O avião tremia tanto que Jason pensou que fosse morrer naquele instante.

O jato caía em uma posição memorável, e pelo enlaço, ninguém sobreviveria. Ele nunca acreditou realmente sobre aquele fato de a vida passar diante dos olhos quando se está próximo à morte, mas naquela hora era aquilo mesmo que estava acontecendo.

Ele se viu pequeno, brincando com o seu aviãozinho de plástico, enquanto a sua mãe assistia a um programa de TV que ele considerava chato. Viu a si mesmo dançando a música tema dos Cavaleiros do Zodíaco aos sete anos (mesmo na morte, ele ainda tinha que se lembrar dessa porcaria de lembrança?) e quando ele viu Bianca pela primeira vez, aos dez anos.

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Jason sempre fora louco por ela, mas eles sempre foram melhores amigos. Faziam tudo juntos, desde as coisas mais simples até as mais loucas. Então, conheceram Kevin e Kayla Colleman, e assim o quarteto fantástico fora formado.

Lembrou-se de sua primeira vitória lutando em um ringue, quando ele combateu um cara com o dobro de seu tamanho. Bianca estava lá naquele dia, e quase perdia o ar de tanto gritar e pular. Eles tinham apenas doze anos.

Ele sorriu para ela, e dentro de si, ele garantia. A vitória poderia ter sido estadual, mas na verdade, era para uma só pessoa. Bianca.

Com o passar dos anos, ela foi crescendo e se desenvolvendo, o que deixou Jason cada vez mais apaixonado. Enfim, nos últimos dois meses, eles se declararam. E agora o maior sonho dele estava realizando.

Tudo isso para morrer estupidamente em uma queda de avião. Ele viu Bianca gritando e correu até ela.

- Bia! – Ele gritou. Em seguida, conseguiu pegar a menina nos braços, e se tivesse que morrer, seria com ela.

Os dois tremiam tanto que ele não sabia se os tremores eram por causa da queda ou de seu próprio corpo.

- Desmond! – Ele gritou. – Onde você está?

- Pai! – Bianca chorou.

Desmond e Nico apareceram, ambos tentando se salvar.

- Temos que sair daqui! – Desmond gritou.

- Ah, tá. E para onde vamos? Pra puta que pariu? – Jason berrou.

- Seria melhor do que cair e se explodir em queda livre. – Dez gritou de volta. – Este avião não possui paraquedas?

- Deve possuir – Nico grunhiu. – Mas eu sugiro que paremos de ter essa conversa civilizada e agir, antes que viremos pudim de Assassinos.

Os três concordaram. Bem abaixo deles, um compartimento surgiu e grandes mochilas pairaram aos pés deles.

- Meus últimos presentes para vocês, Assassinos. – A voz de Patrick ressoou. – Não posso me salvar, mas vocês podem. Irei abrir a porta lateral. Vocês só tem uma chance!

Todos gritaram em protesto, mas o grito se transformou em terror, quando a porta lateral se abriu.

Desmond pegou o primeiro paraquedas e os óculos protetores. Colocou em um átimo e saltou. Eles não podiam esperar. Senão perderiam Desmond.

Nico foi o próximo. Jason pegou o de Bianca e jogou para ela. Chorando, ele não queria se perder da namorada, mas tinha que saltar.

- Vai, Bia! – Ele gritou. – Estou logo atrás de você.

Bianca chorava de medo. Mas ela entendeu. Pegou o paraquedas e colocou em suas costas, pulando com um grito de guerra bem estranho:

- EU NÃO GOSTO DE SALTAAAAAAAAAAAAAR!

Jason foi logo atrás dela. Se jogando do avião, ele sentiu sua pele sendo repuxada para trás. Todos os seus músculos foram reduzidos a gelatina pura e seu ar estava incapaz de ser acionado.

Ele esperou alguns segundos e puxou com toda força a corda que sustentava o paraquedas. Por um momento, nada aconteceu, mas dez segundos depois, Jason sentiu-se como se estivesse retardando sua queda.

Ele viu-se flutuando sobre uma grande paisagem verde-escura, mas não prestou muita atenção. A única coisa que ele queria observar era seus amigos a salvo.

Alguns minutos depois, ele sentiu o ar ficar mais denso e mais baixo, e logo em seguida, o solo a seus pés.

Livrando-se do paraquedas, ele começou a correr em volta, procurando por Nico, Dez ou Bianca.

- Pessoal! – Ele gritou. – Onde vocês estão?

- Jason? – Ele ouviu Desmond gritar. – Fique onde está, estamos indo até você.

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Ele sentiu seu coração se aliviar. Finalmente eles estavam a salvo. Mais ou menos. Mas pelo menos, estavam vivos. Esperou reencontrar Desmond, Nico e Bianca. Ele prometera a ela que eles iriam se encontrar e agora se sentia impotente e queria ela em seus braços.

Ele ficou batendo os pés impacientemente, quando ouviu um barulho atrás de si.

Girando loucamente, ele viu Desmond e Nico correndo até ele freneticamente, segundos depois abraçando o garoto.

Depois de um tempo, Nico começou a olhar em volta histérico.

- Onde está Bianca?

Jason sentiu como se uma onda de choque invadisse seu corpo.

- Onde está minha filha? – Nico gritou. – Bianca? Meu amor, onde você está?

Desmond arregalou os olhos. Freneticamente, eles começaram a procurar por Bianca, chamando seu nome inúmeras vezes.

Mas nenhum sinal da garota foi encontrado.

Ele começou a tremer.

- Não! – Ele gritou. – Não, não, não! Bianca, por favor, onde você está?

Mas o silêncio respondeu no lugar da menina. Ele lembrou-se do olhar histérico que ela havia lhe dado antes de saltar e começou a chorar. Ela estava com medo por algum motivo. Ela sabia que não sairia bem dessa.

- Bianca! – Ele gritou. – Bianca!

Desmond respirou fundo. Ele encarava o chão, mas deu para perceber que estava tentando não chorar.

- Jason, eu acho...

- Não ouse dizer isso, Miles! – Ele berrou. – Diga isso novamente e eu corto a sua língua.

Jason continuou chorando e gritando e Nico sentou-se no chão e começou a chorar freneticamente.

Não havia nenhum sinal de Bia. Eles a haviam perdido e na pior das hipóteses, perdido para sempre.