eu disse baixinho.

– Que? - ele peguntou. Estava fazendo aquilo de propósito. Revirei os olhos.

– Me desculpa, Harry.

– Ué, mas pelo o que Taylor? - eu me sentia uma criancinha de cinco anos tendo que pedir desculpas para o pai por ter aprontado. Eu sempre fui uma criancinha de cinco anos aprontando. Mas essa era a primeira vez que eu pedia desculpas. Geralmente meus pais desculpavam o meu comportamento doido e descontrolado, porque pensavam que eu só queria chamar atenção. Mas no fundo, eles estavam certos.

– Olha só, eu to me esforçando aqui, você não pode facilitar as coisas?

– Eu acho que você ainda não entendeu. - de repente ele estava muito, muito perto de mim, eu conseguia sentir a respiração dele - As coisas nunca vão ficar mais fáceis pra você se depender de mim. - eu não conseguia dizer nada, e muito menos entender porque ele estava fazendo aquilo. Mas eu sabia de uma coisa. Eu estava gostando. Senti a boca dele se mover pelo meu ombro, depois pelo meu pescoço de forma lenta. Ele ia passando e deixando leves beijos. Nunca chegava à minha boca.

– Então você me desculpa? - perguntei com a voz fraca, fechando os olhos.

– Hm... - ele pareceu que ia pensar. - Acho que sim. - ele disse com a voz rouca, bem perto da minha boca.

– Ótimo - empurrei ele e levantei da cama - Boa noite. - sai do quarto dele fechando a porta atrás de mim e fui correndo para a minha cama. Acho que Harry não me conhecia bem o suficiente para saber que se ele pensasse em querer alguma coisa de mim, ele teria que se esforçar muito mais.

Depois do episódio quase-beijo no quarto de Harry, a semana foi razoavelmente tranquila. Acho que estávamos envergonhados demais para provocar um ao outro. Até a Dora estranhou. Mas eu sentia que aquela vergonha não ia durar para sempre.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Toc, toc! - ouvi uma voz seca e baixa. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a porta se escancarou e Dora colocou a cabeça velha dela pra dentro.

– Não é irritante quando uma pessoa bate na sua porta, e antes de você responder, ela já abriu a sua porta? - eu disse ironicamente.

– Desculpe querida, mas você precisa se apressar.

– Pra que? É feriado. Todo mundo sabe que os feriados eu uso pra fazer absolutamente nada.

– Assim como você faz na segunda, terça, quarta, quinta, sexta e sábado? - ouvi a voz risonha de Harry passar pelo corredor.

– Não, isso é o que você faz, babaca.

– Pelo menos eu tenho vida social. Qual é o seu grupo de amizades? Um garoto que pensa que é um príncipe encantado, e outro que te come só de te olhar? Parabéns.

– Prefiro isso do que ter um par de chifres. - de repente ele apareceu atrás de Dora, com o cabelo molhado e pingando, sem camisa (típico) e com uma toalha amarrada na cintura. É, pelo que eu via, ele tinha acabado de sair do banho, e decidiu justo o momento em que ele não podia estar mais sexy, pra entrar no meu quarto. Ele fazia isso de propósito. Só podia.

– Eu não sei de onde você tirou que a Sopie me trai, Taylor. E fecha a boca. - ele acrescentou feliz saindo do meu quarto. Percebi tarde demais que a minha boca estava escancarada, e meus olhos arregalados.

– O que você quer, Dora? - fiquei tão entretida com a minha briguinha matinal com Harry, que tinha esquecido da presença do ser velho e irritante que estava agora dentro do meu quarto.

– Querida, se arrume, porque eu você e o Harry vamos passar o feriado na casa de praia dos Fosters.

Dei meu típico e conhecido sorriso diabólico. Algo me dizia que aquilo não ia acabar bem, mas que eu ia gostar de como acabaria.