Emma’s P.O.V

“Regina, respire por nós”

“Lute pelo Henry. Lute por nós”

Eu não sabia se a escuridão estava dentro de mim ou se eu estava dentro da escuridão. Era como vagar no metafísico. Eu não tinha plena consciência de mim mesma, mas ao mesmo tempo eu me sentia completamente ali.

Flashes sem nexo constantemente me assolavam. Quando estes não me sufocavam a escuridão o fazia. Por vezes desejei morrer, porém a morte não seria algo que me aliviaria, nem mesmo sabia se isso que “vivia” era a morte.

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Frustrantemente redundante.

Somente sabia que o que eu sentia era ruim demais para ser apenas a morte. Esta vinha silente e fria, dava seu beijo e partia, me levando para algo subjetivo. Uns acreditavam em céu, outros em inferno, já eu acreditava em... Nem mesmo sabia.

Seria então esse meu destino? Minha indecisão, minha descrença havia me levado ao nada? Me causado esse destino cruel de vagar ao vácuo?

Mas o vácuo era apenas o vácuo. Não tinha ar nem força.

E o que eu sentia tinha uma força esmagadora. Era esmagada pela força da gravidade. Ou apenas pela força de meu cérebro. Almas eram para aqueles que acreditavam em céu. Eu era uma descrente, ímpia. Não era a alma que pesava, provavelmente era minha consciência.

Mas eu, realmente, tinha consciência?

Este era meu dilema.

Podiam ter se passado dias, meses, anos e eu não notava. É claro. Todos os dias eram iguais.

Morta.

Ou pelo menos como eu achava.

Eu estava imersa em minha agoniante indecisão quando senti um calor.

Não era um calor completo, era um calor localizado.

Mas estava errado.

Calor era uma agitação de moléculas. Ali onde eu estava não havia nada.

Vácuo.

Mas o calor se fazia presente, sim...

Em um ponto, que percebi ser minha mão esquerda.

Aos poucos, a tal força desconhecida foi se dissipando, inexplicavelmente. Não mais me esmagava brutalmente quanto antes, embora ainda estivesse presente.

Eu estava sendo resgatada?

Como?

A consciência plena se alastrava por mim, me assustando, pois essa sensação já era, há muito, desconhecida.

Eu estava me sentindo viva.

BIP

BIP

BIP

Um som irritante adentrava meus ouvidos. A consciência me trouxe de volta a dor e as lembranças, desta vez mais físicas. A dor queimava meu corpo e ressenti ao perceber que era esse calor que meu corpo havia detectado.

Foi quando ouvi uma pequena fungada. Tentei comandar meu corpo, mas ele não respondia.

Eu estava presa a minha própria mente.

Ela não era capaz de fazer as sinapses, era minha liberdade, mas ao mesmo tempo meu cativeiro.

Percebi que a mão que havia recebido o calor era segurada por outra mão, a mão que pertencia a dona da fungada, até então, desconhecida.

Apelei para meus sentidos, mas eles estavam corrompidos. Eu sentia, embora fracamente. Eu ouvia, mas não completamente. Forcei meus olhos, eles tremularam, mas mantiveram-se cerrados. Minha garganta estava obstruída por um tubo, a origem do meu sufoco.

Minha mão, antes quente pelo aperto, foi solta brutalmente. O ambiente ficou agitado; meu sentido captava as energias puras, não aplicadas. Eu penava em demonstrar que estava parcialmente ali, mas eu estava presa.

Senti a presença de outros corpos, agitados. Sons eram emitidos, mas eu não era capaz de captá-los completamente.

Então se fez o preto novamente.

_ _ _ _

Diferentemente das outras vezes, agora eu tinha noção do tempo passando, o que tornava tudo mais agoniante. Porém, a cada dia, eu me sentia mais viva, mas forte, mais presente.

Era dia, e, como todos os dias, eu sentia duas presenças comigo. Não sabia quem eram, mas eram boas. Me faziam sentir-se mais forte.

De repente, por alguns segundos, uma reverberação do ar me atingiu. Era leve, quase inexistente para ser apurada por meus ouvidos falhos, mas se repercutiu. Era uma... Uma voz. Um timbre leve e infantil. Minha percepção captou claramente apenas o final:

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“... era apenas o começo”.

Então meus olhos cederam a pressão e minhas pálpebras subiram em velocidade assustadora. Minha força constantemente aplicada agora fora transformada em uma resultante.

Eu abri os olhos.