Como era de se esperar, Remus estava me ignorando. E Sirius também. Obviamente, Remus tinha contado pra ele, que ficou irritado do mesmo jeito. Já Dorcas...

-Concordo com Remus. Você devia ter nos contado há muito tempo. Embora eu não vá te ignorar, acho que estava errada...

Era a quase a mesma coisa.

-Evans!

Já estava demorando...

-McKinnon! - exclamei, com falsa animação – Que alegria te ver aqui... Ah, espere. Não é não.

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Ela revirou os olhos e me puxou para um canto do corredor. Jane Urie a seguia apressada, carregando a mochila das duas.

-O quê você quer? - perguntei.

-Nossa, isso é jeito de tratar a rainha do baile? - ela riu, ironicamente – Ouvi a Radio Rebel ontem á noite.

-Uh, ótimo. Agora vai poder parar de me encher o saco.

-Na verdade, não – MAS O QUÊ? COMO ASSIM? SÉRIO, EU ATIREI PEDRA NA CRUZ, INSULTEI MERLIN, NÃO FIZ O DEVER, PORQUE OLHA... - Eu estou muito ocupada com minhas tarefas de Futura-Rainha, então não vou poder continuar como diretora – ela tirou da bolsa uma pasta lotada de papéis e jogou em cima de mim. Nem preciso dizer que quase caí com o peso – Então deixo esse trabalho com você. É só uns ajustes, nada demais. Lembre-se, vale 70% da nota do trimestre – ela ia saindo, mas , para minha infelicidade, se voltou para mim novamente – Ah! E mudamos seu personagem para Viola, aquela... Que se veste de homem.

Dei uma lida no roteiro durante o intervalo, e devo dizer que odeio Marlene McKinnon um pouco mais depois disso. O que era para ser Noite de Reis, acabou se transformando em um Titanic melodramático e levemente exagerado. Só garotas completamente piradas têm a capacidade de transformar uma obra de Shakeaspere em algo parecido com Stephanie Meyer. Huh, sem ofensas.

-Oi, Lily – James sentou ao meu lado – O que tá fazendo?

-Nosso trabalho de Teatro – respondi, levemente mal-humorada.

-Não era Marlene que ia fazer?

-Ah, você realmente esperava que ela fizesse alguma coisa? - eu dei uma risadinha irônica – Ela é Marlene McKinnon. Só se preocupa com a roupa.

-E com o esmalte – disse James, baixinho.

-Ora, ora, ora – falei, surpresa – Não era você que almoçava com ela todos os dias, faziam trabalhos juntos e eram super-amigos?

-Nunca fomos super-amigos. Ela meio que me perseguia na hora dos trabalhos e no almoço, e eu não tinha o que fazer.

-Uau – exclamei – Quem diria que ela é meio solitária.

-Em baixo dessas toneladas de maquiagem, tem uma garota perdida – disse James – Ela já passou por muita coisa.

-Tipo? - perguntei, mas não sabia se realmente queria ouvir a resposta.

Pelo que James disse, Marlene teve uma infância conturbada. Seus pais se separaram quando ela tinha sete anos, e depois disso ficaram anos em uma briga judicial pela guarda da garota. Finalmente a briga acabou, e a mãe finalmente venceu. McKinnon passou a infância vendo centenas de namorados da sua mãe passeando de cuecas pela casa, fazendo barracos e se embebedando. Família rica não quer dizer vida boa.

-Ela meio que formou esse personagem de garota perfeita e segura, mas foi mais pra se proteger – continuou James – Se ela não fosse tão "má" como é hoje, talvez já estaria em um hospício por aí.

Depois disso, eu quase fiquei com pena dela. Quase.

-Como você sabe disso tudo? - perguntei. Ele riu.

-Digamos que eu e Jane Urie conversávamos sobre muita coisa.

Naquela hora, eu tive um pensamento meio... maluco. Será que Marlene McKinnon é a garota que eu imagino ser? Quero dizer, eu meio que criei um pensamento que ela é má, mas agora acho que ela só está tentando sobreviver. Ela me ameaçou, me trata como lixo... Mas quantos já trataram ela assim?

Não, querido diário não tão querido assim, eu não gosto dela. Mas também acho que ela não pode ser esse monstro.

Eu acho que a partir daquele dia, as coisas finalmente começaram a melhorar.

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"Atenção, alunos" ouviu-se a voz de McGonagall nos auto-falantes "Como muitos de vocês já devem saber, a Rebelde da Rádio não aceita cancelar o seu programa. Já que ele não se passa dentro da escola, Hogwarts não tem nenhum direito sobre ele. Mesmo assim, pedimos aos alunos que não colem pelos corredores cartazes que não se aplicam ao ambiente escolar. Agradecemos á colaboração de todos, e tenho o prazer de avisar que o baile de fim de ano... Irá acontecer na próxima sexta-feira, como era para ser".

De uma hora para outra, sorissos surgiram nos rostos dos alunos.

-ISSO! - gritou James, pulando de alegria. Ele me abraçou, mas logo nos separamos, meio vermelhos.

"Palmas para McGonagall!" exclamei, algumas horas depois, já no meu estúdio "Que finalmente caiu na real e percebeu que os alunos não iam deixar barato se o baile fosse definitivamente cancelado. Sinceramente, estou começando a achar isso interessante. Não me parece uma total perda de tempo. Passei pelo ginásio hoje pela manhã, e a decoração está ficando incrível. Só não vão lá, porquê não pode, ok? Não me pergunte como eu consegui entrar lá. Chega de enrolação, fique agora com Stay Together For The Kids, do Blink 182".

-Eu acho que não vão ficar muito felizes com o fato de que você invadiu o ginásio – disse Dorcas, sentada em uma poltrona e lendo uma revista. Depois da aula ela acabou ficando comigo, e pediu para vir junto. Os pais dela estavam viajando de novo, e dá medo ficar sozinha em sua casa.

-Eles não podem reclamar – respondi – A culpa não é minha se não tinha papel higiênico nos outros banheiros. Ainda bem que ninguém me viu.

Dorcas riu.

-Que idiotice.

-O que você tá lendo? - perguntei.

-Nada não – ela tentou esconder a revista, mas eu arranquei de sua mão.

"RADIO REBEL: CLUBE DE POETAS OU FARSA CRIADA POR PRODUTORES?"

-Mas o quê...

Comecei a ler a matéria.

"Em qualquer lugar que você vá, só há um assunto: Radio Rebel, uma rádio amadora criada por uma garota que se auto-denomina Elly, e que rapidamente chamou a atenção da SLAM FM, a maior rádio de Londres. O marketing criado a partir desse programa foi imenso, e os produtores usam frequentemente a dúvida para atrair ouvintes: Quem é a Rebelde da Rádio? Mas o que eu pergunto, caro leitor, é: Quem está por trás da Radio Rebel? Um programa desse escalão não pode ser simplesmente controlado por uma adolescente sonhadora. A possibilidade de farsa deve ser seriamente investigada. Especialistas podem estar por trás dessa garota misteriosa, escrevendo suas falas e armando planos para atrair ouvintes. Todas as possibilidades devem ser consideradas. Você pode estar sendo enganado por uma garota desocupada e que faz de tudo para ganhar fama. Acredito que ela está louca de vontade de contar sua verdadeira identidade, para poder ser assediada pessoalmente por seus fãs e ganhar popularidade mundialmente... Apenas mais uma interesseira..."

A matéria continuava, mas eu estava enjoada demais para ler. Joguei a revista em um canto, e me afundei na poltrona.

-Porquê eles fazem isso? - perguntei – Não podiam ficar felizes por ter alguém tentando mudar o mundo?

-E isso não é o pior – disse Dorcas, cautelosa – No final, o autor diz que já está preparando sua invasão para o baile de Hogwarts.

-Bem, é só eu não ir – falei.

-Não é isso... Eles são profissionais, Lily. Sempre conseguem o que querem. Eles vão descobrir quem é Elly. Por bem ou por mal.

Lembra daquela hora que eu disse que as coisas estavam finalmente começando a melhorar?

Bem, eu estava errada.