The Key

Capítulo 3


Olhei-o ainda sem entender muito bem o que estava acontecendo, então pouco me importando, me sentei na escada velha e pus a cabeça em cima das mãos.

-Hélio... – falei engolindo em seco. – O que isso quer dizer? – preferi não olhá-lo na hora que fiz a pergunta, e esperar um pouco para que o seu rosto de abismado passasse. Eu já deveria ter entendido o que ele falou, mas para falar a verdade, eu havia entendido, mas não assimilado. Eu faço isso quase sempre, pergunto de novo, por mais que eu tenha entendido perfeitamente, às vezes, preciso assimilar.

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-Melany... – ele me chamou e eu o olhei, se esticando para frente com um alto respiro profundo. – Você é mais poderosa que qualquer Nirhaquiano que já existiu! – falou ele claramente. Meus olhos se arregalaram e por um segundo me senti forte e imbatível, mas era impossível! Eu era apenas uma garota que tinha medo até da própria sombra. – Seus poderes não vêm somente da serpente, você nasceu com poderes também. – falou ele sorrindo e se encostando novamente.

-Não sei o que dizer... – falei, dando um leve sorriso.

-Não sei como explicar isso para mim mesmo. – falou ele.

Ficamos alguns momentos calados. Eu tentando assimilar aquela notícia e ele tentando se explicar.

Eu era a mais forte de todos! Eu tinha um poder ilimitado! Eu era indestrutível! – pensei. Minha auto-estima decolou como foguete, me deixando ainda mais disposta a treinar e a ser cada vez melhor.

-Então... – me levantei, sorridente e vendo Hélio me olhar com aprovação. – Como começo a desenvolver os meus dons? – não estava mais achando a palavra “dom” uma coisa ruim e sim boa. Eu havia recebido um dom e não iria desperdiçá-lo de modo algum!

-Primeiramente você terá que se esforçar muito! – falou ele sorrindo e se levantando com dificuldade.

Passei o dia tentando me comunicar com minha serpente, mas ela parecia altamente animada e não querendo conversar, então Hélio achou melhor treinarmos os ataques e os movimentos para que ela me entendesse e fizesse o que eu queria e não o que ela queria. Hélio disse, que ao contrário das outras serpentes, a minha era especial, eu não entendi em que sentido ele falou aquilo, mas preferi escutá-lo e não questionar.

Eu e minha serpente estávamos em total e completa sintonia e Hélio disse que eu teria de chamá-la de algo para que ela me obedecesse, um nome que só eu e ela saberíamos.

Fui para casa pensando nesse maldito nome! Fala sério! É uma serpente! Não posso chamá-la de nada! Nem sei o sexo dela! Isso que é uma questão para se pensar! – pensei no caminho de volta até a casa de Beth.

-Cheguei! – falei ao entrar na casa de Beth. Mas, não parecia ter ninguém em casa, ou seja, jogar as roupas no chão e ir tomar meu banho. Sabia que aquilo parecia uma coisa meio esquisita, mas eu gostava.

Joguei as roupas no chão, e quando já estava quase tirando minha calcinha e sutiã, ouvi um barulho na cozinha. Nervosamente peguei minhas roupas do chão e as coloquei em frente ao meu corpo. A tá que alguém vai me ver nua! – pensei.

-Quem é? – perguntei, indo de ré para o banheiro que ficava logo atrás de mim, mas naquele dia parecia estar ainda mais longe que todos os outros dias.

Silêncio. Deixava-me nervosa saber que havia escutado algum barulho e não era ninguém. Mas, poderia muito bem ser o vento ou alguma coisa que não foi equilibrada direito e escolheu aquele momento para cair.

Senti a maçaneta da porta contra minha coluna, então virei-me e abri a porta, mas o barulho voltou e agora mais forte. Parecia o barulho de panelas se batendo.

Aquilo me inquietou, então coloquei minha calça e blusa e deixei o resto de minhas roupas no chão e fui até a cozinha. Óbvio que eu estava morrendo de medo por dentro, mas minha curiosidade sempre era mais forte que qualquer outro sentimento.

Com passos leves e lentos me aproximei da cozinha, eu via a metade da pia e o fogão e a cada passo via mais coisas, mas o que eu queria ver mesmo era o armário onde Beth colocava as panelas e canecas, mas infelizmente ela estava no lado esquerdo e a porta era do lado esquerdo, ou seja, eu teria que ficar praticamente encostada na porta para ver o que era. Merda!

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Eu estava com o rosto praticamente encostado na porta quando arregalei os olhos e tampei minha boca para que eu não gritasse de espanto ao ver um vampiro vasculhando coisas na “minha” casa.

Agora ferrou! O que eu faço agora?! Ele odeia minha raça, vai me matar assim que me ver! – pensei comigo, enquanto via as costas musculosas dele. Deveria ter mais ou menos um metro e setenta e cinco, com costas largas e musculosas, estava de calça jeans quase caindo e uma blusa preta de manga, com tênis. Parecia qualquer outra espécie, mas eu sentia que ele era vampiro, pos eles não tem alma, por isso sugam, para sobreviver. E como ele não tem alma, ele é extremamente frio e sua presença é asquerosa. Os Nirhaquianos eram frios também, mas dá para ouvir seus corações pulsando e os vampiros não tem sangue para o coração pulsar, outro motivo pelo qual eu sabia que era um vampiro.

Ele parou de vasculhar o armário, onde estava de cabeça baixa e foi até a geladeira, que felizmente era ao lado do armário. Ele não me veria nunca se eu permanecesse quieta. Meu objetivo era ver o que ele queria. Qual seria a relação entre um armário e uma geladeira?! – pensei curiosa. – Talvez ele estivesse com fome.

-Quem está aí? – ouvi sua voz grossa e assustadora, se virando para a porta, onde eu estava.

Virei-me e fiquei encostada na parede, com as mãos na boca e controlando minha respiração. Nem cheguei a ver seu rosto.

Ele respirou fundo e soltou um riso maligno.

-Eu posso te sentir. – falou ele com a voz rasgada.

Conseguia ouvir seus passos firmes, andando pela cozinha.

-Parece estar com medo... – disse ele, respirando pesadamente, como se estivesse farejando, como um cão a procura do osso.

Permaneci quieta e super nervosa, com as mãos gélidas, as pernas bambas e quase com lágrimas nos olhos.

Até que eu surtei.

Não poderia deixá-lo invadir a casa de Beth e fazer o que bem entendia! Aquela era a minha casa de um tempo para lá e eu não iria deixar ele invadi-la! Ainda mais sendo a mais forte de todos os Nirhaquianos.

-Não estou com medo. – falei, saindo de trás da parede e segurando o fôlego e parecendo mais valentona do que eu era na verdade.

O sangue subiu até minha cabeça e eu iria expulsá-lo de lá!

Olhei-o. Era bastante atraente e muito pálido, com os lábios roxos, olhos escarlates, forte, um sorriso atraente e perigoso estampado na cara e uma das sobrancelhas arqueadas, em tom de deboche. Cabelos negros e bagunçados e forma organizada. Perguntei-me o que um vampiro estaria fazendo ali, em minha casa e procurando alguma coisa, já que odiava tanto os Nirhaquianos, deveria saber que ali viviam quatro.

-O que veio fazer aqui? – falei, já me preparando para a defesa ou ataque a qualquer momento.

Ele respirou fundo novamente, com os olhos fechados e fazendo movimentos leves com a cabeça.

-Você deve ser uma... – ele demorou um tempo para falar mais alguma coisa, até que parou a cabeça e abriu os olhos automaticamente, não mais com um sorriso debochado, agora estava mais para espantado. – Nirhaquiana.

-Sim, e você um vampiro sugador de almas. –falei sem medo.

Ele relaxou seu rosto e olhou para meu braço, onde viu minha serpente.

-Nunca vi uma serpente como a sua Nirhaquiana. – ele não parecia agressivo, mas sim prepotente e relaxado.

-E eu nunca vi um vampiro. É um desprazer conhecê-lo. – falei. Não sabia como, mas eu não sentia medo algum.

-É um desprazer conhecê-la também. – riu ele, olhando para os lados. – Sabe que eu poderia te matar agora se quisesse não, é? – falou ele, andando pela cozinha, com a cabeça baixa e com aquele ridículo sorriso no rosto.

-Tente. – desafiei. Eu poderia derrotá-lo se quisesse. Eu podia! Eu era forte o suficiente para encarar um vampiro, não sabia que armas ele poderia usar, mas eu também tinha algumas armas desconhecidas, que comecei a praticar sozinha sem a presença de ninguém.

-Você é bastante abusada, Nirhaquiana. – ele me examinou, em um piscar de olhos ele já estava a dois centímetros do meu corpo, olhando diretamente para os meus olhos. Eles de vermelhos escarlates, passaram para brancos.

-Sou sim. – falei rindo de sua tentativa fracassada de roubar minha alma e invoquei minha serpente que prontamente já estava no chão, pronta para atacá-lo, ao meu pedido.

Ele arregalou os olhos e se afastou de mim.

-Não consegui sugar sua alma... – pareceu mais um comentário interno que ele soltou sem querer.

-E nem vai conseguir! – falei, me aproximando dele rapidamente, com minha serpente enrolada em meu pescoço e indo para o dele, lentamente, enquanto eu olhava para os seus olhos. – Nirhak exti-pur de quar ti sir vik fix de quart lok-jirx. – comandei-a a estrangular ele aos poucos, enquanto eu mantinha contato visual, para que ele permanecesse parado, sem movimento do próprio corpo.

-O que você está fazendo?! – eu podia ouvir sua voz, mas seu corpo não se movia. – Você não é uma Nirhaquiana normal! – sua voz era de completo terror. Eu achava graça daquilo.