Skinny Love

Capítulo 22 - Voltando às Raízes


- Tem certeza de que você não quer ir? - Perguntei com um fio de esperança na voz. O que fez Will rir.

Estávamos no aeroporto esperando pelo meu voo. Depois de receber a ligação da minha mãe há duas noites atrás, implorei à Will que fosse comigo, mas a mãe dele o havia convidado para voltar à Inglaterra e passar as festas de fim de ano com eles. E, bem, Will é britânico, não é necessário ser um gênio para adivinhar que ele aceitou na hora.

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- Meu amor, você sabe que eu vou ver meus pais. - Ele beijou a minha bochecha e a mordeu de leve. - Quando voltar, vou estar esperando por você.

É, horas depois do meu diálogo (ou monólogo, como preferir) com a minha mãe, ela me mandou uma mensagem, dizendo que esqueceu de me avisar que havia reservado o hotel, para passarmos o ano novo lá também.

A mulher do aeroporto anunciou o meu voo, e suspirando resignada, peguei minha mala, me despedi de Will com um beijo, e entrei no avião.

Admito que dormi metade da viagem, e a outra metade, passei vendo alguns filmes que tinham disponíveis para os passageiros. A senhora que sentou no banco ao meu lado dormiu a viagem toda, e eu suspeitei seriamente que ele estava morta, ou em coma profundo.

Cheguei ao aeroporto central de Nova York e peguei um táxi, indo para o hotel que meus pais haviam me dado o endereço.

- Boa tarde, senhorita. Em que posso ajudá-la? - A recepcionista de sorriso plastificado disse.

- Meus pais fizeram uma reserva... Provavelmente com o nome Taylor Hill. - a expressão da recepcionista passou de falsa gentileza, para raiva.

- Ah... Hill... desculpe senhorita, o Sr. e a Sra. Hill já estiveram aqui, e nós já esclarecemos que não existe reserva nesse nome. - Bufei irritada. Isso era tão típico. Provavelmente meu pai esqueceu de fazer a reserva e minha mãe teve um dos ataques dela, descontando na recepcionista.

- Grande merda. - Xinguei baixinho. - Não há nada que vocês possam fazer?

- Infelizmente todos os quartos estão ocupados.

Agradeci à mulher e fui para fora do hotel sentando em um banquinho que tinha ali e colocando meu casaco, já que o frio estava quase fazendo meus órgãos entrarem em estado de conservação. Liguei para a minha mãe, que só atendeu depois da terceira tentativa.

- Alô. - Essa não era a voz da minha mãe, mas eu a conhecia. E um calafrio passou pela minha espinha. Eu simplesmente não conseguia emitir nenhum som. - Alô? - A voz repetiu. Mais um calafrio. E nada do meu aparelho fonético se pronunciar.

O telefone foi desligado, mas eu continuei com ele na orelha, como uma retardada.

Impossível. Pensei. Se bem que...

O telefone tocou e eu me assustei, deixando-o cair no chão. Peguei-o rapidamente e atendi.

- Tay? Querida? - Dessa vez (para o meu alívio) era a minha mãe.

- Mãe? Onde você está? - Perguntei tentando recuperar minha fala.

- Ah, Tay, sinto muito. Seu pai esqueceu de fazer a reserva do hotel. Eu não sei como eu ainda confio que ele vá se lembrar das coisas, por mais essenciais que elas sejam.

- Eu ouvi isso! - Ouvi a voz do meu pai.

- E e era para ouvir! - Minha mãe rebateu.

- Mãe, - respirei fundo - onde você está agora?

- Bem, como aconteceu esse problema, e todos os bons hotéis de Nova York estão cheios devido às festas de fim de ano, a Dora ofereceu que ficássemos na casa dela. - Ela disse com cautela. Isso era sacanagem do destino com a minha cara. - Taylor?

- Sim, mãe.

- Estamos te esperando aqui, querida. - seu tom agora era de desculpas.

- Ok. - Desliguei o telefone e entrei novamente no hotel. Dessa vez o sorriso da recepcionista morreu assim que me viu.

- Oh, céus. O que eu fiz para merecer isso? - a ouvi resmungar antes que eu chegasse à recepção.

- Olha, - eu cortei qualquer coisa que ela estava prestes a dizer - eu sei que minha família provavelmente foi desagradável com você, e eu realmente sinto muito por isso. Mas eu REALMENTE preciso de um quarto. É praticamente um caso de vida ou morte! - Dramatizei.

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- Senhorita, achei que tivesse sido clara ao dizer que não temos quartos disponíveis.

- Mas...

- Senhorita. - a recepcionista me cortou - Eu ganho consideravelmente pouco, para ter que aguentar persistências como essas. Nós. Não. Temos. Quartos. Agora, com todo o respeito, peço que se retire daqui, antes que eu chame os seguranças.

Continuei sentada ali naquele banco na frente do hotel congelando.

Com certeza quem passava por mim me achava algum tipo de maluca, afinal, faziam uns três graus e estava quase nevando, e eu estava ali sentada, parada, sem mover um músculo, nem piscar.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas quando senti algumas gotas molhadas tocarem meu rosto, percebi que tinha que chamar um táxi, antes que as ruas ficassem cheias de neve e os carros parassem de andar. Para a minha sorte, um táxi passou assim que eu levantei do banco.

Entrei e disse o endereço que eu não tinha esquecido mesmo depois de todos esses anos. Relaxei um pouco meus músculos dentro do carro quente, mas logo voltei a ficar tensa quando lembrei para onde ele estava me levando.
Fechei meus olhos e coloquei meus receios em segundo plano.

Ok Taylor, nada de pânico. Talvez ele nem se lembra de você. talvez nem more mais ali. Só aja normalmente. Apenas por uma semana, então você vai embora e volta para a vida normal. Sem Harry, sem preocupações. Sem diversão. Meu subconsciente acrescentou. Não sei quantas vezes fiquei repetindo essas mesmas afirmações.

- Ah... Moça! - O taxista quase gritou, aparentemente estava me chamando há algum tempo. - Chegamos. - Minha espinha gelou. Por um minuto pensei em pedir ao taxista para me levar até o aeroporto, para eu pegar o próximo voo para a Califórnia, mas isso só deixaria claro que eu estava fugindo, e que eu não havia superado. E eu superei.

Cheia de uma coragem que eu não possuía, paguei ao taxista e peguei minha mala, saindo do carro, e sendo deixada ali na calçada do prédio que ainda aparentava estar prestes a cair a qualquer momento.

Como se quisesse brincar mais ainda comigo, o elevador estava quebrado.

Oh destino, pare de usar minha vida como parque de diversão. Obrigada.

Subi as escadas com a minha mala, e quando cheguei ao último andar, passei de vermelha à transparente em segundos.
Caminhei até a porta, ajeitei minhas roupas e toquei a campainha. Nada. Toquei novamente e novamente. Comecei a rir de nervosismo. Até isso!
Depois de quase perder o dedo de tanto apertar a campainha (o exagero e a ironia estavam voltando com força. Ótimo, estou regredindo) alguém na casa resolve se pronunciar e abrir a porta.

- Taylor.