Good Life?

Capítulo 6


POV Daniela

Deixem-me ver se percebi bem. O Uruha é meu primo?! Eu sei que toda a gente deve estar a pensar “Sim! Percebe logo isso. Tapada…”, mas vejam pelo meu lado. Eu não podia estar mais chocada. É… O Uruha. Takashima Kouyou ou, como a Amanda costuma chamar-lhe, o Deus das Coxas. Não liguem, são só as lembranças da baixinha a virem à tona. Ah… Ama-chan. Como sinto a tua falta.

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O Aoi avisou-me que, se não saíssemos já dali, o olhar das fãs me podia esturricar. Mas não admira, eu faria o mesmo se estivesse no lugar delas. É-me inaceitável ver outra pessoa (não famosa) a falar com os meus ídolos quando eu não posso. Mas eu já posso! O Aoi é que foi a conduzir. Aliás, eu tenho de mandar uma foto dele à Bea. De preferência quando ele estiver num ambiente caseiro. Sem precisar manter as aparências. Foi o pedido dela.

Ainda me lembro da cara daqueles dois quando atendi a chamada. Eu não ia falar japonês sem necessidade. Eu era portuguesa, a Bea e a Amanda também. Nada mais normal do que falarmos em português. É a sério, a cara de Uruha quando eu comecei a falar foi impagável. Eu sei que é uma língua estranha, mas… Eles estavam com expressões tão cómicas! Foi mesmo engraçado… E desculpem lá o meu ataque…

Eu pergunto a mim mesma, se tive a reação certa. Eu encontrei as pessoas que mais idolatro no mundo, e descobri que vou ter de conviver com elas diariamente. Não devia estar nervosa? Tímida? Assustada? Faz algum sentido que, mesmo depois de descobrir quem era, continuasse a falar com o meu primo como se fossemos amigos? Como se fossemos iguais? Não me parece certo. Mas já que vou viver com ele… Mais vale ter uma boa relação, né?

Tenho a noção de que fui pensativa durante toda a viagem. Custa-me a assimilar, tudo o que aconteceu na última meia hora, ainda me parece irreal. Houve uma altura em que eles me avisaram que os outros três membros da banda também me queriam conhecer. E que eles me iam atacar. Pensei que talvez devesse ter ficado assustada. No mínimo, receosa. Mas vocês não imaginam a minha felicidade naquele momento.

Depois lembrei-me de algo. Eu ia conhecer o Reita?! O meu Reita? Isso era a concretização dos meus sonhos mais profundos. Eles perguntaram-me porque é que eu queria tanto conhece-lo, e eu acabei por explicar. Acho que o Uruha se sentiu ofendido por não ser ídolo dos ídolos de nenhuma de nós. Tive de lhe explicar, com muito vergonha, que ele era adorado por todas nós. E ele voltou a sorrir.

Agora, já recapitulamos tudo. Certo? Vamos ao que estava a acontecer…

Chegámos em frente ao prédio de Uruha. Era tão luxuoso como eu pensava. Não demasiado, para não chamar a atenção, mas não era mau. De todo… Aqueles gorilas, também chamados de seguranças, ajudaram a tirar as minhas malas e levá-las para o apartamento. Nem era preciso. Eu sozinha conseguia com todas as minhas malas. Não era assim tanto. Entrámos no apartamento e, assim que eu decidi explorar, o telemóvel do Uruha tocou. Atendeu, em voz alta. Mas que mania!

- Oi Uru. – cumprimentou alguém que, agora, eu reconhecia como Kai.

- O que queres, Yutaka?

- Por que me estás a chamar assim? – ele perguntou numa voz chorosa.

- Abandonaste-me com o beiçudo. – explicou Kouyou, calmamente. O outro riu-se.

- O Miyavi teve mesmo problemas com a mulher, sabes. Eu estou a ir buscar o Ruki, parece que o encontro foi desmarcado, e o Reita já está aqui comigo. – ele começou a dizer, e ouviu-se um “Oi Kou” lá atrás – Ah. Eu vou levar o Miyvs. Ele meio que foi expulso de casa. Por hoje.

- Ok, quanto tempo é que falta para chegarem?

- Dez minutos. Se tanto. – ele disse. Depois despediu-se e desligou.

Eu fiquei ali especada, a sorrir. Eu estava mesmo chocada, gente. O Aoi começou a passar a mão à frente da minha cara, por isso, apercebi-me que estava a fazer uma figura… Não digo ridícula, mas estranha. Acordei do meu transe e agarrei nas malas. O Uruha disse-me qual era o meu quarto e eu fui arrumar as minhas coisas. E fiquei a ouvir a conversa daqueles dois, na sala.

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- Hey Aoi. Vou tirar a minha maquiagem. – avisou o meu primo (adoro dizer isto!) – Acho que esta coisa nova me faz alergia.

- A sério? Então vai lá tirar. Não queremos a tua pele de porcelana manchada, né? – até eu podia sentir o cinismo na voz dele.

- Aoi, achas que eu devia estar mais preocupado com a Daniela ou com o Reita?

- Porquê? – perguntou o Aoi. Concordo! Porque é que haveriam de estar preocupados com o Reita?

- Acho que a minha prima é meio obcecada por ele… E se lhe faz algo? - explicou o meu primo.

Hã? *indignada* Deixei as coisas por fazer e rumei ao quarto de Uruha. Entrei sem nem pensar. Eu sei, ele podia estar despido e tal, mas foi exatamente por existir essa possibilidade que eu não bati à porta. [¬¬ ou XD?]

- Eu oiço tudo o que vocês dizem, sabiam? – perguntei, olhando para o interior do quarto – Não tens de preocupar com o Reita. Eu sou obcecada sim, mas tenho bom senso. Não é por o idolatrar que o lhe faria algum mal. Não vou dar uma de stalker ou de ciumenta, e persegui-lo oumatá-lo. Percebes? – perguntei, virando as costas em seguida. Voltei para o meu quarto, onde me tranquei, e continuei a arrumar as coisas.

Eu sei que ele não disse aquilo por mal. Mas, mesmo que seja eu ídolo e primo, eu não vou voltar a ser simpática antes de um pedido de desculpas. Má? Não, apenas persistente.

POV Uruha

Boa, nem estava com ela à uma hora e já a tinha conseguido chatear. Ou ofender… Não percebi bem. Só sei que fiz porcaria. E, se ela for como eu penso que é, ou seja, igual a mim, não me vai deixar sair impune.

- Fizeste das boas desta vez, Kou. – disse-me Yuu. Ele preocupava-se comigo e, aparentemente, com a minha prima também.

- Vou pedir-lhe desculpas, não há mais nada que eu possa fazer, né?

- Hã?! Tu, o Uruha, vais deixar o orgulho de lado e pedir desculpa?! – perguntou abismado, lancei-lhe um olhar mortal – Vai lá, vai. – empurrou-me na direção do quarto de Daniela.

Pus-me em frente ao quarto, que antes era de hóspedes, e agora era da minha prima. Eu tinha de ser forte. Tal como Aoi disse, tinha de deixar o orgulho de lado. Não me era nada fácil. Eu não me arrependia, fazia com que os outros se arrependessem. Não pedia desculpas, os outros é que o faziam, mesmo que tivessem razão. Parece que finalmente encontrei alguém parecido comigo, de todas as maneiras. Mesmo fisicamente.

- Daniela, eu peço de-desculpa. Eu não devia ter dito aquilo. La-lamento se te ofendi. – disse a custo. Era mais difícil do que eu imaginava! O Aoi sorriu-me e ouvi a porta do quarto a ser destrancada.

- Não faz mal. – ela disse, abraçando-me. Era mesmo fã… - E podem chamar-me Nuki.

POV Nuki

Eu tenho a noção de que “Daniela” é um nome complicado. Principalmente de pronunciar em japonês. Não me importo que me chamem Nuki, mesmo que as únicas pessoas que o façam sejam Bea e Amanda.

- Ok. Nuki-chan. – disse Aoi, sorrindo. E ele ficava ainda mais giro a sorrir… - Agora que já estão bem outra vez, eles devem estar quase a chegar. – ele avisou.

Encaminhei-me para a cozinha, que já sabia onde era. Eu estava esfaminta [costumo juntar esfomeada e faminta quando quero dizer que tenho mesmo muuuuita fome] e queria saber se havia algo de bom para se comer ali. Eu devia sentir-me impedida, visto que estava naquela casa há poucos minutos. Mas, bem, eu vivia lá. A casa era minha também agora. Aproximei-me do frigorífico [acho que é geladeira aí].

- Uruha, há comida?

- Na verdade… - começou Aoi a responder, mas eu já tinha aberto a porta.

Eu vou dizer-vos o que havia lá dentro. Álcool e açúcar. Nada mais. Abri um armário e vi que tinha apenas barras de chocolate. Acho que aquele açúcar todo me espantou mais do que as bebidas.

- Bebidas e doces. – comentei, reparando que eles já estavam atrás de mim. Uruha sorria tímido e o Yuu fazia uma cara de reprovação – Fixe! – exclamei.

- Fixe? – perguntaram ao mesmo tempo.

- Sim. São as minhas fontes de sobrevivência. Álcool e açúcar. Não preciso de mais nada. – respondi tirando uma bebida qualquer do frigorífico e uma barra de chocolate aberta do armário. Fui para a sala e deitei-me do sofá.

- Nuki. Tu és menor, não podes beber. – reclamou o Aoi, tentando tirar-me a bebida da mão. Eu não sei o que era, mas era bom.

- Vá lá. Desde que idade é que bebes? E tu Uruha? – perguntei, dando uma dentada na barra de chocolate.

- Desde os 16, mas isso não vem ao caso. – ele respondeu, ainda a tentar chegar ao que eu bebia. Eu só tinha menois um ano, por isso não havia problema. Né?

- Eu não te posso dizer, ou o beiçudo aí matava-me pelo mau exemplo. – riu-se e eu imitei-o. O Aoi fez cara de poucos amigos, mas desistiu de tentar tirar-me aquilo da mão.

- Oi minna! – exclamou Kai, entrando pela porta da frente. Atrás dele seguiam três pessoas, Ruki, Reita e Miyavi, por ordem.

- Oi. – respondemos os três. Eu encolhi-me no sofá, ficando apoiada no braço do mesmo, para eles se poderem sentar. Todos se acomodaram no seu sítio. Ficou assim: no meu sofá, eu, Miyavi e Kai, no outro, Reita, Ruki e Aoi, e Uruha puxou uma cadeira.

- Então esta é a tal Daniela? – perguntou Kai.

- Sou sim, mas podem chamar-me Nuki. Já vi que vocês têm… Problemas, ao pronunciar o meu nome. – disse a rir-me. Eu sei que não devia estar tão à vontade entre os meus ídolos, mas sentia-me bem. Muito bem. Alguém também se riu.

- Eu adoro o teu cabelo. – comentou Miyavi, agarrando numa mecha. Fiquei feliz, admito.

- Eu também adoro o teu, não te preocupes. – respondi-lhe a sorrir.

- Ela faz-me lembrar alguém. – comentou o Kai.

- Acho que temos mais um Uruha. – disse Reita, referindo-se à minha, óbvia, paixão por bebidas e chocolate. E talvez à minha posição e estupidez.

- Não duvido. – disse Aoi, ainda emburrado por eu estar a beber – Protegeu a bebida de mim, como se fosse a vida dela. – comentou, fazendo todos rirem.

E de repente o meu telemóvel começou a tocar, era a Bea. Atendi.

[Imaginem que ela estava a falar japonês, e agora começa a falar português. Ok? E imaginem as caras deles. Então se ela falar japonês neste espacinho vai estar entre « ».]

- Oi. – cumprimentei.

- Daniela! – exclamaram, entregando o facto de estarem em alta voz. Estas pessoas e a não privacidade ao telemóvel! – Temos tantas saudades tuas.

- Que é isso, meninas? Eu ainda estive com vocês ontem! Como podem sentir saudades? – perguntei na brincadeira, mas depois o meu semblante entristeceu, fazendo os olhares em volta de mim tornarem-se preocupados e duvidosos, em vez de perplexos. Português para eles, é tão estranho como japonês para mim, quando comecei a aprender.

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- Não tiveste saudades nossas! – exclamou Ama-chan, ofendida.

- Claro que tive. Mais que tudo… Também sinto a vossa falta. Queria-vos aqui.

- Sobre isso, eu falei com os meus pais e eles disseram que, se tu quisesses, podíamos ir aí nas férias.

- A sério? – perguntei entusiasmada – Ama-chan, isso é a sério, mesmo?

- Claro. Achas que ela te mentiria? – perguntou Bea, divertida – Mas então… como são as coisas aí.

- Muito boas. Neste momento estou na sala do Uruha, a beber algo, que não faço a mínima o que seja, e a comer chocolate. E a sala está lotada de gente. E eles são ainda mais lindos ao vivo.

- Quem está aí contigo?- perguntou a Amanda, curiosa como sempre.

- Deixa cá ver… Ao meu lado estão o Miyavi e o Kai. – eles olharam curiosos para mim ao ouvirem os seus nomes e a Bea gritou:

- Miyavi?! Diz-lhe que eu o amo. – gritou a Bea.

- «Miyavi, a minha melhor amiga diz que te ama.» - passei a mensagem e ele sorriu. Que sorriso tão kawaii!

- Então, mais. Estão ali o Reita, o Aoi e o Ruki. – elas guincharam, e eu até tive de afastar o telemóvel do ouvido, eles apenas franziram o cenho – E, claro, o Uruha, né?

- E…

- Sim, as coxas dele são ainda mais gostosas ao vivo. – ri alto, fazendo Uruha olhar para a garrafa na minha mão. Ele não fazia a minima de que estavamos a falar dele... E achava que eu já estava meio tocada pelo bebida. Não sou assim tão fraca!

- Ok, estamos a gastar biliões de dinheiro, por isso… Adeus. – disse a Amanda.

- E pára de beber antes de estares bêbada. – exclamou Bea antes de desligarem. Eu apenas voltei a rir, e guardei o telemóvel no bolso.

[Tudo em japonês, outra vez. (rimou…) Eles estão todos a pensar no que ela pode ter dito às amigas mas, como é óbvio, não sabem nadinha de português.]

- A Bea diz que vai casar contigo. – disse eu, apontando para o Aoi – E a Amanda que vem ao Japão para te raptar. – completei, apontando para Ruki – Obcecadas… - toda a gente riu.

E estivemos ali, pelo menos meia hora, até um telemóvel tocar. Todos olharam para mim, mas era o de Uruha. Desta vez… Atendeu e pôs em voz alta. Aff…

- Oi Shou. – disse ele. Shou?! Os meus olhos devem ter começado a brilhar, pois o Miyavi estava a olhar-me com medo.

- Oi Uru. Amanhã vais trazer a tua prima à PSC, né? Toda a gente a quer conhecer. Principalmente o Takeru. Está maluco. – ele disse e ouviu-se “Estou só curioso” lá atrás. Provavelmente do Takeru.

- Claro que vou. – gritei, fazendo aquelas pessoas, que era suposto eu estar a impressionar, olharem-me espantadas.

- Ainda bem. Ja nee. – e o próximo som que ouvimos foi o fim da chamada.

Eu ia à PSC, conhecer as pessoas que adoro há anos. Isto sim é boa vida. [Referência ao titulo da fic? Subtil…]

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.