Dois Caminhos, Um Só Destino

Capítulo 10 - Quando pesadelos viram realidade


“Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer.”


Chico Buarque



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Se não fosse com ela, Gina estaria rindo.


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Ela tinha que admitir que a situação era um tanto cômica. David a olhava sorrindo e bem na frente dele, Harry estava parado hora olhando pra ela, hora olhando para David. No entanto, a confusão que se fazia dentro de sua mente não lhe dava outra saída a não ser a de se manter séria.


- Gina, meu amor... – Falou David, passando por Harry sem nem ao menos cumprimentá-lo. Deixando sua pequena mala no chão, tomou a ruiva em seus braços, apertando-a contra si. – Eu senti tanto a sua falta...


Gina abraçou David de volta, sem jeito. Seus olhos encontraram os verdes de Harry, que pareciam transmitir dor.


Almofadinhas entrou na sala e começou a latir para o estranho que ainda abraçava Gina. Viviane tinha razão afinal, o cachorro emitia os sentimentos de seu dono, por mais que aquilo soasse ridículo. Poderia ser apenas coincidência, mas Almofadinha não estava gostando nem um pouco do estranho que apertava Gina em seus braços, muito menos Harry.


- Mas o que... – David olhou para o animal.


-E-esse é o Almofadinhas. O cachorro de... Harry. – Quando Gina pronunciou o nome dele, tanto David quando ela o olharam.


-Você é Harry Potter! – Exclamou David, nem mesmo percebendo o olhar de desprezo que o herói do mundo bruxo lhe lançava.


Harry parecia estar dentro de seu pior pesadelo dos últimos dias. Seus olhos percorreram David. Era um homem um pouco mais baixo que ele, com cabelos enrolados e olhos castanhos. No rosto, ele carregava um pequeno sorriso e seu olhar estava voltado para Gina. Aquilo doeu em Harry. Pôde ver que David gostava mesmo da ruiva. O modo como ele a abraçou, como ele a olhava e como sua mãos acariciavam a dela... Droga! Porque ele foi abrir a porta!? O pior de tudo era que ele precisava “fingir” que gostava de David, ou se não teria que explicar o motivo de tanto desprezo.


-É, sou eu. – Respondeu Harry, tentando ser o mais educado possível.


-Prazer, sou David. – O namorado de Gina lhe estendeu a mão, e ele se vira novamente sendo obrigado a apertá-la. A ruiva, no entanto, olhava para Harry como se temesse que ele fizesse alguma coisa. Era claro que ela estava tão incomodada quanto ele diante daquela cena.


-Eh... David, vamos, quero te apresentar para a mamãe.


Do outro lado da sala, Hermione olhava para Harry, como se tentasse desvendar como o moreno estava se sentindo diante daquela cena. Ele não se mexera, nem mesmo voltou a olhar para o recém chegado. Ficou parado, ali perto da porta, como se quisesse voltar no tempo e mudar o que tinha feito. Jamais deveria ter aberto aquela maldita porta!


Não quis se torturar ainda mais, por isso não olhou para Gina enquanto ela apresentava o “namorado” para a família. No entanto, ainda podia ouvi-los.


-Muito prazer, Sra. Weasley. - Harry ouviu David falar. – Gina me falou muito sobre a senhora. É uma honra finalmente conhecê-la!


-Ora, que rapaz educado! – Disse a Sra. Weasley. – Seja muito bem-vindo, querido. Estou feliz que tenha vindo!


Harry preferia ter Voldemort ainda vivo do que ter ouvido aquelas palavras. Era irritante ver a sua ruiva nos braços de outro homem e, como se a situação não estivesse pior, ouvir a Sra. Weasley elogiá-lo melhorava em nada.


Naquele momento, ele imaginou como seria se tudo fosse diferente. Imaginou-se com Gina, em uma casa bonita. Ela cozinhava, e ele arrumava o jardim. Pareciam felizes, tinham tudo o que precisavam, afinal: Uma bela casa, uma cama para que fizessem amor no final do dia e, principalmente, tinham um ao outro. Harry sorriu ao imaginar. Agora, aquela imagem em sua cabeça estava tão longe de acontecer quanto o milagre de Rony parar de comer.


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Olhou finalmente na direção de Hermione e lhe lançou um sorriso. Não para lhe dizer que estava feliz, porque passava bem longe disso, mas para lhe dizer que estava bem. Ora, Harry podia ser impulsivo às vezes, mas sabia admitir um erro. Gina estava certa. Se ele houvesse a beijado 6 anos atrás, talvez as coisas fossem diferentes naquele momento.


Respirou fundo e foi em direção ao seu quarto no andar de cima, o ciúme lhe corria por dentro e o monstro em seu peito nunca estivera tão “enfurecido” quanto estava naquele momento. Talvez deitar e pensar fossem o melhor a ser feito. Precisava reconquistar Gina o quanto antes, pois duvidava que conseguiria agüentar vê-la nos braços de David por muito tempo.


No andar de baixo, Gina estava sentindo como se houvesse caído de um precipício.



XXXXXX


-Por que, diabos, vocês não me chamaram antes? – Perguntou um Harry, enfurecido. A ideia de John de chamá-lo somente no outro dia, para proporcionar mais uma noite de tranqüilidade ao amigo, não o alegrou.


- E resolveria alguma coisa? Ta certo que você é o nosso chefe, Harry, mas essas cartas não vão além de ameaças. Elas não nos dão nenhuma pista de quem quer que seja que esteja as mandando! – Exclamou John, também nervoso.


No Departamento de Aurores, uma reunião acontecia na sala do chefe. Nenhuma das cartas que haviam mandado chegou a ser tão intrigante quanto a que receberam na noite anterior, fazendo com que Rony e Harry fossem tirados do conforto d’A Toca.


- O que você acha, Rony? – Indagou Allef, que estava sentado ao lado do ruivo. Esse estava lendo mais uma vez a última carta que receberam.


Rony suspirou, enrugando a testa, enquanto Harry, em pé, apoiava as mãos na mesa.


- Ainda estou pensando no que achar e no que não achar. – Harry abaixou a cabeça com a revelação do amigo.


- Não vejo onde essa reunião possa nos levar. – Ryron resolveu se manifestar, andando pela sala balançando sua varinha. – O “estranho” sempre foi bem objetivo com as ameaças, e nunca foi muito além delas até...


- E como é que ele sabe do caso Coliveri ? – Manifestou-se Jean, que estava de pé, com os braços cruzados. Usava uma saia de tecido colada de cintura alta, e uma blusa branca de botões, de manga comprida. Se ela não tivesse curvas visíveis, e não estivesse usando saltos altos e um batom vermelho, Harry julgaria que ela fosse uma mulher séria. Se bem que, naquele momento, a loira estava se mostrando bastante entretida na reunião. Ninguém poderia reclamar de seu trabalho como auror.


- É isso que está me incomodando! – Exclamou Harry, virando de costas e convocando a carta, para relê-la mais uma vez naquele dia.


- Terminamos esse caso faz mais de 1 ano! E saiu em todos os jornais, Harry. – Informou Rony.


- Sim, mas ninguém além de nós sabia que o caso estava ligado a Voldemort!


Fez-se silêncio por um tempo, onde cada um trabalhava com os próprios pensamentos.


Lembravam-se bem do caso Coliveri, onde um grupo de bruxos realizava magia das trevas contra trouxas. Foi uma grande surpresa para Harry quando descobriu que a magia que eles utilizavam, era um tanto parecida com a de Voldemort, e embora nenhum deles possuíssem a Marca Negra no braço, ele não se importou de mandá-los direto para Azkaban, pois tivera certeza de que eles eram antigos aliados de Tom Riddle.


- Isso não é possível... – Soltou Harry, quando chegou as suas próprias conclusões.


- O que, Harry? – Perguntou Ryron. Todos olharam para o Chefe dos Aurores, esperando uma resposta.


- Eu não sei onde o “estranho” quer chegar com isso... O caso Coliveri saiu em todos os jornais, mas não me lembro de ter mencionado Voldemort, e muito menos que tipo de feitiços eles usaram! – Harry limpou o suor que escorria por sua testa antes de continuar. – Essas... Essas informações era sigilosas. Só nós sabíamos disso, o que me leva a pensar em algo absurdo, mas não totalmente descartável.


- E seria...? – Quis saber John, que até aquele momento se encontrava calado, tentando descobri se o amigo pensava o mesmo que ele.


Harry respirou fundo antes de responder.


- O “estranho”, se é que esteja agindo sozinho, está entre nós.


- Você só pode estar de brincadeira... – Exclamou Rony, incrédulo.


- Não, não estou! E se ele está infiltrado nesse Departamento, ele pode muito bem conseguir o que quer!


- Eu estava pensando nisso. – Informou John, coçando o queixo com uma das mãos.


-Isso quer... isso quer dizer que o espião pode ser qualquer um do nosso departamento. – Falou Rony, olhando somente para Harry enquanto se levantava da cadeira.


-Espera um pouco, estão querendo dizer que agora temos que desconfiar um do outro? – Perguntou Ryron, incrédulo.


-É isso mesmo, seu idiota, temos que desconfiar até mesmo da velinha que encontrarmos no elevador! – Disse John, irritado. Aquilo tudo estava o tirando do sério.


-Ei, calma aí! Eu não mandei carta nenhuma! – Defendeu-se Jean, levantando as mãos em forma de rendição.


-Muito menos eu! – Dessa vez, a frase veio de Allef.


-Ah, que engraçado, eu também não esperava que o “estranho” dissesse “oi, o espião sou eu, me prendam!” – Respondeu John, enfurecido.


-O espião também pode ser você, chefinho. – Falou Ryron, lançando um sorriso desafiador ao loiro.


-CHEGA! –Gritou Harry. – John está certo. Seja ele quem for, o espião nunca diria quem é. Ele está fazendo o trabalho muito bem. Não sabemos quem é e muito menos o motivo pelo qual ele está mandando essas cartas, mas não é brigando que vamos resolver tudo isso.


-Harry tem razão. – Falou Rony.


-Quero que tudo isso fique somente entre nós, entenderam? E qualquer tipo de sinal ou outra carta que chegue ao ministério desse estranho, tragam diretamente a mim. – Falou ele, olhando para cada um ali presente. – Reunião encerrada.


Harry sentou-se em sua mesa e reuniu todas as cartas do estranho enquanto via cada um sair da sala, ficando somente ele, Rony e Jean no compartimento.


-Espero que Hermione não me mate. – Disse Rony, atraindo a atenção de Harry. – Nossas férias acabaram, cara.


-Sinto muito, Rony. – Respondeu Harry. – Mas preciso de você aqui.


-Tudo bem.Te espero lá fora. Vou falar com John. – Rony acenou com a cabeça para o amigo e lançou um sorrisinho na direção de Jean, saindo da sala logo depois.


Podia parecer estranho, mas Harry não sabia se ficava feliz ou triste por voltar ao trabalho antes da data marcada. Fazia anos que ele não tirava férias, sempre preferia trabalhar, ou como dizia Hermione, não pensar. Apenas trabalho e mais trabalho. A verdade era que naquele momento que se passara, durante a reunião, fora a primeira vez desde quando chegara A Toca, que não pensara em Gina.


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No entanto, saber que naquele exato momento, ela poderia estar nos braços de David, não o confortou nem um pouco. Era ridículo, ele sabia, mas sentira inveja do medibruxo naquela manhã. E agora, com um espião infiltrado dentro de seu próprio departamento, ele duvidava que pudesse ter tempo de fazer alguma coisa em relação a ruiva. Que ótimo! Reconquistar Gina e descobrir quem era o espião... os dois casos pareciam impossíveis aos olhos de Harry naquele momento.


Ser chefe dos aurores sempre lhe exigia paciência. Comandar um departamento, estar sempre informado das missões, analisar cuidadosamente cada relatório... não era fácil, embora Harry sempre estivesse satisfeito com seu trabalho. O problema era que, de todos os casos que já investigara, nenhum “vilão” era do departamento de aurores. Aquilo era o que mais o preocupava.


Perdido nos próprios pensamentos, Harry só foi notar que Jean continuava na sala quando essa caminhou para mais perto dele.


- Jean... Por favor, preciso ficar sozinho. – Disse ele, suspirando ao mesmo tempo em que passava uma das mãos em seus cabelos negros. Sua cabeça estava uma bagunça, e lembrar que, assim que voltasse par’A Toca, veria Gina e David juntos, não o ajudava nem um pouco.


Jean não se incomodou em ignorar o que ele dissera, e caminhou para mais perto da cadeira onde ele se encontrava.


- Não... O que você realmente precisa é relaxar... – Ela se postou atrás dele, e colocou suas mãos nos ombros de seu chefe. Harry tinha certeza de que ela estava o provocando com aquela voz sedutora. – E eu posso cuidar perfeitamente disso...


Ela começou a massagear suas costas, lenta e carinhosamente, e Harry não pôde deixar de fechar os olhos e aproveitar o momento. Seus músculos se contraiam em contato com as mãos dela, ao mesmo tempo em que se sentia menos tenso. Jean sabia muito bem como o tratar, por mais que ele não suportasse sua insistência em relação a ele.


A loira sorriu satisfeita ao vê-lo de olhos fechados e respirando profundamente. Se curvou um pouco para chegar mais perto do moreno e sussurrou em seu ouvido:


- Está bom assim?


Harry somente soltou um murmúrio de prazer, sentindo as mãos delas se movimentando por seus ombros.


Jean abriu ainda mais o sorriso e, sem tirar as mãos dos ombros dele, virou-se, de modo que ficasse de frente para ele, acompanhando cada expressão de seu rosto másculo. Colocou uma perna de cada lado da cintura dele, e sentou-se em seu colo, descendo as mãos quase chegando em seu peito, que subia e descia de acordo com sua respiração.


Harry soltou um resmungo, mas continuou de olhos fechados. Sentiu a loira sentar-se sobre si, mas não ousou se mover. Só queria que as mãos dela não parassem com os movimentos.


Ela chegou com o rosto perto do dele, deixando um beijo em seu pescoço, para logo depois se ocupar com sua orelha direita.


- Deixa que eu te acalme, Harry... Apenas relaxe. Eu cuido de você. – Falou Jean, perto da boca do moreno, abrindo os primeiro botões de sua blusa, para enfim deslizar suas mãos por seu peito.


Ela se ajeitou ainda mais no colo dele, aproximando seus corpos e afastando-lhe a blusa para deixar alguns beijinhos em seu peito. Jean sorriu vitoriosa ao senti-lo finalmente reagir.


O chefe dos aurores estava sonhando. Ouviu Gina sussurrar em seu ouvido, e logo depois abrir sua blusa e beijar seus ombros e pescoço. Aquilo estava definitivamente bom, e sem se segurar, segurou em sua cintura e a apertou mais contra si, ouvindo-a gemer perto de sua orelha.


Jean ainda deslizava suas mãos pelo peito de Harry, enquanto sua boca se ocupava com seus ombros. Começou a movimentar seu quadril de encontro ao dele, e sentiu o moreno apertando sua cintura, descendo com as mãos.


Harry estava sedento, querendo beijar aqueles lábios vermelhos. Abaixou o rosto, e cheirou o pescoço e cabelo da mulher sobre si, porém, quase deixa escapar um lamurio de desgosto ao constatar que aquele perfume não era floral. Afastou o rosto do dela e abriu seus olhos, voltando a realidade, onde os cabelos que cheirara não eram ruivos, e sim loiros.


A auror sentiu Harry ficar tenso, e parou com os carinhos, olhando-o nos olhos, sorrindo.


- Algum problema, Harry? – Perguntou, colocando uma de suas mãos no rosto dele, sentindo a barba rala em sua palma. – Podemos sair daqui e, talvez, ir para o seu apartamento e...


- Não. – Ele segurou nos pulsos dela, afastando-a.


- O que foi? Podemos ficar aqui mesmo, então. – Jean voltou a deslizar suas mãos pelo peito de Harry, e ele suspirou, controlando a raiva que ameaçava emergir. Ela era impossível.


- Não, Jean. Eu disse não!– Ele a olhou nos olhos, raivoso. Talvez estivesse sendo um pouco grosso, mas não se importou, já que ele sabia que aquele era o único modo de a fazer entender.


Jean suspirou, e saiu do colo de Harry, ajeitando sua saia e cabelo.


- Tudo bem, então. Eu só estava tentando ajudar, mas se você realmente quer ficar sozinho... – Ela se abaixou e calçou os saltos que tinha largado.


- Sim, por favor. – Harry fechou os botões de sua camisa e perguntou-se até onde chegaria se não tivesse despertado e notado de que Gina não estava em seu colo, e tão pouco lhe massageando os ombros. Certamente estava enlouquecendo.


Jean chegou perto de Harry e lhe deu um beijo nada inocente no pescoço.


- Me ligue. – Foi o que a loira disse, antes de passar pela porta e a fechar.


O dia fora estressante, Harry tinha que admitir, mas ela não sabia se aquilo justificava a sua “loucura”. Sabia que Gina estava n’A Toca e, possivelmente, beijando David, e não a ele como ele pensou que estava. Não que ele não sentisse desejo por Jean, mas o que ele sentia pela irmã mais nova do melhor amigo não se comparava. Era muito maior e evidentemente mais forte.


Talvez transar com Jean naquele momento, e dentro de sua sala no Ministério não fosse uma ideia tão descartável. Não se aquilo o ajudasse a esquecer seus problemas e a ruiva, mas ele não chegaria aquele ponto. Usar Jean estava fora de seus planos, por mais que ela o quisesse.


Suspirando, levantou-se de sua cadeira e colocou sua capa. Talvez John e Rony aceitassem acompanhá-lo em algumas doses de Cerveja amanteigada e Uísque de Fogo.



XXXXX


-Estava morrendo de saudades. – Era a quinta vez que David falava aquilo naquele dia.


Ele e Gina estavam andando pelo jardim d’A Toca, de mãos dadas. O vento frio da noite parecia não os incomodar, embora Gina não estivesse tão confortável com a situação.


Ela queria muito lhe devolver aquelas palavras, mas não mentiria daquela forma. Podia ainda não amá-lo, mas não seria falsa com David. Ele era legal, bonito, inteligente e gostava realmente dela. Não poderia agir de má fé quando ele estava sendo tão sincero.


-Pensei que só chegaria amanhã. – Foi o que ela conseguiu dizer.


-Eu sei, mas resolvi fazer uma surpresa. – Falou David, parando de andar e puxando Gina pela cintura. – Espero não ter feito mal.


-Não, está perfeito. – Ela o abraçou, e pôde ouvir o coração acelerado do namorado. Como ela queria que o seu estivesse daquela mesma maneira...


-Gina... –David levantou seu rosto suavemente, obrigando-a a olhá-lo nos olhos. – Eu sei que não estava sendo um bom namorado nos últimos tempos. Tenho trabalho muito e quase não nos sobra tempo, mas quero que saiba que tentarei fazer com que as coisas sejam diferentes daqui pra frente...


-David...


-Eu senti muito a sua falta nesse último mês. Você morará longe de mim agora, mas escute... – Ele aproximou seu rosto do dela e acariciou-lhe a face. – Eu amo você. Não deixarei que isso atrapalhe o nosso relacionamento.


Gina sorriu para o namorado. Ele era paciente, e sabia o que dizer. Lhe acalmava e lhe passava segurança. Mas ela se sentia triste. Triste por não poder dizer que o amava. Droga... porque tudo tinha que ser tão complicado para ela? Seria bem mais fácil se ela pudesse escolher a quem amar.


Havia percebido a maneira como Harry agiu quando David chegara naquela manhã. Ele parecia incomodado, mas ela não se deixou abater. Não tinha culpa de nada e muito menos desejou aquilo. Voltara para casa porque sentia falta da família, e não porque ainda tinha esperanças em voltar com Harry. Mas seu mundo pareceu virar de cabeça para baixo quando ele a beijou.


Não era tão fácil quanto parecia. Há 6 anos, ela sofrera e criou falsas esperanças, mas todas elas foram embora quando Harry viajara com Rony, a deixando para trás novamente. E agora, depois de uma longe temporada longe de casa e longe dele, o moreno finalmente tomara uma iniciativa, mas era tarde demais. Gina se machucara no passado, não cometeria o mesmo erro novamente. Parecia muito fácil ela beijar Harry e terminar com David, mas não lhe parecia justo, não quando o medibruxo era tão carinhoso com ela. Harry a havia magoado tanto... Valia a pena deixar David e tentar algo com quem a fizera sofrer? Ela nem sabia se daria certo... Não. Harry não a amava! Tudo não passava de um desejo momentâneo dele e Gina não daria chance para esse desejo ser saciado.


Se importaria com o presente. Harry era passado.


Olhou para David e observou cada traço de seu rosto. Os cabelos não eram negros e passavam longe de ser lisos. Em sua testa, não havia cicatriz alguma, e os olhos... eram castanhos. Não era a aparência física que levou Gina a aceitar o seu pedido de namoro, mas por seu caráter e pelo verdadeiro sentimento que demonstrava ter por ela. David podia dar mais atenção para trabalho, mas a amava de verdade. Podia ver aquilo em seus olhos naquele momento.


Por mais que não sentira tanto a sua falta, Gina se sentiu feliz por David estar ali.


-Estou feliz que esteja aqui. – Falou ela, cruzando os braços no pescoço dele e acariciando-lhe a nuca. David abriu um largo sorriso antes de juntar seus lábios aos dela.


Talvez a vida não tenha sido tão cruel com ela afinal. Tinha David, e ele estava ali, com ela. No momento, beijá-lo era só o que importava.



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XXXXX



- O que acha disso, Hermione? – Perguntou Viviane. A jogadora estava na cozinha, ajudando a mais nova amiga a limpar e arrumar a mesa após o jantar enquanto Molly descansava depois de ter feito deliciosos pratos para a noite.


Hermione não precisou perguntar para saber do que Viviane estava se referindo. Da janela, as duas vislumbravam Gina e David conversando e trocando carinhos no jardim.


- Eu não sei exatamente... – Falou Hermione, enquanto enxugava alguns copos e os colocava no armário, dispensando o uso de magia.


Viviane desligou a torneira e enxugou as mãos, para logo depois virar-se para a morena, suspirando.


- E Harry?


- Já está dormindo. Deve ter acontecido alguma coisa no Ministério... Ele e Rony chegaram muito... agitados. Uísque de Fogo, aposto. – Ponderou, largando o último copo no armário. Puxou uma das cadeiras da mesa da cozinha, e se sentou. Viviane a imitou. – David parece gostar realmente de Gina.


A jogadora de Quadrivol sorriu, enquanto olhava mais uma vez para a janela.


- Ele gosta, até demais... – Hermione lhe lançou um olhar curioso. – Bem, as vezes ele é um pouco possessivo, e a ruivinha ali não gosta muito, mas os dois se entendem.


Hermione sorriu, e encostou sua costa na cadeira.


- Mesmo que eu não conhecesse Gina, eu saberia que aconteceu alguma coisa entre ela e Harry, só pelo modo com os dois agem na frente um do outro. – Comentou Viviane.


- Você sabe... Gina era completamente apaixonada pelo Harry desde seus 11 anos.


- “Era”? – Ela levantou as sobrancelhas. Ambas riram, embora o assunto fosse sério.


- Bem, talvez ainda seja. Mas, sabe, orgulho Weasley... – Falou Hermione, pegando uma das mechas de seu cabelo e enrolando-o em seu dedo. – Mas não acho que seja somente orgulho. Harry sempre foi meio idiota com garotas. Desde a época da escola. Você tinha que ver como ele e Rony ficavam nervosos na frente das meninas... Mérlin, parecia que éramos Dementadores!


Viviane riu, acompanhada de Hermione tentando não soarem muito alto para não acordarem ninguém e muito menos chamar a atenção de Gina e David.


- Harry errou. – Hermione olhou para as mãos, sentindo-se mal pelo amigo.


- Talvez ele não a tenha perdido completamente, Hermione. – Disse Viviane, fazendo a morena olhá-la nos olhos. – Acho que você também já percebeu isso.


Hermione suspirou.


- Eles nos magoam e mesmo assim continuamos a amá-los. E, pra tentar esquecer, a única maneira é se afastar... fugir. – Continuou Viviane, e Hermione notou algo nos olhos da morena em sua frente.


- Você fala... como se já houvesse passado por algo parecido.. – Comentou ela, e Viviane desviou o olhar, sorrindo fraco.


- Não é nada. – A jogadora de Quadribol se levantou da cadeira, e caminhou até o outro lado da cozinha, servindo-se de um copo d’água. – Eu gosto muito de Gina, e quero que ela seja feliz com David ou com Harry.


Hermione não quis comentar mais nada, mas ela era inteligente o bastante para saber que Viviane escondia alguma casa, algo que a fizera sofrer e que evitava falar sobre.


- Bem, eu vou ver como Rony está. – Disse Harmione, levantando-se e indo em direção a sala d’A Toca. – Tenha uma boa noite, Viviane.


- Você também, Hermione. – Falou ela, lançando-lhe um sorriso.


A morena ainda olhou mais uma vez pela janela, onde Gina e David se beijavam. Suspirou. Viviane só esperava que a amiga fizesse a coisa certa.