Entre Caçadores E Presas

Apenas uma criança.


Abraços. Eu talvez tivesse recebido abraços de todo mundo que estava nos esperando na sala, sentados no sofá branco e enorme com a postura correta, e sobretudo, sorrisos acolhedores em seus lábios pálidos e finos. Eram todos… encantadores, e acima de tudo, acolhedores assim como Edward me dissera.

Eles não me olharam com sorrisos falsos ou olhares tortos como imaginei toda a noite. Pelo menos, não que eu estivesse percebendo algo de falso em todas as cinco pessoas que sorriam e falavam alto, tamanhas eram suas saudades. Edward passara vários meses fora, eles se defendiam, dizendo que não costumavam ser tão pegajosos. Embora, em minha mente, fosse melhor ser pegajosos que falsos.

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Eu não queria causar uma impressão errada, não queria que eles pensassem besteira a meu respeito.

Mas tinha uma garota, pequena e morena ― assim como a mãe de Edward. Tinha catorze ou quinze anos. Apenas pelo olhar dela eu podia dizer que ela me odiava tanto que talvez ela fosse explodir a qualquer momento por causa disso. Ela me odiava por eu estar ali ― em sua casa, invadindo ―, e não, não era imaginação de minha mente.

Eu sequer sabia o nome dela e depois, quando Edward percebeu a tensão que tinha da parte dela comigo, meio que nos apresentou. Eu era a namorada dele e ela era a irmã que tinha passado vários meses longe de seu único irmão. Eu era o problema, eu que estava me intrometendo na vida de ambos.

Anna, esse era o nome dela e ela continuava me odiando.

Talvez nunca parasse.

― Qual é, Bella? É só uma criança. ― Ele sussurrou para mim quando ninguém estava prestando atenção em nós.

― Uma criança que me odeia. ― Sibilei de volta. ― Sabe, talvez devesse dividir melhor seu tempo com ela. Não quero ser odiada por ninguém.

― Ela não te odeia. ― Disse.

― Imagino que não. ― Murmurei sarcasticamente para ele, lhe lançando um olhar raivoso. Era culpa dele que eu estivesse ali, ele que não tinha me dado tempo de assimilar que só estávamos a algumas quadras de sua família. Edward que tinha apressado as coisas mais do que deveria ou fosse apropriado.

Tudo que eu queria era sair correndo de onde estava e voltar para o lugar onde minha irmã me amava e eu não tinha que enfrentar adolescentes de quinze anos com crises de ciúmes por seu irmão ser meu namorado. Aliás, eu sabia que deveria ficar solteira, assim eu não teria que ser corajosa quando não queria.

Era tão estranho isso. Eu me sentia totalmente despreparada para conhecer a família de meu namorado; eu nunca me acostumaria com essa palavra. Não estava habituada a pertencer ou ter alguém.

Esme, a mãe de Edward contava histórias sobre como ele era apegado ao pai e corria para os braços do mesmo quando ele chegava do trabalho. Por incrível que pareça, ela não chorava ao falar aquilo, nem parecia triste. Na verdade, parecia orgulhosa por seu marido ser o que foi. Todos sorriam, menos Edward. Presumi que ele não queria falar sobre seu pai, talvez ainda não tivesse o superado e isso era completamente compreensível.

Tentei aprender o nome de todo mundo. Esme e Carlisle; os pais de Edward ― o pai tinha morrido no serviço ―; Alice, Jasper, Emmett e Rosalie; os primos que viviam com Esme para que ela não sucumbisse à solidão e a depressão a qual ela possuiu alguns anos atrás. Eles cuidavam de Anna também, dividindo-se em turnos para ter seus trabalhos e estudos.

Ah, eles eram legais. Muito legais, pra falar a verdade. Alice queria que eu escolhesse para ela a roupa que ela iria para uma festa mais tarde, entretanto Esme puxou-me para cozinha, a fim de conversar particularmente comigo.

Era tão estranha a segurança que eu sentia com eles, com a exceção de Anna. Eu não conseguia parar de pensar que se ela tivesse uma faca em suas mãos, talvez a usasse para me aniquilar da vida de Edward e ter seu irmão mais velho somente para ela. Eu sei, poderia ser… idiotice de minha mente, ela só tinha quinze anos, afinal.

― Sinto muito por… precisar disso tudo para… ― Ela sorriu triste, baixando os olhos. ― Às vezes eu… pergunto-me o que foi que eu fiz de errado para que… ― Ela se interrompeu, ainda com os olhos pregados na mesa.

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Hesitei, mordendo meus lábios. Tentei procurar Edward com os olhos, mas os olhos dele estavam ocupados demais olhando para Anna. Era melhor que ela e ele estivessem ficando um pouco juntos, quem sabe ela desistia de me odiar. Não que eu estivesse pedindo para ela me amar, eu só não queria que ninguém da família de Edward me odiasse como ela o fazia.

― Se Edward nunca pediu desculpas por todos os erros dele, eu estou te pedindo agora, Isabella. Sinto muito por você ter que ser sequestrada para que Edward tivesse de te encontrar. Sinto muito, sinto muito.

― Eu… eu… ― Forcei-me a falar alguma coisa que prestasse e o resultado disso foi gaguejar por alguns milésimos de segundos. ― Esme, eu… está tudo bem. Eu estou viva, isso que conta, não é? ― Nunca fui de consolar ninguém, nunca precisei consolar ninguém, mas eu sentia que era a coisa a fazer por aquela mãe que estava envergonhada pelas escolhas de seu filho.

De seus filhos, se ela soubesse a verdade sobre o outro o qual eu ainda não sabia o nome.

― Eu sinceramente não sei o que seria de Edward sem você. Talvez só o víssemos dentro de um caixão. ― Disse ela, fazendo-me baixar os olhos por imaginar. ― Obrigada, Bella, como ele te chama. ― Escutei seu riso baixinho. ― Obrigada, mesmo.